font color="0000FF">O Romance de Maria Madalena
Severino Borges da Silva
(Final)
144)
E foram buscar pra ele
Logo um madeiro pesado,
Na sexta-feira, às dez horas
Jesus havia chegado
No monte e às quinze horas
Foi na cruz crucificado.
145)
Quando ele subiu à cruz
O sol empalideceu
E numa estrela brilhante
No firmamento, estendeu
Sua luz, até na hora
Que Jesus Cristo morreu.
146)
Na hora que ele morreu
Pregado na grande cruz,
Passam atrás de agasalhos
Legiões de urubus,
Porque naquele momento,
Houve trevas, faltou luz.
147)
E prolongados trovões
Em mil partes estrondaram,
A terra mudou de cor,
Vários montes desabaram,
O véu do tempo rasgou-se
E os mortos ressuscitaram.
148)
Maira, mãe de Jesus,
Chorava de causar pena,
Junto a Maira Cleofas,
A Suzana e Madalena,
Que não suportava mais
Os dramas da triste cena.
149)
José de Arimatéia
Botou seu corpo, afinal
Num sepulcro e no outro dia
O filho de Deus real
Subiu cercado de anjos
Para a corte divinal.
150)
Mas ainda apresentou-se
A Maria Madalena
Em cima do seu sepulcro,
Na madrugada serena,
Então Maria contou
Aos discípulos, essa cena.
151)
Depois disso,Madalena
Perdeu dos olhos azuis
O brilho, a cor, a beleza
E seguiu, levando a cruz,
Até o dia em que foi
Pra onde estava Jesus.
152)
quando chegou esse dia
a sua carne cansada
entrou para a sepultura
pela virgem acompanhada,
que viu seus restos mortais
até a última morada.
153)
Assim a flor de Betânia
Ao seu sepulcro baixou,
Unida no pó da terra,
Nunca mais se levantou,
Seu espírito subiu,
A matéria aqui ficou.
154)
A Santa Virgem, também
Atrás dela fez subida
Pra onde estava Jesus,
Ela ficou garantida,
Distante de imaginar
Nos aperreios da vida.
155)
Boanerges, o poeta
E cantor da galiléia,
Seguiu a lei de Jesus
Pregando em toda a Judéia
O ritmo do Evangelho,
Com força na santa idéia.
156)
Depois que ele percorreu
As terras da palestina,
Deixou a vida também
E subiu na tela fina,
A fim de ver Madalena
Na santa corte divina.
157)
aqui termino leitor,
toda, historia bem traçada
por minha acanhada pena,
contando a cena passada
da vida de Madalena,
completa, sem faltar nada.
158)
Betânia foi o lugar
Onde viveu Madalena,
Rodeada dos amantes,
Galante como verbena
E sempre foi perdoada
Sua horripilante cena.
Fim
|