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Cordel-->CHARUTO ESPECIAL -- 27/04/2006 - 18:06 (Benedito Generoso da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CHARUTO ESPECIAL

Em frente de minha casa,
Nasceu uma bela plantinha...
- Quem será que a semeou
Diante da casa minha?

“A planta nasceu sozinha,”
Foi o que imaginei;
Pouco afastada do muro,
Vi a erva e lá deixei.

Com cuidado eu reguei
Para que ela crescesse,
Rezando que o "pé de flor"
No meu jardim florescesse.

- Que arbusto belo é esse?
Vai crescendo e flor não vejo!
Contemplando suas folhas,
Excita o meu desejo.

Aqui neste lugarejo
Ninguém vê o vegetal,
Que cresce atrás do muro,
Num cantinho do quintal.

Suas folhas, afinal,
Estou pensando em colher,
Delas vou fazer charutos
E a quem comprar, vender.

Depois do amanhecer,
Bateram na minha porta
Uns sujeitos de bonés...
Queriam ver minha horta.

- Essa planta ninguém corta,
Eu gritei no desespero;
- Que tal uma sociedade
Que nos vai render dinheiro?

O cabo foi o primeiro
Que sorriu meio sem graça,
E mandou os dois soldados
Fazerem ronda na praça.

Servi-lhe vinho na taça,
Brindamos depois bebemos;
Secamos uma garrafa
E assim nos entendemos.

“Aqui nós nunca viemos
E você não deve nada;
Seu charuto é dos bons,
Vou dar mais uma tragada.

Eu sou cabo da brigada,
Lá comando a soldadesca
E aqui ordeno a você
Manter sua cuca fresca.

A turma cavalheiresca
Esqueça aqui e agora,
Mas se não ficar esperto,
Voltamos a qualquer hora”.

Saímos os dois pra fora
E o comandante falou:
- Lindo jardim você tem...
Que belas “flores” plantou!

Policial severo eu sou
No cumprimento da lei,
Inspecionei sua casa
E nada de errado achei.

Sossegado eu fiquei,
Ninguém mais se intrometeu;
Da planta colhi as folhas,
Depois que ela cresceu.

Sementes boas me deu
E fiz outra plantação;
Eu só fumava charutos
De minha fabricação.

Fiz até exportação,
Mas isso foi bem depois,
Quando comprei umas terras,
Onde se plantava arroz.

Não há segredo entre dois,
Exceto se um morrer
Antes de contar a outro
O que veio a saber.

Meu erro foi não prever
Que um negócio daquele
Nunca podia ter sócio,
Menos ainda com ele.

Associei-me com aquele
Que comigo tomou vinho
E não quis comer do pão,
Preferindo um fuminho.

Ele não fumou sozinho
O charuto que eu fizera,
Compartilhamos da planta
Que floriu na primavera.

Que belo pé de flor era
A planta no meu jardim!
Sem florir não se sabia
Se era lírio ou jasmim.

Não foi rosa para mim,
Porém seu agudo espinho
Cravou-se em meu coração,
Ao cruzar o meu caminho.

Na prisão, aqui sozinho,
Eu rio até sem graça,
Vendo a flor do meu sonho
Transformar-se em fumaça.

Nisso tudo houve trapaça,
Quem é que não adivinha?
Só porque foi semeada
Uma simples sementinha!

Minha sorte foi mesquinha,
Eu sou um cristão traído;
Se a confiança é virtude,
Dela estou desiludido.

Eu quisera ter perdido
Até mesmo minha vida,
Desde que despetalando
A bela flor preferida.

Uma vivência sofrida
Até que vale a pena,
Se ao menos salvar-se a fé
E esta não for pequena.

Toda alma se envenena,
Se fizer aposta errada
E confessar seus segredos
Sem garantia de nada.

Quem ignora que a estrada
Se bifurca mais à frente,
Onde está o inimigo
Que aparece de repente?

É a eterna Serpente,
Que rasteja aos nossos pés
Para o calcanhar picar
E nos causar um revés.

Assim já previu Moisés
E, através das Escrituras,
Predisse deixando o alerta
Para as gerações futuras.

Se você sofre agruras
Pela traição de alguém,
Saiba que Cristo sofreu
Ao ser traído também.

Salva-se um entre cem
Merecedor de confiança:
É quem se tornou adulto,
Sem deixar de ser criança.

Quem perde a esperança
Morre antecipadamente;
Mesmo preso eu sou livre
Pra viver eternamente.

Comigo está somente
A solidão e o ócio,
Porém essa sociedade
Ainda é um bom negócio.

Eu não quero outro sócio
Aqui dentro desta cela
E não mais vou cultivar
Plantação como aquela.

Por causa da florisbela
Meu rosto fica vermelho;
Tenho vergonha de mim,
Quando me vejo no espelho.

A todos eu aconselho
Com a minh’alma serena:
Não sigam o meu exemplo
Porque não vale a pena.

Na curta vida terrena,
A sorte é uma sentença,
Porém a escolha é nossa
E o crime não compensa.

BENEDITO GENEROSO DA COSTA
DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS

















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