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Cronicas-->A DAMA DE HONRA -- 18/02/2003 - 10:50 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A DAMA DE HONRA
JB GUIMARÃES
Ela estava de casamento marcado. Mas tinha dúvidas. O casamento, essa instituição milenar, está tão desgastado, diziam-lhe. Aliás, sabia que várias amigas que se casaram já descasaram. Sabia da Augusta, sem marido e com filhos no mundo para criar; da Paula, que hoje demanda com António a guarda dos filhos por orgulho e puro rancor; da Vera, que demanda com o Jarbas a pensão alimentícia e que por vingança Jarbas optou por ficar desempregado, pois achava injusto o valor da pensão; da Fátima, que casou e dois anos depois se separou, mas antes, o marido, desviara todo o património.
E da Elizabete? Que marido! Nunca trabalhou e, depois de dilapidar todo o património que herdara dos pais, deixou-a e se casou com outra. E do Pedro, que dó! Separou-se porque não suportava o fato de que a mulher tinha uma remuneração maior do que a dele. E a traição do Carlos? Que humilhação para Amanda... No meio de tantas decepções e demandas, havia ainda as que, exasperadas, bradavam: Eu não me caso! Não me sujeitaria a ser Amélia. Eu não me caso! Não me submeteria a esses homens machista.
Mas ela não dava ouvidos a isso e não levava em conta aquelas situações particulares. Tinha planos. Argumentava: "O amor, quero dizer, o casamento pede compreensão, resignação, negociação... Isso tudo é muito diferente da propalada submissão.
No casamento não cabe o eu, receitavam-lhe os mais sensatos. E no meio de tantos receituários, havia os que prescreviam: viver a dois não é fácil, às vezes é doloroso, mas é gratificante; os pragmáticos que preceituavam: o casamento, essa instituição que se diz desgastada, constitui-se, na verdade, a fonte de estabilidade do ser humano; que o sucesso do homem decorre do projeto de sua família.
Além do que, havia sonhos. O sonho de viver feliz, para sempre, com o amado. Havia, também - o mito: príncipes e princesas hão de caminhar pelas passarelas decoradas e sentir o cheiro das flores; de ouvir acordes de violinos; de se entreolharem e do alto olhar seus súditos; de não se humilharem, mas serem humildes, para ajoelharem-se diante do altar, e jurar viver juntos "até que a morte separe".
Então era preciso que, no seu casamento, houvesse um testemunho. Não só aquelas testemunhas que sobrepõem as assinaturas, sem maiores compromissos, num pedaço de papel. Poderia até ser um cerimonial comum, com padrinhos, dama de honra - "E porque não" clicou - mas que essa tivesse um real destaque, um real significado. Correspondesse a um testemunho de vida e não apenas o simbolismo do aliar, ou apenas a pureza e a beleza de uma criança; que ela representasse, sobretudo, o verdadeiro sentido do amor consolidado num exemplo de vida e de luta pela permanência daquilo que é belo; enfim, pouco importava que trouxesse as marcas indeléveis provocadas pelo tempo, mas, importava muito, que pudesse contradizer todos os argumentos negativos e enfadonhos sobre o casamento.
Ela encontrou essa pessoa. Descobriu-a em sua bisavó. E essa depositou magistralmente as alianças no altar. Na festa, já com 94 anos, dançou valsas de Straus. ( Plagiando o colunista Quirino: "Esta Valeu!")

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