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Contos-->A OUTRA -- 04/09/2003 - 17:20 (JAQUELINE ALENCASTRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Pior foi aquela nossa amiga (fictícia, claro) que, apavorada com a perspectiva de envelhecer e o marido trocá-la por uma mais moça, fez plástica atrás de plástica, tantas que hoje tem 50 anos, mas um corpo de 20 e um rosto de 30, se você não olhar muito de perto.
Alisou e realizou as rugas, tirou daqui, enxertou ali, levantou acolá - o acolá é sempre o primeiro a cair - e conseguiu: não envelheceu. Mas no outro dia nos contou que o marido a trocou por outra. Estava inconsolável, só não podia chorar para não desmanchar a maquiagem. Tentamos assim mesmo, chamando o marido de tudo. Inclusive de cego, pois quem procuraria outra mulher, tendo uma como ela - corpo de 20, rosto de 30 - em casa?
Os homens não tinham jeito. Em muitos deles, amadurecer era uma forma de voltar a adolescência.
Iam em busca dos hormônios perdidos e só encontravam o ridículo.
- não me façam chorar, não me façam chorar - pedia ela. As outras mulheres começaram a desenvolver teses sobre o que leva homens mais velhos a procurar mulheres mais moça. Pânico sexual, antes de mais nada. Descontadas, claro, as falhas naturais do caráter masculino, que também se acentuam com a idade. Mas ela que esperasse. Cedo ou tarde, ele se cansaria da mulher mais mocha, ou ela se cansaria dele, e...
- Ela não é mais moça - interrompeu a nossa amiga.
- Ela é mais uma clareira de espanto. O quê? Mais velha?! E ela contou que a outra nunca fizera plástica, que a outra nem pintava os cabelos.
Era uma senhora grisalha, matronal, exatamente do tipo que ele esperara em vão que ela ficasse, segundo ele mesmo dissera. Sim, porque nossa amiga fora pedir satisfação, pronta, inclusive, a bater na outra.
Não só não batera como acabara ouvindo conselhos da outra - num tom maternal!
O que mais doera fora o tom maternal.



Luis Fernando Veríssimo para o Caderno2 - Jornal O Estado de São Paulo em 04 de Setembro de 2003.





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