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Cartas-->A estrada Rio-Bahia: - de volta ao futuro. -- 27/02/2003 - 04:38 (Georgina Albuquerque) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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Decisão dos meus pais irmos para o Rio de Janeiro, jovens e crianças ao encontro de um futuro mais promissor. A cidade mineira na qual vivíamos limitava a escalada profissional dos filhos e dois dos nove já haviam partido após a conclusão do antigo colegial.

A Rio-Bahia comportava sonhos e esperanças, ainda que não compreendidos por mim aos quatro anos de idade. Por que não apenas as mangueiras, a árvore de romã na casa de parentes e a linda coroação de anjos da Igreja Matriz? Não bastaria isso tudo?

A impressão que tenho é de que ainda seguimos viagem. O estado de Nirvana que sonhávamos e impunha-se como realização premente ainda não foi atingido. Estamos no asfalto quente, meus pais e seus filhos, partilhando os enjôos decorrentes das ondulações da estrada e dos amortecedores do ônibus desconfortável.

Atualmente a viagem foi interrompida devido aos problemas de saúde da minha irmã. Durante o desenrolar do dia, a adrenalina não tem poupado o meu organismo. Surge a reconfortadora idéia de que as mãos de minha mãe sempre me pareceram meio milagrosas, recordação de minhas noites febris ou insones. Hoje, estando elas acarinhando a Cininha em tempo integral, creio que isso significa um bom prognóstico. Em seguida, sinto a presença forte de meu pai, assim como a esperança de que ele administre a nossa viagem. Quando referia-se à família, dizia que uma vareta seria fácil de ser quebrada, mas um feixe delas ofereceria maior resistência. Talvez a sua orientação carregasse uma forma de lamento por não ter obtido em solteiro um maior suporte, assim como tudo aquilo que a sua alma sensível merecia.

Não sou, devo confessar, uma radical entusiasta da instituição familiar. Creio que também elegemos como familiares pessoas com as quais nos irmanamos pela vida afora, por vezes bem menos decepcionantes do que aquelas com quem temos laços consangüíneos. No entanto, não consigo me esquivar de, em decorrência de minha história de vida, sentir uma ternura imensa ao pensar em nossa vinda de Leopoldina às vésperas do Natal. Lembro-me de que Cininha, então com vinte e dois anos, trazia na viagem uma frasqueira verde. Ajudava-me a suportar as náuseas e procurava me distrair amenizando o mal-estar que eu sentia. Hoje, se pudesse, gostaria de dividir com ela os incômodos que vem sofrendo e cujo conhecimento tem me feito tão mal.

Estamos todos naquela estrada a vislumbrar entre as montanhas a possibilidade de tecer um futuro justo e reconfortante. Eis que ainda sou a garotinha que observa sem nada entender, apenas com a certeza de que as coisas seguem o seu rumo e que tudo acabará bem. O amor que sentimos por nossa irmã é imenso e, apesar de ela não gostar muito de ser agarrada e procure sempre se esquivar, transborda-me a vontade de apertá-la e enchê-la de beijos. Tantos quanto o meu coração viajante agüentar...

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