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Artigos-->Por que literatura? -- 21/06/2002 - 22:24 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
POR QUE LITERATURA?



Francisco Miguel de Moura*

Escritor





A literatura (poesia, conto, romance, crônica e crítica – evidentemente literária) é meu pão de cada dia. Nenhum outro assunto me interessa mais do que esse.

Pois um dia destes encontrei-me na rua com o dicionarista Adrião Neto e perguntei-lhe de chofre:

- O que estão dizendo de mim, por aí?

- Nada, respondeu-me secamente.

Ora, para um literato, um artista, nada mais terrível, nada mais desagradável.

- Não é possível! Não falam de bem nem de mal?

Ele continuou irredutível. Não saiba de nada. Não tinha novidades.

Aí tive que perguntar-lhe se não ouvira falar que eu estive na Bienal do Livro, no Rio, lançando meu novo livro – VIR@GENS; se não vira o Soarinho (Antônio Reinaldo Soares Filho), que me prometera um artigo sobre o meu “Por que Petrônio não ganhou o céu...”; se não sabia que está prestes a sair meu livro de “Literatura do Piauí”, num convênio entre a Academia Piauiense de Letras e o Banco do Nordeste e um livro de contos intitulado “Rebelião das Almas”, com prefácio de Moura Lima...

Pois se não sabia, ficasse sabendo, e espalhasse por aí afora.

Se ele espalhou os fatos que me fizeram notícia, não sei. Só sei que aproveito este espaço para umas cobranças. Primeiramente aos críticos do Piauí, se é que ainda existem. Quem se aventura a criticar livro na Província? É mais confortável escrever sobre Proust e Saramago, terá a certeza de ser considerado bom crítico, leitor dos clássicos e dos prêmios nobéis, sem precisar arranjar inimizades ou antipatias. Quem quer saber de “Por que Petrônio não ganhou o céu” , primeiro livro de contos do escritor Francisco Miguel de Moura? Quem se interessa saber quem é, o que faz e o que fez esse autor?

Respondo: Eu. Por que a literatura me responde ou tenta me responder todas as minhas perguntas insondáveis: Que sou eu, donde venho, para onde vou? E mais: o que estou fazendo, como e o que devo fazer aqui e agora. E daí passo à observação do mundo comparando e contrapondo o meu “eu” ao “eu” dos outros e ao “não-eu” das coisas.

E agora pergunto ao leitor: Por que não leu meu livro de contos “Por que Petrônio não ganhou o céu?” Pois, como posso ter certeza se alguém o leu, se ninguém me falou, se ninguém me escreveu? É inusitado mas não é anti-ético. Lanço um apelo a quem o leu: Que me escreva, me diga qualquer coisa, pode ser crítica favorável ou não, o que importa é o pronunciamento.

Mas a situação com relação à crítica e aos leitores não é somente no Piauí. Esse marasmo, essa falta de apetite pela literatura existe atualmente e muito, em todo o Brasil. É mau. Basta por os olhos na relação dos DEZ MAIS da “Veja” e o que vemos é Paulo Coelho e nada mais. Ou seja, tudo mais são biografias de pessoas “célebres, ilustres” e livros de auto-ajuda. Mas existe livro que mais nos ajude do que aqueles de verdadeira literatura, como Machado de Assis e Graciliano Ramos, Clarice Lispector e Cecília Meireles, por exemplo?

Mandei meu livro para diversos escritores, jornalistas, colunistas, críticos, cerca de 200 exemplares. Você dirá, apressado leitor, então não tem mais onde guardar os artigos, notas e cartas recebidas sobre o assunto.

Para nossa decepção, respondo-lhe: - Não recebi nada, a não ser a promessa do Soarinho de escrever um artigo. Para nós, eu e ele, promessa é dívida. Pelos menos esse sairá. Além do mais, ele é de Oeiras, cidade onde fui lançar “Por que Petrônio não ganhou o céu” e fui bem recebido. E, na ocasião, a cidade ganhou uma crônica minha. Mas até agora, o livro não ganhou crônica de ninguém. Nem de lá nem de cá.. Nem do Brasil.

Uma amigo pragmático explodirá: Deixe de escrever. Para que tanto trabalho, se ninguém o lê?

Dá vontade de fazer como o personagem Bento Carneiro – “o Vampiro Brasileiro” – de Chico Anísio: - Fique sabendo que minha vingança será maligna. Já tenho outro livro de contos prontinho da silva, digitado, em ponto de bala, cujo título será “Histórias Lobisômicas”. Será meu quarto volume de contos, terá início com uma história de lobisomem e terminará com outra mostrando outra versão. Vai surpreender o primeiro que tenha a coragem de começar a lê-lo. Aguardem, leitores e críticos. Vocês não perdem por esperar.

E se, mesmo assim, ninguém me escrever sobre o meu “Petrônio...”, levarei mesmo assim meu projeto à frente e terei coragem de parafrasear “A raposa e as uvas”, de Fedro, dizendo assim, ao final: – Não escrevi para vocês, escrevi para os leitores do futuro”.

Foi pensando nisto que Jorge Luís Borges disse que “só devemos ler livros escritos há mais de duzentos anos”.

___________________



*Francisco Miguel de Moura reside na Av. Juiz João Almeida, 1750 – CEP 64049-650 – Teresina (PI). Seu e-mail: chicomiguel@webone.com.br



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