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Poesias-->Alquimia das Águas -- 24/05/2004 - 11:36 (Hideraldo Montenegro) |
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Nunca sei assim
meu jeito de sangrar
vida em cada pegada
pisada
marcando a mente
deslumbrada
por estar no alto
do topo
deste caminhar
Singro
em mim mesmo
todo caminhar
pulsando
palavras e gestos
inatacáveis
indomáveis
Vou
sem saber ao certo
vou
ao vento
como uma vela desfraldada
controlo o leme
ou pelo menos acho que sim
e procuro o fim
sem desejar alcançá-lo
Uma palavra
sem eco
pulso mais forte
palavra assim sem marcas
sem trilha
sem mapa
Vou
prontamente aberto
para ser tocado
força forçando
a forma
até me vê enquadrado
Vou
mapeando
aquilo que me faz quadrado
como um gesto
um trigo
semeado
Vou
para todos os lados
singrando
vida vento vela
caravela
perdida na espera
de palavras germinadas
nas vagas
no silêncio
nas horas que me cavalgam
Vou
Forjando-me
ferro em brasa
fusão
e contorção
vida vento vela
em caldeirão
como feijão para alimentação
mente/corpo em construção
Vou
líquido me solidificando
nesta combustão
de mim no meu mesmo fim
de esperma e capim
rastros de pés pegadas caminhadas
Vou
incerto do fim que há em mim
horizonte vertical
que me faz assim:
cruzamento de temperatura
e sal
Vou
Sol
sem estar só
esperando isca no anzol
processo de incubação
crisol
e lâmina separando pó
Assim
parto sem parto
reparto sem repartir
dualidade
e jeito de repasto
no ventre da espera
Sentidos como bússola
corpo como pérola
e alma como cela
onde deito o corpo
a mente e a espera
Vou
construindo a espera
transmutando eu no eu
num único e brilhante
fogo
que acende e refrigera
a caminhada e a fera
do ser que há em mim
Vou
água
vermelha, amarela, dourada
que me revela
como prece
na fervura
corpo que me aquece
Alquimia é isto:
cutucar o diabo
com vara curta
é preciso segurar a onda
o impulso
o grito
o susto
que me faz justo
transformação diária
do homem em curso
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