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Cordel-->A ESCOLA DA MINHA INFÂNCIA -- 21/03/2006 - 15:01 (JOAQUIM FURTADO DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ESCOLA DA MINHA INFÂNCIA
(TRIBUTO À ESCOLA HERMENEGILDO FIRMEZA)

- I -
“Do mundo, não vejo nada,
Pois vivo sempre enterrada.
Mas eu não me entristeço, não.
Seguro a planta e sustento,
Sugando água e alimento.
- II -
“Sou o cálice da flor,
Que inchou e ficou maduro,
Pela força do calor.
E guardo em mim, com amor,
As plantinhas do futuro.

As duas estrofes acima
São extremos de um poema
Dos meus tempos de criança
De que a árvore era o tema
Pra mim, lembrar é tão fácil –
Memória não é problema.

Fiz da saudade o meu lema
E sinto melancolia.
Sempre procuro refúgio
Escrevendo poesia,
Trago as imagens da infância
Para os tempos de hoje em dia.

A memória me auxilia
A reviver as imagens
Dos momentos da infância
Eu guardo boas passagens.
E não lembro horas ruins,
Só trago belas paisagens.

Então, eu criei coragem
Pra relatar a vocês
Os meus dias na escola
Desde os cinco anos, ou seis,
Ainda nem era chegada
Do Hermenegildo a vez.

Eu não recordo do mês
Que comecei a estudar...
Com a professora Angelita
Aprendi o bê-a-bá,
Na rua Osório de Paiva;
Sua casa, era o lugar.

Depois, eu saí de lá;
62 era o ano,
Pr’a 19 de Março
Na rua Dom Xisto Albano,
Esquina com a Leblom Maia,
Era eu e mais dois manos.

Estou certo, não me engano:
Naquela associação
Estudei em três cartilhas
E aprendi a lição
Da mesma forma estudaram
Zé e Chico, meus irmãos.

Estudava com atenção
E até guardo na memória
O nome dessas cartilhas
E muitas das suas estórias
Na época se decorava
Ou tomava palmatória.

Daquelas horas de glória,
Lembro a Cartilha do Povo,
Da qual Jessier Quirino, (1)
Um poeta ainda novo,
Imortalizou a frase
Que diz: “vovô viu o ovo”.

A boa memória eu louvo,
Pois é coisa preciosa.
Cartilha Brincar de Ler e
Cartilha Maravilhosa
Foram os dois outros livros
Daquela idade formosa.

Muitas estórias famosas
Aprendi nessas cartilhas
Os clássicos de Walt Disney
E mais outras maravilhas,
Estudavam os alunos
E liam para as famílias.

Todos os filhos e filhas
Das pessoas que moravam,
Lá no Parque São José
E bairros que o cercavam
De uma escola estadual
Na época já precisavam.

Porque quando terminavam
Sua alfabetização
Tinham que ir estudar longe
Por não ter colocação
Não havia escola perto
Para sua admissão.

Fez-se, pois, a construção
Do Hermenegildo Firmeza
No campo do Madureira
O terreno era uma beleza
O campo afastou-se um pouco -
Foi mesmo uma boa empresa.

Pra nós, foi ótima a surpresa,
Pois morávamos bem ao lado.
Logo no primeiro ano
Nós fomos matriculados.
Era o ano sessenta e três
Do século vinte passado.

Era um prédio recuado,
De cinco salas somente,
Todo pintado em amarelo,
Como ainda é, atualmente,
Atrás, tinha um corredor
E um espaço vazio na frente,

E no lado do nascente,
Sala da Diretoria,
Com dois banheiros anexos,
Cada um com vaso e pia,
Um só para os professores
O outro pra freguesia.

Só se estudava de dia,
À noite não funcionava,
O bairro não tinha luz
O povo cedo deitava
No outro dia, bem cedo,
A vida recomeçava.

À tarde, quem estudava
Eram somente os meninos,
De manhã, eram as meninas,
Separavam-se os destinos
A disciplina era rígida
Mas de dias cristalinos.

