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Cordel-->TEMPERATURA ALTA -- 28/01/2006 - 07:57 (GERALDO EUSTÁQUIO RIBEIRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TEMPERATURA ALTA

Quero pedir licença aos da minha idade porque agora estou escrevendo para uma galera diferente, este texto será voltado para os jovens de quinze aos quarenta anos que são os herdeiros e donos do mundo.
Hoje fazendo minha caminhada de todos os dias em uma pista muito bonita margeando o que sobrou do rio da minha infância, comecei uma conversa com uma galera imaginável como se ao meu lado estivesse caminhando alguém.
Eram cinco horas da manhã, uma temperatura gostosa e uma leve chuva salpicando meu rosto e meus óculos, depois de um dia em que a temperatura atingiu a marca de 40 graus.
Eu quero falar de ECOLOGIA E RECUPERAÇÃO.
Percam ou doem um pouco do seu tempo e peçam a seus pais e seus avós que lhes falem como era a vida há quarenta anos atrás.
Vou falar da minha região, a grande Belo Horizonte.
Tenho saudade de quando os quintais não tinham muro, televisão e telefone e automóvel eram artigos de luxo.
Em todos os bairros, com raríssimas exceções havia uma ou mais nascentes de águas cristalinas, alegria das lavadeiras e das crianças que corriam para o rio onde os peixes eram pescados sem nenhuma contaminação.
Até os meus dezesseis anos não sabia o que era violência, todos os quintais tinham uma horta e algumas árvores frutíferas.
Matar gambá no quintal do vizinho era coisa natural e ninguém era chamado de ladrão.
Os frutos silvestres que hoje talvez ainda existam em algumas cidades do interior eram abundantes e saboreados como um manjar dos deuses.
A construção mais alta era algum sobrado de propriedade dos mais ricos.
Ninguém morava em cima de ninguém, não existia o stress de esperar o ônibus porque não havia ônibus para ser esperado.
A natureza era extremamente organizada.
Havia quatro estações distintas.
Primavera.
Inverno.
Outono.
Verão.
Cada uma delas tinha seu tempo certo e raramente uma invadia o espaço da outra.
A primavera era suave com o perfume das flores e dos frutos, o vento brando soprando no rosto da gente fazia caricias semelhantes aos de alguém apaixonado.
O inverno chegava trazendo frio que chegava a rachar os lábios convidando para um recolhimento regado a um bom vinho ou uma cachaça, acompanhados de verdadeiras maravilhas em forma de sopa.
O outono vinha com seu vento forte arrancando as folhas das arvores trazendo chuvas que duravam dias e formava lodo nos quintais e transformava a meninada em engenheiros construindo represas nas enxurradas que desciam dos morros fazendo buracos porque naquele tempo ninguém da minha idade sabia o que era asfalto.
E o verão vinha aquecer o corpo e o coração das pessoas para que pudessem aproveitar o máximo da luz e energia do astro rei.
Era exatamente assim
E hoje?
As quatro estações são conhecidas pelas datas porque em um só dia elas se manifestam ao mesmo tempo perturbando a vida de todas as criaturas de Deus.
A causa disto está visível em todos os lugares onde um plástico jogado nas ruas é visto a cada fração de segundo em que o nosso olhar é lançado para um determinado ponto.
Não estou dizendo que a culpa é do plástico, ele foi desenvolvido para facilitar a nossa vida, mas se tornou o símbolo de poluição e da falta de educação ecológica dos tempos modernos.
É por isto que estou falando para os mais jovens.
Que estão tomando posse da herança maldita que deixamos para eles.
Eu queria que estes meninos de todas as idades, de todas as classes sociais, de todas as raças se unissem para mudar a mentalidade ecológica destes novos tempos.
Eu queria que eles passassem a observar a boca de lobo com ou sem tampa de uma manilha colocada para levar o esgoto e que está entupida pela nossa estupidez.
Eu queria que os moradores dos bairros nobres começassem a observar que poucos são os que separam o lixo mesmo onde existe coleta seletiva.
Eu queria que os moradores da periferia lutassem contra os que jogam sacos de lixo em lotes vagos ou no leito de córregos agonizantes.
Eu queria que os moradores das favelas criassem uma consciência ecológica para que a pobreza e o abandono dos órgãos públicos não fossem os únicos responsáveis e desculpa para serem obrigados a dividir seu espaço com ratos e outros bichos peçonhentos.
Eu queria que os jovens pintassem a cara com apenas uma cor: Verde, e começassem uma luta ou diríamos uma guerra para que a Mãe Natureza volte a ser respeitada.
É preciso lutar contra o poder econômico e principalmente contra a nossa própria ignorância que nos faz ficar alheios achando que o progresso e a tecnologia e a ciência vão conseguir realizar um milagre maior que o de Deus e recuperar tudo que foi destruído.
A temperatura hoje foi de 39 graus
Daqui a cinqüenta anos os seus filhos suportarão quantos graus?
Hoje a água pura e potável é cara e está acabando sem que a maioria das pessoas esboce algum tipo de preocupação.
Daqui a cinqüenta anos o que vai matar a sede do seu filho?
Comecemos a fotografar e filmar tudo que ainda existe preservado, para que os nossos filhos daqui a cinqüenta anos possam assistir com tristeza ou com alegria.
Com alegria, se os herdeiros conseguirem mudar o jeito de tratar a filha predileta da Mãe Natureza, a nossa irmã água, que se indigna mesmo com a mais simples agressão que é a “vassoura d’água” ou o lavar o carro todos os dias sem ao menos se dar ao luxo de fechar a torneira enquanto esfrega a lataria reluzente.
Ou com tristeza ao olhar as fotos ou assistir os filmes e depois olhar na janela ver que até o que foi gravado já não mais existe.
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