Usina de Letras
Usina de Letras
85 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62236 )

Cartas ( 21334)

Contos (13264)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50634)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4769)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140808)

Redação (3307)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6191)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Patuá de baiano... -- 25/02/2003 - 19:27 (Geraldo Lyra) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Geraldo Lyra

Quem conheceu a praia de Boa Viagem no tempo do bonde - um com seu próprio nome e outro que ia mais longe, a partir do Centro do Recife à praia de Piedade, este também conhecido pelo nome do destino, lembra-se da vida tranquila, sem notícias de assaltos, de traficantes e drogados, e, muito menos, de turismo sexual praticado por "gringos" esperados por mocinhas pobres no Aeroporto dos Guararapes e levadas para a orla marítima...

Era uma vida pacata, bucólica (até a década de cinquenta), sem o luxo dos hotéis e super-mercados de hoje. Se era melhor ou não, as opiniões variam; pois, argumentos existem a favor do passado, como os há, com certeza, em defesa da vida atual. O caso a seguir,porém, aconteceu há cerca de uns dez anos,e, portanto, é do presente.

Um advogado e uma professora, jovens e belos, casados de pouco, foram residir em apartamento de primeiro andar - na conhecida praia - em edifício da rua dos Navegantes: para quem ainda não veio à Veneza Brasileira, informamos que tal rua é paralela à Av. Boa Viagem (beira-mar) e tem, do outro lado, a Av. Conselheiro Aguiar, o que corresponde - mais ou menos - à Av. Atlàntica, à Av. N.S. de Copacabana e à Barata Ribeiro, no Rio. Aqui, a via do centro - a Navegantes - ainda hoje é a mais tranquila e preferida de muita gente, mesmo sem vista para o mar. De qualquer forma, fica a menos de cem metros da praia, de que a professora (chamemo-la Dulce) era assídua frequentadora, seja pelos exercícios que fazia para manter o corpo escultural, seja para tomar um bronzeado. Como dava aulas à tarde, tinha as manhãs livres para a prática do seu "hobby".

Já o Dr. Marcos (digamos ser este seu nome), só a acompanhava nos fins de semana, pelas inúmeras causas no Fórum, que o obrigavam a dar dois expedientes - escritório na Av. Dantas Barreto - Centro - dedicado que era à sua profissão. Voltemos, todavia, à professora Dulce: acompanhada de uma empregada doméstica, com alguma parenta, amiga ou sozinha, não perdia uma praia. Só se chovesse forte ou por motivo de gripe (o que era muito raro, pois, vendia saúde aquela linda mulher). Certo dia, contudo, quando se preparava para mais um banho de mar, o telefone tocou e era Dr. Marcos, para dizer-lhe de uma viagem que faria a Maceió-AL, naquela mmanhã, e pedindo que arrumasse sua maleta. Daí a uma hora, ele chegou acompanhado do amigo do casal conhecido por X-9, que era investigador e fazia um "bico" como taxista.

O advogado, sorridente com a antevisão da boa grana que iria ganhar, e da presteza da querida esposa, despediu-se dela entre beijos e abraços e recomenou-lhe que tivesse cuidado com a janela defronte da marquise. Ao que ela retrucou:"Vá sossegado, amor, que estarei atenta." " - Tudo bem - disse ele - talvez demore uma semana..." O trabalho em Alagoas durou, apenas, de três a quatro dias e foi um êxito para o jovem causídico. Quando chegou de volta, despediu-se do amigo na portaria e subiu a escada para o primeiro andar, tal a ansiedade de rever a sua querida Dulce: nem quis esperar o elevador. Ao tocar a campainha pela segunda vez, a porta abriu-se e viu a sua amada em prantos. Abraçaram-se e foram sentar no sofá, quando ele indagou:"O que houve?" E ela, soluçando:"Querido, alguém entrou pela janela - justamente a que você me recomendou tanto -, perdoe-me, amor; não sei como aconteceu; mas, levaram nossas jóias!" "Tranquilize-se!", disse o marido, com afeto e com carinho, e acrescentou:"Vou telefonar para o X-9 e solicitar a colaboração dele junto ao delegado do bairro, para ver se recuperamos nossos bens. Dito e feito. Ligou para a delegacia, e, por sorte, falou com o amigo, contando o ocorrido. Então, este disse que ia falar com o delegado e solicitar-lhe mais dois policiais conhecedores da área. Depois daria a resposta.

No dia seguinte, o X-9 ligou dizendo que conseguira dois investigadores e já tinham começado a trabalhar no caso. Entretanto, o delegado disse, que lhe falasse para colaborar no abastecimento das viaturas. Tudo acertado, X-9 foi pegar um cheque no escritório do Dr. Marcos, e, depois - não mais do que uma semana -, o telefone do advogado tocou e o próprio delegado falou que tinham prendido o gatuno e que o casal comparecesse para o reconhecimento do produto do furto. No dia seguinte, marido e mulher, macompanhados do X-9, foram à delegacia. Lá chegando, o delegado mostrou, numa mesa, sobre um lenço com motivos de Salvador (pintura do Elevador Lacerda, por exemplo), umas figas, patuás e um relógio usado. Dr. Marcos exclamou:"Esta merda - desculpe "seu" delegado! - não é nossa! Nos surrupiaram jóias de valor!" Daí, o delegado gritou para um carcereiro:"Vá buscar o elemento".

Daí a pouco, apareceu um cara algemado, que foi logo dizendo(no seu linguajar característico):"O causo foi o seguinte, dotó: eu andava por Boa Viagem pensando em defender algum, porque estava liso, quando vi uma escada dando sopa numa construção. O vigia tirava um cochilo e eu botei a danada nas costas, atravessei a rua e entrei no primeiro portão aberto. O porteiro chegou a grutar:"Ei, rapaz, para onde vai com essa escada?" Na hora eu vi uma janela aberta e respondi:"A madama do primeiro andar ali, mandou eu fazer a limpeza". Aí, buzinou um carro para entrar e fui em frente.Ao pular para dentro do apartamento, vi as ropa aí do dotó e da madama espalhadas no sofá. Mexi em todas as gaveta que fui vendo e encontrei as jóia. Já tinha botado no pulso o relojo qui tava no palitó, e, no bolso, os negoço de macumba aí do lenço baiano.

Escutei um ronco e fui, pé ante pé, até a porta do quarto entre-aberta: o dotó e a madama estavam numa boa e fiquei com medo. Saí devegarinho, desci a escada e agradeci ao porteiro, dizendo que já voltava. No calçadão, vendi as jóia a uns gringos e fiquei com o relojo e essese negoço aí pra me dar sorte..." O leitor poderá pensar na janela aberta: o baiano abriu, enquanto dona Dulce tomava um chuveiro! Quanto à empregada doméstica, foi cúmplice, estava de folga ou a patroa mandou a algum lugar... Depois das confissões do marginal, Dr. Marcos ficou lívido, vomitou e precisou ser socorrido numa farmácia próxima. A esposa infiel chorou muito, amparada pelo X-9, mormente quando Dr. Marcos, ao voltar da medicação, falou alto e bom som:"A partir deste momento não voltarei a viver com esta mulher - vamos tratar do divórcio!"

Os povos não querem a guerra. Leia Trova da Paz
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui