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Textos_Religiosos-->PRIMEIROS PASSOS -- 26/02/2005 - 13:26 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
WLADIMIR OLIVIER








PRIMEIROS PASSOS



GRUPO PACIÊNCIA,
PERSEVERANÇA E AMOR






Edição da CASA DO MÉDIUM

Rua Cinco de Julho, 1184
Indaiatuba — SP






ÍNDICE



Apresentação ......................................
Nota explicativa ..................................
1. Bola na trave .....................................
2. Dona-de-casa ......................................
3. Animismo ..........................................
4. Raciocinando pelo avesso ..........................
5. Ratos de biblioteca ...............................
6. Um pito bem dado ..................................
7. Uma pitada de sal .................................
8. O bem amado .......................................
9. Caramba! ..........................................
10. Informe filosófico ...............................
11. Simples rascunho .................................
12. Feriado em Cabreúva ..............................
13. Rabo de saia .....................................
14. A hora presente ..................................
15. Porta-voz ........................................
16. Revolver .........................................
17. Meu desencarne ...................................
18. Cartinha .........................................
19. Latidos de cães ..................................
20. Aspiração ........................................
21. Ao escrevente ....................................
22. Programa .........................................
23. Primeiros passos .................................
24. Genialidade ......................................
25. Contactos imediatos ..............................
26. Sensações agradáveis .............................
27. Um presente de amigo .............................
28. Rumo certo .......................................
29. Apreensão ........................................
30. Devaneio .........................................
31. Pedido prematuro .................................
32. Temor infundado ..................................
33. Desapego .........................................
34. Pescaria .........................................
35. O medo do médium .................................
36. Pesquisa .........................................
37. Outra vez a publicação ...........................
38. Outra vez ........................................
39. Primeiras palavras ...............................
40. Outra ............................................
41. Tempo de duração .................................
Pensamento .......................................
42. Aviso ............................................
43. O dia de ontem ...................................
44. Aproveitamento de impulsos .......................
Pensamento .......................................
45. Ourives ..........................................
46. Pedido de desculpas ..............................
47. A quem interessar possa ..........................
Pensamento .......................................
48. Ligeiras palavras ................................
49. Pobres irmãos ....................................
50. Pesadelo necessário ..............................
51. Reflexões ........................................
52. Resgate ..........................................
53. A hora de parar ..................................
Pensamento .......................................
54. Pequenos avisos ..................................
55. Otimismo .........................................
56. Na mesma tecla ...................................
57. Orientações ......................................
Pensamento .......................................
58. Bons amigos ......................................
59. Recado da mamãe ..................................
60. Outro recado importante ..........................
Pensamento .......................................
61. Ligeira explicação ...............................
62. Um pouco de luz e de amor ........................
63. Luz e amor .......................................
Pensamento .......................................
64. Desastres pessoais ...............................
65. Conformação e esperança ..........................
66. Relatório ........................................
Pensamento .......................................
67. Exercício ........................................
68. Mais um ..........................................
69. Olvido ...........................................
70. Recordação .......................................
71. Sonhos ...........................................
Pensamento .......................................
72. Desabafo .........................................
73. Último recurso ...................................
74. Explicação .......................................
Pensamento .......................................
75. O dia de ontem ...................................
76. Ansiedade ........................................
77. Informação .......................................
78. Médium e cobaia ..................................
Pensamento .......................................
79. Encerrando o dia .................................
80. Desajustes .......................................
81. De afogadilho ....................................
Pensamento .......................................
82. A imantação ......................................
83. Última página do dia .............................
84. Santa ignorância! ................................
85. Notícias .........................................
86. Amarga experiência ...............................
Pensamento .......................................
87. A pedido .........................................
88. O olho do rei ....................................
89. Jogo bruto .......................................
90. Imperfeição ......................................
Pensamento .......................................
91. Uma proposta de suborno ..........................
92. Congratulações ...................................
Pensamento .......................................
93. Partidas de futebol ..............................
94. Jesus ............................................
95. A mesma aula .....................................
96. O Cristo .........................................
Pensamento .......................................
97. Observações ......................................
98. Confusão mental: dádiva divina ...................
99. Providências de amor .............................
100. A respeito de identificação ......................
Pensamento .......................................
101. O caminho da paz .................................
102. No mesmo caminho .................................
Pensamento .......................................
103. O valor de uma lágrima de amor ...................
104. Por medo .........................................
Pensamento .......................................
105. Ditados mal feitos ...............................
106. Convalidando o tema ..............................
Pensamento .......................................
107. Um apelo justo ...................................
108. Apoio de amiga ...................................
Pensamento .......................................
109. O clarividente ...................................
110. Sábias decisões ..................................
Pensamento .......................................
111. Só mais um pouco .................................
112. Utilizando a força ...............................
113. Não foi bem assim ................................
Pensamento .......................................
114. Automatismos mediúnicos ..........................
115. Segunda parte ....................................
Pensamento .......................................
116. Manifestação de alegria ..........................







NOTA EXPLICATIVA






Nenhum grupo anterior a este Paciência, Perseverança e Amor deve ter deixado tantas anotações particulares a respeito do desenvolvimento dos trabalhos, em função mesmo do noviciado da turma. Por isso, esta nota introdutória perde muito da importância, pondo em risco, inclusive, o interesse do leitor em prosseguir atento a leitura, tantas são as repetições.
Sendo assim, com a anuência dos mentores da Escolinha de Evangelização, vamos registrar somente que estes PRIMEIROS PASSOS têm significado especial para cada um dos membros desta enorme equipe, que iniciou muito titubeante mas que se firmou, concluindo sua participação de forma muito confiante, atrevendo-se a desenvolver temas de alguma complexidade. Entretanto, em cada pequenino texto, poder-se-ão encontrar algumas minúsculas pérolas, que a argúcia do bom leitor descobrirá.
Como anotações de caráter coletivo, ousamos denominar de Pensamentos certas mensagens condensadas, as quais recomendamos às reflexões do leitor, haja vista que demonstram, de maneira inequívoca, o grau de adiantamento da turma. Não são jóias do saber espiritual, mas acreditamos que contenham boas recomendações.
Caso o bom amigo não se agradar dos textos, rogamos-lhe que aplique o mesmo interesse que os autores demonstraram, agindo, como eles, sob o lema da paciência, da perseverança e do amor.


Os trabalhos de psicografia estenderam-se de 20.3 a 2.6.92, tendo sido interrompidos de 26.3 a 21.4, por impedimento do médium. Quanto à disposição dos textos, mantivemos-lhes a ordem cronológica.
Esta publicação estará sendo muito festejada pelos membros do grupo, dado que, como se verá, nenhuma intenção tinham de elaborar algo que pudesse chegar às mãos do público, simples primeiros exercícios doutrinários que são. Mas, como o roteiro serve de amostragem de como trabalham os que são introduzidos nos institutos educacionais do etéreo, resolveram os editores crer em que alguma lição evangélica possa aproveitar-se. Oremos ao Pai que assim venha a acontecer!







APRESENTAÇÃO





Bondoso Amigo:

Não espere do novo grupo nenhuma novidade. É bom que esteja acostumando-se às repetições, pois o objetivo da Escolinha de Evangelização não é outro senão formar socorristas aptos a manejar os instrumentos da mediunização. O médium é só parte pequena do conjunto, mas, como tudo, importantíssima; por isso, valorizamos demais que não estejamos sendo encaminhados a centros espíritas, onde impera a impaciência e a velocidade das comunicações. Estamos alegres por termos conosco alguém paciente e pronto a apanhar qualquer ditado que lhe chegue, tal a confiança adquirida nos instrutores e protetores.
O dia de hoje está reservado para uns poucos exercícios iniciais. Pedimos-lhe para não estranhar se muita similitude estiver encontrando em confronto com a maior parte das equipes que já se serviram de seu auxílio.
Fique nas mãos de Deus!

O grupo se compõe de recém-desencarnados ávidos por demonstrar que se encontram bem, conforme, em geral, prometeram às pessoas de seu convívio que permaneceram no plano terrestre. Não temos permissão para referir-nos a casos particulares, mas iremos imprimir aos textos pistas que, se houver boa vontade de investigação, remeterão aos autores como personalidades que deixaram recentemente a crosta.
Não vamos demorar-nos na apresentação de cada qual, porque evidenciarão eles os indícios de suas ocupações e de suas vidas. Por isso, só estamos delineando bem por alto o que constituirá o cerne das mensagens
Fique na paz de Deus e, se tiver algum pedido, faça-o, que estamos bem aptos para atender.
A postura está perfeita. Basta perder um pouco da ansiedade que tudo fluirá convenientemente. A memória ficará desembotada para servirmo-nos dos termos que melhor se adaptem ao sentido que estivermos imprimindo ao texto. Fique bem sossegado.
Se quiser descansar antes dos ditados, fique à vontade, mas, pelo tipo de atividade, deve ter ficado claro que preferimos dar-lhe oportunidade de repouso depois.
Por ora, bastam-nos estes dizeres. Pedimos-lhe que reze a Oração ao Pai e que volte a nos atender.
Graças a Deus!







1

BOLA NA TRAVE





Ser o primeiro da lista significa maior responsabilidade. Não sei se a escolha foi bem feita, mas garanto que qualquer outro tremeria menos do que eu.
Fui jogador de futebol profissional, na derradeira encarnação, de onde parti sem muitas letras na bagagem. Gostava de pilheriar, de modo que, se a escrita apresentar algumas facécias, espero que venha a ser perdoado.
Meu nome era Valdemar e ainda assim me denominam aqui. Não mantive bom relacionamento familiar, mas fui cumpridor das obrigações, deixando quase todo o ordenado nas mãos da esposa. Não vivi muito tempo, vitimado que fui por desastre aviatório.
Hoje, curto, como se fosse uma prisão, a companhia dos parceiros do grupo, pois sou tão ignorante que me confundo até com as mais simples operações aritméticas.
Sei contar, é claro, e bem, pois precisava desse conhecimento para não ser passado para trás pelos diretores dos clubes. Mas não sei reconhecer quando é que se deve subtrair ou dividir, ao se tratar de questões morais. É que, junto com meu desenvolvido senso material, possuía também forte senso crítico em relação às pessoas. Por isso, jogava na defesa e não no ataque.
Sinto muito se estou perturbando e não consigo ir muito além. É que estou sentindo sérias resistências da parte do médium. Caro amigo, fique tranqüilo que nós não lhe iremos exigir nada de mais. Basta ficar bem sereno e deixar as idéias irem esparramando-se pelo papel. Se lhe parecer tudo excessivamente infantil, pode jogar fora, pois o que nos interessa é o exercício, tal qual estamos realizando.
Pede-nos você que deixemos estes dizeres de lado e que lhe passemos o ditado preparado, uma vez que a condição do médium não devia ter sido prevista. Pois é aí que se engana. A turma bem desconfiou de que iria lembrar-se de outros textos e, por isso, deixou-me bem prevenido quanto a não ser atendido sem medo. Havemos de aceitar as hesitações como naturais e não perturbaremos, exercendo o papel de vilões cobradores de desempenho. Estamos vendo que a aflição está bem serenada, já que a caneta está celeremente despejando as palavras na folha.
O meu drama já foi passado para o papel, qual seja o de que tudo fazia materialmente pela família, mas não lhe dava qualquer amparo espiritual, pessoa por demais bronca que fui.
Sinto muito não poder elaborar nenhum comentário, a não ser que Jesus me perdoou, quando vim para este lado, pois verificou que tinha o coração isento de malícia. Fiz o que fiz por puro instinto de defesa e, para breve, espero retornar ao plano da matéria, quem sabe ainda como jogador de futebol.
Não sou ignorante desse esporte, sendo o que de melhor sei fazer. Se me derem um bom corpo, saberei desenvolver essa arte com maestria.
Quero abençoar os amigos e dizer-lhes que é extremamente fácil tomar da pena para escrever algumas idéias. Lamento não ter preparação para oferecer algo mais substancioso, mas era o que podia fazer nestas circunstâncias.
Queiram perdoar-me e orar comigo a prece dominical, pois gostaria de ver meus filhos bem felizes ao lado de suas famílias, já que, constantemente, vou visitá-los, lamentando não ter qualquer um seguido a carreira do pai. Mas estão felizes e progridem espiritualmente. Não é isso o que importa?!
Fiquem todos com Deus!




Comentário



É precioso o tempo de que dispomos perante o médium, por isso, vamos ter de formular novos planos aos alunos que se iniciam. O coitado do mediador, se cotejar com os escritos das equipes anteriores, irá supor que estamos regredindo bastante. É que o tipo de problemas que agita este pessoal está em fase muito crua de desenvolvimento consciencial. Muitos não se inteiraram das próprias vicissitudes. Valdemar até que sabe que precisa progredir e que necessita realizar sério exame da conduta. Há outros que se negarão a reconhecer-se como sofredores ou necessitados de ajuda.
Haveremos de nos entender; prometo.
Hermínio.







2

DONA-DE-CASA





O bom amigo escrevente que nos perdoe, mas continuaremos por bom tempo a fazer referência à sua pessoa.
Eu não passei de simples dona-de-casa, das mais corriqueiras, daquelas que só desejavam passar a vida ao lado da família. Tive dois filhos lindos, que criei e eduquei no temor a Deus, na religião católica.
Foi só ao chegar aqui que percebi que havia outros interesses possíveis a que dedicar atenção. Ainda agora não me volto para estudos sérios, pois acho que trabalhar em prol dos entes queridos também é bastante importante. Foi com essa idéia que me apresentei a este grupo, pois gostaria de conversar com meus filhos, que estão dando muita liberdade aos meus netos. Minhas noras são boas donas de casa mas trabalham fora, de modo que têm coisas bem diferentes das minhas na cabeça.
Meu marido, eu não quero mais saber dele, pois, assim que se pegou livre de mim, casou-se com outra mulher alguns anos mais nova.
Sinto-me bastante frágil perante a existência e temo muito que vá cometer alguns deslizes no campo do amor, que foi o que Jesus tão seriamente me solicitou. Quando penso no meu sacrifício e vejo a minha condição de insegurança, pois não despertei para a existência, fico nervosa e desando a chorar.
Agora mesmo estou com imensa vontade de deixar as lágrimas correrem, pois não sei mais o que dizer, para que possa este aviso ser algo de bom para os demais.
Prometo voltar um dia, mais sabida e com respostas plausíveis aos problemas que me são colocados.
Fiquem na paz do Senhor!
Lucinha.




Comentário



Se não há objeções na recepção de tais depoimentos, daremos curso a que prossigam até que todos tenham vindo.
O médium é bondoso, pois nos afirma que todos somos igualmente filhos de Deus e, se tais almas necessitam da ajuda dele, obterão.
Fique calmo, pois o que iremos produzir, certamente pouca probabilidade terá de publicação. Sabemos das propostas para publicação no jornalzinho da região, mas não estamos preocupados em oferecer matéria para ele. Aqui o trabalho será mais intramuros, interno, de sorte que a presença junto ao médium perde bastante em importância. De qualquer forma, é como o grupo desejou que fosse. Acham eles, declarando-lhes o pensamento, que a humildade só os humildes sabem realmente ensinar ou esclarecer.
Não se veja, portanto, nos escritos, nada de muito valioso, a não ser no sentido de que o trabalho a ser realizado irá ser bastante intenso, mesmo para o mediador, pois o que mais existe na erraticidade é gente deste tipo.
Haveremos de nos entender.
Hermínio.







3

ANIMISMO





Tinha treze anos quando cheguei. A vida foi muito curta e hoje mal sei dizer algumas palavras. Peço ao senhor que escreve, que entenda esta pobre alma infantil, que não chegou a conhecer realmente a malícia dos encarnados.
Estou morando com umas amigas e já fui visitar os meus pais, que não se conformam com o meu passamento. Não tem importância o sofrimento que me causam, pois eu os vejo com muito amor.
Vou terminar esta brevíssima exposição, dizendo que o medo que sinto no médium de estar produzindo os textos através de animismo é bastante plausível, mas que fique sereno e seguro de si, pois o serviço que nos está prestando é bem grande.
Como vê, nem nesta curta mensagem escapou de ser citado.
Graças a Deus!
Isabel.







4

RACIOCINANDO PELO AVESSO





Desde pequeno, suportei mal a influenciação paterna e materna. Minha rebeldia cedo se manifestou, de sorte que a pele me foi esfolada, inúmeras vezes, pelas surras que levava. Mas não aprendia. Desde logo desejei afastar-me de casa, mas não via como fazê-lo, pois não tinha recursos. Outro dia, dei uma volta pela metrópole e fiquei abismado diante da facilidade que as crianças encontram em sobreviver em meio aos adultos, quase sempre facínoras que as exploram, sugando-lhes o cerne da alma, se é que assim podemos dizer.
Não tema o leitor amigo que não vamos ampliar a visão da vida, segundo os argumentos da igualdade possível entre os humanos. Não será para agora. Mas a verdade é que fui ficando em casa, de modo que precisei armar-me de pensamentos que me satisfizessem, pois não julgava nada certo o que faziam meus pais, principalmente quando queriam determinar minhas atividades.
Hoje, vejo bem certo, mas, naquela hora, achava que erravam em cada pequenino conceito. Não que estivessem corretos, mas a verdade é que me acostumei a acusá-los, de sorte que tudo que faziam repercutia muito mal em meu cérebro tacanho.
Agora recebo mal as recriminações que me fazem os filhos, pois saí do plano da carne há bem pouco tempo e eles lá estão a reprovar os meus atos, continuamente.
Seria útil, talvez, contar o que fiz de mau, mas não vou fazê-lo, porque o que me interessava era demonstrar que os filhos sempre raciocinam pelo avesso dos pais, aproximando-se um pouco dos avós. Desde que passei para o lado de cá, é ao que estou dedicando-me, para poder compreender as penas de consciência que trouxe comigo.
Faço questão de dizer, antes de encerrar, que tudo isso é muito natural, pelo que pude observar, de modo que recomendo, aos pais, muita paciência e, aos filhos, consideração, respeito e resignação, para acreditarem em que, mais tarde, irão mudar de opinião, pois não há homem que não se aperfeiçoe, uma vez que o objetivo máximo da existência é a aproximação do Senhor.
Modestissimamente, vamos despedindo-nos, achando que o discurso de hoje possa oferecer a palavra de prudência que está faltando em muitos lares.
Graças a Deus!
Lázaro. Um irmão no Cristo.




Comentário



O irmãozinho não quis arriscar-se a expor outros corolários da idéia principal, no intuito de tornar a mensagem bastante fácil de ser entendida, mas esqueceu-se de dizer que, no plano da espiritualidade, o mesmo ocorre, somente com a diferença de que os desencontros de idéias não geram oposições e se resumem a contenções de arroubos, para posterior confirmação das novidades. Assim, até espíritos muito antigos, ou seja, os que faz tempo conseguiram equilibrar as mentes e emoções, se sentem tentados a perlustrar os argumentos que lhes parecem novos, o que não invalida a tese de que também eles estão em contínuo crescimento.
Quanto mais cordata for a pessoa, mais irá aprender com os mais audaciosos, havendo até a possibilidade de, embora não recebam qualquer informação desconhecida, treinarem os meios de convencimento, de acordo com o nível de resistência que os opositores coloquem.
De tudo é possível extrair algum lucro.
Fiquemos na paz do Senhor







5

RATOS DE BIBLIOTECA





Existem seres humanos que dedicam a vida à pesquisa livresca. São pessoas dóceis, que conhecem os temas mais importantes tratados pela humanidade e que se doam à leitura, no intuito do aperfeiçoamento intelectual. Está claro que são seres bastante inteligentes, embora possam parecer insensíveis, pois se alheiam do conjunto sofrido dos parceiros de encarne.
Nossa primeira idéia é de condenar-lhes o egoísmo, pois, para se manterem em constante contacto com os livros, necessitam estar fortemente amparados financeiramente. Na verdade, mesmo se estivessem passando necessidades, ainda assim não se afastariam daquele lugar sagrado do conhecimento, arrumando meios de se proverem do mínimo para a sobrevivência.
Fui um desses ratos de biblioteca. Parecia até que não estava revestido de carne, tão interessado ficava em ler e ler. Um dia, parti para o além, que para nós é o aquém, e surpreendi-me com a esfuziante recepção dos companheiros. Havia galhardamente vencido a minha peregrinação. Não sofri por mim nem pelos outros, não dei esmolas, não acudi enfermos, não assisti sequer aos jovens na qualidade de professor ou instrutor. Mas obtive fartos conhecimentos em inúmeras ciências e artes.
Agora apresto-me para volver à carne, com a missão de amparar a juventude, na qualidade de docente universitário. Sei que a luta será árdua, mas tenho por objetivo realizar algumas experiências de caráter vanguardista, no setor que me for determinado pelos que presidem à nossa comunidade.
Não posso avançar deste ponto. O que devo acrescentar como comentário é que o encarne anterior foi como que um marcar passo existencial, para a preparação de futuras missões. Não se precipitem, pois, os irmãos, julgando mal as criaturas. Se cada qual cumprir exatamente o que se espera de cada um, o mundo não precisará passar por provações muito grandes.
Graças a Deus!
Hermenegildo.




Comentário



O irmãozinho ficou feliz da vida em poder prestar o depoimento, pois sofreu muito com os comentários que se fizeram a seu respeito, devido à incompreensão dos parceiros. Tal desavisado julgamento extrapolou as lides terráqueas, precisando desfazer vários mal-entendidos, até entre membros da família, já no plano da espiritualidade. Pareceu-nos que sua conclusão foi verdadeiro fecho de ouro.
Hermínio.







6

UM PITO BEM DADO





Um dia, Virgílio preparava-se para sair e resolveu recriminar a esposa, por ter desleixado o carinho da despedida.
— Quando éramos recém-casados, não havia dia em que não recebesse carinhoso afago ao despedir-me para ir trabalhar. Dez anos passados, parece que as atenções se atenuaram.
Não disse nesses termos, um pouco ríspido que foi, fazendo muxoxo e falando às claras o que lhe ia no pensamento.
— Meu bem, — respondeu-lhe a querida criatura, — quando os nossos filhos se casarem, tiverem vida própria e nós estivermos sós de novo, pode acreditar que o amor dos primeiros tempos voltará. Espere para ver.

