Se da fria solidão está repleta
Minh’alma, a sufocar o pranto,
Nem sei dizer então por que me espanto,
Ante esta tristeza, a mais completa
Possível, vez que do meu sono me levanto,
No afã de decifrar meu sonho de poeta:
Sonhara, pois, que a musa, a predileta
Mulher, personificação de todo o encanto,
Abandonado o vate houvera, num repente,
Indo-se para sempre, só Deus sabe aonde,
Sem nem deixar, ao menos, um bilhete,
Um recado – e a ferir-me qual um estilete,
Resta-me o silêncio, que me não responde,
Quando seu nome chamo, desesperadamente.
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