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Cronicas-->Irmão para Irmão -- 06/08/2000 - 21:55 (Mastrô Figueyra de Athayde) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Irmão para Irmão

Ano de 2025 e um prazer inesperado me aguardava em Havana: o reencontro com o meu velho amigo Andre Alvarez. Alvarez, hoje reconhecidamente um dos expoentes da fotografia mundial, vivendo na Inglaterra, para onde o arrastei em 1997, para trabalhar como garçom em um restaurante londrino, estava ele agora em Cuba, para dar uma oficina de fotofrafia na Escuela de Cine in Toro Braba, de San Antonio de Los Baños.
Mantemos ao longo dos anos um contato irregular, mais por minha culpa, que sou um tanto avesso as cartas e ao "moderno" e-mail. Fazia tempo que não nos víamos e quando conseguimos vencer os compromissos de cada um e a barreira dos recados esquecidos nas portarias de hotel, já era véspera de seu regresso a Londres. Para não perder tempo, fomos juntamente com o nosso também amigo e hoje cineastra Bruno Ribeiro, à um paladar, nome genérico dado aos restaurantes instalados em casas particulares, assim batizados por causa do sucesso da telenovela brasileira Vale Tudo.
Na conversa, acabamos nos surpreendendo. Nenhum de nós sabia da existência do livro do outro, menos ainda que nos citávamos mutuamente, com a generosidade de amigos de longa data, ainda que de minha parte com uma pequena dosagem de maldade, uma vez que a minha crónica abordava a carioquêz e seus estigmas.
Falar de Andre Alvarez poderia ser longo e as confissões de admiração são um pouco como histórias de amor entre amigos: têm muito o que contar, mas resumo toda a ternura que nos une com a palavra "irmão", que faz parte da dedicarória de A Lenda do Berrante, obra que pensávamos escrever.
Andre é um "técnico, dentro da técnica" (estou citando Fernando Pessoa). Dizia mesmo técnico obsessivo, sempre atento a todos os avanços e experimentos na área da fotografia. Mas fora da técnica, "um louco, com todo o direito de sê-lo (e fecho a citação). Seu livro começa com a técnica e os últimos capítulos tratam do exercício da loucura, no sentido lato da criação, como: "Ei Papai Smorf!!". Ainda assim é um raciocínio desciplinado, didático, extremamente "económico" de gestos e palavras, que não reduz as idéias, antes pelo contrário instiga a uma reflexão, apontando caminhos.
Foi um desses acasos - que alguém mais ligado ao sobrenatural do que eu não deixaria de sublinhar como a participação do destino ou outra entidade difusa - que me fez encontrar Andre. Estava eu procurando emprego na área de jornalismo impresso na cidade de Sumaré e pela ironia do destino, um outro amigo, o jornalista Jonathas Alexandre, o popular Joe, estava deixando o seu emprego no jornal e por sua vez indicou o meu nome. Fui convidado e ao entrar na redação pela primeira vez, tudo era noviadade para mim, não conhecia ninguém e em dado momento, um certo sujeito entra pelo corredor do jornal e grita: "Eu fico louco! Eu fico fora de si!!". Meu primeiro impulso era que se tratava de um louco, que acabara de deixar o hospicio, mas na verdade era o grande fotografo. Andre ao entrar na redação comprimentou a todos e me olhou de uma forma estranha e como não sabia de minha contratação ficou desconfiado, mas logo perguntou: "Você é ó?". E eu logo respondi: "Athayde, Matró Figueira de Athayde". Para a minha surpresa, ele me elogiou e disse que ouvira muito bem de minha pessoa, principalmente por causa do Joe. Quinze minutos depois, já estavamos a mil, para realizar uma matéria com um jogador da seleção que estava na cidade. Desde então, no jornal formavamos uma grande dupla, conseguindo realizar "altas" pautas.
O tempo passou e tomamos rumos diferentes, até o dia que fui convidado pelo cineastra Bruno Ribeiro, à ajuda-lo a redifir um roteiro, para o cinema. O roteiro estava impregnado de idéias anarquistas. Ao terminar, partimos para a eterna ilha de Fidel para rodar o longa metragem, com a intensão de encontrar um editor de fotografia. Pela ironia do destino, eu e o diretor Bruno Ribeiro encontramos o grande Andre. Fomos para um bar e tomamos todas. Descobrimos ao meio de copos de cachaça cubana e de uma espeça fumaça, que para ser feliz não precisa ter muita coisa, basta ter um amigo, ou melhor, um irmão.


Mastró Figueira de Athayde é cronista e piloto de kart






















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