No reino da fantasia tinha festas, pompas, folguedos e orgias como em todo reino. Afinal, no Reino da Fantasia tinha aristocracia...
Naquele reino tinha, além de tudo, também uma carência de votos ou carência de votar ( e eu sei?), talvez uma forma de encher um dia de feriado, ou mesmo de fazer um dia feriado...
O exercício do voto já não era exercitado fazia tanto tempo que, por exemplo, para presidente - pois aquele reino, pasmem, era uma República- , um cidadão com mais de trinta anos, e poderia dizer, com quarenta e sete, por aí, já tinha morrido, mas não tinha elegido um. Também os cidadãos domiciliados nas capitais dos estados, nas cidades de fronteira e nas chamadas estàncias hidrominerais não tinham o direito de votar para prefeito. Afinal, o Reino não podia correr o risco de sustentar um prefeito de uma das cidades citadas ( grandes, ou importantes ), contrário à ordem central, vez que seria um antro de divergências, um atentado à estabilidade, enfim, uma ameaça, um despropósito, um despautério... onde já se viu?
Mas no Reino da Fantasia - um reino que nunca foi contado, nem cantado nos livros de primeira infància - muito pelo contrário -, já não se votava há tempos, e as forças políticas não tinham sustentação junto à sociedade (que não a tinham sob os pés por não poderem massificá-las com promessas, propinas e despropósitos...), mas, de repente, o voto vislumbrou-se no horizonte poluído das intenções do Reino.
E os gatos pardos tomaram cor, tanto quanto os burros fugidos. Autênticos defensores de uma sigla, apresentam-se com um passado recente (uns não mais de dois meses), em que eram ardorosos opositores do que ostentam, surgindo como salva-pátria, usando da dialética, da prosopopéia e do dinheiro público, dele sobretudo, para convencerem os incautos!
Fortes urros noturnos lembravam felinos africanos, sendo tão-somente gatos no cio a corromperem o que ainda restava.
Quem os ouvisse falar de política, sem conhecê-los, cria!
Mais de vinte anos, quando se pensava que o reino estava precisando votar, exercitar a Democracia, a obrigação de votar, viu-se que talvez o cidadão soubesse sufragar, mas as alternativas que se apresentavam ansiavam por virar a mesa na mais ruidosa manifestação de rebeldia (ora vejam só!) pois o que demonstravam nos meios de comunicação eram fortes sintomas de vício.
Pois é. Vinte anos se passaram. A hora era de votar, mas quem votasse estaria coeso com tanta falsidade, tanta corrupção e tanto desequilíbrio.
O certo é que muitos carros velhos viram-se novos e pintados; renovaram-se, enfim, utilizados que foram na campanha e muitos se empregaram como cabos eleitorais.
O tempo era outro; muito mais de vinte anos, mas os homens eram os mesmos. Mesmos e piorados pelo egoísmo e pela ambição além da conta...
Fico pensando o que diria o Super-homem da Prússia acerca dessa campanha, da sua forma e do seu método... Talvez tivesse enlouquecido mais cedo! Indalus
Campo Grande-MS, 17.10.85 - 17:19
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