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Cronicas-->Na praia -- 16/02/2003 - 18:19 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na praia
JB GUIMARÃES
De birra! De birra, de biiiirra.... Não comprarei fitinha do Nosso Senhor do Bonfim, nem berimbau e muito menos queijo assado. Quanto aos dois primeiros - absolutamente - nada contra o sincretismo. É que, no geral, sou do contra mesmo. Mas comer queijo assado nas praias da Bahia é demais. Considero uma profanação ( descobriram o nosso queijo assado na brasa).
Chupe picolé, sugeriu bem-hê: "- Hei moço, picolé!" "-Pois nããão!" "De que?" "Umbu, cajá, manga..." "Chocolate branco?!" "Tá bom!" "Vocês são de onde?" "Minas, Triàngulo Mineiro, Uberlàndia." "Oxente!!! Minha nossa! Eu sou de Ituiutaba, nasci na dezessete, conhece a dezessete?" (nessa cidade as ruas são identificadas por número). "Então você conhece Ipiaçu, cidade vizinha?" "Mas sim, claro! Conheço o Coelho?" "Sim! O Coelho da Pensão..." "Isso mesmo. Então o Coelho tá lá?" "Não. Mudou para Quirinópolis, estado de Goiás. Lembras da Dona Zanita?" "Lembro. Dona da padaria. É de Caicó. Caicó, Rio Grande no Norte, aqui pertinho, aqui no norte." "Isso mesmo. Fazia bolacha de doce e de sal." "Pois é... ela fazia picolé também..." "Sim é verdade. Eu vendi picolé para ela" "Que bom! Mas agora virou doutor... "Esquece... falemos de Noca. Lembras da casa da Noca?" "Claro..." "Então lembras, também, da loira?" "Sim. O homem dela era o Nenen da farmácia" "Isso mesmo... Nossa Só, ainda bem que naquela época não tinha Aids..."
Lembras do Buracão, do Rabo da Cerca, Mutum, Barreirão...? Lembras disso? Sim. Lembras daquilo? Sim; e mais e mais e mais...
Eu (turista) e Edson Manoel dos Santos, que aparenta ter cinquenta anos, temos muita coisa para contar. Por um certo tempo, moramos na mesma região. Igual a ele fui vendedor de picolé. Sr. Edson me disse que tinha vergonha de dizer porque ainda vendia picolé. Não o deixei explicar. Mas bastou que o explicasse o caso do Janúncio . O Janúncio saiu da Bahia. Começou trabalhar em Ipiaçu, com meia dúzia de abacaxis, e ganhou muito dinheiro. Mas perdeu tudo na casa da Tia Noca. Contudo nunca deixou de ter uma expressão feliz.
Ipiaçu é uma cidadezinha de, mais ou menos, três mil habitantes, que fica no extremo oeste do estado de Minas Gerais, ou seja, no "bico" do triàngulo mineiro, no vale do Rio Paranaíba. Tem as terras consideradas mais férteis do Brasil. Na economia, antes predominava a agricultura, hoje a pecuária de corte. E qual a importància disso para a Bahia? Talvez histórica. Ipiaçu foi fundada há mais ou menos uns quarenta anos, por um ilustre baiano chamado de Benedito Waldemar da Silva. Com ele foram várias famílias baianas e em seguida de nordestinas para trabalharem nas lavouras de arroz.
O senhor Edson, natural de Ituiutaba, hoje vendedor de picolé nas praias de Salvador, é filho desse povo que imigrou para Minas. Muito prosa, estava alegre e radiante. Mas percebia-se que era uma alegria manchada e com raios sem intensidade. Certamente traz no peito a marca da saudade dos bons tempos de Minas ou quem sabe, já com a idade avançada, as chagas da decepção.
Mas de qualquer maneira ele ficou radiante com a nossa conversação! Aliás, quem não gosta de uma boa conversa?
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