Passaram-se trinta anos. Virgílio, ao pé do túmulo da esposa, lamentava-se por ter, um dia, deixado de procurá-la para o beijo da despedida, pois estava no estádio de futebol quando foi a companheira fulminada por síncope cardíaca. E dizia:
— Querida, quão sábia você era! Como soube prever o que aconteceria em nosso último decênio conjugal! Que despedidas carinhosas recebi e, no entanto, não fui capaz de retribuir à altura! Aceite, agora, o meu abraço de vida e minha promessa de que a manterei no coração pela eternidade.
Nisto, fez-se-lhe visível aos olhos da alma, a sombra de seu protetor, que, dedo em riste, o acusa de prepotência:
— Não sabe você, querido amigo, que a sua vontade não deve exercer-se sobre os outros?! Restrinja-se a amar e aguarde ser amado. A paz do Senhor seja com todos!
E desapareceu.
Até hoje Virgílio não sabe o porquê do pito que recebeu e se sente bastante injustiçado.
Saberá o caro amigo definir onde está o acerto da recriminação ou permanecerá perplexo diante do inusitado desta proposição?
Virgílio.




Comentário



Não vamos resolver o problema do amigo. Deixemo-lo às voltas com sua indecisão. Reconheçamos que se trata de importante ponto no relacionamento entre os seres que verdadeiramente se amam e esforcemo-nos por tornar os nossos momentos o mais amorosos possíveis, nas despedidas e nos reencontros. Enquanto isso, resolvamos tudo orando ao Senhor, para que todos os seres sejam amparados.
Hermínio.







7

UMA PITADA DE SAL





O molho deveria apurar mais. Cristaldo sabia disso, mas estava impaciente, cansado, e desejava repousar. Ficara-lhe, contudo, a tarefa do almoço. Olhou a transparência do molho, verificou que iria demorar o cozimento e resolveu deitar um pouquinho mais de tempero: despejou mais sal, pimenta e óleo, deu uma mexida com a colher de pau e desligou o fogo.
— Quem sabe, pensou, haveremos de imprimir incentivo ao paladar, para disfarçar o gosto verdolengo do tomate. Aposto que não irão reparar.
Escorreu o macarrão, despejou na própria panela em que fizera o molho e serviu desse jeito mesmo, pessoas simples que eram os convidados.
Todos comeram e se regalaram, perguntando-lhe qual era o segredo de tão boa culinária.
— É que fiz com o amor que dedico a mim, segundo a recomendação de Jesus.
Aí a estupefação foi geral. Que estranha manifestação era aquela?!
— Explico. É que Jesus mandou que nós amemos o próximo conforme o amor que dedicamos a nós mesmos. Como eu estava extenuado e precisava repousar, apressei o término do preparo da refeição, colocando mais tempero. Logrei o objetivo de terminar logo. Agora vou descansar.
— E como você sabia que iria agradar?
— É que tenho a certeza de que meus amigos têm por mim os mesmos sentimentos que tenho por vocês. Não estou certo?
Lamentavelmente, nem todos sabem colocar aquela pitadinha de sal que irá apressar os relacionamentos, em função do amor que se devem ter as criaturas.
Que este dia de leituras seja fértil em receitas de amor!
Heitor.




Comentário



Cabe-nos esclarecer que alguns amigos irão colaborar conosco, revelando seus problemas através de parábolas, apólogos, pequenos contos ou crônicas sucintas. Para entender o que os aflige, muitas vezes, é preciso, como sugere o primeiro escrito do dia, pensar às avessas.
Não nos queira mal por isso.
Fiquemos todos na paz do Senhor!
Hermínio.


Em tempo. Os pequenos comentários podem ser atribuídos à própria equipe, evitando-se reproduzir o nome do orientador. Há que se entender que, muitas vezes, Hermínio é tão-só o porta-voz da turma.
Não há necessidade também de se configurar o nome do autor, a menos que faça questão disso, para indicação de pista a possíveis familiares, como colocamos no primeiro dia. Fique atento o escrevente para isso. Obrigado.
Quanto ao mais, vai bem. É só ter paciência, persistência e amor, conforme se sugeriu que se chamasse o grupo. Não é bem um nome; é mais uma divisa, um lema de trabalho, de luta e de compreensão da existência.







8

O BEM AMADO





Houve, em priscas eras, um soldado do rei que muito desejava desposar a rainha. Mas, para isso, haveria de muito lutar até consegui-lo. Resolveu acomodar-se, contudo, pois haveria de pelejar de forma injusta em relação às leis humanas e divinas.
Em oração, recebeu a seguinte orientação espiritual:
— Se você tem merecimentos, você consegue o intento. Basta demonstrar fidelidade ao rei e amor à rainha.
Lancelote da nova era, o soldado reconheceu essa possibilidade.
Na primeira batalha, contudo, estando o rei em perigo, colocou-se à sua frente como muralha intransponível, vindo a perecer.
Foi reconhecido como herói e benfeitor da pátria. Ao lhe serem vasculhados os pertences, encontraram laudas imensas em que declarava a apaixonada visão da rainha. Quando esta tomou conhecimento de todos os acontecimentos, por esforço de memória, conseguiu recompor a suave fisionomia do secreto amante. De si para consigo, firmou o desejo de ajudar aquela pobre alma, elevando, em orações pungentes, seu agradecimento ao Senhor, por ter alguém demonstrado tanto carinho e tanto desprendimento, pois não lhe saía da mente o fato de se ter sacrificado, para não torná-la infeliz, o que ocorreria, com certeza, se o amado esposo caísse no campo de batalha.
Passaram-se os anos e, um dia, todos se encontraram no plano da espiritualidade, com a finalidade de congraçamento em felicidade.
Hoje, o nosso herói vive ao lado de encantadora jovem, rainha em seu lar, sob as bênçãos majestosas de bondoso senhor a quem chama de pai.
A esperança é imortal.
Rodrigo.







9

CARAMBA!





Não pensava que fosse possível vir à presença do médium para escrever. Devo dizer que fui analfabeto em todas as encarnações de que tenho notícia. Apesar disso, as palavras se dispõem no papel, como se fosse possível aprender algo instantânea e espontaneamente.
Gostaria de poder explicar o fenômeno, pois não consigo entender o que significam os traços que se colocam no papel. Sei que se trata de meus pensamentos, porque tenho bons amigos que me fazem a leitura, ao mesmo tempo que emito as vibrações.
Para quem for ler poderá parecer estranho o fato, mas estão a me dizer para não me preocupar com isso. Que dê curso à minha mensagem...
Pois bem, só possuo poucos dons em harmonia com as diretrizes de Jesus, pois sou pacato e muito trabalhador. O que gostaria de dizer é que os homens não procurem fazer nada de mau ou errado, contrariando as leis de Deus e dos homens. Que cada qual cuide da vida, deixando em paz os semelhantes. Que faça o bem e que procure aprender a ler, para poder deixar, mais tarde, o testemunho de seus conhecimentos e experiências.
Agradeço muito a ajuda que estou recebendo. Dizem-me que posso aprender a ler e a escrever aqui mesmo, bastando que tenha boa vontade e que procure realizar bem todos os exercícios estipulados. Estou admirado, porque nunca vi criança alguma nascer sabendo!
Pedem-me para não precipitar conclusões, pois toda vez que se volta ao mundo da carne é preciso esquecer, mais ou menos, os conhecimentos adquiridos anteriormente.
Estou satisfeito, portanto, com a oportunidade que me dão e prometo fazer tudo direitinho, conforme o que recomendei aos humanos.
Sei que devo explicar o título que dei. É que não sabia o resultado do que iria fazer e, por isso, fiz uma verdadeira exclamação. Posso repeti-la agora, em conjunto com o leitor, perplexo que deve estar com este modesto transmissor. Caramba!
Augustinho.







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INFORME FILOSÓFICO





Deixei meu corpo há poucas horas atrás e já estou tendo a oportunidade de vir trazer considerações a respeito do que entendia como sendo o mais importante para a humanidade. É que era materialista ferrenho, acreditando que, após a morte, a consciência se diluiria no universo, perdendo qualquer significado a individualidade.
Foi estranho que tivesse desenvolvido esse pensamento, porque me sinto agora absolutamente espiritualizado. Dizem-me que deverei estudar profundamente minha personalidade, para descobrir o que me levou a essa situação.
Por ora, portanto, não estando a sofrer, pois o bem que pratiquei nem o pastor da igreja fez igual, vou pedir aos leitores que firmem na idéia o fato de que vão ter de continuar sua labuta deste outro lado, depois que deixarem a vida. Preparem-se convenientemente, pois a chegada aqui poderá ficar muito facilitada.
Graças a Deus é expressão mui estranha em minha boca, mas não sinto arrepios ao dizê-la. Ao contrário, parece até que até há bem pouco tempo atrás era a forma mais freqüente que tinha de me manifestar feliz e contente.
Vou ficando por aqui, na esperança de que tenha sido útil.
Felicidades, irmãos, e muito juízo!
Graças a Deus!
Roberto.







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SIMPLES RASCUNHO





Meu nome é Paulo José. Ia escrever o sobrenome mas não me permitiram.
Pois bem, comecei dizendo como me chamavam na vida, pois não pretendo ser esquecido pelos parentes e amigos, pois sei que, se for lembrado, poderei mais facilmente ir em sua ajuda.
Como não fui letrado na Terra, só posso escrever algumas frases esparsas, soltas, avulsas. As palavras são do mestre aqui que me ajuda. Pois é isso aí: o que vou oferecer é simples rascunho, que poderá ser passado a limpo por qualquer leitor.
Então, prestem atenção: fazer o bem é o que deve ser o objetivo final de cada existência. Não importa que o que se possua seja muito pouco. Qualquer coisa serve, até ir visitar os doentes nos hospitais e jogar uma partida de dominó ou de damas.
Se é arriscado oferecer préstimos para os encarnados que têm doenças transmissíveis, então a ajuda está na oração que se deve dizer com bastante fé e convicção.
Deus é o amigo maior que os homens e todas as criaturas têm. Esquecer-se disso é muita injustiça diante de tudo que ele nos deu. Vamos, pois, fazer tudo em seu nome, para merecer, um dia, que façam algo também pela gente.
Como tudo o que escrevi está muito mal redigido, peço ao bom amigo leitor que passe a limpo.
Muito obrigado!







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FERIADO EM CABREÚVA





Hoje, 24 de março, Cabreúva comemora a passagem de mais um natalício da cidade. O povo de lá está descansando e todas as casas de comércio estão fechadas, com exceção dos bares e botequins. A vida continua transcorrendo tranqüila, para os residentes permanentes, e em êxtase de alegria, para os que, recém-chegados, passam suas primeiras horas em lugarejo tão sossegado e de tão bons ares.
Esta pequena notícia viemos trazer ao irmãozinho que se lembrou de ter passado dois anos da vida à sombra das belas montanhas, dedicando-se ao seu trabalho.
Alegra-lhe o coração a lembrança das pessoas e o fato de ter sido lá que, pela vez primeira, deu curso ao mediunato.
Pois vim por evocação, para trazer-lhe o abraço dos companheiros da espiritualidade que por lá ficaram, responsáveis que são pela proteção de suas famílias. Você já percebeu quem sou, no entanto, peço-lhe que mantenha sob sigilo o meu nome, já que não importa aos meus saberem que aqui compareci.
Aceite abraço agradecido e fique na paz do Senhor!
Graças a Deus!
Salve 24.3.92!




Comentário



Não quisemos fazer os costumeiros apartes a cada texto. Preferimos trazer pequena notícia ao final, já que os temas não nos pareceram controversos, a não ser o último, cujo autor aqui esteve para abraço em data que o escrevente acabou lembrando, por força da sugestão do amigo.
Não é para ficar assustado ou preocupado com tal demonstração de carinho, que lhe parece tão fora de hora e de contexto. É que o irmão em apreço o tem em boa conta, pelos serviços prestados àquela comunidade. Aceite, portanto, o carinhoso abraço.
Quanto aos outros, são pessoas que não pertencem ao seu círculo de amizades. Fique sossegado, pois, que o trabalho transcorre conforme o prognóstico dos mentores.
Vá para os habituais quefazeres, sem se preocupar em apanhar mais ditados. O povo aqui ainda está bastante temeroso de assumir a pena. Achamos que o exemplo do irmão analfabeto talvez venha a frutificar positivamente.
Deste seu instrutor e amigo,
Hermínio.







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RABO DE SAIA





Doce expressão é essa para indicar o resultado profundo de mero flerte à-toa. É que os olhos masculinos seguem o frufru dos tecidos balançados pelas moçoilas em seu donaire provocador.
E se perdem no mundo da fantasia as jovenzinhas, com suas promessas de vida e prazer.
A realidade, contudo, vem conturbar os sonhos dos jovens casadoiros, de molde a fazê-los despencar de alturas inimagináveis. Eis a dura realidade a chamar à razão os que se perderam nas fantasias e ilusões românticas.
Sei bem o que é isto, pois meu último encarne se deu no século XIX. Ia pela vida desacostumado com as perversidades dos maus, sem saber que era eu um deles. Cometi diversos crimes contra as mulheres e, por isso, foi-me destinada volta à Terra no mundo feminino. Por doze vezes provoquei abortos, para não me ver na pele das pobres sofredoras.
Há algum tempo, contudo, foi-me dado passear pelo mundo. Que choque! Tudo está absolutamente mudado. Já não se vêem criaturas a saracotear manemolentemente pelas calçadas, distraídas a observar as vitrines, espantadas com as buzinas dos cabriolés.
O estalido dos chicotes no lombo dos animais é coisa que se perdeu da memória dos homens. O que se vê nas ruas é pura loucura. Não sei se fizeram de propósito mas largaram-me no meio da cidade grande, onde, estapafúrdio, não soube o que fazer. O mundo dos humanos é absurdo. No entanto, o que presenciei no plano etéreo é indescritível.
Supliquei por socorro e eis-me aqui a relatar estes fatos aparentemente tão desencontrados.
Acho que não hesitarei em aceitar o próximo encarne.
Edmundo (nome fictício).




Comentário



O bom irmão ficou espantado com as mudanças da sociedade. Por onde terá andado que não as viu? Eis a questão que pomos para os leitores. Não acham que é bom meditar a respeito disso?







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A HORA PRESENTE





Eis que vim de livre e espontânea vontade para discorrer a respeito de tema profundamente filosófico, embora seja o que de mais importante sobre que todos deveriam dedicar atenção.
Se olharmos os animaizinhos nas florestas ou na profundeza dos mares, certamente iremos constatar quão regulares são suas providências do dia-a-dia. Mesmo os que agem segundo previsões de acontecimentos, como o duro inverno ou o escaldante calor, não prevaricam quanto às necessidades atuais. É como se a distância do sul ou do norte se colocasse como algo a que dedicar fosse preciso a atenção imediata.
Se algum indivíduo se machuca, incapaz de seguir os demais, é deixado para trás, pois o determinismo provoca as reações no momento certo.
O homem não age assim. O homem armazena na memória dados que utiliza a seu bel-prazer, como se se pudesse aproveitar do fator tempo com absoluto domínio da natureza. Esqueceu-se de que, para ferver, por exemplo, o leite, tem de atingir tantos graus; para liqüefazer o ouro, outros tantos, e assim por diante.
O homem, não. O homem deseja ser dono do tempo, para ser dono da natureza e do destino. Aguarda-o a morte num momento igualzinho ao que despreza atualmente.
Graças a Deus!
Herculano.







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PORTA-VOZ





Esta mensagem quase todos desejavam trazer. É que se pretende fazer a crítica do grupo que ora está deixando suas pegadas nestas folhas.
Para criticar, todos estão aptos, principalmente porque é fruto de ampla discussão, enquanto as demais mensagens são o produto de elaboração individualizada.
Mesmo esta, contudo, está dando trabalho, pois fui obrigado a promover a transmissão quase sem tempo para o preparo, tão simples são as idéias a serem passadas.
É que a turma é constituída de espíritos bem rudes, quase diríamos no nascedouro da intelectualidade. Todavia, o nível de abstração é bastante bom, dada a ingenuidade da prática estar a indicar boa formação moral.
Vamos prosseguir trazendo o resultado do nosso esforço, longe de qualquer perspectiva de publicação. Insistimos nisso para dar total tranqüilidade ao escrevente, que poderá ir anotando com simplicidade, sem necessidade de burilar o estilo ou de promover inúteis correções.
Sabemos que muitos gostam deste tipo de comunicação e talvez alguns textos até consigam passar ao domínio público. Mas queremos deixar claro que tal não é o interesse do grupo. O que nos move até esta mesa é a necessidade do treinamento, o que é determinado pelo currículo escolar bem mais do que pelo interesse dos alunos.
Se os professores almejam levar-nos a tomar gosto pelo trabalho, é missão deles. Claro está que o empenho de todos é superior, no sentido de bem atender aos reclamos dos mestres. Sendo assim, não vamos estender-nos muito a respeito dos temas que tratamos, primeiro porque não temos cabedal para tanto; segundo porque nos satisfazemos com a percepção da técnica a ser empregada.
Sendo assim, — repetimos a expressão de propósito para demonstrar que não estamos preocupados com o estilo —, sendo assim, devemos deixar bem claro que os dias serão recheados de pequeninas manifestações, sem maior importância.
Julgamos que as explicações sejam propícias a deixar o escrevente bem tranqüilo.
Quanto ao fato de a esposa se agradar do que leu, diga-lhe que é natural que assim ocorra, pois está com o coração cheio de bondade e meiguice.
Se todos os que tomam contacto com estes pequeninos textos tiverem o mesmo nível de reação, em pouco tempo estaremos aptos a receber o diploma, pois o nosso curso também se dá conforme as vibrações que vamos recebendo, segundo o desempenho do grupo e de cada um dos membros.
O aluninho que tomou a palavra, não deixará o nome, pois se julga ainda conhecido nos meios em que há possibilidade de divulgação da mensagem. Em havendo possibilidade da comunicação, haverão de perguntar os amigos por que não damos notícias particulares. Fique só registrado o nosso grande amor por todos.
Deixemo-nos embalar pelas bênçãos do Senhor!







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REVOLVER





No último dia (25.3), apresentaram-se alguns amigos novos que chegavam para a aprendizagem. É este mesmo grupo que se encontra presente, já que, com paciência, perseverança e amor, ficou a aguardar o retorno do escrevente (22.4).
Revolver o passado é preciso, para que o regresso às transmissões se dê com bastante segurança.

Bom amigo, não veja nestas palavras nada de grandioso ou profundo. A turminha tem tido as horas bem aproveitadas no estudo das doutrinas oriundas dos Evangelhos, de modo a se preparar para breve reingresso nas lides concernentes à carne.
Fique feliz em saber-se amparado, quando se tem teimosamente apresentado para as tarefas do dia e se tem aproveitado o tempo, oferecendo-se à intermediação. O que vamos solicitar-lhe hoje nada tem de especial. Basta ir escrevendo, sem prestar maior atenção ao conteúdo ou à contextura da frase. Veja que o dia terá bom proveito, pois estamos adequando-nos novamente às inflexões vibratórias de seu psiquismo.
É fase intransponível sem que haja bastante esforço recíproco. A mente do mediador, por mais treinado seja, sofre alguns embotamentos que precisam ser desfeitos, sempre que por longo tempo permanece inativo.
Mas tudo volta mui rapidamente ao ponto em que se suspendeu o trabalho, de modo que, para este dia, está programada já a participação de alguns membros do grupo mais necessitados de treinamento, como é o caso deste que por ora está oferecendo-se ao contacto.
Vamos encerrar este primeiro texto, enfatizando o fato de que dá seguimento ao que se registrou anteriormente.
Fique, irmãozinho, na paz do Senhor!







17

MEU DESENCARNE





Sofri muito quando percebi que ia deixar o mundo carnal. Agora as lembranças estão bastante claras e posso dizer que o último suspiro se deu sem qualquer confiança em que iria obter nova vestimenta com que enfrentar a existência.
Para falar bem a verdade, desconfiava de que tudo que aprendera em vida era falso e iria desfazer-se em nada.
A surpresa de ter atravessado incólume o portal da morte foi muito agradável e, mesmo que sofresse algumas dores físicas e outras morais, ainda assim consegui erguer pensamentos agradecidos ao Senhor.
Hoje sinto muita pena quando encontro pessoas a trespassarem, em agonia moral, o umbral para este novo plano. Já vi muita gente gritar horrorizada por não encontrar o descanso almejado, não sabendo absolutamente que o que desejavam não refletia o resultado de suas próprias ações. É incrível que haja tantas ilusões nesse sentido, pois muitos se julgam credores e não devedores, quando gozaram na vida de todas as delícias, esquecidos dos ensinos bíblicos.
Vamos ter de encerrar a nossa participação, feliz por saber que estamos, de novo, podendo contar com a colaboração do amigo.
Fique na paz de Deus!







18

CARTINHA





Tremo só em pensar que alguém possa vir um dia a ler estas mal traçadas linhas. Sempre fui muito pobre e não tive qualquer educação. Mal sabia assinar o nome e me pediam que tomasse conta de toda a família. Mal ou bem, fui levando a vida, até que desencarnei em paz, conforme o que disse o amigo anterior.
Hoje, não encontro muito sossego onde quer que esteja, sempre procurando ficar ocupada, fazendo algum pequeno serviço. Por isso, para mim esta experiência é totalmente inusitada. Peço perdão se não obtiver bom resultado.
O amigo que escreve percebeu a minha fraqueza e se dispôs a ajudar-me. Muito agradeço, mas não desejo deixar transparecer nada além do que sou capaz de realizar por minha própria capacidade.
Tenho estudado as palavras dos Evangelhos e tenho tido a felicidade de ter bons mestres, pacientes e amigos.
Será por isso que me atrevi a vir à presença deste grupo, para demonstrar que tenho tido algum aproveitamento.
Agradeço a oportunidade e peço desculpas pelo recadinho tão modesto.
Graças a Deus!
Mais tarde, quando estiver melhor habilitada, prometo que voltarei.
Fique na paz de Deus!
Gracinda.







