Tem o coração os seus motivos
A dar lugar ou não ao sentimento
De amor que, em dado momento,
Com o fito de fazer-nos cativos,
Surge, tolhendo-nos o pensamento,
Como a pintar, nos tons mais vivos,
Memórias d’outros amores, redivivos,
Que o tempo relegara ao esquecimento...
Posto que é o coração que determina,
Mesmo até em detrimento da razão,
O amor por cujo encanto há de deixar-se
Levar, como se u’a espécie de catarse
O dominara e, tomado por tal emoção,
Cedera ele, então, a essa força que fascina.
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