Godspel: poderia ser mais barato
Estava passeando diante do Teatro Jardel Filho, em São Paulo, quando deu-me uma vontade terrível de assistir o espetáculo Godspel. O preço do ingresso me intimidou, inda mais para alguém com nenhum centavo. Resolvi na cara dura pedir uma entrada, afinal, como dizia minha avó, mais que um não eu não receberia. Assim entrei pela primeira vez naquele teatro e assisti ao bem montado musical de Miguel Falabella.
Para um leigo a obra é excelente, nada daquilo que a crítica, bastante pessoal, do Jornal Folha de São Paulo publicou. É verdade que existem alguns exageros na primeira parte, quando fica claro o humor à sai-de-baixo, sumido no segundo ato, que é bastante dramático; levando os espectadores a uma reflexão, esquecendo à graça toda.
Eu, particularmente, gostei bastante, o público adorou, aplaudindo em pé no final. É natural que a mescla de humor, boa música e um tema atraente desse certo. Palmas ao Miguel. Alguns pecados existem na peça, porém nada que seja motivo para deixar de vê-la.
A minha crítica vai apenas ao preço do ingresso. Me pareceu uma contradição terrível, já que o tema fala de Jesus e pobre não chegara nem na porta, excluindo os humildes defendidos pelo Mestre da boa cultura.
Existem custos elevados na concepção de uma peça como Godspel, disso ninguém tem a menos dúvida, porém a crítica intrínseca na peça contra a conjuntura social, vai à lona com a discriminação causada pelo preço do ingresso. Por isso o espetáculo soa hipócrita, pois quem tem inteligência para adaptar um texto tão complexo, pode com certeza encontrar uma fórmula para levar Godspel aos menos favorecidos. Certo?
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