19

LATIDOS DE CÃES





Quando saía à noite, ficava com medo de que os cães latissem para mim e me assustassem. Só em pensar que algum pudesse atacar-me, sentia-me todo arrepiado. Por isso, sempre me munia de um pedaço de pau, bengala improvisada para afastar as ameaças. Mas nunca ocorreu de ter de empregar a força.
Sei agora que a arma que portava nenhum efeito teria se fosse atacado por espíritos mordazes que quisessem mangar comigo. É que não estava preparado para os fatos espirituais, descrente que era do poder da fé e da caridade. Não tinha qualquer esperança de que a vida pudesse oferecer continuidade após a morte e, por isso, desleixei muito esta parte de minha formação.
No entanto, não fui má pessoa, sempre pronto a enfrentar os cães da noite para ir ajudar as pessoas necessitadas.
Ainda agora faço esse serviço, mas nunca estou sozinho, pois as ameaças que enfrentamos não será com pauladas que afastaremos.
Vamos encerrar esta curtíssima participação, alegre, contente e feliz por termos visto que há plena possibilidade de mantermos contacto com o plano carnal. Sabemos que não é sempre que vamos conseguir a comunicação, mas este primeiro sucesso nos estimulará a continuar neste rumo. Quem sabe, um dia, os nossos parentes perceberão a nossa presença ao seu lado. Vamos deixar tudo nas mãos de Deus.
Graças a Deus!







20

ASPIRAÇÃO





Por diversos motivos, o pessoal do grupo foi convidado a passar algum tempo, todo dia, com o mediador, durante o período em que se ausentou desta mesa.
Ficamos, assim, conhecendo vários trabalhos de turmas anteriores, como ainda ouvimos diferentes leituras de textos de autores espiritistas.
Como nos sentimos diminuídos intelectualmente! Como gostaríamos de poder desenvolver os temas com tanta clarividência e precisão! No entanto, não ficamos enciumados, mas curiosos (não falo só por mim) por saber como é que se consegue tanto progresso.
Os mestres aproveitaram a ocasião para nos passarem inúmeros ensinamentos, sendo o mais importante deles aquele que diz respeito ao fato de termos de nos dedicar, esforçadamente, ao estudo e ao auxílio dos irmãos sofredores.
Como o pessoal do grupo é muito bronco, foi preciso que nos dessem vários exemplos. O que mais fundo me tocou foi o fato de que as crianças aprendem muitas coisas quando ainda bem pequenas, como, por exemplo, a falar. Vimos, então, alguns aprendendo inglês, francês, alemão e português. Ficamos vivamente impressionados com o interesse que demonstravam pela aprendizagem. Aqueles que não se esforçavam ficavam para trás e isso nos foi demonstrado em relação a todos os fatos da vida.
Sendo assim, estou esforçando-me por ir um pouco além dos companheiros, não para suplantá-los, mas para avaliar se o esforço extra pode resultar em algo um pouco mais consistente. Estou satisfeitíssimo com o resultado, apesar de não estar trazendo qualquer noção nova para os mais inteligentes.
Como gostaria de que pessoas bem simples tivessem acesso a estes escritos, para que despertassem para a necessidade de trabalharem em prol do progresso intelectual e moral! Acho que um dia despertarão para as verdades da vida, pois Deus é pai de muita misericórdia, tanto que nós mesmos estamos conseguindo todo este sucesso.
Muito obrigado, meu Deus! Muito obrigado, caros amigos! Meu comovido abraço ao escrevente e meus desejos de total restabelecimento!
Fiquemos todos nas mãos de Deus!
Raul.







21

AO ESCREVENTE





Estamos tendo o cuidado de não trazer temas mais complexos, neste primeiro dia de retorno. Sabemos da boa vontade do amigo, mas não pretendemos onerá-lo desde logo.
Resguarde-se nestes próximos dias e ofereça-se ao trabalho com o mesmo ânimo de hoje, pois a sua compreensão dos fenômenos mediúnicos está aperfeiçoando-se, a ponto de ter percebido esta nossa intenção.
Não temos qualquer pretensão a redigir textos publicáveis, apesar da curiosidade que estas singelas mensagens poderiam oferecer para quem se propusesse a fazer a história de sua caminhada mediúnica. Mas isto só pode ter valor dentro destas quatro paredes.
Vá com muita calma e aceite carinhoso e amigável abraço.
Veja que, através do estilo, você foi capaz de perceber que se tratava deste seu velho companheiro.
Hermínio.
Felicidades, irmão! Fique com Deus!

Quanto à repetição da expressão final, deve-se ao fato de que o grupo está querendo alterar a fórmula convencional do Graças a Deus! Nada de grande importância. Não se preocupe.
Fique com o Senhor!
Graças a Deus!







22

PROGRAMA





O dia de ontem foi especial. Hoje retomaremos o curso das anotações. Para isso, esteja atento, propondo-se, com ânimo revigorado, a apanhar as mensagens. Eis o programa.
Fique na paz do Senhor!
Do amigo Hermínio







23

PRIMEIROS PASSOS





Bom Amigo, felicidades!

O dia está ótimo para apresentarmos o resultado de nossos primeiros estudos. Trata-se de alguns apanhados das aulas a que assistimos, sem grande importância para quem se dedica há largo tempo aos temas evangélicos, mas de muito valor para nós, pobres seres por demais imperfeitos.
É que sabemos que o amor é a alavanca que move o mundo da alta espiritualidade e isso nos põe de sobreaviso para bem aplicarmos as forças sentimentais, no intuito de virmos a caminhar seguros pelas sendas abertas por Jesus.
Nossa Mãe! Como é difícil de alinhavar estas poucas linhas!
Mas, em suma, é isso mesmo: é preciso amar muito para se conseguir o progresso tão desejado.
Acontece que, quando o espírito percebe que está ficando para trás e vê alarem-se para o alto centenas de irmãos, aí concebe a possibilidade de ascender também em luz. No início, julga que é fácil. Depois, passa por momentos de muita depressão, pensando que jamais irá conseguir. Finalmente, com a ajuda dos orientadores, começa a receber ensinamentos precisos e práticos, para iniciar a jornada.
Nós estamos exatamente nesta fase, por isso não temos muito para oferecer. Sabemos que teremos de irmanar-nos com aquelas pessoas que nos ofenderam ou que foram por nós ofendidas, e isso depende do muito de amor que formos capazes de lhes proporcionar.
Eis por que não é fácil chegar até esta mesa e deixar mensagem organizada que possa demonstrar o quanto já desenvolvemos nos estudos e na prática das virtudes que nos são estimuladas.
Como há outros que desejam participar, vamos ceder a vez.
Fiquem na paz do Senhor!







24

GENIALIDADE





Nenhum companheiro deu mostras de genialidade. Somos o que se poderia caracterizar como seres muito inferiores, premidos pelas necessidades mais elementares de compreensão da vida e da existência.
Já nos passaram as noções de que céu e inferno são acontecimentos íntimos, que se passam junto à mente e ao coração das pessoas.
Sabemos ainda que a cada reação correspondeu uma ação anterior de mesma intensidade, só que em sentido contrário ou inverso.
Entretanto, discutimos muito que o amor possa envolver diretamente os seres em conflito, quando eriçados pelo ódio, pela incompreensão, pelo desamor, mesmo quando provindo de outras pessoas não diretamente envolvidas nas querelas.
Exemplificando.
João briga com Maria. Manuel tenta intervir pelo muito de amor que tem pelos dois. Mas o ódio seria mais forte e Manuel não conseguiria desfazer o litígio. Esse é o ponto que foi completamente discutido. Houve até quem lembrasse que Jesus foi crucificado, não tendo adiantado nenhuma interferência. Prevaleceu o ódio da turba, mesmo que o coração do Mestre exultasse em grande amor.
São pobres os nossos argumentos, mas o que o instrutor não pôde refutar foi o dito popular de que o que é do homem o lobo não come.
Esperamos dois dias sem ter nada para fazer. Já estávamos pensando que o instrutor estivesse aborrecido, quando apareceu, trazendo a solução.
Se não houver amor, ninguém poderá entrar no céu para estar com o Pai. O tempo de duração da luta pode ser próximo do infinito, mas não será nunca o da eternidade.
Enfiamos a viola no saco e esperamos poder cantar em outra freguesia.
Dalvina.







25

CONTACTOS IMEDIATOS





Em matéria de pequenos avanços nos estudos, ficou bem marcado em nossa memória curioso fato ocorrido também em discussão de aula.
Houve um dia em que um dos amigos deixou de comparecer. Como o acontecimento fora único, conforme o que nos explicou o querido instrutor, foi o motivo dos debates da aula.
Por que o companheiro falhara?
Estaria doente?
A hipótese foi de pronto afastada, pois as recaídas são anotadas e todos os colegas são convidados às preces do socorrismo ativo.
Teria fugido da instituição, por razões ignoradas?
Outra vez os debates se acenderam, chegando todos à conclusão de que isso era impossível, dada a cordialidade e cortesia reinante entre todos os membros do grupo. Armando sempre foi amigo de todos, não havendo razão para afastamento sem participação.
Teria recebido algum encargo da administração?
Impossível, sem que o mentor tivesse sido oficialmente informado, como diversas vezes já ocorrera.
Estaria em atividades de socorro junto a alguma entidade amiga na crosta?
Novamente, não haveria por que se deixar de avisar a classe por intermédio dos responsáveis.
Ficamos perplexos com o inusitado desaparecimento do colega. Aí percebemos que se distraíra no caminho e entrara, inadvertidamente, na classe ao lado, onde ficou aparvalhado com a situação, pois recebeu inúmeros recados vibratórios e não podia escapulir sem causar transtorno para a turma.
Mas o professor bem sabia o que ocorrera e, telepaticamente, se comunicou com o colega, que fez Armando voltar ao ninho.
Hoje, o fato serve para demonstrar que, a nível de preocupação, as pessoas só dão pelos fatos quando não há mais remédio. Se Armando estivesse em reais apuros, nós teríamos ficado sem poder auxiliar.
Chegou-se, então, à conclusão de que deve haver sempre elo de solidariedade entre os membros do grupo, espécie de senha espiritual que se deve trazer ativada, para que os demais possam tranqüilizar-se quanto ao estado de cada um.
Em termos terrestres, é como se a cada momento se fizessem ligações telefônicas para informar-se do paradeiro de cada qual. Hoje, não mais seríamos surpreendidos pela ausência do colega, pois saberíamos imediatamente que estaria desviando-se do rumo e teríamos providenciado seu reencaminhamento.
Que bom seria se isso valesse para todos, em todas as circunstâncias!...







26

SENSAÇÕES AGRADÁVEIS





No mesmo rumo das mensagens do dia, pretendo registrar que, durante os desenvolvimentos das aulas, nos momentos em que somos chamados a opinar, surgem inúmeros debates interessantíssimos. Todavia, é sempre o professor quem encerra a unidade, fazendo lúcidas apreciações a respeito da postura de cada um.
Não há dia em que não nos sentimos um pouquinho envergonhados por demonstrarmos tanta fragilidade intelectual e moral. São tantos os males que se arraigaram em nossa personalidade, que dificilmente passaremos alguma aula sem termos recebido orientações preciosas a respeito de como aliviar certas pressões íntimas, muitas das quais imperceptíveis.
Eis que a sensação de ardor que nos afogueou o rosto se transforma, finalmente, em agradável emoção, pois somos capazes de bem compreender o que devemos fazer para superar as deficiências.
Avulta a pregação do amor e, por isso, não podemos deixar de anotar toda vez a mesma célebre frase:
Sem amor, não seremos recebidos pelo Pai.
E sabem por que é tão necessário esse amor da parte de todos? Porque Deus é amor.
Laura.







27

UM PRESENTE DE AMIGO





Miguel é meu nome. Não tenho muito estudo e não pertenço exatamente ao grupo que está aqui reunido.
Ia passando por perto e fui atraído por certa algazarra gostosa que partia desta casa. Cheguei perto e pus-me a observar o que acontecia.
Gostei do que vi e procurei saber de onde vinham tais criaturas.
Não me assustaram os guardas postados à porta, pois me convidaram a entrar e ficar à vontade, tanto que me deixaram presenciar várias comunicações.
Diante de minha manifesta vontade de escrever, puseram-me junto ao médium para estas poucas palavras.
Sinto muito ter de escrever tão pouco, pois sou iletrado. Mas estou muito feliz pela oportunidade. Se me quiserem no grupo, poderei voltar outras vezes. Quem sabe possa matricular-me na mesma escola.
Estão dizendo-me que a Escolinha de Evangelização existe para quem esteja disposto a aprender. Pois aceito o convite que me fazem.
Muito obrigado, bons amigos! Eis verdadeiro presente de amigo.







28

RUMO CERTO





Desde ontem, aguardava ansiosa o momento de vir trazer a minha contribuição para a aula.
Aprendi diversas lições mas não pretendo reproduzi-las aqui, pois a minha cabeça é muito pequenina para assuntos tão sérios.
O que desejava mesmo fazer era participar da psicografia como tarefa do treinamento a que estamos submetendo-nos. Outro dia, estive perto de outro médium, mas não consegui levar-lhe os meus sentimentos e emoções. Acho que nossas freqüências não combinaram.
Agora tenho a ajuda da equipe, de modo que posso, com bastante facilidade, transmitir estes poucos pensamentos, mais como exercício do que como modelo de instruções a seguir.
Para não dizer que não falei de amores e de flores, devo acrescentar que o que existe de mais belo na existência é o respeito às determinações do Senhor, através da benquerença entre os irmãos, sejam encarnados, sejam espíritos puros.
Vou encerrando estas ligeiras anotações com o coração mais leve, pronta para receber de volta as informações a respeito de como me saí neste primeiro desempenho.
Muito obrigado a todos. Fiquem com Deus!
Glorinha.







29

APREENSÃO





O que mais desejava era poder falar diretamente com os meus familiares e amigos, para levar-lhes a notícia de que estou bem, mas eles não desejam conhecer a verdade do outro plano, preocupados que estão somente em gozar a vida.
Desde que parti, pude permanecer ao lado deles, pois não me foi dado afastar-me, por alguma razão que ainda não entendi. Sendo assim, passei a conhecê-los melhor, pois posso ver as suas reações diante dos fatos da vida.
Tomei a decisão de falar a respeito deste tema, para levar os leitores a meditarem sobre a necessidade de fazerem tudo certo, pois estamos todos, a todo momento, na companhia de seres espirituais. Nós mesmos, aqui no etéreo, posto não sejamos capazes de sentir-lhes a presença, sabemos que somos acompanhados atentamente por entidades que têm por missão auxiliar-nos em nossas decisões.
É bom, pois, antes de se resolver a tomar alguma séria atitude, recolher-se por alguns momentos para dar oportunidade aos membros da família que estão no campo espiritual de se manifestarem, mesmo que seja através de longínquo sussurro mal definido.
Muitas vezes, só o fato de estarmos em silêncio e isolados é suficiente para que evitemos alguma deliberação errada.
Justifico agora o título que dei a esta mensagem, afirmando que tal é a sensação que nos magoa, quando percebemos que algo de ruim pode resultar de certas atitudes erradas que os orientandos estão em vias de tomar.
Caro amigo, nunca deixe o seu anjo da guarda assustado. Para se evitar isso, é fácil: basta ter presente na memória que tudo que vamos fazer só deve ter por objetivo deixar alguém bastante alegre e feliz, principalmente se essas emoções estiverem fundamentadas nos ensinamentos de Jesus.
Graças a Deus!
Romeu, um amigo com quem se pode contar.







30

DEVANEIO





Não importa se existem outras comunicações com o mesmo título. A de hoje, certamente, florescerá em outro canteiro, cuidado por outras mãos.
O dia de ontem foi rigorosamente perdido para muitas criaturas que passaram o tempo sonhando de olhos abertos. É claro que o fato ocorre todos os dias, mas nós tivemos oportunidade de ir em grupo para a observação de diversos casos característicos, para estudo, análise e firme decisão de ajudar.
Uma das conclusões a que o grupo chegou é que hoje alguém iria oferecer-se para esta comunicação, primeira advertência resultante de nossas atribuições.
A irmã Rosinha, esta que lhes fala, ficou, pois, encarregada de discursar a respeito desse tema polêmico, pois não é unânime o conceito de que o devaneio possa sempre vir a ser prejudicial para os indivíduos.
Por isso, precisamos ir verificar quais os motivos que conduzem as pessoas a sonhar de olhos abertos.
Dos casos que analisamos, cerca de trezentos, a maior parte se deu com jovens ainda imberbes ou com mocinhas e donas de casa. Os homens que surpreendemos em estado onírico procuravam escapar de problemas intrincados, cujas soluções quase sempre não lhes estavam afetas.
Verificamos, desde logo, que há casos em que o alheamento só reflete as preocupações mais íntimas. Se isso tem seu valor como derivativo da problemática que poderia trazer desconforto mental ou sentimental, também indicava que havia sérios distúrbios relativamente à condução da vida pelos ensinos de Jesus.
Não vamos relatar tudo o que observamos, pois as conclusões são muito provisórias. O que nos importa é acrescentar que, ao lerem as mensagens mediúnicas, devem as pessoas olvidar a origem das comunicações e prender-se fortemente ao tema em debate, para não correrem o risco de se tornarem tão-só meros fantoches nas mãos de certos espíritos habilidosos em manipular as mentes desatentas. Isto dizemos por nos termos aturdido com a quantidade de seres absortos em longínquos pensamentos, obsidiados por criaturas que se satisfaziam com a criação de mundos de fantasia.
Será bom sonhar? Por certo, mas não como hábito arraigado de vida. É preciso aproveitar-se desse poder de alheamento do circunstante para incrementar sentidos positivos ao pensamento, transformando o devaneio na mais pura meditação.
Pedem-me para não adiantar conclusões. Por isso, vou encerrar minha participação, solicitando que me perdoem por apresentar idéias próprias, ainda não homologadas pelos mestres nem debatidas pelos companheiros.
Valha-me o exercício.
Graças a Deus!







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PEDIDO PREMATURO





Jovelino Garcia e Arquimedes de Oliveira eram amigos desde a infância.
Sentindo-se, um dia, desamparado pela sorte, o primeiro solicitou ao segundo que lhe emprestasse certa quantia, para saldar o débito de um negócio que fizera e que não dera bons resultados.
Ciente Arquimedes do ditado segundo o qual "amigos, amigos... negócios à parte", recusou-se a prestar o auxílio referido, na desconfiança de que pudesse vir a ser enganado.
Houve rompimento da amizade. Mas isto não foi definitivo.
Anos depois, encontraram-se no etéreo, prontos para a desforra, já que os dois se consideravam ofendidos, uma vez que a desconfiança grassou em ambos os lados: Arquimedes com medo de ser furtado; Jovelino afirmando que quem usa cuida.
Ao se reencontrarem, contudo, abraçaram-se comovidos, pois acabaram percebendo que tinham perdido excelente ocasião para auxiliarem-se um ao outro, quer emprestando, quer recebendo emprestado. Compreenderam, finalmente, que os aspectos espirituais envolvidos faziam esquecer qualquer preocupação de caráter material.
Talvez o pedido do empréstimo tenha sido prematuro, mas a verdade é que o choro sentido de ambos demonstrava que outra seria a atitude em nova oportunidade.
Veremos.







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TEMOR INFUNDADO





Tem o médium receio de esgotar-se durante o trabalho. É claro que há desgaste energético, mas é tão pequeno que não causará jamais qualquer transtorno físico ou mental.
A sensação de que a tarde psicográfica está no fim é dada como aviso necessário, para não se insistir além do que requer o grupo em treinamento.
Sendo assim, não se preocupe o amigo. É hora de parar. Respeite os nossos limites, pois somos nós que nos aparelhamos de forma a estender o período mediúnico de acordo com o desenvolvimento da turma.
Fique com Deus no coração e não se esqueça de orar pelos irmãos sofredores!
Hermínio.







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DESAPEGO





A recomendação maior que fazem os espíritos aos encarnados é aquela concernente ao desapego que se deve ter às coisas do mundo carnal. Para muitos, tal aviso é fácil de ser dito, uma vez que os espíritos estão desprovidos dos fatores que levam a essa contingência no plano da matéria. Muitos até invectivam, perguntando como é que procederiam tais conselheiros, se se vissem na mesma situação.
Pois isto não deve constituir-se em desculpa para quem, simplesmente, não deseja ouvir a voz de quem sabe mais. Evidentemente, todos os que se colocam na condição de sermonários e de moralistas, quando passam ao plano da carne, o que mais ouvem é a voz da consciência a prescrever-lhes que não se olvidem dos próprios conceitos que se esmeravam por transmitir aos encarnados.
Quem está apto a afirmar que não esteja exatamente nessa situação e que só não admite a permanência desse influxo e coercitiva atitude por estar muito envolvido nas malhas da maldade e dos vícios?
Nós, ao recomendarmos o desapego às coisas mais grosseiras da vida, não estamos conjuntamente afirmando que sejamos santos ou superiores de alguma forma. A nossa posição favorece-nos observar com maior rigor a necessidade de se ir habituando aos valores espirituais, pois são os que temos como eternos.
Só isso.
Fiquem nas graças do Senhor!
Uma amiga da equipe.







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PESCARIA





Desde muito pequena, sempre desejava sair com meu pai e meus irmãos para ir pescar. Entretanto, eles não queriam que fosse, pois julgavam que as mulheres traziam má sorte. Penso que era desculpa ou medo de se verem derrotados pelas habilidades femininas.
Minha mãe não se importava, pois, estando o pessoal fora, tinha mais tempo para fazer o que mais gostava: ler muito, principalmente obras espíritas, o que era proibido por papai.
No começo, eu achava que mamãe, de certa forma, cometia uma espécie de adultério. Mas o tempo passou e tudo ficou bem explicado na minha mente.
Quando retornei ao plano da espiritualidade, bem velhinha, procurei a parentela e soube que mamãe estava fora, pescando as almas de papai e de meus irmãos, perdidos nas brumas do Hades. Aí compreendi o bem que fez para minha boa mãezinha sua dedicação ao conhecimento da doutrina espírita.
Hoje, quando me recordo de minhas sensações, sorrio enternecida, pois fui capaz de seguir os passos de mamãe e eduquei os filhos na crença dos espíritos e da vida após a morte. Nunca foi preciso sair a pescar ninguém, pois meu querido esposo também era espírita sincero e hoje me acompanha no recolhimento da rede que lançamos para colher as almas, como Jesus recomendou aos apóstolos.
Antes de finalizar, devo dizer que toda a família está novamente reunida e pronta para iniciar novas aventuras nos mares revoltos da vida.
Que Deus nos ampare!
Rute.







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O MEDO DO MÉDIUM





Teme o mediador que muito do que vem escrevendo esteja sendo mero reflexo da consciência. Fique, bom amigo, bem tranqüilo, pois, se fosse, nós não iríamos permitir que houvesse qualquer envolvimento da parte dos espíritos interessados em seu desajuste mediúnico.
Para nós é de suma importância mantê-lo desperto para o plano da espiritualidade. Fique, portanto, sossegado quanto à genuinidade das comunicações.
Este breve relato visa também a demonstrar o quanto pode ser perigoso dar ouvidos às desconfianças, qualquer possa ser sua origem. É que, se tudo procedesse da mente do escrevente, é bem provável que desanimasse e deixasse de lado esta tarefa que nos é indispensável.
Houve vários mensageiros que trataram deste tema, mas é importante voltar sempre a ele, para sustentar acesas as chamas da fé, da esperança e da caridade, que é por intermédio deste trabalho que se vão realizando os objetivos cármicos de muitos encarnados.
Aliás, quanto mais dificultosa e problemática a escrita, em havendo esforço e dedicação, maiores serão os méritos dos amigos integrados à mediunidade.
Que esta curta apreciação possa constituir-se em valiosa alavanca a soerguer os ânimos abatidos. Encham-se de alegria, bons amigos, e voltem-se com entusiasmo para a sua obrigação junto ao plano espiritual.
Os espíritos amigos agradecerão o sacrifício e saberão deixar registrados roteiros seguros, para que não se privem em sua jornada de amor.
Fiquem nas mãos de Deus!
Heitor.







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PESQUISA





Em mensagem anterior (Devaneio), deixamos assinalado que fizemos pequeno apanhado junto aos mortais de reações psíquicas em que o fundamento intelecto-sensitivo era a fantasia.
A amiga Rosinha precipitou alguns informes, conclusões próprias, não submetidas ao crivo das observações do mestre nem ao parecer dos colegas.
Hoje, mais serenamente retorno a esta pena para explicar que a turma já se reuniu e chegou a alguns pontos concordantes.
Em primeiro lugar, o grosso dos elementos colhidos apontava para a necessidade de se voltarem os indivíduos para os tesouros recolhidos em seus cofres particulares. Para estes, ficar devaneando significa algo muito importante, ou seja, a afirmação da própria identidade. É como se, ao voltarem-se só para si mesmos, estivessem confirmando a sua existência real, por meio de características que se definem para o ego.
Pessoas que não sonham também têm personalidades definidas através da constância dos elementos que as compõem. Para os que sonham, a fantasia é um desses componentes e, precisamos dizê-lo, não de pouca importância.
Chegamos também à conclusão de que, em tais casos, o sonho acordado não se constitui, propriamente, em um prejuízo para o progresso. Isto só se dará se a qualidade da ilusão estiver carregada de maus elementos.
Perquirimos se as pessoas claramente bem constituídas moralmente, santas ou angelicais, teriam necessidade de se deixarem embalar por quimeras criadas a partir de algum fator inerente às suas personalidades. Foi-nos difícil de responder, pois são poucos os indivíduos que estão em tal caso. Dentre os trezentos investigados, só dois apresentavam seguras características de elevação moral. Nesses casos, a apreciação dos devaneios nos levou a considerar que estavam ligados a projetos de profunda benemerência, havendo idealização só quanto ao objetivo a atingir, o qual se perdia na nebulosidade da aspiração ao bem maior. Quanto aos cordéis que davam movimento aos bonecos da imaginação, prendiam-se todos a seguros informes de caráter psicossocial. Sonho havia, mas rigorosamente vigiado pela realidade.
Eis que cumpro o dever de dar prosseguimento ao tema da outra tarde, para não se dar a entender que temos permissão para projeção de pensamentos sem base doutrinária ou científica. Se somos aprendizes ainda, valha-nos, pelo menos, o conhecimento das normas que pautam o procedimento das turmas.
Graças a Deus!







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OUTRA VEZ A PUBLICAÇÃO





Preocupa-se o escrevente com a forma da escritura. Já lhe reiteramos, por diversas vezes, que não nos importa não vermos publicados os nossos excertos. Vá com calma apanhando os ditados e não se apure com o que lhe parece tedioso, repetitivo ou francamente inferior. Escreva, simplesmente.
Estes discursos bem curtinhos estão recebendo os elogios de muitos companheiros que se julgam felizes por poderem aproximar-se da mesa. Caso exigíssemos deles longas dissertações, tenderiam a relatos pessoais inexpressivos, dado que suas experiências são por demais simples. Eis aí por que não nos preocupam os textos. Baste-nos o exercício da mediunização.
É bom esclarecer que empregamos o termo mediunização com o sentido da transmissão mediúnica do ponto de vista dos espíritos. Refere-se não só à mensagem em si, como também a todas as atividades concernentes à criação de ambiente favorável à comunicação.
Eis informação oportuna, para que não se julgue a equipe pelos méritos ou valores dos que nos precederam.
Valha-nos o Cristo, Nosso Senhor!
Hermínio.







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OUTRA VEZ





Eis-nos de novo diante da obrigação do trabalho psicográfico. Unimo-nos ao médium no sentimento da necessidade de que se cumpra o nosso dever e aproveitamos o ensejo para incentivá-lo a que prossiga intimorato a oferecer-se a nós, no intuito de nos proporcionar o ensejo da aplicação do que vimos aprendendo nas aulas.
É sumamente gratificante saber-se em contacto com os encarnados através de mensagens absolutamente coerentes, porque vigiados de perto pelos instrutores da instituição. Sendo assim, não tememos cometer erros demasiado grosseiros, que induziriam os amigos a desviarem-se do reto raciocinar e do justo proceder.
Além de tudo, há a atenção que o médium coloca nos dizeres que reproduz, de sorte que temos ainda hábil artesão das letras a impedir que o vernáculo descaia, embora pouco possa fazer ao correr da pena. Não faz mal, entretanto, que o resultado final não signifique qualquer ameaça de obra-prima. Basta-nos saber que os pensamentos vão ficando corretamente registrados.
Este pequenino escorço serviu-nos de introdução aos trabalhos do dia, de forma a pôr-nos bem à vontade diante das vibrações que se encontram formalmente sob controle.
O sofredor que assumiu o posto sente-se bem aliviado por ter conseguido superar os receios, o que lhe dará condições de trabalhar sobre o efeito de sua participação, com o objetivo do aperfeiçoamento.
Não há dúvida de que o dia está mostrando-se absolutamente promissor. Vou retirando-me para ensejar aos companheiros a aproximação designada pelos mentores.
Graças a Deus!







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PRIMEIRAS PALAVRAS





Desde que me conheço por gente, esta é a vez primeira que assumo este papel de comunicador. Não tenho experiência alguma e até sinto que há certa dificuldade em controlar as vibrações que insistem em passar ao médium e que nascem no fundo da consciência.
Agradeço a ajuda do amigo e persisto, porque não há nada mais frustrante do que se propor para uma finalidade e se ficar bem aquém dos objetivos. Sei que deveria ter-me preparado melhor para este momento, mas foi-me dito que deveria improvisar, já que é por demais fácil de transmitir ditados prontos.
Por isso, estou tateando no escuro, só levando a pena um pouquinho mais adiante, sem o compromisso de consignar página de mérito. É necessário conhecer o sistema de transmissão, o que envolve aspectos técnicos precisos. Esta feição de improvisação, portanto, é só no que se refere à escrita em si, o que apresenta também objetivo específico, pois cabe ao grupo analisar as reações do médium diante de texto incongruente ou sem finalidade precípua.
Neste aspecto, devemos dizer do nosso susto, mais do que surpresa, pois está o amigo imperturbavelmente lançando os termos no papel, na confiança de que os protetores não permitirão aos discípulos falhar. Mais ainda, crê até ser possível alguma indecisão ou interrupção, pois, justifica, ninguém é perfeito e não seriam meros aluninhos que iriam tornar-se mestres de um momento para outro.
Não havendo idéias preconcebidas, optamos por examinar algumas tendências psíquicas do mediador, para dar curso à transmissão, assegurando-nos de que o restante do trabalho vá realizando-se a contento.
Relendo o que deixamos impresso, até que ficamos satisfeitos, pois parece-nos que certo sentido se deu ao texto. Em última análise, bem pensando, até que algum ensinamento se pode extrair, em função do aperfeiçoamento dos médiuns em início de carreira.
Vamos suspender a nossa parte, pois esgotamos o tempo que nos foi destinado.
Muito obrigado, caro amigo! Fique na paz do Senhor!
Roberto.







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OUTRA





A alegria que vemos estampada no rosto dos que nos precederam indica-nos que não será difícil também para nós a aproximação angustiadamente aguardada.
Se estivéssemos encarnados, seria como o primeiro dia de trabalho ou a prova ou o concurso de ingresso em alguma carreira pública.
É oportunidade que não se renova com facilidade, dada a imensa fila que espera vez. Sabemos que já se revelou a meta do dia, mas é sempre oportuno deixar a pena ir fluindo, devagar que seja, sem interrupções sérias, dado que a corrente fluídica não pode ser rompida, sem graves conseqüências para o fluxo das transmissões.
Estou bem à vontade, apesar de um pouco temerosa de que algo possa vir a perturbar-me emocionalmente.
Outra técnica que estou achando conveniente aplicar é o emprego de palavras bem longas, como advérbios em -mente, ou termos que se possam retirar do aparato lingüístico do médium em seu valor de caráter profissional.
Outro artifício é fazê-lo riscar as palavras, para o que é preciso induzi-lo a erro ou falha caligráfica ou ortográfica, para que nos dê tempo de refletir a respeito do próximo parágrafo ou mesmo período, frase ou oração.
Como estão vendo, é só despertar a recordação técnica do amigo que as palavras jorram, brotando em torrentes.
Vamos suspender temerariamente o influxo energético por alguns segundos, para avaliar da possibilidade da retomada, como se desencaixássemos o fio da tomada, pretendendo, em seguida, voltar a prendê-lo.
Eis que o fizemos por três vezes durante o último parágrafo e ainda cá estamos ativos, deixando a nossa marca no papel.
Ainda bem que temos a dócil compreensão do amigo, que se atreve a desafiar o tempo, perdendo-o conosco, mas seguro de que essa é a missão de que se encarregou.
Fiquem todos com Deus!
Márcia.







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TEMPO DE DURAÇÃO





O escrevente deseja saber se estamos tomando o tempo necessário planejado para estas transmissões, uma vez que julga desperdício privar-se o grupo de seu oferecimento, sendo-lhe mal aproveitada a boa vontade, a disposição e a competência.
Foi um pouco difícil de convencê-lo a redigir o parágrafo acima, já que contém, de certa forma, elogiosas referências à sua personalidade.
Acalme-se o pupilo. Se necessitarmos de extensão maior de tempo, iremos avisá-lo, aproveitando-nos de sua oferta de amor.
O que temos feito tem sido bastante satisfatório, uma vez que a turma vai realizando os tópicos dos exercícios de observação, conforme programação rigorosa do conjunto dos docentes.
É como se passa na escola: muitas vezes o professor gostaria de prender os alunos por mais tempo, mas é obrigado a reconhecer que o fato não traria vantagem alguma para o processo de ensino-aprendizagem, já que o poder de assimilação dos petizes tem naturais limitações.
O que esperamos do amigo é bastante paciência, perseverança e amor, que é como o grupo determinou que fosse o seu nome, para distinguir-se dos demais, identificando-se perante a instituição.
Fiquemos todos por aqui, augurando feliz sucesso aos nossos empreendimentos conjuntos, caso consigamos manter este ritmo de trabalho e este espírito de sacrifício.
Fiquemos todos na paz do Senhor!
Hermínio.




PENSAMENTO



A felicidade é uma pomba solta no ar.







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AVISO





Demos ontem alguns recados a respeito da maneira pela qual estamos a desenrolar os tópicos. Não se deve, pois, preocupar o mediador com a qualidade do produto final da psicografia. Valha-lhe tão-só o trabalho como função da mediunidade.
Este que lhe escreve é o amigo Hermínio, desde algum tempo colocado como orientador deste enorme grupo de aluninhos de primeiríssimas letras. Não há necessidade de caracterizá-los, pois sua obra fala por si.
O que desejamos ver assinalado é o roteiro de cada dia, que inclui observação e desempenho. Parece claro que, neste instante, o grupo está examinando como decorre a transmissão. Daqui a pouco, haveremos de propiciar a alguns o acesso à sua pena. Fique, portanto, bastante tranqüilo que não lhe irá faltar trabalho.
Como vemos que existe certa apreensão quanto ao desenrolar dos acontecimentos, devemos pedir que olhe para trás, na avaliação dos muitos passos dados até aqui. Aí verificará quanto é longo já o caminho percorrido, de sorte que não há de lhe faltar estímulo para prosseguir.
Caso seja necessário, ore sentida prece para reincorporar-se vibratoriamente, de modo a favorecer plena magnetização. A mais não queremos ir, pois nos parece vimos obtendo amplo sucesso nas tarefas que nos foram propostas.
Fique na paz de Deus e na companhia dos amiguinhos!
Felicidades!







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O DIA DE ONTEM





Foi muito especial para o grupo o dia de ontem, que marcou, de modo indelével, a possibilidade plena de perfeito entrosamento dos elementos com o mediador. Ficamos satisfeitíssimos.
O dia de hoje irá prosseguir da mesma forma, sem tirar nem pôr, apenas com a mudança dos membros que irão ocupar o posto de transmissão.
Este que está desenvolvendo esta página é dos mais simples e pretende deixar só este pequeno apanhado de anotações. Não fique, amigo, preocupado com a repetição dos dizeres, palavras, expressões e frases, pois o objetivo continua a dar aos alunos a oportunidade de sentir as facilidades e dificuldades relativas ao trabalho.
Pedimos, inclusive, para que anote as nossas vibrações, com maior vagar, para não termos de sair correndo atrás do mediador. Vá com mais calma, prestando redobrada atenção no que temos para transmitir.
Assim está muito bem. É claro que nem sempre haverá necessidade de pequenos titubeios, pois sempre teremos recursos para providenciar o termo mais próximo, no momento oportuno. Acontece, porém, que haverá instantes em que o tema vai exigir certa reflexão, bem ainda a frase, como concatenação lógica e lingüística. Nesses casos, aguarde um pequeno lapso de tempo, até que nos decidamos pela melhor solução.
Como se pode observar, não nos apertamos com as sugestões metodológicas. Basta predispor-se com boa vontade que o texto irá refletir, com bastante precisão, tudo aquilo que desejamos.
Duas idéias vieram à mente do médium:
1a.) O exercício é excelente para que os mediadores se eximam de responsabilidade, quanto ao apanhado dos ditados e a seus conteúdos.
2a.) O treinamento pode ajudar em muito a que os serviços vão adquirindo segurança, principalmente no que respeita ao aguardo natural da seqüência dos trechos interrompidos, quer por precipitação do comunicador, que depositou vibrações em excesso no cérebro do recebedor, forçando ao esquecimento, quer por natural precariedade cultural do médium, desde que se trate de terminologia estranha ao seu acervo vocabular.
Evidentemente, as idéias acima desenvolvidas não se originaram da mente do escrevente, mas foram ali depositadas por nós mesmos, interessados que estamos em estudar as reações psíquicas relativas à psicografia.
Fomos um pouco além do que havíamos previsto, mas incentivados pelo entusiasmo dos parceiros, que desejavam ver como é que, tecnicamente, se compõem os diversos elementos colocados em jogo, segundo os estímulos sejam mais ou menos positivos.
Não vamos adiantar outras informações. Se for do interesse dos mestres, poderão eles levar avante este tipo de mensagem.
Muito agradecidos!
Fique o amigo nas mãos do Senhor!







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APROVEITAMENTO DE IMPULSOS





O amigo médium suspeitou de que o conjunto destas apreciações possa, ao final, conter elementos preciosos para a confecção de apanhado de aspectos inéditos do campo do mediunismo, a ponto de se poder organizar algo publicável.
Sentimos ter de lhe frustrar a expectativa, pois o nível desta equipe é bem elementar, de modo que até a nomenclatura dos diferentes fenômenos mediúnicos e do instrumental colocado a nossa disposição ainda ignoramos. Aliás, vamos aprendendo aos poucos, uma vez que não temos desenvoltura suficiente para assimilações instantâneas. De resto, até muito do que estamos deixando escrito vai sendo obtido, com certo esforço, dentre o que a cultura do escrevente nos proporciona.
Dada a facilidade com que é ele capaz de perceber os mínimos gestos intelectuais, se assim podemos dizer que sejam os nossos mecanismos de pensamento e de sentimento, é que, muitas vezes, conseguimos deixar elaboradas frases inteiras com sentido formal, ou seja, sujeitos e predicados a se interligarem segundo os padrões semânticos dos significantes. Vejam que até terminologia bastante técnica conseguimos pôr à mostra, embora nenhum de nós seja sequer professor de línguas ou estudioso das letras.
Essa é complexidade que irá ter de ficar, forçosamente, velada, pois nem nós mesmos seríamos capazes de inventariar todos os mecanismos colocados em movimento para se obter tal resultado. É que o mediador facilita sobremaneira o nosso desempenho, integrando-nos em seu próprio universo cultural. Não fora isso e não seria possível o nosso exercício.
Muito obrigado, bom amigo! Veja que nos fez dirigir-nos a fictícia assembléia, como se a sua intuição inicial tivesse alguma razão de ser. Não se iluda, contudo, pois o que estamos a redigir é, a um tempo, hermético e absolutamente simplório. Não se deixe levar pelas ilusões vocabulares nem pelo brilho de certa intelectualidade subjacente. O resultado é frouxo e nada significativo.
Fique em paz, nas mãos do Pai!




PENSAMENTO



O amor é a força que movimenta o Universo.

Se há quem não sinta assim, dando vazão ao ódio e caterva de maus pendores, é por ausência que raciocina e sente. O amor é a força que dá sentido a tudo, na presença e na ausência.
Hoje a idéia em resumo não avultou, da mesma forma que ontem. Na verdade, falar de felicidade, pomba solta no ar, é bem mais fácil do que colocar o amor preso em gaiola de ouro, principalmente depois que Jesus resumiu toda a lei e os profetas.
Sinta assim, prezado amigo, e deixe o mais por conta dos acontecimentos.
Graças a Deus!







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O OURIVES





Quem trabalha com ouro recebe o nome de ourives. E quem trabalha oferecendo os préstimos ao companheiro em dificuldades denomina-se socorrista. Há entre ambos enormes afinidades, porque os materiais sobre que exercem a atividade são sobremodo nobres.
Ontem, aqui estivemos demonstrando interesse em demonstrar que estávamos adquirindo conhecimentos e habilidades no trato com a mediunização. É o aparato técnico necessário para que sejamos capazes de dar prosseguimento aos estudos. Da mesma forma age o joalheiro, quando busca conhecer a natureza e as características dos metais com que trabalha.
Mas o objetivo final deste aprendizado é tornarmo-nos úteis ao grupo ao qual pertencemos, não como instituição formada por espíritos com algum desenvolvimento, mas como minúscula parcela do conjunto das criaturas de Deus.
Havemos de registrar, por força da novidade, que estamos solicitando a letra de forma para experimentação gráfica, em função da influência que a caligrafia possa exercer sobre a comunicação ou sobre o desempenho de cada um dos elementos envolvidos nas tarefas.
A primeira importante conclusão refere-se à maior possibilidade que se tem de elaboração lingüística, dado que a velocidade da escrita diminui acentuadamente. Mas tal vantagem perde um pouco da expressividade, quando percebemos que a mão do escrevente, desacostumada ao ritmo, vai ficando dolorida, a ponto de preocupá-lo indevidamente.
No mais, tudo transcorre normalmente, sem ganhos substanciais ou perdas de monta.
Quisemos tentar outra formulação quanto aos aspectos exteriores, mas somos obrigados a reconhecer que tal método só deverá ser aplicado em circunstâncias especiais, quando houver necessidade de maior precisão na reprodução das idéias ou das palavras, ou seja, em textos de evidente superior inspiração, ou no caso das sílabas contadas da poesia.
Vamos despedindo-nos, agradecidos pela aquiescência e boa vontade do médium.
Graças a Deus!




Comentário



Realmente, o amigo exerceu as funções de ourives no último encarne. Não satisfeito com as garatujas resultantes da comum escrituração do mediador, achou que algo poderia ser melhor aproveitado, se se trocasse o cursivo pela letra de imprensa.
Foi sábio o suficiente para não antecipar conclusões e humilde por reconhecer que pouco adiantou a experiência.
Era o que nos cabia informar.
Hermínio.







