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cronicas-->Outono de 99 -- 06/08/2000 - 09:30 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ao se falar em outono, a imagem mais tradicional é a da queda das folhas das árvores e um céu cinzento. Não é frio e também não é quente. Além destas imagens, lembro sempre dos cinamomos em Porto Alegre. Já sem folhas, oferecem as sementes (ou são frutos?) em cachos que serviam de munição para guerras tradicionais e também às espaciais num tempo em que a ficção científica era feita em casa, com sacos plásticos na cabeça e capas de Flash Gordon. Não sei se os cinamomos ainda estão lá, mas sempre lembro quando o assunto é outono.

Difícil falar em outono quando se mora no paralelo 15, o tempo é de seca com frio moderado e um céu azul como poucos. As folhas caem como em todo outono que se preza, mas há flores nos canteiros e nas árvores como nas melhores primaveras. Coisas do cerrado.

O outono tem seu charme. No sul, me lembro bem, o frio moderado convida ao café e ao vinho. Massas e sopas sempre adequadas ao tempo fechado. Quando o sol aparece, uma caminhada tem seu valor. Melhor acompanhado para ir fazendo fuxicos e conversando sem compromisso. As folhas no chão dão boas fotografias quando não se tem que varrê-las todos os dias. Na serra a neblina, uma beleza para os turistas do norte, mas há que ter cuidado.

Este é o último outono do milênio, mas não se pode dizer que foi muito diferente. Nada aconteceu que não aconteça em qualquer outono. Uma retrospectiva sem compromisso aponta queda de aviões, helicópteros, acidentes com trens e tragédias diversas no trànsito. Falcatruas variadas, oscilações nas bolsas, perigos de crise económica. Tudo normal portanto, e isto tudo também acontece no verão.

Já na Europa, novamente a guerra, desta vez com Milosevic no papel de vilão. Efeitos especiais a cargo da OTAN, roteiro francês, produção anglo-americana. Legendas russas, mas ninguém entende o alfabeto cirílico. Acho que no hemisfério norte não tem cinamomos, comprometendo a infància do pessoal. Não tendo feito guerras de cinamomos, ficam inventando estas guerras reais. Muita chatas e perigosas. Lá deveria ser primavera, mas estou seguro que a transferiram para uma data mais apropriada e repetiram o outono. Para quem tem o hábito de guerras e bombardeios entre outras atividades, três meses de guerra não dá nem para chamar de longo inverno. Foi um outono mesmo. Claro que algumas flores devem ter aparecido, mas imagino que a OTAN as tenha confundido com instalações militares secretas (miniaturizadas) e as tenha bombardeado. Na dúvida, melhor não arriscar. Difícil apreciar a guerra dos outros, a emoção acaba quando entra a propaganda da Coca Cola. Talvez quando o Spielberg fizer um novo filme, mas eu não gosto de pipoca molhada.

Bombardearam o Iraque também, e por certo deve ter acontecido uma ou mais guerras na África, mas quem ainda se importa com o velho Saddam. Às guerras da África faltam o marketing e o petróleo para que ganhem notoriedade. Falta também um certo charme europeu ou o encanto do oriente e quem pague pelos últimos lançamentos da indústria bélica. Melhor deixar pra lá, nem Spielberg haverá de se interessar.

Mas não se pode esquecer que no esporte fomos bem. Ganhamos em Monte Carlo e fomos muito bem em Roland Garros.

Se este último outono foi assim, meio outonal, não desanime. Mande para a Europa umas sementes de cinamomo e confie que dentro de alguns anos o pessoal sacie sua vocação guerreira. De qualquer forma ainda antes do fim do milênio teremos uma primavera inteira, e uma amostra grátis do verão.


Escrito em 11.06.1999
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