Cordel repetido, a pedidos, em face das eleições que se avizinham, e tendo em vista que a temática, apesar do tempo decorrido, não perdeu, infelizmente, sua validade. Tudo antes, como no quartel de Abrantes. Brasileiros, não votem em suspeitos, indiciados, condenados, arrolados ou enrolados com a Justiça; ou listados em relatórios de comissões de ética; absolvidos em plenário, sob o manto do voto secreto, e sob suspeita de acordos de cavalheiros, visando interesses escusos do tipo "uma mão suja lava a outra". Partido político não é time de futebol. Não se torce, sempre, por ele. O partido comete erros. E, nesta hora, temos que apontá-los. Não se enxerga direito com os olhos apaixonados da emoção repentna. Há que prevalecer uma certa dose de realismo. Que traga à tona os reais interesses da Nação. E democracia pressupõe rotatividade do poder. Não à reeleição. Ainda que o governo tenha sido bom. Votemos em gente nova. Para ver se a esperança se renova. Não se deixe influenciar pelo coração. Histórias de gente simples, que venceram na vida e galgaram postos elevados na sociedade, temos aos montes. Não será, necessariamente, a história de dificuldades da pessoa que fará dele um grande presidente. Nem a sua formação leva-se em conta. Há presidentes que fizeram péssimos governos, tanto entre os que tinham formação de nível superior, como os de menor formação esclar. Em ambos os casos, todavia, é forçoso concluir: o que deve prevalecer é o caráter, a humildade e a honestidade de propósitos. Além de sua formação moral, espiritual e disposição para para ajudar o Brasil e os brasileiros. Entretanto, entre os humildes e honestos, o de educação mais ampla, certamente, levará uma grande vantagem. Há candidatos que irão tentar a reeleição, tão-somente para garantir o indecoroso foro privilegiado, para aumentar suas chances de defesa, em relação aos crimes que respondem na Justiça. é fácikl saber quem são. Basta ler os jornais.

VIVA O POVO BRASILEIRO
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Mais um ano que termina
Todo mundo sem dinheiro
Aperto de todo lado
A coisa tá ruim companheiro
Diz o deputado eleito
Repete também o prefeito
O sermão já é certeiro

Não há recurso pra nada
Orçamento apertado
O salário é de fome
E pouco foi aumentado
O mínimo então nem se fala
Seu valor sempre abala
Não sobra um deputado

Pra dizer que a esmola
Precisa de mais atenção
O povo já não agüenta
De viver com fome não
Duzentos e dez é a conta
Que o Congresso logo aponta
Tendo em vista a inflação

A Previdência falida
Não suporta dar aumento
Só se for bem pequenino
Este é o argumento
Que vem sendo utilizado
Trabalhador conformado
Vive duro igual cimento

E falta também dinheiro
Pra investir na educação
Melhorar o atendimento
Nos hospitais de plantão
Mas a mensalidade aumenta
Na rede particular arrebenta
É triste a situação

Nem todo mundo consegue
Um bom convênio pagar
E quando fica doente
A fila vai enfrentar
Com fome e desempregado
O povo sacrificado
Não tem forças pra gritar

Mas tem gente abençoada
Que pertence à minoria
Que mora aqui na Suíça
Pra eles é bom todo dia
Ganha rios de dinheiro
Viaja o mundo inteiro
A vida é só alegria

E nunca foi chamuscado
Pelo fogo do dragão
Quanto pior para a gente
Melhor para o charlatão
Pois ele vive de renda
E que ninguém se ofenda
Vive às custas da inflação

Quanto maior for o juro
Maior o seu ganha pão
Não paga imposto de renda
É assim que vive o ladrão
Uma turma de banqueiro
Que acumula bom dinheiro
Vive de especulação

Faz o trabalho direito
Em época de eleição
Aposta muito dinheiro
E faz com convicção
Elege parlamentares
Nem sempre bons exemplares
Com segunda intenção

A coisa logo se espalha
Quando assume o deputado
Alguns perdem o respeito
Sem ficar desconfiado
Preparam o final de ano
Entra o povo pelo cano
Está tudo combinado

Atrasando as votações
O serviço acumulado
Todos eles concordando
Orçamento rejeitado
Pedem vistas do projeto
Discutem com o desafeto
Não tem ninguém apressado

No fim da legislatura
Vem o recesso afinal
Pendências ainda restaram
Coincidência é Natal
Deputado convocado
Atende logo ao chamado
A luta do bem contra o mal

Passaram o ano inteirinho
Jogando conversa fora
Seção extraordinária
Todo mundo colabora
Viva a democracia
A pauta fica vazia
Sempre em cima da hora

Mas para tudo no mundo
Tem que haver explicação
A pauta tem muito aumento
De imposto que mete a mão
No bolso do brasileiro
Que passa o ano inteiro
Brigando com o leão

Pagando impostos em dia
Vive assim o cidadão
Enquanto o parlamentar
Também bota a sua mão
No bolso do desempregado
Não pede nem emprestado
Não há consideração

Faz a festa de Ano Novo
O salário é dobrado
Em cascata desce o morro
O Brasil é inundado
Mais um conta pro povo
Mais um aumento de novo
Só pra privilegiado

Seja prefeito ou vereador
Ou somente o deputado
O ano vai se acabando
Mais um assunto encerrado
Sobrou o bagaço da cana
Faltou no bolso a grana
Está tudo dominado

O juro vai aumentando
Banqueiro fica contente
Parlamentar sai cantando
Fartura na nossa frente
Viva o povo brasileiro
Trabalhador, altaneiro
Viva toda nossa gente

Brasil pra frente Brasil
Terra de belezas mil
De governantes bondosos
Raça forte e varonil
De um povo magnífico
Que tem fama de pacífico
Vai pra ponte que partiu