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PEDIDO DE DESCULPAS





Muitas vezes, as pessoas pensam que estão praticando algum ato censurável, do ponto de vista espiritual, e rogam aos irmãos do etéreo relevem a presumida intemperança. Esqueceram-se de que estão a transferir padrões de comportamentos terrenos para o relacionamento mais lúcido e puro do plano da espiritualidade.
Nós não estranhamos o fato, mas alertamos para possíveis deslizes que possam conter-se em afagos intelecto-sentimentais, na tentativa de tornar os seres mais afáveis e cordatos, tendo em vista simples postura física no trato.
O que nos importa, de fato, é a convicção, a serenidade e o verdadeiro amor que conduzem as ações. Pode até haver certa indiscrição, pode ter deixado de existir atenção, pode ter ocorrido que algo tenha sido esquecido ou mal interpretado. Não importa. O que interessa é que a pessoa esteja com o coração isento de malícia, no sentido de pôr-se realmente à disposição dos amigos, mesmo que dos encarnados.
É claro que estes são mais suscetíveis de magoarem-se por falta de certas sutilezas de tratamento, como seria o caso de uma falta de título antes do nome.
Tal, porém, não ocorre entre os desencarnados interessados em propiciar oportunidades de progresso aos protegidos. Mesmo que haja flagrante indisposição e até certa má vontade resultantes de condições físicas adversas, é-nos preferível que haja sinceridade a que seja camuflada a verdadeira condição da entidade. Um espera um pouco pode soar melhor para nós do que mavioso queira, por gentileza, aguardar um instante, desde que se relacionem os indivíduos de peito aberto.
Pensamos não estar trazendo novidade alguma, no entanto, o que notamos, muitas vezes, são gestos de profundo respeito dos humanos para com os espíritos, quando o desejo é de correr para casa, para ficar à vontade, vendo televisão, lendo o jornal e, até mesmo, dormindo.
São pequenos deslizes que se tornam grandes empecilhos, quando se desperta para a verdade íntima, ao retorno ao plano da espiritualidade.
Para tudo havemos de seguir as reais tendências do coração. Se formos grosseiros e mal educados, saibamos reconhecê-lo e esforcemo-nos por corrigir-nos. Não queiramos, jamais, passar por quem não somos, pois isso criará só péssimos hábitos, difíceis de desarraigar.
Erramos. Reconheçamos o erro. Evitemos repeti-lo. Solicitemos ajuda. Eis tudo o que se requer dos seres que habitam a crosta, já que ninguém é perfeito.
Fiquemos todos nas mãos do Senhor!







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A QUEM INTERESSAR POSSA





Os nossos escritos não têm endereço certo. Ao chegarmos para junto do médium, interessa-nos deixar registrada pequena página de exercício doutrinário, sem visar a quem quer que seja. Por isso, andamos de bem com todo mundo que sabe o que se passa com este grupo.
Outras turmas falaram a respeito de médiuns, de sacerdotes, de funcionários públicos, de membros do comércio, da indústria e da agricultura, da política, de profissionais liberais et alii. Nós, simplesmente, vamos colocando pontos que julgamos de importância, principalmente porque ferem objetivos nossos pessoais.
Assim, interessam a nós e podem servir para mais alguém. Não se deve, em momento algum, julgar que existe alguma pessoa na mira de nossa arma. Fiquem todos bastante sossegados quanto a isso, quer membros noviços da equipe, quer o escriturário, quer as demais pessoas que venham a ler estas tão mal apanhadas páginas. Estejamos todos bastante tranqüilos e rezemos para que se faça, dentro de nós, a legítima compreensão dos dizeres. Assim é que se vai, aos poucos, adquirindo conhecimento e sabedoria.
Outra seria a postura se houvesse quem desejasse orientação específica. Aí iríamos referir-nos a problemas particulares, o que nos obrigaria a recomendar que as observações se resguardassem, principalmente através da psicofonia, sem a presença de qualquer gravador eletrônico. Caso utilizássemos a psicografia, daríamos o texto ao interessado, para que o levasse para casa e o guardasse em segurança, pois não iríamos expor nenhum amigo à curiosidade pública.
Cabe resguardar as manifestações dos sofredores em vias de evangelização ou doutrinação. É que nem sempre se colocam concordes com a divulgação das manifestações. De resto, não são poucos os que nos proíbem de divulgá-las, o que ninguém fica sabendo, pois nenhum indício deixamos transparecer das informações. Isto faz parte da ética do socorrismo e qualquer indiscrição alijaria o elemento do grupo a que presta ajuda.
Eis a quanto nos leva o cuidado para não sermos mal interpretados, quando nós mesmos procuramos relevar qualquer agressão de que somos alvo constantemente, dada a posição de vanguardeiros do auxílio.
Graças a Deus!




PENSAMENTO



Haverá lucro quando também há danos?

Eis pequena jóia que colocamos à reflexão dos amigos. O mais justo seria não considerar a questão como definitiva, mas torná-la tema, título ou assunto de longa exposição didática a respeito dos deveres a que obriga o espírito de justiça.
Em todo caso, valha-nos o aspecto espiritual da observação, já que, do ponto de vista material, a questão pode até merecer controvérsia. Pensemos nos termos do Cristo e ajamos segunda sua orientação.
Graças a Deus!







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LIGEIRAS PALAVRAS





Muito pouco tenho a desenvolver neste momento de sagrado recolhimento espiritual. Desejaria poder mais, tendo em vista estar recebendo o influxo energético de seres mais adiantados, a quem cabe propiciar aos aluninhos da escola tal oportunidade. Mas estou presa a limites muito precisos, pois inventar não desejo qualquer conceito cuja exposição venha a lamentar.
Por isso, vou tão-só recomendar aos amigos que ajam segundo os preceitos de Jesus, quais sejam o amor a Deus e a benquerença aos homens, mesmo que, presentemente, possam parecer inimigos irreconciliáveis.
Muito pobre sou para afirmar que eu mesma empregue na existência a palavra que repeti. É que temo não ter força para me fazer compreendida, já que muito peregrinei na vida sem sucesso.
Para não estender por demais este testemunho de dor, vou ficando por aqui, recomendando que se façam preces pelos amigos da espiritualidade que não têm luz sequer para entender os objetivos do Senhor, ao lhes dar a possibilidade da vida e da existência.
Fiquemos todos nas mãos de Deus!
Isaura.







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POBRES IRMÃOS





A irmãzinha Isaura nos afirmou que existem seres tão infelizes que são incapazes de compreender até a própria existência como fruto do amor divino.
Nós estamos aptos a ampliar tal assertiva, dizendo que também entre os encarnados são muitos os que vagueiam na negritude das consciências, cegos para a poderosa luz do Senhor.
Quanto gostaríamos de poder deixar registrado que há esperanças de breve percepção da verdade! No entanto, pela própria experiência, bem sabemos quantos séculos e até milênios serão necessários para o mínimo desenvolvimento de alguns indivíduos totalmente mergulhados nas sombras.
Graças a Deus, há socorristas em ambos os planos, de forma a encurtar o caminho da compreensão, embora sejam inócuas suas palavras para muitos dos irmãos que gostariam de ver acompanhá-los nas peregrinações. O que mais aborrece a estes irmãos em sua luta sem proveito é o fato de terem de deixar os amigos para trás, pois impedidos estão de se recusarem ao progresso.
Vemos muitos descerem ao báratro em tentativas muitas vezes frustras, para resgatarem parentes e companheiros que se deixaram perder pelos descaminhos dos vícios e dos crimes.
Este texto é tão singelo como o da irmã, pois visa o treinamento a aperfeiçoar-nos no trabalho mediúnico, no aprendizado das técnicas de imantação.
Fique, portanto, tranqüilo, caro instrumento, que estamos obtendo preciosos informes, para que possamos vir a ser graduados nesta matéria.
Fique na paz de Deus!
Eduardo.







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PESADELO NECESSÁRIO





Para muitos de nós, o momento de nos colocarmos ao lado do médium constitui-se em verdadeiro tormento, pois não nos sentimos seguros para desenvolver algo tão importante como seja o contacto com os viventes.
Decorre tal temor das belíssimas leituras que acompanhamos de mensagens escritas com profundo conhecimento temático, através de eficiente manejo idiomático.
Quanto a mim, estou admirando-me deveras dos recursos que estão sendo postos à disposição, de molde que o segundo fator de meu receio está absolutamente superado. Até mesmo tenho recebido informes precisos a respeito dos vocábulos, dando ao texto bastante clareza e alguma elegância.
Entretanto, nada mais fácil de discorrer a respeito do que vem acontecendo no momento mesmo da transmissão, desde que se tenha algum equilíbrio intelectual e emocional.
Eis, portanto, que o fator primordial, bem ou mal, vai conduzindo o escrito para o ponto limite que foi determinado em extensão, o que vai permitindo a este pobre escrivão divisar, para dentro de alguns instantes, o momento de se ver desvencilhado da obrigação.
Devo, apesar de tudo, dizer que me considero vitorioso, pois senti que o trabalho só necessita de colaboração de grupo coeso interessado em auxiliar as pessoas, o que não é difícil de encontrar entre os irmãos matriculados na Escolinha. Se me dedicar com afinco aos cursos, não haverá de faltar outra oportunidade, para pronunciamento mais substancioso.
Grato estou a todos e desejo-lhes muitas felicidades nos empreendimentos!
Cláudio.







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REFLEXÕES





Hermínio pede a palavra para, de novo, ressaltar o fato de que os aluninhos são novatos, aprendizes dos primeiros tópicos, embora com a importante missão de, inclusive, treinarem o médium, em formas mais simples de ditado.
Fique, pois, querido amigo, sem prevenções de qualquer ordem, sempre pronto para o registro das variantes mais humildes das manifestações. Não abra demais as possibilidades frásicas ou terminológicas aos irmãozinhos, senão vão ter a falsa impressão de que o aprendizado esteja completo.
Aguarde, pacientemente, que a palavra lhe venha ao encontro, não se afastando com tanta rapidez para o desenvolvimento da mensagem.
Os escritos de hoje poderiam ter oferecido algumas dificuldades, entretanto, os irmãozinhos ficaram imensamente felizes com as produções. Não se esqueça de que agora, de certa forma, você também está em situação de professor.
Obrigado!







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RESGATE





Não leve a mal a intervenção do orientador nem deixe de atendê-lo. Lembre-se de que o fato de escrever rapidamente não quer significar necessariamente que esteja facilitando por demais as coisas para o comunicador. Você poderá redigir com o máximo de vigor, sem, contudo, propiciar muitas opções para a escrita.
Neste meu caso, não tenho grande desenvolvimento intelectual nem possuo vocabulário muito extenso. Do jeito que está sendo escrita a mensagem, parece-me satisfatório, já que as variantes que me estão sendo apresentadas constam do meu repertório.
Lancei o tema do resgate, pois pareceu-me útil vir em socorro do irmãozinho, já que podia ele estar inseguro quanto às orientações ministradas pelo orientador, que acumula as funções de guardião do escrevente.
Estou felicíssimo em poder deixar impressa esta comunicação, já que estou desempenhando a contento o papel que me foi recomendado pelos professores. Sinto alguma dificuldade, mas nada surpreendente. Se também eu tive aquele pesadelo mortal, prévio ao dia da mediunização, agora estou com muita serenidade, deixando minhas vibrações conduzirem o braço solícito do irmão médium.
Coisa estranha esta de vir à presença dos encarnados sem ter nada de grandemente útil para eles. Seria desperdício, se não fora a perspectiva de se poder aproveitar deste exercício, como forma de aprendizado a ser aplicado futuramente com outros propósitos.
Este que está a terminar de escrever, chama-se Gustavo e possui bem desenvolvida a capacidade de autocrítica, para saber que está na hora de parar.
Fiquemos todos nas mãos do Senhor!







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A HORA DE PARAR





Pode parecer ao amigo que pouco tempo dedicamos a estes testes de mediunização. Será assim, se considerarmos tão-só o aspecto das comunicações. Ocorre, porém, que todo o período de preparação e todo o de crítica do resultado dos sermões deve ser computado como aula, o que estende o período para muito além desta pequenina hora de imantação.
Por outro lado, não se pode esquecer de que os demais companheiros, mesmo que não escrevam diretamente através do braço do médium, também estão aprendendo a desempenhar papéis importantes, para se configurar o momento mediúnico, além de perceberem, através do contacto que exercem nos cérebros do comunicante e do recebedor, todos os movimentos que se realizam durante a escrita.
São meios que temos de aprender, sem onerar demais o professor encarnado.
Para encerrar, devo dizer que a maneira pela qual foi atendida a recomendação do instrutor e amigo Hermínio foi perfeita, de modo que os que se manifestaram depois podem dizer que tiveram as reais condições de suas possibilidades postas à mostra.
Fiquemos por aqui, nesta tarde tristonha de maio, enquanto alguns pingos ainda umedecem o solo.
No aguardo de outra feliz oportunidade no dia de amanhã, despedimo-nos, solicitando permissão para um último desenvolvimento.
Graças a Deus!




PENSAMENTO



Não se deve esperar muito deste tipo de mensagem. Resumir, em poucas palavras, expressões filosóficas de alto teor moral é dificílimo. Preferiríamos até que o amigo esquecesse este atrevimento, pois o mal que o homem tem dentro de si pode levá-lo a supor que nem tudo sejam flores no etéreo, mesmo junto aos espíritos mais desenvolvidos da Escolinha. Haveremos, contudo, de sempre ter de contrariá-lo, pois os nossos maiores se situam em patamares bastante elevados da evolução, já que sabem que

sem dor, o resgate pode não efetuar-se,

o que prejudicaria sobremodo o trabalho socorrista.
Fiquemos, assim, resumidos a estas poucas expressões, desejando, carinhosamente, que o leitor possível destes atrevimentos possa estender-se mais proficientemente a respeito da verdade da existência.
Quedem-se todos nas mãos do Pai!







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PEQUENOS AVISOS





Se nos atrevêssemos a exaltar as lições que devem presidir ao conhecimento dos encarnados, reproduziríamos in totum os ensinos de Jesus. No entanto, é preciso que tenhamos diante de nós que é tarefa dos socorristas, além de prestar auxílio especializado, atendendo os enfermos em suas afecções, também exortar os encarnados à prática das virtudes evangélicas.
Assim, para textos de treinamento, curtos como devem ser, poucas evocações são suficientes para o cumprimento dessa obrigação fundamental. É por isso que insistimos no aspecto do amor e da caridade, na prática da justiça, no desprendimento dos bens materiais, no abandono dos hábitos perversos que implicam na desobediência dos princípios cármicos e assim por diante.
Toda vez, entretanto, que os humanos apanham páginas que sabem psicografadas, vão em busca do inusitado, do surpreendente, do incomum, do fantástico, do fantasmagórico, do sobrenatural.
Nada há, contudo, de mais simples do que um bom conselho que vise a orientar os amigos encarnados. Basta que se deseje, do fundo do coração, que venham a aperfeiçoar as boas qualidades de que estão revestidos. Mas isto, quase sempre, é rejeitado por simplório e inconseqüente, uma vez que não induz a sérias reflexões capazes de incentivar alterações profundas de conduta. Quase diríamos que a maioria sai atrás de complexidades que reafirmam seus pontos de vista a respeito das teses espirituais. É quase como a confirmação do eu, a fixar o orgulho e o amor-próprio, sem possibilidade de abalos regeneradores.
Fiquemos por aqui, pois nossa pregação perfaz exatamente as diretrizes da Escolinha, embora fique bem afastada das premissas estipuladas pelos mortais.
Oremos para que se faça a luz para todos, até mesmo para quantos não suspeitam de fraudes mediúnicas e têm convicção firmada da necessidade de melhoria.
Fiquemos todos nas sábias mãos do Senhor!
Carmela.







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OTIMISMO





Quis a prezadíssima irmã Carmela deixar assinalado que os homens, em geral, são difíceis de se convencerem da genuinidade das comunicações mediúnicas, motivo pelo qual não se envolvem pelas sábias palavras que se contêm nos conselhos de caráter genérico.
Tal colocação pode deixar transparecer certo pessimismo relativamente aos frutos do trabalho socorrista, tal qual se promove em sessões do tipo desta, em que as comunicações não têm o condão de despertar individualmente as pessoas, por apresentarem tópicos de doutrina e de moralidade que qualquer indivíduo mediano, encarnado ou não, é bem capaz de produzir sem esforço.
Mas a sensação pessimista se dilui, quando nos lembramos do fato de que não está havendo interesse maior na produção de textos publicáveis, havendo, ao contrário, o intuito de se servir do médium para treinamentos técnicos.
Nós mesmos não iremos determinar diretrizes absolutamente otimistas no que concerne aos encarnados, pois respeitamos a opinião da querida irmãzinha, a qual referendamos, com a ressalva de que, um dia ou outro, todos irão forçosamente ter de passar pelo crivo da sabedoria, do conhecimento e da compreensão, momento em que irão recordar-se dos sentimentos que tiveram relativamente aos textos acima referidos, quando, por certo, terão do que se lamentar.
Eis que até mesmo os mais renitentes perseguidores dos ideais espíritas deverão converter-se à doutrina, se quiserem fazer jus ao reino do Senhor.
Resta uma pergunta que nos irá preocupar deveras: que doutrina é essa? É a que se encontra desenvolvida nas obras de Kardec? Não haverá nada superior por esta vastidão do universo?
Difícil de responder para quem tem muito limitados atributos e sabedoria. Presumivelmente, as teses espíritas codificadas por Kardec sejam bem elementares, diante da perfeição, mas, indubitavelmente, sem a exata compreensão de seus conceitos, não há passar para a fase seguinte, a não ser que a pessoa seja absolutamente fiel aos princípios de Jesus. Aí os atos se fundamentarão na verdade e o indivíduo poderá aspirar a crescer em conhecimentos, quando será convidado a subir na escala evolutiva. Tais seres, no entanto, estarão mais aptos a responder do que a perguntar, de forma que, para eles, o problema não se põe.
Este desenvolvimento serviu-nos para demonstrar que, se os homens não prestam atenção nos dizeres mediúnicos, é porque são atrasados e ignorantes, necessitando caminhar muito para atingir o ponto evolutivo dos que mereceram o apanágio de se sentirem perto dos espíritos superiores. Oremos para que se faça a luz para todos.
Graças a Deus!
Rômulo.







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NA MESMA TECLA





O irmão Rômulo não nos pareceu nem otimista, como quis sugerir, nem pessimista, mas profundamente realista. Não teríamos nada a criticar, pois não nos pareceu ter sido falacioso nem malicioso. Apenas utilizou-se de expressão pouco adequada.
No mais, é verdadeira a posição de ambos os que me antecederam, pois não só os humanos não querem ver as verdades que se contêm nestas pobres mensagens, como ainda se recusam a aceitar as obras-primas compostas por espíritos muito mais evoluídos e capazes, cujas manifestações se acham publicadas e divulgadas.
Certo é que terão de reformular sua posição mais cedo ou mais tarde. O que nos deixa contentes é saber que o campo para aplicação de nossos estudos está cada vez mais aberto, pois são inúmeras as criaturas que se deixam envolver pela sabedoria espiritual. Ignorar esse avanço talvez signifique apenas o reconhecimento de algumas tentativas frustradas dos irmãos, ansiados por ver frutificar o seu labor.
Não tenhamos pressa, amigos, pois há época certa para a floração e para a intumescência e para a maturação. A colheita há de se dar, temos a certeza, e aí poderemos rejubilar-nos no regaço do Senhor.
Fiquemos, agora, todos nas mãos de Deus, orando fervorosos pelo progresso da humanidade.
Agenor.







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ORIENTAÇÕES





Como deve ter ficado claro, os textos não estão sendo previamente preparados, embora alguns tenham treinado para discorrer a respeito de certos assuntos de difícil desenvolvimento, especialmente porque dentro das perspectivas culturais à flor da pele do mediador.
Se for preciso ir adiante por solicitação dos instrutores, fica fácil de se elaborarem novos períodos ao influxo dos estímulos que são aplicados para que se cumpra aquele objetivo, segundo circunstâncias a serem esclarecidas na hora.
Este tópico, por exemplo, está sendo transmitido de última hora, de forma a deixar o transmissor praticamente sozinho, devendo organizar a frase conforme impulsos que vai emitindo tão-só no instante da escrita, com a finalidade de evitar-se contribuição anímica do médium.
Como sempre, ficamos satisfeitos com o desempenho do irmãozinho, quando se põe à vontade para escrever de última hora, como se recebesse simplesmente ditado em língua estrangeira, para a qual está apto a grafar os termos, sem, contudo, ter a possibilidade de decifrar os significados.
É ótimo que assim ocorra, pois estamos a pique de conseguir absoluto mecanismo automatizado. O que prejudica um pouco é a ânsia do mediador de constatar, a posteriori, o que vem sendo assinalado como coerente e conseqüente.
É estimulante condição mediúnica para a qual muito poucos estão preparados. Esperamos obter do irmão aquiescência para prosseguirmos neste mesmo sentido durante algum tempo, apesar de certa insegurança e preocupação.
Vamos retirar-nos, advertindo-o para que se deixe conduzir com o braço bem leve, o que tornará essa tarefa ainda mais fácil.
Fique com Deus!
Ovídio (instrutor).




PENSAMENTO



Os homens que se julgam superiores só têm certeza da superioridade, após observarem a inferioridade dos outros. Não haverá aí certa presunção, uma vez que é impossível chegar-se a resultados positivos em relação à maioria? Não haverá pessoas que se diminuem perante a sociedade, por se julgarem menores do que realmente são?
Eis dois pontos de vista conflitantes, segundo o arcabouço psíquico de cada um. Não se justifica nem a primeira hipótese, nem a segunda, já que todos os homens, perante o Pai, têm o mesmo grandioso valor.

Diante de Deus, todos somos iguais.

Não se espante o irmãozinho se os pensamentos não são novos nem originais. O que é importante já foi dito antes. Leia os Evangelhos.







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BONS AMIGOS





Temos vários companheiros que exercem o sacratíssimo dever do socorrismo. Sempre que algo nos põe em cheque, recorremos a eles para esclarecimentos oportunos.
Sentimos perceber que muitos encarnados não aceitam a presença espiritual como fonte de sublimes inspirações e estranhamos muito que grande parte é bem capaz de ver em seus malfeitos a contribuição de seres maldosos, aos quais têm o hábito de denominarem de demônios, maus gênios ou seres de baixo astral.
É perfeitamente plausível que os amigos da espiritualidade possam atuar junto aos encarnados, bastando, para isso, que se atenham a aceitar-lhes a influenciação, de coração puro. Talvez seja tal condição a maior dificuldade a ser enfrentada e superada.
O desespero é mau conselheiro, mas é nos momentos de angústia que as pessoas se lembram de recorrer aos bons amigos do etéreo, quase sempre depois de terem estridulantemente vergastado a divina justiça.
Temos pouca preponderância moral para nós mesmos recriminarmos os mortais, mas é de causar dó a iniciativa em tão desagradável estado espiritual ou vibratório. Em lugar de atrair os que poderiam atender beneficamente, apenas incentivam a participação dos pobres infelizes que estão nas trevas, ignorantes das virtudes e do bem.
Sejamos práticos na conceituação dos seres que se situam à nossa volta. Para isso, há a necessidade de nos estimularmos ao bem em todos os atos e pensamentos. É difícil para quem não se habituou a ceder aos impulsos benemerentes do coração, mas não há avançar no aprimoramento das qualidades, sem que tenhamos passado por essa fase de aprendizagem.
Recolhamo-nos ao nosso posto de atendimento e aguardemos que as pessoas se encaminhem até nós pelos próprios pés. Assim, teremos a certeza de que os nossos préstimos terão algum valor.
Fiquemos todos nas mãos de Deus!
Isaura.







