HOMEM DEMENTE
Pensei no homem demente,
no seu tesouro falso,
na ambição que enganou-lhe a alma,
e do delírio que o atormentava com a
garganta afogada em gemidos.
Parecia precisar de uma reza, sem ter
quem, agarrava-se aos joelhos, murmurava
nomes, e desenraízava o furor amotinado
em seu coração.
O que era que restava daquele pequeno e
notável homem grande que ainda se abraçava
com a vida?
O vencedor já estava vencido?
Àquela vida, o mistério, a vitória, a derrota
implacável na reta final, nada nada o fazia
desistir de viver.
E aquela vida sem lar, o vagueio incerto, o
olhar faminto?
Vivia uma hora sem amor onde ruíam recordações
deixadas para trás.
O suor molhava-lhe o rosto, a barba em desalinho
com a vida, o deserto era imenso, cuja muralha era a mesma solidão que restava em sua vida.
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