Naquela época não havia calçadão. Era uma avenida muito movimentada e perigosa, principalmente quando os lotações entravam na esquina da Rua José de Alvarenga, que era mais estreita. Ocorriam muitos atropelamentos. No mais, era um privilégio morar em endereço tão bem situado na Aldeia. Bem defronte havia o Cinema Popular, mais conhecido por Cine Pau-de-Arara. A antiga igreja de Santo António, na José de Alvarenga, dava para os fundos do sobrado.Era comum ouvirmos seus sinos anunciando a hora da Ave-Maria, entre outras orações da liturgia religiosa.
No Cine Pau-de-Arara, não havia teto nem cadeiras. O piso era de chão com pedras britadas número zero, e sentava-se em bancos de madeira. Os filmes eram os mais populares e a presença feminina, quase nenhuma. Muito comum nas sessões eram os xingamentos e troças entre os presentes, do tipo: um cara arrotava alto e um outro se apressava a indagar: - Deixou a porca de casa sozinha, meu chapa? Alguns meninos costumavam comprar pipocas na entrada e depois do saco vazio, enchia de terra para jogar em alguém sentado nos bancos da frente. Outros levavam tomates que surrupiavam nas quitandas pelo caminho, com a mesma intenção.
Um guarda municipal fazia a segurança do cinema e era muito zoado pela galera. Conhecido pela alcunha de Pisa-na-Fuló, era dado à s brabezas que acreditava fazer parte da sua farda.
Como moradores do sobrado 128, da Avenida Nilo Peçanha,era só abrir a janela para que a gente assistisse os filmes que passavam lá.
Hoje, as Lojas Americanas ocupam o espaço que antes fora também ocupado pelas Casas da Banha.Novas referências onde antes existia o centro de lazer e cultura Cine Popular Pau-de-Arara.