Se dava valor aos hinos
E também à oração
Naquela época o Estado
Tinha uma forte união
Com o poder eclesiástico
Prezava a religião.

Sempre tinha uma oração
Antes das aulas do dia
Era a vice-diretora
Quem a tudo dirigia
Rezava antes das aulas
Padre Nosso e Ave Maria.

O bairro aos poucos crescia
E a escola em igual escala
No ano sessenta e cinco,
Já se tinha oito salas,
Deixou-se um espaço no centro
E logo além, nova ala.

A comunidade fala
E pede a escola mista,
Menino junto a menina,
Era mais uma conquista
Aos poucos muda o estilo,
São novos tempos à vista.

E antes que se insista
Que deixei num outro plano
Eu vou falar das pessoas
Daquele primeiro ano
Se eu esquecer algum nome
Que me corrija o meu mano.

Se acaso eu não me engano
Foi primeira diretora
Maria José C.B. Gomes
Tinha um jeitão de doutora...
Santinha e Francisca Prata
Eram as vice-diretoras.

Era a nossa professora
Uma de nome Maísa,
As demais: Cristina, Ivone,
Zuleica e dona Aldantiza
Só sei do turno da tarde,
As da manhã... não precisa.

Quem souber mais nome, avisa,
Que eu vou passar adiante,
É que eu estudava à tarde.
Não esqueci por desplante,
Os nomes das outras mestras
Daquele tempo distante.

A escola hoje é gigante
Tem porte de alto coturno,
Com o tempo se criou
Também estudo noturno
Hoje são muito mais salas
E com aulas nos três turnos

O bairro ficou soturno
Perdeu a tranqüilidade
Também o ensino público
Perdeu muito em qualidade
Escolas particulares
Surgiram em quantidade.

Não fico muito à vontade
Para dizer a vocês
O restante da história
Pois já em 66
Eu concluí o Primário
E cedi a minha vez.

O que bem depois se fez
Não pude testemunhar
Até os anos setenta
Ainda posso contar,
Porque outros meus irmãos
Aí passaram a estudar.

A professora EURISMAR
Foi quem fechou meu Primário,
Antes, com dona RITINHA,
Passei meu grande calvário.
Depois dessa época em diante
Já não sei o calendário.

Meu amado educandário
Do meu tempo de criança,
Hermenegildo Firmeza,
Sempre te trago em lembrança
Afinal, te vi nascer,
Me infundiste confiança.

Sempre tive a esperança
De um dia ser professor,
Pra caminhar outra vez
No primeiro corredor
Da tua construção sólida
Que alguém já modificou.

O destino me enganou,
Abracei outra função,
Mas sirvo ao povo também,
Nesta minha profissão.
Não somos todos iguais
Cada um tem sua missão.

Sei que aprendi a lição
De cada livro e cartilha,
O que aprendi repassei,
Ao depois, pra minha filha.
Agradeço às professoras...
Me ensinaram boa trilha.

Muitos da minha família
Residem ainda ao teu lado,
Basta atravessar a rua
Costa Freire, com cuidado,
Que se chega à calçada
Do meu antigo reinado.

Pra voltar ao teu passado
Retorno um pouquinho a fita:
FRANCISCA DE PAULA PESSOA
NEVES – mulher bonita
Foi segunda diretora
E atendia por Chiquita.

Dona SANTINHA, aflita,
Com óculos de grossas lentes,
Preocupava-se tanto
Com todo o corpo discente,
Não deixava de ser rígida,
Mas atendia contente.

Quem era a mais sorridente
De todas as mestras, então?
Sem dúvida, dona ZULEICA,
Que a todos tinha atenção
Fazia festas pra tudo
E até compunha canção.

Qualquer comemoração
Dias das Mães e dos Pais,
Da árvore, do estudante
E de tantas festas mais
Era ela que comandava
De tudo era capaz.

Eu me lembro bem demais...
Falava sem microfone
E em tom bem alto, chamava
Por outras mestras: -Ione!
Francisca Bulcão! Iran!
Venha cá, querida IVONE!

