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Contos-->O DOUTOR SABIÁ -- 13/09/2003 - 18:08 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O DOUTOR SABIÁ

João Ferreira
13 de setembro de 2003


Tião sabia tudo de pássaro. Sabia tudo também desse tal “Doutor Sabiá”.
Um dia me disse em plenos ares da Academia:
-Olhe, é aquele ali.
-Aquele, quem? Perguntei.
-Eu não lhe falei?. Aquele famoso “doutor Sabiá”. Aquele que canta bonito, mas não diz nada... Um tipo de ave rara ou de “avis rara”, como diziam os antigos. Um caso para ser estudado nos laboratórios de estudo das teorias de Freud ou talvez um DNA para ser decodificado pelos biólogos ou até pelos técnicos da Nasa. Não dá para saber ainda se esse ser esquisito é mesmo cá da terra ou se veio de fora gerado por um processo de encarnação cósmica. Desperta muita polêmica e muita curiosidade pelo tipo de pessoa que é...
-É um professor, completou Tião.
Em linhas gerais, diz ainda, eu o identifico como um ser estranho. Mas só em parte. Porque acima de tudo é um maníaco, mas muito inteligente. Todos reconhecem que é dotado de uma memória muito boa. Ao lado disso tudo, aparece também como um neurótico parecido com aqueles que sofreram nas trincheiras nas guerras clássicas. Socialmente é um deslumbrado. Acima de qualquer preconceito, é um megalômano despudorado. É dono de uma teimosia que os estrategistas interpretam como uma carga incandescente e explosiva capaz de incendiar o mundo em dois minutos.
O doutor Sabiá nasceu em Minas Gerais. Descende de uma família rural. Fez seus estudos de madureza nas escolas da região. Veio morar na capital ainda novo e fez frente à vida, trabalhando primeiro nos canteiros de obras na era pós-jusceliana e depois como explicador para alunos que demandavam a preparação para o vestibular. Tornou-se conhecido por seus dotes inventivos, por suas megalomanias, por seus ditos, e suas insólitas ações e sobretudo pela facilidade de angariar simpatizantes e discípulos, tornando-se admirado e odiado ao mesmo tempo, segundo as situações.
O apelido de Doutor Sabiá, de acordo com a informação de Tião, vem do fato de ele sempre ter a pretensão de dar uma opinião sobre qualquer assunto, não importa como, esteja certo ou errado.
-Pergunta a ele, que ele sabe, dizia-se.
-Sabiá respondia sempre. Em qualquer circunstância. Era dotado de uma segurança complexa, escondida, mesmo quando nada sabia nem suspeitava do que estava dizendo. A resposta dele, em certos ambientes, era tida como um oráculo. As pessoas a aceitavam como um destino de vida. Acontecia com muitos de seus alunos, os sabionetos e as sabionetas. Tinha uma grande capacidade inventora. Não piscava os olhos.Olhava firme, em frente. Era como se fosse o rei da palavra. No fundo, era quase um Lampião, assim, a modos de se achar um Rei do Cangaço. Era duplamente manso e violento, conforme as horas e os interesses. Falava em tom natural ou arrebatado. Segundo o grau de segurança que tinha. Quando estava inseguro, por dentro falava com mais firmeza e agitado. Levantava a voz só para esconder o que era obscuro ou o que não dominava. Seus mais diretos alunos armaram em torno dele uma “aura”, uma couraça de admiração.
No mundo de fora, era diferente. Sua personalidade era vista com desconfiança, como a de um “blagueur”, ou trapaceiro que por vezes assumia o ridículo.
Sua figura era tema freqüente de ditos humorísticos e satíricos. Apesar de tudo, no circuito interno da Faculdade, ele soube preparar todo o terreno favorável a si mesmo, de modo a ser visto, em todos os casos, como excepcional e acima do bem e do mal.
Um dos truques que usava era derrubar junto da opinião pública qualquer conceito favorável aos imediatos concorrentes na cátedra. Seus sabionetos e sabionetas xiitas se encarregavam de fulminar a fama e as qualidades de seus adversários. Sua estratégia era de destruir e incendiar o ambiente onde tinha seus adversários e surgir das cinzas como único salvador e como único sábio na universidade brasileira e no exterior.
Muitas vezes espalhou que tinha títulos internacionais, mesmo sem em sua vida ter tido alguma vez, sequer, um passaporte nacional. Viajou, supostamente, para a Itália e para a Alemanha. Mas nunca saiu do Brasil. Pintava junto de seus alunos grandes viagens e grandes encontros, conversas e diálogos com homens famosos de nosso tempo como Foucault e Altusser. Mas nunca os conheceu. Projetava-se em nomes de vanguarda. Suas narrativas eram apenas desejos que podem ser explicados como frustrações ou como sanções de sua vontade de ser frustrada na tentativa psíquica de colocar seus mais titulados colegas na sombra do inferno. Mas a verdade é que nunca teve grana nem coragem para sair sequer do cantinho onde sempre esteve. Cantava suas memórias fascinantes e seu currículo internacional como auto-compensação. Mas nunca saiu de seu modesto e habitual cantinho mineiro e candango.
De qualquer forma, sua biografia poderia ser representada pelo destino da Fortuna sempre em seu favor, segundo as oitavas maneiristas escritas por Camões que tratam do “Desconcerto do mundo”. Em rigor, a maré lhe correu bem. Sua língua era viperina. Cortante e venenosa.Tudo desconstruiu ou derrubou onde achava que tinha de crescer. Era dotado de uma habilidade incrível para fazer admiradores. Absolutista do verbo, apresentava-se como salvador do mundo e do Brasil, como único fundador da verdade na palavra. Era quase um mago. Ou funcionava como tal. Suas mágicas palavras criaram um grupo bem fanático, bem xiita dentro da academia. Nesse tempo ainda não havia o costume de colocar carros-bombas para explodir alvos. Nem estava declarada a mística da jihad ou guerra santa. Mas ele conseguia implodir seus adversários pela palavra, ou através da ação guerriológica de seus sabionetos e sabionetas. Pela ignorância arrogante, os sabionetes colocavam o Mestre acima de tudo e de todos. Talvez acima de Deus, como sábio. Por uma certa aproximação semântica, ao ser chamado de doutor Sabiá era visto em certo sentido também como um “doutor sábio”. Os infiéis, entretanto, pensavam que ele estava mais propriamente para “sabionacho”, para sabichão auto-proclamado, ou "soi-disant", do que para sábio propriamente dito.
A fragilidade epistemológica de seus discípulos permitia-lhe crescer na admiração no seio de uma aura inflada pela megalomania... Eram eles os “elos necessários” para que crescesse na opinião do populacho ignorante.
Nas aulas de literatura, segundo depoimentos colhidos pelo Tião, o doutor Sabiá encantava. Simplesmente: encantava... É a palavra... Independentemente do que dissesse. Nos corredores da Faculdade circulava um florilégio folclórico das principais sentenças do doutor Sabiá. Uma delas era esta:
-“Machado de Assis tem muitas glórias e muitos méritos. Mas o maior deles todos é o de ter inventado a metáfora literária, hoje utilizada em toda a ficção moderna e contemporânea. É brasileira, portanto, a metáfora literária”, concluía...
Os sabionetos e as sabionetas repetiam esta enormidade pelos corredores com aplauso e admiração pelo mestre. E não admitiam outro saber diferente. Este era o cúmulo do saber, achavam. Uma brasileiríssima descoberta... Fora do circuito dos sabionetos, os comentários sempre eram humorísticos. Sobre o doutor Sabiá fora desses ambientes, havia uma suspeição declarada.
Mas os sabionetos e sabionetas atacavam com outra tirada do florilégio:
-“Vocês sabem que Machado de Assis sempre gostou de estudar línguas estrangeiras. Além de dominar perfeitamente o francês, o inglês, o alemão e o latim, aos noventa anos de idade, Machado ainda estudava grego” .
Os sabionetos passavam estas pérolas de saber literário para todos os círculos que freqüentavam. Mesmo em contradição escandalosa com a verdade ou com a história.
O Tião me contou um dia, que numa reunião de estudantes, num fim de semana, no Beitute da 109 Sul, em torno de uma mesa enfeitada com pratinhos de quibe frito e chopp, os sabionetos e as sabionetas exaltavam a figura do inspirado doutor Sabiá. Mas na mesa havia estudantes independentes que acompanhavam as manifestações externas sobre o já relatado florilégio. Entre eles, estava Papillon, que reagiu assim:
-Por amor de Deus, gente. A metáfora é uma conquista grega e romana. Foi desses povos que o Ocidente a recebeu. É uma ignorância crassa vir falar em tom de glória de uma pessoa citando uma besteirada grossa destas. Sobre a incrível afirmação de que Machado estudava grego aos noventa anos, puxa gente. Quem não sabe que Machado viveu apenas 69 anos? Nasceu em 1839 e morreu em 1908... Basta de besteira. Vocês que estão aí querendo glorificar um pseudo intelectual ajudariam mais se soubessem escolher alguma coisa que o glorificasse de verdade. O que vocês trazem a público é simplesmente ridículo...