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RECADO DA MAMÃE





D. Ítala encontra-se entre os jovens alunos desta turma. Está aprendendo muito com o desenvolvimento das aulas, mas não deseja ocupar o pulso firme do filho, para deixar mensagem de amor.
Estamos reproduzindo-lhe os dizeres, sentindo-se imensamente feliz por terem os filhos a lembrança desta data, tão importante para a constituição da família que proporcionou o encarne de três maravilhosas criaturas (aniversário das bodas dos progenitores do médium).
Esteja, querido filho, na paz de Deus e rogue aos espíritos guardiães que nunca desfaleçam no atendimento aos netos e demais familiares.
Graças a Deus!







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OUTRO RECADO IMPORTANTE





Juntou-se ao grupo, recentemente, o caro irmão Jaime, seu prestigioso e amado sogro. Ainda não totalmente refeito da crise do trespasse, já consegue acompanhar com proficiência as aulas da Escolinha. É de interesse assinalar, segundo nos recomenda, que manifestou o desejo de integrar-se a esta instituição, dado que os filhos estão intimamente ligados ao grupo.
O Senhor Jaime, conforme prefere registrar o médium, envia forte abraço a todos e diz que já é capaz de acompanhar os familiares em suas aventuras. Diz que ficaria imensamente feliz se fosse evocado para trazer conforto espiritual a cada um dos parentes, especialmente quando se tratar de se tomarem importantes decisões a respeito dos bens que deixou. É que lhe parece essencial inspirar os corações, com bastante amor, e a inteligência, com bastante compreensão das recomendações do Cristo—Jesus.
Vai demorar para que possa assumir o posto de mediunizador, a fim de trazer, ele próprio, sua comunicação, mas estará disposto a fazê-lo, caso necessário, já que tem a assistência dos diversos parentes acostumados com o convívio espiritual.
Interpretando o que desejou expressar, queremos enfatizar o fato de que gostaria de participar dos trabalhos de alguma mesa em que pudesse deixar, de viva voz, o seu recado. Sabemos que se trata de aspiração legítima, mas tememos que não seja possível tão logo. Deixemos para que os guias familiares decidam.
Antes de encerrar, o pai extremoso envia forte abraço aos filhos, saudoso dos tempos da Espanha.
Não queremos deixar descair mais a freqüência emocional, de sorte que iremos suspender a transmissão desta notícia, já que o amigo está por demais sensibilizado.
Graças a Deus!
Hermínio.




PENSAMENTO



Neste dia, experimentamos trazer o elemento emocional, para avaliar a condução da freqüência em situação de desequilíbrio ou de desarranjo da parte do instrumento.
Não precisaríamos esclarecer o ponto, já que o médium é bastante experiente para bem compreender o que se passou. Contudo, julgamos conveniente oferecer-lhe a explicação, para que se recomponha e se ofereça para dar continuidade aos trabalhos.

O amor une os seres e lhes dá condições de integração.

Fique-nos a frase como advertência para os momentos em que nos sentirmos inseguros, quando deveremos recorrer ao valor da amizade para a superação dos males.







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LIGEIRA EXPLICAÇÃO





Percebeu o amigo que o tema do dia foi o amor entre os seres que se relacionam no mesmo ou em ambos os planos.
Percebeu mais: que a cada dia as diversas mensagens versam sobre um mesmo assunto, a fim de que vários pontos de vista possam ser expendidos.
Novamente recomendamos que se deixe o amigo envolver pelas vibrações do plano espiritual, impedindo-se de colaborar abusivamente. Excepcionalmente, hoje, dado o envolvimento pessoal, bem compreendemos que a participação era quase de obrigação. Contudo, não se deixe levar por pressupostos anímicos ou de mistificação.
O plano do grupo foi favorecer, realmente, a condição especial, para o que obtivemos a aquiescência dos mentores e a nobre permissão dos parentes. Tínhamos até programado outras manifestações no mesmo sentido, mas resolvemos que o que se fez é suficiente.
Volte para as tarefas quotidianas, pois estamos saturados de observações para discutir e avaliar, o que nos preencherá todas as horas restantes do dia.
Recomendamos as preces de encerramento e o costumeiro descanso, para que fluidifiquemos a água e lhe restabeleçamos o magnetismo.
Fique na paz de Deus!
Hermínio.







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UM POUCO DE LUZ E DE AMOR





Consolar os sofredores nada mais significa senão proporcionar-lhes um pouco de luz e de amor. Muitas vezes, encontramos pessoas desiludidas, pela perda de algum bem valioso, do emprego e até de parentes e amigos. Aí notamos sua infelicidade e nos perguntamos se seria lícito oferecer apoio, já que temos a impressão de que as desgraças contagiam, por força de recebermos as péssimas vibrações de que são portadoras tais criaturas.
Outras vezes, a lamentação cede lugar a mero tormento íntimo, pela falta que se sente do objeto ou da pessoa, ou pela ânsia de se perceber que o futuro promete ser dificultoso e amargo. Se for assim, a pessoa não emite péssimos fluidos, mas, simplesmente, se entristece e se atemoriza com o que mais possa ocorrer-lhe. Aí nós nos sentimos mais aptos para prestar ajuda, crentes de que a contribuição vá oferecer forças morais para se vencerem as vicissitudes.
Há, ainda, quem perca tudo o que possui e, mesmo assim, consegue soerguer os que se debatem na mesma dor, dispondo-se a recomeçar do nada, até mesmo com a esperança de transformar a desgraça em algo útil para seu progresso e de seus companheiros.
Como costuma reagir o bom amigo diante dos infortúnios?
Eis que oferecemos três tipos de reações. Havemos de afirmar, contudo, que só o último corresponde à real necessidade espiritual, não havendo quem se alce a patamares superiores, sem haver compreendido e executado da mesma forma.
Quanto a nós, não estamos, atualmente, perpassando por qualquer fase de agudo sofrimento, mas já experimentamos a dor em diversas situações. Podemos, categoricamente, afirmar que só nos foi possível freqüentar as aulas desta Escolinha, depois de nos termos formado no trato das defecções físicas e morais, com muito apoio dos irmãos que compreenderam, antes de nós, tal necessidade.
Seja qual for, bom amigo, a sua condição, não se afaste jamais das diretrizes evangélicas, fundamentando os atos nas categorias do amor, da justiça, da caridade, da fé e da esperança, elementos essenciais para se enfrentar qualquer situação de inferioridade.
Finalmente, ore muito para que os amigos da espiritualidade se apresentem com os fluidos mais adequados para lhe darem condições de enfrentamento da dor.
Fique na paz de Deus!
Olavo







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LUZ E AMOR





O bom parceiro Olavo consignou seu depoimento, esquecido de que, nas trevas da ignorância, é bem difícil o ser humano sequer compreender os mecanismos psíquicos do relacionamento.
Queremos desenvolver um pouco mais a sugestão que deixou impressa de que as simpatias e antipatias podem ser geradas pela captação dos fluidos emitidos pelos indivíduos, caracterizando-se, segundo sua natureza, em positivos ou negativos.
No entanto, as ações humanas da benemerência ou da ausência do espírito de compaixão não se limitam a observar tão-só aquele aspecto.
Existem pessoas que não têm a percepção desses fluidos e, mesmo assim, praticam todos os atos de amor que estão ao alcance. É que o próprio vigor consegue abarcar todos os que estão dentro do campo de atuação, de sorte que são emissores poderosos a anular qualquer péssima influenciação dos socorridos. Ao contrário, vemos pessoas tão malévolas e de tão baixos pendores, que nada as atinge, mesmo eflúvios puríssimos de espíritos elevados. São os que não se importam com ninguém, mesmo de sua carne e sangue.
Por outro lado, independentemente de existirem ou não emissores energéticos de quaisquer categorias, há quem se tenha compenetrado intelectualmente de que sua atuação deva ser o mais condizente possível com os ensinos evangélicos. São pessoas até egoístas e bastante broncas, no sentido de não saberem avaliar os dispositivos emocionais de que estão aparelhadas. Agem mais por força de uma coerção quase profissional, mecânica, mas conseguem ultrapassar as barreiras que se lhes antepõem e dão aos assistidos bastante conforto e alívio. Não aproveitam muito para si, mas fornecem preciosos informes aos que estão amargurados. Um dia, receberão elas mesmas o auxílio conveniente, para que se tornem conscientes das virtudes em falta. Não são más criaturas; apenas estão atrasadas na senda do Senhor.
Era o que desejávamos acrescentar, para não se ter a idéia de que tudo se dê de uma só forma. Para a prática do bem e do mal, há inúmeros caminhos.
Graças a Deus!
Ademar.




PENSAMENTO



Onde há luz e há amor, por certo, haverá paz e felicidade.

Eis pequena mensagem de otimismo e esperança. Cremos que, se os homens se compenetrarem de que devem desenvolver os sentimentos até a sublimidade requisitada por Jesus e se se instruírem, conhecendo os caminhos que levam ao Senhor, poderão, mais cedo, fazer jus à paz de sua consciência e à felicidade de seu ser. Oremos e vigiemos para isso.







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DESASTRES PESSOAIS





Muita gente pensa que perder uma perna ou um braço pode significar imenso problema diante da vida. É evidente que tais desgraças físicas podem fomentar reações de desagrado e de revolta, mas é preciso, para tudo, exercer o domínio da mente, mesmo para situações tão dramáticas. a ponto de impedir a locomoção ou a aplicação à profissão.
Doloroso é saber que algum transtorno impeça o livre raciocinar, tornando o ser débil ou vegetativo. Nesse caso, o peso fica mais com os parentes e amigos do que com o próprio indivíduo, que sempre tem a assistência da espiritualidade, sendo a dificuldade contornada, no sentido de ser apresentada como ponto de apoio para se empregar a alavanca do progresso.
Façamos dos desvios da normalidade as âncoras com que fundear o navio da esperança, em águas bastante seguras. Não vamos desfraldar a bandeira da pirataria, julgando que seria preferível a morte. Aí é que estaremos, deveras, desgraçando a vida.
Ao embalo destas poucas idéias, vamos fechando a nossa participação, crente de que fomos capaz de realizar os exercícios solicitados.
Muito agradeço à atenção do escrevente!
Graças a Deus!
Honorato.







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CONFORMAÇÃO E ESPERANÇA





De fato, o patrício Honorato, nosso bom amigo, tem razão em aspirar a que a humanidade se consagre à meditação, ao sofrer terríveis embates materiais. Não é só em relação à perda de membros ou da razão e da habilidade de raciocinar, no entanto, que reside a tragédia.
Há males sociais muito mais dramáticos e obsessores do que desastres automobilísticos que tornem os indivíduos paraplégicos. Apesar de tudo, quase sempre tais pessoas têm amparo financeiro, podendo contar com os recursos científicos para a recuperação, mesmo que parcial.
Ao contrário, os miseráveis que nascem e vivem na pobreza absoluta das favelas e dos mocambos, só para citar duas situações em que se encontram esses irmãos atualmente, não têm apoio algum para sequer imaginar que a vida possa oferecer arrimo para desenvolvimentos espirituais, tão ignorantes se tornam pela falta de alimentação e de atendimento, em caso de doenças endêmicas e epidêmicas. A fome se torna em algo até normal em determinadas circunstâncias, nascendo as pessoas com a mente perturbada e o crescimento impossibilitado.
Hão de dizer que os espíritos terão assistência, mesmo que tenham requisitado para enfrentar tão lastimáveis contingências. É certo que a misericórdia do Pai se estende como manto protetor sobre todas as criaturas. Mas, se é importante criar espírito de conformação com a sorte, também é preciso crer em que há igual necessidade de se desenvolver a esperança.
Por tal meio, chegamos ao ponto que desejávamos, ou seja, configurar que há pessoas que têm condições de progredir, enquanto outras, pelo fato de que os irmãos não conseguem visualizar as próprias necessidades, se encarnam inutilmente, sofrendo a desdita de não tomarem sequer consciência de que foram por Deus apaniguadas com a vida.
Damo-nos por satisfeito com esta possibilidade de desenvolver o trabalho. Não nos levem o texto a sério, pois falta muito para que possa constituir-se em algo aproveitável. É que nós mesmos não conseguimos progredir no derradeiro encarne, de sorte que tudo o que desenvolvemos se prendeu à estreita visão da vida que nos foi possível.
Fiquem nas graças de Deus!







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RELATÓRIO





Os amiguinhos da turma vêm trazendo as contribuições mui timidamente. Esperávamos que o tempo em que se recolheu o médium para tratamento da saúde iria constituir-se em motivo para rejubilarem-se, por ocasião de sua volta, entusiasmando-se com a possibilidade do trabalho. Mas tal não sucedeu, acreditando o pessoal que lhes está sendo imensamente dificultoso apresentarem-se para a escrita. Os poucos que aqui vêm são designados pelos professores, os quais julgam que os indicados são os que melhor desempenharão a sua parte.
De qualquer modo, vamos prosseguir sem interrupções, fazendo com que os mais de cem discípulos se apresentem, pelo menos por uma única vez.
Como não temos compromisso algum com seqüências lógicas ou com publicações, não nos atemorizamos em vir trazer estes pequenos informes, para tornar o amigo médium mais sossegado.
Prosseguiremos hoje trazendo outro dos companheiros.
Fique na paz de Deus!
Hermínio.




PENSAMENTO



O sofrimento nunca é arremessado ao lixo. Quando as pessoas passam por graves transtornos, chegando até ao suicídio, por força de grandes decepções, mesmo assim todo o sofrimento moral por que passou é computado regularmente em seu ativo, já que o desacoroçoar resultou de imprevidência ou de ignorância. É claro que a ofensa à criação receberá a justa carga de reprovação, na medida exata das responsabilidades, mas o sofrimento que penalizou o infeliz fica registrado, para ser descontado ao final, no mínimo como recordação eficaz para se evitarem futuras depressões em prováveis frustrações.

A dor é prenúncio do progresso. Vencê-la é apanágio dos venturosos.

Fiquem com Deus!







67

EXERCÍCIO





Gostaria de poder vencer a timidez, para deixar registrada minha mensagem obrigatória.
Nosso instrutor Hermínio nos disse que todos iremos ter de efetuar este treinamento. Foi assim que me enchi de coragem, não tanto por mim, mas porque, sendo o mais atrasado do grupo, daria condições morais para que os outros também venham a se apresentar.
Sofri para redigir estas poucas linhas, mas estou muito alegre, pois pareceu-me que não disse nenhum contra-senso.
Peço desculpas por esta curtíssima comunicação e desejo dar um abraço dos apertados para toda a turma, inclusive para o escrevente.
Vamos orar para que todos possam, como eu, vencer o medo ou a vergonha.
Graças a Deus!
Horácio.







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MAIS UM





Anunciando que serei o último desta tarde, o que me foi determinado pelo mestre, ponho-me a escrever também eu, um pouco que seja, para desejar a todos imensas alegrias ao término do curso.
O que desejo dizer com isso, é que não haveremos de permitir que ninguém deixe de cumprir as obrigações, fazendo as lições direitinho, para apresentar aos professores, que se sentirão muito felizes, ao ver o nosso progresso.
Não tenho mais nada para acrescentar, mas devo dizer que estou muito contente por ter-me atrevido a vir até aqui.
Não sei dos demais, mas devo dizer por mim que o receio não me acompanhou durante a transmissão, quando me senti muito bem, mesmo que o escrito não tenha ficado bom e que tenha hesitado diversas vezes. O escrevente é amigo e sabe aguardar com paciência até que nos decidamos pela continuação da frase.
Sei que lhe foi dito para não ajudar com os termos, mas, de qualquer modo, quando estamos sem palavras, ele nos dá um empurrãozinho delicioso.
Ainda bem que nossa responsabilidade se encerra por aqui mesmo; caso contrário, não haveria ninguém com coragem para se oferecer para a escrita.
Graças a Deus, estou terminando, e acho que não me dei demasiado mal. O que admiro é como há tanta gente que se posta ao lado do médium e que dá comunicações superiores. Acho que devo estudar muito para obter a mesma facilidade.
Estou gostando tanto deste serviço que até os amigos já estão dizendo para parar, pois engatei a quinta marcha e não estou conseguindo frear.
Graças a Deus! Fiquem nas mãos do Senhor!
Orozimbo.







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OLVIDO





Quando chegamos de volta ao etéreo, é costume os mentores providenciarem que o transportando rememore todos os fatos importantes da vida, mas, como ocorre com os encarnados, que são incapazes de se lembrarem de tudo o que os envolveu no plano espiritual, também os espíritos têm, muitíssimas vezes, vedada a rememoração de certos acontecimentos que poderiam levá-los a sérias frustrações.
Há até o caso estranho de inimigos a estabelecer perseguições alegando razões que os desafetos ignoram completamente, por não se darem conta de que estão com a memória bloqueada.
Mas isto não se dá com todos, senão com aqueles que tiveram certos méritos quanto ao procedimento. Se o sujeito só vilipendiou a vida, exercendo papéis de péssima catadura, praticando crimes e não dando qualquer apoio a ninguém, aí não atuam os orientadores, quer por não julgarem justo que o indivíduo tenha sossego, quer por estarem sendo impedidos de atuar pelo próprio sofredor.
Este pequenino fato deverá ser suficiente para pôr medo no coração do leitor desatento. Os amigos do grupo confirmam o que estou dizendo e indicam que o caminho para a superação das condições inferiores é muita prece, muita leitura e muita ajuda aos irmãos necessitados.
Fiquemos por aqui, pois não nos esquecemos da recomendação que recebemos de sermos breves.
Adeus e obrigado!







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RECORDAÇÃO





Por meu turno, devo enfatizar outro aspecto correlato ao tema tratado anteriormente, qual seja o da recordação que se dá de todos os passos da vida, quando se põem as pessoas em condição de perdoarem-se a si mesmas e aos demais.
É assim que, como recompensa pelo trabalho socorrista, um belo dia, um irmão melhor categorizado se aproxima e induz o indivíduo a recordar-se do que ficara subjacente nos escombros da memória. Como quase sempre as recordações ocultadas são de momentos difíceis, previnem-se os do grupo de socorro para possíveis delíquios ou perda de serenidade.
Tal fato tanto ocorre relativamente ao último encarne como aos anteriores e às intermediações passadas em estado de erraticidade no plano espiritual. Mas não se pense que tudo chegue de repente. Há um dispositivo mental que restringe a liberação da memória, de forma a preservar a integridade psíquica dos seres. Quando há muito sofrimento, opera-se novamente a restrição, de forma a permitir-se que as ocorrências adquiram valor dinâmico, ensejando-se a perquirição das causas e das conseqüências, a fim de se facilitar a compreensão dos fatos como resultantes dos procedimentos de caráter moral, intelectual ou sentimental.
Essa possibilidade de análise fria dá aos amigos assistentes condições de irem, paulatinamente, oferecendo ao socorrido o desvendar das doenças e das respectivas medicações. Muitas vezes, os males estão totalmente sanados pelas atividades evangelizadoras, de sorte que o mal-estar da revelação se faz seguir de alívio e de muita alegria. Rude é o instante em que se percebe que a dívida permanece em aberto.
Oremos, irmãozinhos, na esperança de conseguirmos do Senhor atribuições e fortaleza para podermos pagar os débitos.
Graças a Deus!







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SONHOS





A imaginação dos amigos encarnados pode preparar-lhes séria armadilha, no sentido de fazer com que pensem que estão com grandes débitos desconhecidos, dado o retrospecto dos acontecimentos passíveis de recordação. Nesse caso, colocam-se na figura de grandes pecadores, criminosos impenitentes de outras eras, exigindo de si mesmos graves reparações, quando, no máximo, o que se requer é doce e suave trabalhar pelo bem dos amigos e parentes.
Eis que estamos requerendo de cada qual que aja com muita serenidade em questão de julgamentos íntimos. O ideal seria não ter qualquer sentimento de culpa, até mesmo quando se verificar que houve erro, intencional ou não, a prejudicar alguém. A só atitude de emendar-se, para que não mais se repitam tais falhas, deveria ser suficiente para pôr as pessoas de bem consigo mesmas.
Sendo assim, haverá responsabilidade, quer no que respeita aos fatores conhecidos do procedimento, quer quanto aos ignorados.
Não vamos estender-nos muito a respeito dos temas. Haveríamos agora de colocar vários exemplos elucidativos, mas pensamos que cada qual é capaz de oferecer à mensagem o subsídio de sua experiência.
Fiquemos, pois, nas mãos do Senhor!




PENSAMENTO



Não dar atenção a quem sofre não é próprio das pessoas. Sempre que ocorrem tragédias envolvendo multidões, não há quem fique imune aos apelos de socorro. Entretanto, passada a crise da dor e acalmados os ânimos, os indivíduos voltam a agir de acordo com seu tônus psicológico, o que dá a impressão de que não se condoeram com a desgraça alheia, principalmente quando se aproveitam das circunstâncias, para saquear e tirar proveito de alguma forma.

O homem tem momentos de amor. Por que não fazê-los eternizarem-se?







