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Cordel-->Chico Louro e o Delegado -- 23/10/2001 - 10:54 (Manoel Antonio Bomfim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Chico Louro e o Delegado

Esta história é verdadeira
Que conto com muito aprêço
Aconteceu na Gameleira
Falo sem nenhum tropêço
Terras de Chico Pereira
Um lugar que bem conheço

Fica na minha cidade
No estado do Ceará
Uma bela localidade
Pra quem quiser visitar
Foi em Iguatu, na realidade
O fato que vou narrar

Terra de gente de brio
Que vive do seu trabalho
Fica às margens do rio
Jaguaribe e seus atalhos
Um clima de pouco frio
Nem precisa de agasalho

Lá vive-se da agricultura
E também da pecuária
Produz muita rapadura
Verdura, queijo de coalho
Na roça muita fartura
Arroz, cebolinha e alho

Lugar de povo singelo
Sem pompa e sem vaidade
Nos pés, um simples chinelo
Ao viajar rumo a cidade
Admirador do que é belo
E de muita simplicidade

Um homem bem conhecido
Era o “seu” Chico Pereira
Prestativo e divertido
“Cabra” de boas maneiras
“Chico Louro” era apelido
Devido sua cabeleira

Lá, a gente conhecia
Chico Louro, o leiteiro
Que ao amanhecer o dia
Já estava no terreiro
Com toda sua alegria
Aboiando no bezerreiro

Ela tinha três vaquinhas
Que dava gosto de olhar
As tratava de amiguinhas
Bastava ele chamar
Mimosa, Lua e Negona
Elas vinham lhe encontrar

Ele, além de agricultor
Era um valente vaqueiro
Pois, lidava sem temor
Correndo o dia inteiro
Também era o vendedor
Do seu leite, e verdureiro

Antes do sol sair
Todo dia bem cedinho
Sua mulher dona Nair
Passava um cafezinho
Ele bebia antes de ir
Vender aquele leitinho

Chico Louro era sincero
Incapaz de uma mentira
Não aceitava despaupério
E nem gostava de intriga
Era limpo, sem mistério
Longe dele, qualquer briga

Só vendia leite puro
E verdura bem “fresquinha”
Era um homem maduro
Pra mais dos “50” tinha
Na palavra era seguro
Não era pessoa mesquinha

Mas, acontece que um dia
Passaram-lhe uma rasteira
Coisa que ele não fazia
Na sua vida inteira
Participar de zombaria
Nem mesmo de brincadeira

Alguém de má consciência
Com inveja e sem coração
Sem pensar nas conseqüências
Pôs água no seu latão
E avisou a diligência
Lá da fiscalização

Chico Louro foi detido
Por adulterar o leite
Que já ia ser vendido
Sendo ali um suspeito
Ficou muito entristecido
Não aguentou essa desfeita

Disse lá pro delegado:
- Sou um homem de bem
Se eu ficar aqui trancado
Prefiro morrer, também
Não volto pro meu roçado
Não quero mais ver ninguém

Foi uma peleja danada
Dentro da delegacia
Ele com voz alterada
O delegado às vezes ria
Era uma coisa engraçada
Tudo que ele dizia

E não mais suportando
Toda aquela humilhação
Chico estava se zangando
Com tanta interrogação
Foi logo derramando
Todo leite ali no chão

Olhe aqui seu doutor
Pode se acabar o mundo
Vou falar para o senhor:
- é um desgosto profundo
A gente ser trabalhador
E tá preso que nem gatuno...

Quando eu daqui sair
Se Deus quiser, sairei
Logo, logo... vou partir
Nunca mais eu voltarei
E nesse lugar... aqui
Leite não mais venderei

Essa foi a última vez
Que Chico veio a cidade
Logo, no mesmo mês
Depois dessa maldade
Vendeu terras e rezes
Foi pr’outra localidade

Não deu adeus a ninguém
Deixou todos e foi simbora
Nem ao dono do armazém
Onde ele passava horas
Não se despediu, também
Não se sabe onde ele mora

Essa é uma pequena história
De um homem trabalhador
Que perdeu toda sua glória
Por causa de um fraudador
Hoje eu guardo na memória
Sua honestidade e sua dor

Manoel Bomfim
Fortaleza - Ce
Em 22/10/2001

























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