Passaria a noite insone,
A relatar, à vontade,
A história dessa escola
E a matar minha saudade
Se daí não me ausentasse
Há anos... uma eternidade.

Não conheço as novidades
Dessa escola, com franqueza,
Pois resido em João Pessoa
Mas se vou a Fortaleza
Visito o grupo escolar
Hermenegildo Firmeza.

J- ovem aluno, que lê
O- relato que esclarece
A- fundação desta escola
Q- ue a cada ano mais cresce
U- ma lição quero dar:
I- mporta muito estudar
M- ais chance lhe aparece.


NOTAS
1 Estrofes de poesia lida pelos alunos da 1.ª série, do ano inaugural, AGUIAR, JOSÉ FURTADO, HAROLDO NEVES, JOAQUIM FURTADO e ANTÔNIO MARQUES, possivelmente elaborada pela professora Zuleica.
2 A professora Angelita Neves era filha do casal Antônio Neves / Aldina Neves e residia na rua Osório de Paiva, onde hoje está localizada a Farmácia Pague Menos..
3 A antiga Associação Cultural e Beneficente 19 de Março, do bairro Parque São José hoje tem lugar na rua Leblom Maia, entre as ruas Costa Freire e Monsenhor Agostinho, encontrando-se inativa.
4 FLEURY, Renato Sêneca. Brincar de Ler. 19ª edição. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1955
5 SANTOS, Theobaldo Miranda. Cartilha Maravilhosa. Aprendizagem da leitura través de contos fadas. Método analítico- sintético. Ilustrações de Tana. 2 ed. Rio de Janeiro: AGIR, 1955.
Clássicos de outros autores estavam também na Cartilha Maravilhosa: A Bela e a Fera, A Bela Adormecida, O Pequeno Polegar, O Gato de Botas, Branca de Neve e os Sete Anões, João e Maria (poesia), etc.
6 LOURENÇO FILHO, M.B. Cartilha do Povo. Para ensinar a ler rapidamente. 956 ed. S.L: Edições Melhoramentos, 1954.
7 JESSIER QUIRINO, Prosa Morena. Livro e compact disc . João Pessoa-PB: 2001: Edições Bagaço.





OUTRAS NOTAS
As primeiras professoras do então Grupo Escolar Professor Hermenegildo Firmeza foram, no ano de 1963, e apenas do turno da tarde, ao que recorda o autor:
• CRISTINA – da alfabetização;
• IONE – da alfabetização mais forte;
• MAÍSA – Da primeira série (primeiro ano);
• ROSÁLIA – da primeira série forte (primeiro ano forte);
• IVONE – da segunda série (segundo ano);.

Ressalte-se que o autor desconhecia as professoras das turmas da manhã, quando estudavam apenas meninas, lembrando apenas da presença de dona Aldantiza (Maria Aldantiza Araújo, hoje com 80 anos de idade) e a vice-diretora, Francisca Prata (Francisca de Paiva Prata, hoje com 82 anos).
Nesse primeiro ano de atividades, não havia ensino de terceira e quarta séries, o que veio a ocorrer com a construção de outras três salas, além das cinco da fundação, julgo que pelo ano de 1965.
Conheci depois outras professoras dos primeiros anos do mesmo educandário, além das que são citadas nos versos. São:
INÊS, CLÉA, IRAN PAIVA, VILANI MAVIGNIER.

MINHAS HOMENAGENS ÀS DIRETORAS DO MEU TEMPO
* MARIA JOSE CASTELO BRANCO GOMES
* MARIA AUGUSTA GAMA DE AZEVEDO (Santinha)
* FRANCISCA DE PAIVA PRATA
* FRANCISCA PAULA PESSOA NEVES (Chiquita)

Comentarios

Francisco José GAMA de Azevedo  - 13/05/2019

Esse texto é FABULOSO e contempla a toda a equipe Gestora e de Docentes desta época.

Fico muito ag)raciado com a homenagem feita à minha Mãe (Dona Santinha) - Maria Augusta GAMA de Azevedo.
Parabéns Escrivão EP. Abraço forte.

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