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DESABAFO





Tonico é o meu nome. Quando aqui cheguei, vinha com o coração opresso, pensando seriamente em que poderia fracassar. No entanto, os trabalhos de preparação incluíram importante fase de controle dos fluidos energéticos, o que me proporcionou equilíbrio e lucidez para perceber que não poderia falhar.
Devo contar pequena ocorrência de minha pregressa encarnação, pois foi a partir daí que adquiri aquela insegurança que estava a me atemorizar.
Certa feita, estive presente em determinada sessão espírita, na qualidade de assistente e curioso, pois era a primeira vez que lá ia.
Tudo estava transcorrendo muito bem, quando um dos médiuns começou a falar o meu nome, como se o espírito quisesse dizer-me algo. Fiquei profundamente constrangido e, intimamente, arrisquei-me a solicitar aos protetores que a mensagem fosse sustada. É que temia a revelação de certos atos desabonadores.
Imediatamente, a médium se calou, explicando, mais tarde, que deixara de incorporar o espírito, não sabendo a razão de ter sido afastado, já que a imantação lhe parecia ter sido perfeita.
Eu bem que fiquei quieto e nunca mais compareci a nenhuma reunião, dizendo à minha mulher que tudo não passava de bobagem, de mistificação. Naquela época, eu não conhecia o termo e disse para ela que era fingimento.
Quando ela me disse que a médium não sabia o meu nome, mas sim o espírito, aí apelei para as informações do diabo. Eu não queria que minha mulher soubesse o que se passara em meu íntimo, pois era caso de traição.
Hoje, sei que toda aquela reação foi tola, pois os irmãos estão impedidos de transtornar a vida dos outros, por meio de informações mediúnicas. Entretanto, tive medo de, ao chegar aqui, alguém pudesse interceptar a minha participação do mesmo jeito que fiz: por intercessão espiritual.
Peço desculparem-me por apresentar este meu simples caso particular. Foi como achei que deveria agir, ensinando aos demais algo que pode perfeitamente ocorrer com outras pessoas, durante as sessões.
Peço perdão, mais uma vez, e despeço-me, afirmando que foi muito bom permanecer ao lado deste amigo para o treinamento.
Fiquem todos nas mãos do Senhor!







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ÚLTIMO RECURSO





Já tentei de tudo para fazer desaparecer o medo de participar das mesas do socorrismo fraterno. Agora que aqui estou, devo dizer que ainda me sinto bastante insegura, pois acho que as minhas debilidades podem transformar-se em ausência absoluta de consciência do momento presente.
Vejo que estou sendo bastante amparada, e isso ainda me angustia mais, pois dá a idéia de que, por mim mesma, nada conseguiria.
O bom amigo médium se propõe a ajudar, mas sente que estou indo bem e desiste, principalmente para não me aumentar a tremedeira.
Agora que escrevi os três primeiros parágrafos, sinto-me um pouco melhor. Acho que dei título errado a esta página, pois estou tendo a certeza de que, um dia ou outro, por força da contumácia dos instrutores e da amorável confraternização dos companheiros, iria atingir esta performance, ainda mais quando o amigo põe à disposição palavras tão precisas e de tão fácil percepção.
Aliás, minto, pois até que as minhas escolhas não estão repercutindo bem na mente do médium, que preferiria que fossem outras as construções e expressões utilizadas.
De qualquer modo, estou fortalecida e me sinto muito bem por ter chegado a contento até este ponto da mensagem.
Sugerem-me que execute a prece dominical, para reforço energético da imantação do aparelho.
Queiram todos, então, seguir os dizeres:
— Pai nosso, que estais...
Lázara.







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EXPLICAÇÃO





Os irmãozinhos foram liberados para trazer as emoções íntimas. Este sempre foi o objetivo do grupo, embora, após o retorno do escrevente, a turma tenha deliberado propiciar-lhe um pouco de descanso, reproduzindo alguns pontos das aulas.
Agora retomaremos o curso. Quer o médium saber a razão de não se ter dado seguimento ao roteiro primitivo desde logo. É que as vibrações dos pequenos sofredores se transformam em peso emocional, a desgastar mais fortemente as energias espirituais do mediador.
Com o restabelecimento, sentimo-nos à vontade para lhe sugar um pouco mais.
Fique nas mãos de Deus!
Hermínio.




PENSAMENTO



Quem tem Deus no coração nada teme. Entretanto, é compreensível que bons amigos da espiritualidade, aptos já para algumas tarefas no campo do socorrismo, se sintam temerosos de fracassar ao aproximarem-se da mesa psicográfica, pois sabem que poucos conhecimentos acumularam para o exercício.
Ponha-se o bom amigo na condição de conduzir um avião pelos ares. Se não tiver recebido instrução especializada, por mais carregue o Pai no coração, haverá temer o atrevimento, não porque Deus vá desampará-lo, mas porque ele mesmo não se ajudou.
Daqui a afirmativa:

É preciso confiar em que a sabedoria das decisões é que está amparada pelo Senhor.

Bons amigos, vamos todos orar para que o Pai nos receba em seu regaço de amor.







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O DIA DE ONTEM





Não gosta o escrevente de mensagens que tragam notícias que lhe parecem óbvias, como a explicação que temos para o fato de termos permitido, na data de ontem, que não se postasse junto à mesa, premido pela angústia de ter de deslocar-se a Campinas, atrás de certo documento bancário, notícia que lhe chegou ao conhecimento no momento em que adentrava a sala para o início dos trabalhos.
Estamos certos, contudo, que nos compreenderá a indiscrição, pois desejamos deixar firmemente expresso que o fato não nos deixou atrapalhados. Sabíamos por antecipação que o recado telefônico iria ser dado, pois acompanhamos os movimentos do filho, nas diligências que empreendia junto à agência bancária.
Não há nada, pois, a lamentar, fique certo disso.
Quanto ao argumento que utilizamos, lembrando-lhe que é intento seu não colocar obstáculo a qualquer manifestação, também julgamos oportuno esclarecer, pois pode parecer que estejamos cobrando o cumprimento da palavra empenhada. Não é bem assim; é que precisávamos deixar expressos os nossos sentimentos de solidariedade, motivo pelo qual nos utilizamos do artifício.
Por outro lado, dada a necessidade do treinamento, ponderamos que um dos aluninhos faria a transmissão, livrando-se, assim, do exercício compulsório!
Graças a Deus, tudo parece ter transcorrido bem, de sorte que já podemos dar-nos por satisfeitos por hoje.
Fique nas graças do Senhor e não tema estar sendo impulsivo ou deselegante com relação ao grupo, nem quando agora mesmo está manifestando o desejo de ir, daqui a pouco, assistir à partida futebolística.
Fique à vontade, bom amigo, pois sabemos que este é o sentimento que o traz para junto de nós.
Lauro.







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ANSIEDADE





Deixamos a pena suspensa no ar por alguns instantes, para avaliar a ansiedade do escrevente em principiar a cópia do ditado. Não supúnhamos qualquer reação e agimos sob a confiança de que iria aceitar o experimento com espírito de fraternidade em relação aos aprendizes deste grupo que, em boa hora, resolveu autodenominar-se de Paciência, Perseverança e Amor.
Tal lema, bem aplicado, irá diminuir o estresse de qualquer participante do grupo. Aliás, devemos referir-nos a alguns acontecimentos, desde que tal reação se manifestou dentre os companheiros, o que lhes constituiu em excelente incentivo para o aprimoramento das qualidades.
Por isso, recomendamos aos encarnados que conseguirem furar os bloqueios emocionais das frustrações que se disponham a perlustrar estes escritos dos irmãos da espiritualidade. Não estamos, especificamente, referindo-nos aos desta equipe nem dos demais alunos da Escolinha, mas estamos remetendo para todos os autores de obras psicografadas.
Realmente, existe certa ansiedade entre os mortais relativamente a aceitarem ou a refutarem as manifestações mediúnicas, como se o fato se constituísse em fator determinante da própria existência. Reagem como se o mundo pudesse ser da forma pela qual o concebem e não atribuem à verdade outra noção que não seja subjetiva. É bem verdade que cada indivíduo está dotado de censores e descodificadores próprios, cada qual reagindo às impressões segundo estrutura psíquica pessoal. Mas daí a dizer que o que existe é o que são capazes de entender, é passo falto de contextura lógico-racional.
Não vamos adiantar na perquirição dos fatos dessa natureza, pois, para nós, são por demais evidentes, já que foi essa a idéia que trouxemos para este lado, como tese argumentada à exaustão. Surpresa absoluta, tivemos de refazer o pensamento bem depressa, para não incidirmos em extensa série de erros. É como se a conclusão inicial falsa fosse servir de base a larga construção filosófica, onde a imaginação iria ter papel de fundamental importância.
Evitemos, irmãos, ficar ansiados diante da natureza e de suas leis. Acatemos as conclusões lógicas da existência da vida, conforme prismas definidos na espiritualidade e respiremos desanuviados das pressões de que possamos vir a sofrer as conseqüências de ter de mudar de parecer a cada nova descoberta.
Ler as obras espíritas pode constituir-se em constante surpresa para quem não se atreveu a perlustrar os primeiros passos da codificação, onde tudo se encontra. Avançar no campo das idéias só sob o amparo seguro dos irmãos da espiritualidade.
O importante é realizar o bem, levando no coração o amor ao próximo. O mais conseguiremos com perseverança e paciência.
Fiquem nas mãos de Deus!







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INFORMAÇÃO





Temos visto o escrevente um pouco perplexo na expectativa de registrar o nome dos comunicadores. Quase sempre lhe vêm à mente os nomes conhecidos e, por isso, pensa que esteja promovendo interferências indevidas. Ora, é preciso saber que o pessoal não deseja, muitas vezes, deixar seus nomes, ocorrendo que, nesse caso, a manifestação está encerrada, deixando o espírito o posto para ceder a vez a outro. Nesse momento é que acontece a indecisão.
Saiba, portanto, bom amigo, que, se houver que se registrar o nome do manifestante, este trará a informação de modo inequívoco. Tranqüilize-se que o fato poderá ocorrer até no início da transmissão ou no corpo da mensagem.
Ovídio é o nome deste seu amigo. Como se trata de apelido por demais conhecido, havendo vários homônimos perpassando por esta mesa, pode parecer ao amigo que seja ele mesmo quem esteja influenciado pelos nomes iniciados pelo mesmo fonema, tantos sãos os Olavos, Horácios, Honoratos e Homeros que têm aparecido com mensagens. Fique sossegado que tomamos a liberdade de discorrer sobre o tema para termos assunto que desenvolver neste treinamento.
Não vamos dar-lhe curso às intuições relativamente às razões que levam as pessoas a adotar estes ou aqueles nomes, como se o fonema inicial o determinasse o sexo masculino, por motivos puramente psicossociais, ou seja, a transferência do sentido do artigo definido masculino como causa despertada do inconsciente e pelo desejo de que o filho venha a desenvolver características bem definidas de masculinidade, como anseio social.
O tema é por demais profundo para nós e não desejamos exceder a nossa capacidade. Caso o amigo queira ver desenvolvido este tópico, socorra-se dos amigos instrutores. Por nós, damo-nos por satisfeitos por termos avançado no exercício de domínio das vibrações e da imantação.
Graças a Deus!







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MÉDIUM E COBAIA





Não se assuste o mediador, se estamos aproveitando demais de suas reações; é que o tema do dia é a ansiedade e você tem demonstrado muita paciência em atender aos impulsos reveladores de suas preocupações. Por isso, aproveitamos o ensejo, não sem ter-lhe pedido permissão, o que se deu durante as tertúlias que mantivemos ao início de nossa participação nos trabalhos de psicografia.
Não é preciso dizer que haverá reformulação dos objetivos, se o resultado prático estiver a desagradá-lo. Caso contrário, iremos prosseguir levantando hipóteses de trabalho, a partir dessa análise íntima, pois julgamos que razões existem para acreditar que haverá algum bem para você e seu desenvolvimento, se nos permitir avançar um pouco mais naquele sentido.
Como não há intenção de divulgação, não vemos por que não aproveitarmos a oportunidade de prestar algum auxílio ao benfeitor da equipe.
É claro que está você a temer as revelações, crente de que possam existir segredos relativos a outros encarnes que mereceriam restrições. Mas não chegaremos a provocar qualquer distúrbio consciencial, já que é intenção do grupo permanecer na fímbria das reações emotivas, e só.
Por exemplo, durante esta transmissão, estamos vendo que o amigo tenta esconder certo desapontamento por não nos oferecer recursos mais seguros sobre que a turma possa trabalhar. É o medo do desconhecido que causa tal sensação. Por outro lado, desconfia que não poderemos ir muito longe com este tipo de análise, de sorte que as manifestações se tornem excessivamente superficiais, meramente formais, sem conteúdo substantivo a justificar a nossa permanência no posto de psicografia.
Realmente, haverá de ser bem assim, pois não pretendemos estabelecer grandes estudos psicológicos, uma vez que o nosso fim junto a esta mesa é de aprendizado das técnicas mediúnicas.
Chega de causar-lhe ansiedade, desnecessariamente. Volte a si desta pressão, refaça as preces e prossiga, a seguir, o trabalho.
Graças a Deus!




PENSAMENTO



Houve um tempo em que o amigo médium muito desejou tornar-se escritor-psicógrafo. Pois a oportunidade veio e ele não na desperdiçou. Entretanto, tendo tido tantas experiências felizes, teme agora que os irmãos que se apresentam estejam despreparados para aproveitarem-se eficientemente de sua oferta.
Não se atemorize, caríssimo, com a presença de seres muito imperfeitos. Realize a tarefa com amor, sem ansiedade, sem restrições ou condições.

O médium que se apresenta em estado de inocência receberá do Pai sua recompensa, na forma de desenvolvimento dessa excelsa qualidade.







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ENCERRANDO O DIA





A turma considera-se satisfeita com o rumo que os ditados estão tomando. Se é verdade que, de início, desejava postar os irmãos ao lado do médium para pequenas revelações íntimas, após inúmeras reflexões, percebeu que não haveria necessidade de registrar psicograficamente tais eventos pessoais, preferindo, então, desenvolver temas genéricos, mesmo sem base teórica razoável.
Pareceu ao grupo que a revelação das debilidades intelectuais iria envolver também os aspectos emotivos, já que a predisposição para o exercício carrega consigo toda a gama das reações.
O resultado tem sido satisfatório e o grupo irá prosseguir utilizando-se do médium para tais desenvolvimentos, para o que volta a insistir em que não deve temer pela qualidade das exposições, nem ajuizar de seu destino. Vá com calma, ofereça-se para a escrita e não se esqueça de deixar a mente aberta para que os termos escolhidos reflitam o mais próximo possível a desenvoltura intelectual dos manifestantes. Aplaudimos o desejo de auxiliar, mas gostaríamos que as comunicações contivessem o selo de cada comunicador.
Fique nas mãos de Deus, orando prece contrita em favor dos desafortunados!
Hermínio.







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DESAJUSTES





Quando passei para o lado de cá, verifiquei que muito do que realizei na vida não frutificara em benefícios para meu desenvolvimento. Lentamente, pude ir configurando as penas a que deveria ter-me submetido mas das quais fugi apavorado, quer em estado de vigília, afastando o que poderia vir a constituir-se em sacrifícios, quer, no etéreo, durante o sono, quando, covardemente, solicitava ajuda dos benfeitores, para que não se me aproximasse dos lábios o cálice das amarguras.
Hoje, estou capacitado a bem distinguir entre as coisas boas e as más que empreendi, dando o exato valor a cada uma. Ao chegar aqui, entretanto, fui-me surpreendendo com as condições de inferioridade que apresentava, até mesmo relativamente a inúmeros seres que acreditava pertencerem a estratos espirituais bem inferiores.
Quanta aleivosia pratiquei, então, impensada e irresponsavelmente! Se pudesse fazer voltar o tempo com o conhecimento que carrego, muita coisa haveria de promover de forma bem diferente.
Previna-se, caro amigo, em relação a esse tipo de surpresa, pois as mínimas atitudes podem refletir, deveras, que a vida não está sendo bem conduzida para o alcance dos objetivos.
Pobre cego a apontar o caminho, temo estar, antes e acima de tudo, desarvorando os possíveis leitores, pois advertência sem indicação de remédios para a cura das afecções morais é mero espantalho a afugentar justamente aqueles que poderiam alimentar-se de nossa colheita.
É preciso, então, relatar o que fiz desde o trespasse, no sentido de ir percebendo as melhores providências para ultrapassar as fases de angústia e dor por que passei. Mas isto é de mui difícil explicação, já que fui encaminhado por bons amigos, que me ministraram sábias aulas de evangelização, com muito amor. Para o encarnado que deseja compreender as benfeitorias que deve promover, devo dizer que basta fazer o bem aos companheiros de jornada, quaisquer sejam as respostas que venha a obter. Basta isso e o estudo sereno dos textos bíblicos revelados pelos evangelistas, procurando entender e integrar à personalidade aqueles augustos ensinamentos.
Como o tempo que me foi reservado de há muito se esgotou, vou encerrando esta modesta participação, augurando a todos os confrades felizes deliberações.
Graças a Deus!







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DE AFOGADILHO





Não me permitiram preparar o texto que deveria apresentar, no intuito de me darem oportunidade de examinar, em estado de surpresa, algum problema íntimo que me afete.
Sou muito reservado, prudente, e tenho receios que me tornaram hábil em mistificar as respostas, quando instado a revelar o procedimento íntimo. Sempre preferi os trabalhos práticos, de pronta e conhecida resposta.
Se me pediam para fazer um móvel, desejava que o desenho estivesse pronto, caso contrário, fazia algum modelo conhecido e para o qual estava absolutamente preparado.
Conheci muitas pessoas criativas, verdadeiros inventores, as quais invejava, pois desejava ardentemente poder vir a executar tarefas similares. Mas não me atrevia, com medo de receber contestações desagradáveis.
Hoje resolvi expor, desde logo, os defeitos, sem camuflagem, para ver se supero esse movimento da alma que me tem transtornado e envergonhado diante dos colegas e amigos.
Peço a Deus que a manifestação de afogadilho mas com tema bem definido resolva no auxílio de que estou necessitado.
Ao escrevente, devo agradecer a boa vontade de me seguir o ditado, podendo afirmar que me encontro bastante satisfeito com as pequenas vibrações que dele recebi para dar curso regular à comunicação.
Tenho algum tempo e, por isso, vou revelar que não há nada melhor, na vida, do que deixar tudo claro logo de início, de modo que, se houver alguns outros defeitos insuspeitados, possam vir à tona subseqüentemente.
Acredito que os conselhos não devam ser dados, se não forem pedidos, mas, como ninguém mesmo irá ler esta mensagenzinha sofrível, não fará mal ocupar o tempo com a revelação desse pensamento que me parece muito importante.
Se houver mais alguma coisa que queiram que diga, prontifico-me, de coração na mão.
Dizem-me para deixar para sessões mais íntimas os problemas mais graves.
Posso retirar-me, então, desejando a todos os amigos que recebam do Senhor suas bênçãos mais amorosas.
Roque.




PENSAMENTO



Quem se sente sob o amparo do Senhor atreve-se a trabalhar amorosamente.

Foi esse o conceito que liberou diversos irmãos do grupo dos vãos temores de assumirem a pena do psicógrafo.
Valemo-nos do conceito durante as explanações, garantindo que o resultado das participações não refletiria senão momentânea condição, como, na carne, o choro do nenê não fica na memória de ninguém, quando não significa nada mais do que mero despertar da fome.
Tudo é passageiro na vida, mesmo grandes estremecimentos de culpa, remorsos e arrependimentos. Até mesmo quando profundos sentimentos sobrecarregam a mente do indivíduo na espiritualidade, acreditando-se ele amparado por Deus, aos poucos irá libertando-se das presilhas das culpas, esquecendo-se de que, um dia, participou de ações deletérias contra as pessoas.
Tal sentimento, no entanto, enquanto dura, parece absorver inteiramente as reflexões, de sorte a assinalar passagem bastante desagradável. Esperamos que os bons amigos leitores e demais membros do grupo saibam suplantar as dificuldades de ajustamento às novas condições da necessidade de servir, para poderem perceber, com harmonia e equilíbrio, que o que estamos afirmando é verdadeiro, refletindo a realidade espiritual.
Graças a Deus!
Hermínio (pelo grupo de orientadores).







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A IMANTAÇÃO





A imantação levada a cabo hoje por esta equipe Paciência, Perseverança e Amor é tênue e permite ao colaborador terrestre que se desconcentre com facilidade. É que estamos interessados em trabalhar sob condições adversas.
Veja como o apanhado do primeiro parágrafo foi dificultoso, embora os termos sejam simples e o teor do texto inteiramente previsível. Mesmo este segundo segmento está apresentando enormes problemas, como se o próprio encarnado estivesse a redigir.
Não se atemorize, bom amigo, e continue a enfrentar a tarefa, aceitando o desafio, palavra a palavra, acostumado que está a surpreender-se com a limpidez do texto, quando da releitura.
É bom que esteja estranhando este movimento inusitado para este grupo, que sempre lhe dá a noção de continuidade do ditado, ainda quando as comunicações sejam as mais frágeis.
Estamos levando tão levemente que até parece que somos aluninhos primários, a aprender as primeiras lições. Isto é bem verdade, pois o que almejamos é compreender como os vínculos entre os planos se estabelecem.
O roteiro que resultará pronto após a manifestação estará bem próximo de diversos outros em que as turmas anteriores trataram do mesmo assunto. Mas isto não deve aborrecer o mediador, pois os exercícios são os mesmos para cada novo conjunto de alunos.
Estamos satisfeitos com o aspecto que tomou o texto, embora, numa leitura normal, fique impossível de se perceber que o ditado se fez quase sintagma por sintagma, ou seja, pequenos conjuntos frásicos, como se o escrevente estivesse recebendo impulsos fragmentados, aos solavancos.
Queira Deus, possamos bem aproveitar desta boa vontade do amigo, não no deixando desestimulado para prosseguir auxiliando-nos. Sabemos que tem o mérito de se oferecer para a psicografia, sem impor condições, mas também julgamos ser muito desagradável quando há promessa de se prestarem serviços de boa categoria e, no entanto, o que se vê são só aluninhos a capengar em arremetidas acanhadas, imperfeitas e inseguras.
Não se aterrorize, bom amigo, que estamos terminando este tipo de escritura. Parece que o grupo ficou bastante bem impressionado com o rumo que o trabalho tomou e com os efeitos que revelou.
Fique, caro amigo, nas mãos de Deus!