Apesar da dureza de Papillon na avaliação do florilégio que avançava em nome e glória do doutor Sabiá, os sabionetos e as sabionetas respondiam sem convicção:
-O doutor Sabiá nunca diria isso se não fosse verdade....
-Mas o fato, respondeu irritado Papillon, é que as datas não se inventam. Existem e representam a fronteira do tempo. Machado não estudava aos noventa anos, porque não chegou aos noventa anos. Simplesmente isto...
Houve um silêncio significativo.
O papo dera uma virada. Os garçons trouxeram mais quibe e chopps novos...A cerveja vivia renovada em sua espuma...Os olhares se trocaram. E o grupo voltou a falar da figura que dominava a Academia Candanga e esta conversa no Beirute.
-Eu gostaria apesar de tudo de conhecer essa figura famosa de que vocês falam, disse Papillon.
-Tem uma chance na semana que vem, declarou Rabindranath, um violeiro goiano presente no debate. É no próximo sábado, no Minhocão. Uma oportunidade única já que o Mestre vai dar uma de suas audiências, como vem fazendo com grande êxito já há algum tempo.
-Me dá as dicas.
-Rabrindanath indicou então a Papillon que essa audiência seria realizada no hall sul do Minhocão às dez horas de sábado. Haveria que estar lá pontualmente já que se previa uma enchente.
-Na última sessão, o doutor Sabiá apresentara ao público suas “vidências” e suas “fatualidades”. Seu forte era a lIteratura. Dentro da Literatura, Machado de Assis e Dostoiewski. Sob o signo de Machado levantava-se nele o instinto da nacionalidade e com isso, o vulto de um Brasil grande. Falando do Brasil, entusiasmava-se com a história da capital no Planalto, com o pioneirismo candango . E quando entrava a falar de Brasília, tornava-se um monarca absoluto. Dava a impressão, pelo discurso que se ouvia, que foi ele quem visionou a fundação da nova capital no paralelo 16 e não Dom Bosco. Parecia aos ouvintes, pelo que dizia, que foi ele o fundador de Brasília e não Juscelino Kubitschek.E quanto ao mundo cosmogônico, pelo que ele dizia parecia que era ele o Tales de Mileto. Parecia que foi ele quem frequentou as ágoras de Atenas e que inventou o discurso maiêutico, atribuído a Sócrates pela tradição. Chegamos a pensar que foi ele o mestre de Aristóteles e não Platão. Que a lógica clássica foi ele quem a formulou e não o Estagirita. Tal a força do ego que se implantava nesta pretensiosa figurinha que transmutava o mundo e a história móvel...
O doutor Sabiá era magro e alto. Tinha um rosto ascético. Poderia ter sido um Simão Estilita. Mas não o foi, de verdade. É apenas o doutor Sabiá, dotado de uma voz poderosa de barítono bem sonante e conquistadora. Um sujeitinho esquizilento estratificado em poderosa voz, agradável e sonora. Um enorme trunfo para o discurso que tanto gostava de produzir.
Quando o doutor Sabiá começava a falar, não parava mais. Seu rosto se transfigurava. Se acendia em sua face um tônus de magia que dava clima e horizonte a suas palavras. Embalado pela atenção que lhe davam seus ouvintes, Sabiá entrava nas nuvens da fantasia e perdia a noção de mundo. Entrava no átrio do “eu” e ali se instalava gostosamente. Descia ao “id”. Subia até ao “ego” e seu discurso passava a ser uma biografia, bem comovente. Falava como se fosse um menino carente que nunca teve mãe, que nunca desabafou, que nunca teve alguém que lhe dissesse “você também é gente”... Ou, então, melhor ainda “você não é rei, mas podia ter sido”... ou “você poderá um dia ser presidente da República, por que não???. Em seu íntimo havia uma carência de identidade, e de afetividade. Essa carência gerava este ser duplo, este ser mistificado que saía para se produzir fantasiosamente. Em suas palavras procurava a própria catarse. Seu discurso “on line”, não era mais do que a narração de feitos que nunca passaram em sua vida. Sabiá era tudo isto, uma gestor de fantasia de alta megalomania.
Como mineiro inteligente e sagaz tinha a habilidade de acompanhar as reações de seus ouvintes. O primeiro passo para poder dominá-los pela palavra. Ele sabia que a retórica eloqüente tem poderes específicos.
