Meu dia vai divagado
Entre o anil e o cinzento
Numa indolência rara
Talvez a parte de anjo
Tenha ficado comigo
Pois escuto, se me afasto
Leves penas no encalço
Vou numa branca viagem
Desprendimento, miragem
Serenidade infinita
Invulgar tê-la na terra
Quando a ideia desperta
Se debate, vê e grita
Hoje, meio adormecida
Meio anjo, meio humana
Brandamente o ser divaga
Numa estranha nostalgia
Como uma semente alada
Cujo germe se concentra
Entregue à volúvel brisa .
Lisboa, 10/4/2004
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