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Contos-->LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA -- 16/09/2003 - 22:50 (Edmar Guedes Corrêa****) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA

Sempre fui um menino tímido. Nunca tive amigos, como todos as crianças de minha idade. Na verdade, eu me sentia melhor sozinho do que na companhia de alguém. Mas eu não era um menino infeliz. Eu sabia fazer da minha solidão algo de muito proveitoso para mim.
O que eu mais gostava era de andar pelos campos a pensar. Punha-me a pensar em tudo, principalmente na natureza ao meu redor. E era um prazer enorme descobrir um ninho de passarinhos. Eu nunca mexia neles, preferia ficar contemplando-o à distância.
Sinceramente, eu adorava ver como aquelas coisinhas tão pequeninas, peladas um dia se tornariam belos pássaros. Via a mãe chegar voando e trazendo alimentos no bico. Algumas vezes, via uma pequena minhoca ser introduzia naqueles biquinhos abertos, esfomeados. Ah, quão maravilhado eu me sentia! Era como se eu mesmo fizesse parte daquela natureza....
Muitas vezes, no trajeto entre a casa em que morava e Santa Paula, eu parava na beira da estrada e ficava olhando um pica-pau a bater o bico no poste do telefone. Como era gostoso ouvir aquelas batidas! Que som encantador! Eu até me esquecia das horas!
Outras vezes, no mesmo trajeto, eu saia da estrada, descia uma pequena ladeira e ficava a beira do riacho contemplando o som das águas que desciam por uma cachoeira. Quando o sol estava quente, eu sentava na pedra, fechava os olhos e viajava para mundos distantes. Ah, como eu era feliz naqueles tempos!
Mas tudo faz parte do passado. Hoje eu não sou mais aquele menino. Há muito que ele morreu dentro de mim. Contudo, eu sinto muita falta dele.
Hoje eu moro num grande centro urbano: Santos. Preciso trabalhar duro para ganhar meu pão, convivo, como todo mundo, o tempo todo com a violência à nossa porta. Estou sempre cheio de preocupações com o trabalho, com a família, com os filhos, com a segurança, e tudo mais. Não há mais tempo para reparar na beleza da natureza! Nem sei se há alguma beleza por aqui! Se há, passa despercebido. Não há mais tempo para pensar no futuro, no que gostaria de ser, no que há para fazer... Nem mesmo o lazer, uma ida ao Shopping, ao cinema é feito de forma despreocupada! Tudo é feito as pressas, sem muito tempo...
Ah, como eu tenho saudades daquela vida que levava no campo! Gostaria de ainda estar morando lá, levando aquela vidinha simples... Para que procurar o conforto dos grandes centros, se não podemos aproveita-lo? Se nem mesmo podemos dormir com as janelas de nossas casas abertas? As facilidades são grandes, mas será que vale a pena?
No momento em que me ponho a pensar, eu chego a conclusão que não! Não, não vale a pena! Mas o que posso eu fazer? Estou preso a um sistema! Não posso simplesmente abandonar tudo: trabalho, família, os poucos bens que adquirir e voltar ao passado! Será que eu me acostumaria? E meus filhos, minha esposa? Nunca levaram aquela vida, só conhecem o ambiente da cidade! Será que eles não se sentiriam lá o que sinto aqui?
Penso, fico remoendo o passado, mas, no final, eu acabo me conformando: Não posso fazer nada! Estou preso, sou escravo de um sistema... Então terei que continuar enquanto viver...


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