Usina de Letras
Usina de Letras
115 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62182 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A MENINA IRAQUIANA -- 09/09/2003 - 21:23 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Todos dias, a menina iraquiana acordava e olhava da janela de sua casa para ver se avistava o pai. Ele saiu numa tarde de outubro, há muitos meses, para servir o ditador. O mundo ameaçava seu país e seu país insistia na sua auto-suficiência, ainda que seus filhos não tivessem mais alimentos, ainda que não lhe fosse mais permitida a venda do petróleo abundante em suas terras.

Parece que Deus definitivamente havia se cansado de suas origens. Por um lado, a carnificina entre judeus e palestinos, de outro, soberanos ditadores que impunham a miséria às suas populações. Em especial, o homem que alguns até arriscavam dizer que havia sido citado em centúrias de Nostra Damus.

Para a população civil, pobre e ignorante, a idolatria por um louco não é coisa de se espantar. O sangue e a alma por uma alucinação. Os ditadores são assim: idealizam um mundo perfeito para os que estão sob seu guarda-chuva e dizem ser capazes da vitória, mesmo quando o óbvio mostra o contrário.

Entre ameaças e contra-ameaças, entre ações terroristas e retaliações, um dia, o mundo ocidental resolveu cumprir suas promessas. Representado pela besta ferida e pelo seu fiel escudeiro, o Ocidente invadiu a antiga terra das mil e uma noites. Mesmo com um dedo de poeira do deserto acima do nariz, o ditador insistia em afirmar que estava próximo da vitória. Os soldados americanos e ingleses, por cada cidade que passavam, defloravam virgens e matavam os que queriam lutar por seu lugar.

Os filhos do ditador não existem mais, o ditador, mesmo que queira, também não. No rastro da destruição, a perda da identidade, o roubo, a violação. A menina iraquiana ainda acorda e olha pela janela de sua casa para ver se seu pai finalmente aparecerá. Olha para a cáfila, mas só avista ilusões. Mesmo que lhe digam “seu pai está morto”, ela não deixará repetir o gesto até que um dia lhe mandem cobrir o rosto com um véu para que possa servir a um homem e a uma religião.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui