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Contos-->O Cego -- 18/09/2003 - 20:10 (Robison Stemberg) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eles circulavam, normalmente, pelas ruas centrais da cidade. Eram dois pobres abandonados pela sorte. O cego e sua filha, em aflitivas andanças à procura de piedade. Aflitivas? Não só aflitivas; aflitivas e lentas, tropeçantes, inúteis. O homem tinha ficado cego após uma rápida doença degenerativa. Com a morte de sua esposa durante o parto, ficara para ele a função de ser responsável pela criação da filha. Ele tinha uns trinta anos e a menina sete, talvez oito.
Passavam sempre pelos mesmos caminhos e iam comprimentando as vozes reconhecidas: -"Boa tarde, ceguinho!" Ele levantava levemente o chapéu e respondia sem palavras. A menina ia muda, guiando o pai pelo braço magro. Alguns tinham mais pena dele. Outros se apiedavam mais com a menina. Questão de escolha.
Após cumprida a rotina diária de passeio, eles regressavam a casa. Subiam pelo passeio da Rua das Flores, cruzavam a esquina e desciam pela Rua Sá Carneiro. Era a terceira casa, do lado direito, que fora abandonada há uns quatro anos.
Durante as pausas dos passeios com seu pai, a menina entrava em seu quarto e ficava o tempo todo brincando em frente ao espelho. Quem conhecia a menina, sabia do capricho de seus tenros sonhos infantis, que eram avivados pelos belos vestidos que ela ia vendo nas vitrinas durante os passeios. Ela procurava, dentro do possível, estar sempre bem arrumada.
Mesmo sendo ela mesma, é claro, em seus pensamento ela nunca era ela mesma. Em seus sonhos não precisava andar tanto, humilhar-se, pedir esmola, passar-se por coxa onde ela sabia que ninguém a conhecia. Em seus sonhos o pai vinha abraçar-lhe, correndo sem medo, usando todo o poder de sua visão resturada. Os dois, mais a mãe que tão cedo a deixara, sentavam-se na grama verdinha para um farto "pic-nic". Era triste acordar e sentir a barriga doendo de fome. E passear quase o dia todo com o pai, recolhendo as esmolas que lhe eram ofertados, para não dormir com fome.
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