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Cordel-->A FILHA QUE DEUS ME DEU -- 22/03/2006 - 14:23 (JOAQUIM FURTADO DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A FILHA QUE DEUS ME DEU
(A UM PAI DESCONHECIDO)


Casados há doze anos,
Sem crises no matrimônio
Sentíamos que nos faltava
Para completar o sonho
E manter acesa a brasa
Uma criança em casa
Que fizesse o lar risonho.

Promessas a Santo Antonio
Exames de toda sorte
Eu já fizera bastante,
E também minha consorte,
Fiz um monte de exames:
Passei até por vexames
Só não desejei a morte.

Procurávamos ser fortes
Não descrer da Medicina.
Queríamos o nosso filho -
Fosse menino ou menina
Mas a nossa esperança
De ter a nossa criança
Um dia, afinal, termina.

O doutor Nélson Medina,
Da Capital do Estado
Depois de longa conversa
Me deixou desenganado
Tratou-nos com simpatia
Mas matou nossa alegria
Com seu discurso educado.

Falou com jeito e cuidado
Como fosse um professor
Fez um relato completo
Do que diagnosticou
Sei que não foi com cinismo
Mas disse, por eufemismo,
Que eu jamais seria avô...

Foi grande a minha dor
Pois entendi a mensagem
“Só é avô quem tem filhos”
Procurei achar coragem
Olhei pra minha mulher,
E falei: -Meu Deus não quer
Um filho à minha imagem

Sei que parece bobagem,
Mas não queria aceitar
Filho de outra pessoa
Que tivesse de adotar.
Mas eu pensava, comigo,
Tanta gente sem abrigo,
Tanta criança sem lar...

Deixei o tempo passar,
Buscando alguma bonança
Para o espírito cansado
De lutar sem esperança
Sempre inventava viagem
Para tirar da imagem
Minha casa sem criança.

Mas o Criador não cansa
De oferecer janela
A quem vê porta fechada
E não pode entrar nela.
Parecia me dizer:
Vou dar uma filha a você
Quero ver não gostar dela

Com a desculpa amarela
Que não teria carinho
Para filho de outros pais
Que botassem em meu caminho
Rejeitei a opção
De filho por adoção
Ficamos os dois sozinhos

Triste como passarinho
Que vê o ninho vazio
Ficou a minha mulher
Aceitando o desafio
De não ter a dor do parto
E ver sempre o outro quarto
Sem vida, oco e sombrio.

“-Quando é que vou ser tio?”
Perguntava meu irmão
Eu, nessa hora, sentia
Uma dor no coração
Que me apertava o peito
Mas não contava o defeito -
O meu mal sem solução.

Só conhece a dimensão
Da surda dor que me vinha,
Quando meu irmão falava
Em sobrinho, ou sobrinha,
Quem sofreu do mesmo mal;
Não existe dor igual
Àquela dor que eu tinha.

Mas não era o fim da linha
Porque sempre existe luz
No fim de todos os túneis
Era apenas uma cruz
E sempre havia conforto
Na esposa eu tinha porto
E ela tinha em Jesus.

A fé sempre nos conduz
Por uma estrada segura
Apesar da nossa mágoa
Nos trazer certa amargura
Não há dor que seja eterna
Quando o espírito governa
Um dia cessa a tortura.

Já era noite escura
Quando saí de Cuité
Num domingo de outubro
Junto com minha mulher,
Voltando p’ra Capital
Na estrada sem sinal
Eu apertei bem o pé...

Nem mesmo sei como é
Que não acertei a caixa
Que avistei na estrada.
Sei que reduzi a marcha
Quanto pude, desviei,
Fiz a volta, retornei
Com o carro em luz baixa.

Voltei pela outra faixa
Coloquei o pisca-alerta
Para retirar a caixa
Que ali se achava aberta
Um chofer imprevidente
Sofreria um acidente
Naquela hora deserta.

Sei que fiz a coisa certa
Naquele azado momento
E fui retirar a caixa
Da pista de rolamento
Um segundo só bastava
Pegava a caixa e jogava
Para o acostamento.

Entretanto, um movimento
Quase me fez desmaiar
O que a caixa continha
Não queria acreditar
Naquela estrada escura
Inocente criatura
Principiava a chorar.

Um pezinho a balançar
Elevava-se pro alto
(Tão pequeno e delicado);
Meu coração deu um salto
Tive um desfalecimento
Não caí, pois num momento
Me ajoelhei no asfalto.

Pensando em algum assalto,
Minha esposa não desceu;
Me disse pra não parar,
No carro permaneceu;
Quando me viu de joelhos,
Esqueceu todos conselhos
Para o meu lado correu.

-A filha que Deus me deu!
Chorando, falei pra ela.
Eu já tinha visto em sonho
Uma cena igual àquela
E os pensamentos meus
Se voltaram para Deus
Por nos dar prenda tão bela.

No domingo, na capela
Foi Janine batizada
Meu irmão quis ser padrinho
Da filha que nos foi dada
Sua mulher foi madrinha
Daquela nova sobrinha
Por eles tão desejada.

Não me esqueci da estrada
Mandei fazer uma cruz
Pintei-a toda de azul
No local eu mesmo pus.
E sempre que ali passamos
Ao vê-la nos lembramos
Dos desígnios de Jesus.

Janine nos trouxe luz,
O nosso lar hoje é seu
Agradecemos a Deus
Que a nós dois escolheu
Uma menina querida
Ilumina a nossa vida
Minha filha Deus me deu.
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