A sessão em que iria comparecer mais uma vez, estava prevista para acontecer no hall Sul do Minhocão. Soía aparecer dentro de um cerimonial organizado pelos seus discípulos xiitas, fanáticos de seu culto – os sabionetos e as sabionetas. O Minhocão ia assim se transformando num grande templo, desta vez vez num templo tupiniquim. Em vez de bacantes ou vestais órficas, Sabiá era assistido por suas queridas sabionetas.
Eram dez horas em ponto.
Na fila da frente Papillon, Rabindranath, Tião e eu. E todos os outros que se encontravam naquele dia no Beirute ou que acompanhavam a história desta polêmica figura. Depois de um tempo de espero, notava-se já um certo tumulto. Um burburinho de alarde que anunciava a chegada do orador.
O Tião, que estava por dentro de todo o segredo destes rituais, me levou a mim e ao Papillon para um lugar mais estratégico e alertou:
-Olhe bem os detalhes. Não perca.
-Passei a reparar em tudo. Por um corredor aberto por entre a turba, lá vinha o doutor Sabiá, carregado aos ombros de quatro de seus correligionários fanáticos. Vinha sentado num cadeirão especial, encomendado numa marcenaria de Alto Paraíso, feito de madeira das matas junto ao rio Paranã, em Goiás. Era um cadeirão forrado de pele de cabra no encosto e nos espaldares. O assento, por sua vez, recoberto com manta tecida nos teares de dona Sardinha em Unaí.
Havia um ponto fixo, junto à parede ditado pelo ritual para colocar o cadeirão no pavimento. O doutor Sabiá levantou-se desembaraçado e descontraído com um ar de boa disposição.
Fica em pé, encara a assembléia de curiosos, com um certo ar de Rei do Cangaço e disse:
-Meus amigos. Vocês estão diante de um brasileiro legítimo e autêntico. Não sou Macunaíma, eu sei. Minha legitimidade brasileira é de outro tipo. Fui criado na dureza da roça e me fiz sozinho na vida. Aos dez anos eu já era professor. Posso dizer-vos que tudo o que sou hoje é fruto de meu investimento na vida. Vizinho de Xico Xavier lá pelas bandas do Triângulo não tive o mesmo destino do médium. Mas quis Deus que eu tivesse outro destino paralelo na cátedra e na escola brasileira. Sou brasileiro que vem restabelecer a moral da nossa história. Um brasileiro que traz novidades para o desenvolvimento e para a área da cultura e da educação em especial.
Fundei esta cidade e é para ela que vivo. Entrei na Universidade e se há coisa de bom nela, eu a criei. Toda a metodologia moderna de ensino, eu a instituí. Renovei e reformulei conceitos velhos de ensino. Estamos numa virada histórica. Este grupo de alunos que me honram com sua presença são as inteligências que entenderam minha mensagem. Vivo para eles. Eu e eles somos o Brasil. Infelizmente nem todos me acompanham. Mas ainda é tempo... ainda...
Durante três horas, lembrando os famosos discursos de Fidel Castro na ONU, o doutor Sabiá desfiou razões pessoais de identidade sem que conseguisse alastrar sua magia para além daqueles tais alunos que vivem debaixo de sua tutela. Houve palmas, mas localizadas...
Grande parte dos problemas sociais do Brasil eram omitidos ou intocados pelo doutor Sabiá. A indústria, o apoio à pesquisa científica, a renovação das grades curriculares da Universidade que ditavam as futuras profissões, a educação básica e tecnológica, os debates abertos em mesas-redondas, a excelência dos laboratórios, a Biblioteca como lugar de informação, a computação com forma moderna de ver e escutar o mundo, a reforma política, a liberdade partidária e a reforma do Brasil a partir dos brasileiros, nada disto continha o discurso do doutor Sabiá. Nada sobre excluídos, nada sobre a fome, nada sobre a habitação popular, sobre a melhoria das classes populares...
Sendo assim, era um discurso solitário... mergulhado no drama de personalidade... daquele vulto... que conseguiu seduzir meia dúzia de estudantes crédulos...nada mais...O Brasil passava ao largo...
A fórmula Brasil ficava em aberto e esperava sim, acadêmicos e universitários mas doutro tipo...conscientes... que acreditavam em seu país, mas doutra maneira... com propostas objetivas, capazes de levar a sociedade brasileira para a frente... dentro das preocupações tecnológicas, industriais, comerciais, culturais e sociais ao mesmo tempo.
O discurso do doutor Sabiá ficou por ali mesmo. Tião tinha-me alertado. Analisei.
-Doutor Sabiá era apenas uma fantasmagoria megalômana. Um drama pessoal. Uma identidade mal resolvida. Nada mais.


João Ferreira
13 de setembro de 2003
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