83

ÚLTIMA PÁGINA DO DIA





Estamos abusando, levando o amigo a registrar ditados insólitos. Voltamos, agora, a fortalecer a imantação, para esta mensagem de alívio da pressão sofrida.
Sinta-se reconfortado, caro escrevente, e aplique o pensamento do dia à sensação de vazio que vem sentindo, por apanhar ditados tão simples.
Não se acanhe em reclamar, se lhe parece que estamos extrapolando o oferecimento que tão generosamente você insiste em reapresentar. É que estamos esperando por suas reações para análise, discussão e estudo por parte dos componentes do grupo.
Não precisa ser nos momentos da escrita, pois isto poderia interferir de modo prejudicial. Durante as horas de vigília, pense a respeito do trabalho atual e expenda pareceres e julgamentos. Não tenha medo de ferir os brios da turma, já que estamos preparados para qualquer crítica.
Apenas esperamos que mantenha a mente bem firme nas virtudes principais, para que possa ser bem interpretado pelos analistas.
Não queremos deixá-lo preocupado, por isso vamos dizer que este tipo de participação nas atividades é opcional. Se desejar mais informações, passá-las-emos durante o sono.
Fique bem tranqüilo, realizando as tarefas habituais.
Graças a Deus!







84

SANTA IGNORÂNCIA!





Como fui estúpido na última peregrinação! Não sabia que podia adiantar o meu chamado ponto evolutivo e não levei a sério tudo o que fazia. Achava que a vida era para ser vivida honestamente, e só. Não considerava o bem a realizar como tarefa cármica. Aliás, nada me passava pela cabeça de forma a constituir-se em alerta para a vigilância.
Cuidei, sim, do corpo, do organismo, como preciosa jóia a me dar prazer, mas foi só. O mais desleixava, havendo ocasiões em que me distraía durante longo tempo, fazendo pequenos planos, como ir ao estádio, ao cinema, sem perceber que, por trás de cada atividade, existe muito de ciência, de técnica e de sacrifício.
Minha profissão era bem fácil de desempenhar: era pedreiro e, por isso, acreditava que o trabalho iria conduzir-me ao paraíso. Agia com honestidade e não bebia. Freqüentava regularmente a missa, mas nunca me casei. Foi, talvez, a falha que não me permitiu perceber que a religião e a vida deveriam ser cultivadas com maior vigor.
Hoje, aspiro a adquirir condições para o regresso à carne. Temo, contudo, que a volta venha a se constituir em obstáculo para o crescimento, pois percebi que não poderei ir levando mais a vida em banho-maria, como me acostumei.
Ganhei dinheiro suficiente para construir a minha casa, mas não pus dentro dela mais do que a minha mãe e a minha irmã. Um dia, a maninha se casou e partiu. Minha mãe foi ficando bem velhinha, mas estava bem disposta e lúcida, de modo que cuidava de tudo muito bem. Eu não precisava de outra mulher.
Por falar nisso, no aspecto íntimo, procurava as companheiras de certo local adequado e lá deixava algumas notas, em troca de satisfação. Não era ganancioso, como em nada mais na vida. Por isso, quando minha mãe morreu, nonagenária, não me atrevi a contrair matrimônio. Já passava dos setenta e mantive a cozinheira e a arrumadeira na ajuda da manutenção do lar. Por essa época, era dono de casa de material de construção, de modo que dinheiro não me faltava.
Quando aqui cheguei, senti certa desilusão por não obter, desde logo, facilidade em contornar a maneira de pensar, para me ajustar ao novo plano. Mas essa história me custaria mais duas folhas e já estou contente com o que escrevi.
Graças a Deus! Fiquem nas mãos do Senhor!
Roberto.







85

NOTÍCIAS





Esta turma tem apresentado bastante dificuldade em relação aos apanhados dos ditados, pois os aluninhos são bastante diferentes.
Eu mesmo, jovem integrante do grupo, fui agora designado para levar ao conhecimento do escrevente que não deve ficar preocupado com a repetição dos temas. Repetem-se os assuntos, as mensagens são parecidas, mas os alunos são outros, de forma que o treinamento se renova sempre.
Veja como tem sido fácil realizar o apanhado do ditado, por estar despreocupado relativamente ao teor do texto. Achamos que o irmãozinho anterior recebeu ajuda demais, por isso, aprestamo-nos a vir trazer estas notícias, para levar a mente do médium a vagar à distância das comunicações.
Claro está que não estamos pleiteando que se isole do que está escrevendo, já que não temos o domínio da forma mecânica de transmitir; entretanto, não adentre muito profundamente nos dizeres, para que a presença do irmão comunicador não fique tão-só como mero fantoche.
Eu ia avançar um pouco mais, mas os mentores assinalaram-me o limite das explicações, de sorte que sinto ter de informar que a minha vez chegou ao fim.
Oremos todos para que haja bom sucesso neste trabalho.
Graças a Deus!
Otaviano.







86

AMARGA EXPERIÊNCIA





A chegada a este lado revelou-me de pronto que a minha experiência na vida de nada me valeu. Se não pratiquei crimes terríveis que me jogariam nas cavernas do báratro, também não auxiliei os irmãos necessitados, como me havia sido programado previamente e com o que havia concordado.
Hoje me sinto bem, nesta tarde destinada aos frustrados, como foi estabelecido pelo grupo. Sinto ter de repetir que as sessões privilegiarão certos temas, o que obriga aos irmãos que se apresentem, quando se julguem dentro dos limites assentados.
Eu pouca vontade tinha de vir demonstrar o pouco que sobrou de mim, depois que percebi que havia falhado e me entreguei ao desespero. O negrume da consciência não foi grande, como me explicaram os amigos instrutores, mas foi o suficiente para me deixar bastante transtornada.
Deixa o médium transparecer que a lamentação o aborrece, pois o fato de estar na Escolinha é indício certo de que algum progresso devo ter.
Sinceramente, não gostaria de ter ouvido a observação, mas sou obrigada a concordar. Deixei-me levar pelos aspectos negativos, olvidando o lado positivo. Deveria sentir-me bem feliz, mas não vou falsear as reações. Enquanto não vencer as deficiências que caracterizei na personalidade, não vou ficar satisfeita comigo mesma, embora muitas vezes eleve o pensamento ao Senhor pela comiseração que teve para comigo.
Tal como o amigo Roberto, também eu estou temerosa de que venha a falhar na próxima oportunidade de encarnar. Gostaria muito de receber antes, de volta, os meus filhos, que abandonei na Terra, involuntariamente, mas de modo bastante imprevidente.
Creio que o exercício está dentro dos parâmetros estabelecidos pelo grupo e sinto-me bem à vontade para encerrar.
Rezem por mim, já que estou muito necessitada de ajuda e todo auxílio nunca é demais. Quanto a mim, vou começar a sair em socorro dos irmãos sofredores e espero fazer tudo o que possa por eles.
Muito grata!
Eulália.




PENSAMENTO



O bem que se faz na vida pode retornar a nós na forma de favores inesperados. Sendo assim, é de todo correta a frase que diz:

A ajuda, muitas vezes, vem de quem menos se espera.

Chamamos a atenção do parceiro para esta verdade, pois é hábito dos humanos estabelecer julgamentos de valor muito estreitos, pensando que só certos caracteres é que têm a possibilidade de demonstrar agradecimento ou interesse.
Esteja atento e não vacile, pois é necessário abrir o coração a todos.
Fique com Deus!







87

A PEDIDO





O amigo deseja saber se é verdade que os irmãos da espiritualidade são capazes de participar das conversas, quando os conceitos são expendidos livremente, quase sob a forma de experimentação dos silogismos. Melhor dizendo: muitas vezes os encarnados debatem assuntos que não mereceram muita aplicação da inteligência, de sorte que os pareceres são mais tentativas de expor teses do que o resultado de profundas reflexões.
Nessa situação, qualquer espírito pode participar, trazendo a sua contribuição, que será deletéria ou boa, segundo a intenção do interferente ou da seriedade e moralidade dos interlocutores.
Esta questão é bem simples. No caso do médium, devemos dizer que quase sempre os que participam das tertúlias são amigos da família, de forma que estão em boas mãos. Se forem evitados termos em que os conceitos possam ferir as pessoas, certamente nunca comparecerão espíritos jocosos ou zombeteiros, menos ainda quem esteja com o intuito de prejudicar.
Se era só isso o que deveríamos esclarecer, vamos deixando o posto, afirmando que este foi o último desenvolvimento do dia.
Graças a Deus!
Hermínio.







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O OLHO DO REI





Nas cortes antigas, havia o bobo que ficava para diversão dos cortesãos e da família do rei. Era, quase sempre, um anão corpulento e inteligente, que se fazia passar por tolo. Dizia as maiores bobagens, mas procurava estar de ouvidos atentos para aproveitar-se das oportunidades de se fazer útil ao soberano, revelando-lhe os conchavos dos nobres.
Muitos bobos da corte foram célebres pelas atitudes de enfrentamento do rei, pois diziam o que bem entendiam, vestindo as frases com termos alegres, quase sempre de duplo significado.
Isto tudo é do conhecimento comum. Eu mesmo fui um desses truões e muita diversão causei a todos os que participavam das verdadeiras sessões circenses. No entanto, fui muito além e, na falta de habilidade para infiltrar-me junto aos nobres, cometi alguns abusos, apontando pessoas inocentes como quadrilheiros e inconfidentes.
Por muito tempo, vaguei na escuridão, até que tive o privilégio de subir de novo à crosta, na qualidade de pessoa muito poderosa e influente. Mas aí sofri atrozes perseguições, pois fui inúmeras vezes acusado de atos que absolutamente não havia praticado, terminando os dias no cárcere, por crime que não cometi.
Senti na carne a dor da injustiça. Ao voltar para cá, compreendi o mal que havia praticado e jurei nunca mais acusar ninguém, nem que tudo o que dissesse fosse verdadeiro.
Essa é minha recomendação aos amigos do grupo e aos possíveis leitores.
O método que estou empregando é o da triste recordação dos dias que amarguei na prisão do etéreo e nas celas do orbe.
Quando a língua faz comichão para soltar pensamentos ruins, percebo que estou caminhando de acordo com o hábito antigo e, imediatamente, refreio o ímpeto destruidor.
No começo, foi muito difícil de superar as tentações, principalmente porque havia contas a ajustar com diversos desafetos. Agora, a compreensão dos dramas vai fazendo-se de todas as partes, de forma que até os pensamentos ruins estão rareando. Graças a Deus!
Peço aos irmãos que orem por mim e por todos os que estão nessa situação. Muito obrigado!
Iercolino.







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JOGO BRUTO





Iercolino veio trazer seu depoimento e seu apelo. Eu, Maria das Dores, poderia simplesmente dizer para se basearem em suas palavras, para conhecerem a minha personalidade. A diferença é que não fui anã, não me lembro de ter vivido na corte, nem nunca fui poderosa nem influente.
Na última peregrinação, única de que me recordo, fui tão-só mera dona-de-casa. Tive três filhos meus e dois que criei das primeiras núpcias do meu marido, com quem casei quando enviuvou.
O pessoal achou que nós mantínhamos relacionamento íntimo desde os tempos em que a primeira esposa vivia. Mas foi perfídia que procurei revidar da pior maneira, dando com a língua nos dentes e difamando as pessoas que achava que estavam forjando aquelas situações pejorativas.
Fui além e desacreditei da boa fé das pessoas, passando a julgar mal quanta comadre vinha morar nas redondezas da casa.
Vivi bastante tempo para poder refletir a respeito do que fazia, mas fui incapaz de perceber que ia ficando cada vez mais sozinha, até o dia em que duas vizinhas vieram tirar satisfações comigo, pois incorri no erro de dizer a mesma calúnia com relação a cada uma, chegando ao cúmulo de falar de uma para a outra.
Hoje, tenho consciência dos males que pratiquei, especialmente porque precisei criar coragem para pedir desculpas a cada criatura difamada. É bem verdade que, quase sempre, recebi de volta o mesmo pedido, pois também contra mim haviam levantado as piores maledicências. No entanto, a vergonha era tanta que as confissões que recebia não significavam qualquer alívio em meu sofrimento.
Vejo que superei tal deficiência de caráter, mas já me disseram que deverei retornar à carne, para outras provas correlatas. Isto me tem atemorizado muito, tanto que foi a razão que me trouxe até esta mesa, para advertir a respeito desse tipo de atitude e do correspondente sofrimento. E saibam que até que era boa pessoa, trabalhadeira e piedosa. Maldita língua!
Desculpem-me o desabafo. Coloquem na conta do arrependimento e do remorso.
Aceitem este pequenino brado de advertência e orem também por mim, para que possa arrumar meios de superar os fracassos.
Fiquem nas mãos do Senhor!







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IMPERFEIÇÃO





Dizem que a pressa é a maior inimiga da perfeição. Eu não acho. Há pessoas que são capazes de realizar obras com extrema rapidez e, mesmo assim, ficam bem melhores do que aquelas que eu produzo com bastante vagar.
É que a perfeição exterior provém de conhecimentos específicos que se sedimentam no cérebro. Quanto mais completos, mais fornecem elementos para que o resultado de sua aplicação se dê de modo perfeito.
A aquisição dessa condição de superioridade é que talvez mereça ser levada bem devagar, para que a assimilação das verdades se dê de modo definitivo.
Hoje, vim com o propósito de dizer o que penso a respeito desse assunto, embora não deva ser levado muito em consideração, porque vejo que estou bastante afobado e não consigo fazer um escrito que contenha todas as informações que coletei. Neste caso, devo concordar com o fato de que a pressa seja, deveras, inimiga da perfeição. Mas devo acrescentar que, mesmo que estivesse absolutamente sereno, não iria deixar registrada qualquer mensagem sequer parecida com a que grandes escritores realizariam, até mesmo sem qualquer preparação.
Peço desculparem-me a pretensão de vir trazer esta lição e suplico-lhes que prestem atenção nas anotações de nossos amigos, estes, sim, capazes de dizer coisas dos Evangelhos, com muita sabedoria. Eu só estou aqui para completar curto exercício, sem outro objetivo que não seja o de aprender a manusear o instrumento mediúnico.
Fiquem todos com Deus!
Armando.




PENSAMENTO



Chegada a hora da transmissão mediúnica, aprestam-se os alunos para o trabalho. Chegam bastante concentrados, pois julgam este momento um dos mais belos da existência, quando são capazes de exercer uma tarefa de grandes possibilidades de ajuda, verdadeiro tópico do socorrismo para o qual estão preparando-se.
Tal responsabilidade advém da consciência que adquiriram de que houve desperdício de oportunidades. Por isso, o grupo não se cansa de repetir que

o momento da luz é aquele que se faz por completo no entendimento da verdade.

Mesmo quando há pequeninas descobertas, como a de que algum hábito deva ser aperfeiçoado, até aí a luz parece resplandecer em glória, pois nos fica bastante claro que o progresso está concretizando-se.
Fiquem nas mãos de Deus!







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UMA PROPOSTA DE SUBORNO





Está em voga, entre os mortais, a denúncia de corrupção. Há algum tempo atrás, presenciamos cena deveras lamentável. Um certo governante, pessoa graúda na política, ao perceber que verbas se desviavam de certa Secretaria de Estado, mandou chamar os responsáveis e, descaradamente, solicitou parte dos ganhos irregulares, caso contrário, faria pública delação de enriquecimento ilícito.
Não somos ninguém para levantar suspeitas de que o procedimento das pessoas seja honesto ou desonesto, mas ficamos estarrecidos com o deslavado gesto, impudico e irresponsável.
Aí nós nos lembramos de nossa derradeira passagem pelo orbe e veio-nos à memória fato bastante semelhante, pois deixamo-nos seduzir pela facilidade de ganhos extraordinários, com a venda indevida de propriedades públicas, corrompendo-nos para nos manter no topo da sociedade.
Quando nos lembramos de ato tão contrário a todas as leis humanas e divinas, veio-nos à memória também o fato de, ao chegarmos para este lado, não termos sido recebidos pelas boas entidades, mas ovacionados, pejorativamente, por extensa multidão, que se dizia consciente de todos os malefícios que provocáramos, pois impedimos equânime distribuição de bens.
O que nos impressionou foi a vergonha que sentimos, pois os seres que nos acusavam nenhum outro mal nos faziam, todos possuindo telhados de vidro.
No momento em que vimos aquela pessoa tão influente descer tanto na escala da moralidade, bem que tentamos interferir, procurando dissuadi-lo de praticar mais aquele crime de lesa-população. Mas foi em vão. Daí nos veio a idéia de vir alertar o povo, embora saibamos que pouca repercussão terá esta modestíssima comunicação.
Que valha como exercício, pois iremos aperfeiçoar estes dizeres, para reproduzi-los sempre que nos derem oportunidade de vir falar aos da Terra.
Gratíssimo, irmãos, por me oferecerem esta mão tão gentil! Fiquem com o Senhor!
Onofre.







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CONGRATULAÇÕES





A equipe Paciência, Perseverança e Amor, ao tomar conhecimento de que, nesta data, se completa mais um aniversário do conjugo vobis do médium, resolveu trazer votos de felicidades, aproveitando o ensejo para treinar mais uma das parceiras, no campo da psicografia.
Aceitem, bons amigos, a nossa manifestação de solidariedade e afeto, bem como o desejo de muita prosperidade intelectual e moral. Que as bênçãos do Pai recaiam a mancheias sobre esta família!
Queremos enfatizar que poucos são os casais, atualmente, que se mantêm fiéis à promessa conjugal, tão desgraçada está a humanidade, a ponto de só dar valor aos bens materiais.
Nesta oportunidade, rogamos a Deus que desperte as pessoas para os bons exemplos daqueles que têm sacrificado muito em prol da manutenção da estabilidade que deve reinar na sociedade, para que se possa dar curso aos programas de evolução.
Só estamos estendendo um pouco mais a nossa participação, para justificar o treinamento, pois não temos categoria para estender-nos a respeito de tema tão importante. Dado o fato de que deve reinar alegria neste lar, não vamos dar tom pessimista a esta mísera comunicação.
Deixemos o casal festejar nas graças de Deus!
Orminda (pelo grupo).




PENSAMENTO



O dia de hoje é de festa para o casal. Gostaríamos que todos os casais pudessem chegar até tal ponto do matrimônio, com tanta paz e tantas realizações.
São comoventes as descrições de vidas que se conjugam para darem curso a outras vidas; por isso é que dizemos:

O sentimento do amor é que une as pessoas. Se só existisse esse sentimento, não haveria dor nem discórdia. O mundo seria orbe de felicidade.

Pense, irmãozinho, na contribuição que possa dar para tal objetivo.
Que Deus se apiade de todos nós, seres ignorantes e malévolos, que sabemos onde está a verdade, mas que pouco fazemos para que prevaleça!







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PARTIDAS DE FUTEBOL





Por obrigação do curso, temos acompanhado o mediador até a frente da televisão, onde são projetadas partidas de futebol.
O homem enche estádios, para ver seus ídolos desempenharem papéis bem demarcados. É como se passa nos teatros, onde as peças são previamente conhecidas. Quando o assistente é culto, é capaz de julgar dos aspectos novos da encenação; caso contrário, a repetição das falas parece aborrecer enormemente a maioria do povo.
Nos campos de futebol, as partidas se repetem monótonas, para quem não se identifica com um dos lados da contenda. Por isso, muitos de nós, a grande maioria, não vêem com entusiasmo essas disputas desportivas, pois não se agradam do espetáculo, com algumas raras exceções de demonstração de argúcia ou de habilidade.
Está o médium predisposto a correr para a frente do aparelho, assim que se desvencilhar responsavelmente desta obrigação. Recomendamos, entretanto, que medite bastante profundamente em que a repetição dos confrontos esteja desmotivando os amigos da espiritualidade.
Faça como achar melhor, mas não se esqueça de que estas palavras estão sendo ditas com amor e consideração.

Não é porque fizemos séria recomendação ao amigo que tenhamos terminado a nossa parte. O que nos trouxe até aqui foi o trabalho de cada dia e isso inclui, exaustivamente, o conhecimento de tudo o que se passa no âmbito das situações do pessoal envolvido, inclusive do médium.
Ao sabermos que há interesse em acompanhar certa partida desportiva, organizamos os trabalhos de molde a permitir ao amigo encarnado que realize os seus desejos, mesmo que isso possa não ser exatamente o que deveria ter em mira. Mas o nosso parecer é muito particular, conquanto, de alguma forma, desejássemos vê-lo prevalecer.
O que nos levou a referir-nos ao fato é a insana repetição dos cotejos, sempre muito iguais, sem emoção, causando até decepções graves, inclusive entre os fanáticos torcedores. Há que se ter equilíbrio também aqui.
Fique na paz do Senhor!
Hermínio.







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JESUS





O homem-deus do Catolicismo representa para nós da espiritualidade o principal dentre os mentores, a quem cabe gerir os destinos do planeta Terra. Não temos acuidade para perceber se tão excelso espírito vela por outros orbes, conforme nos sugerem certos irmãos maiores que estudaram o assunto de modo aprofundado.
De qualquer forma, a importância desse ser é fundamental para cada um de nós, que terá sua vez de apresentar-se perante o Senhor, para ser liberado para estratificações espirituais de caráter superior.
Preparemo-nos, pois, para enfrentar tão severo juiz, aceitando-lhe pacificamente os ensinamentos expressos, com tanta clareza e sabedoria, nos Evangelhos e discutidos por Kardec em vários livros, especialmente em O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Não é de pouco valor esta afirmação, pois, quase sempre, as pessoas concebem o paraíso como local de imensos prazeres, onde se entra através da larga porta do perdão e da boa vontade do Senhor. Antes, porém, que o Cristo possa demonstrar qualquer inclinação favorável à criatura que se encaminha para ele, é de essencial importância que a pessoa se tenha purificado de todas as más ações, merecendo a sua própria boa vontade e perdão, extirpando qualquer resquício de sentimento de culpa, pela convicção de que tenha praticado todos os atos da regeneração.
Se os guardiães que se postam à entrada do recinto em que Jesus assiste impedirem o ingresso, pode o pretendente suspeitar de que algo deixou para trás, em sua caminhada de glória.
Este pequenino excerto tem o mérito de reproduzir, palidamente, trecho de palestra ministrada à turma por professor da Escolinha. Tomei o assunto e transformei-o em página representativa de meu desenvolvimento.
Estou agradecido a todos e auguro-lhes rápida ascensão ao reino do Senhor!
Epaminondas.







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A MESMA AULA





Contrariamente ao que impressionou o irmão Epaminondas, fui atingida pelo palestrante em ponto mais pessoal, íntimo. É que me vi como a derradeira das criaturas, ser repugnante, incapaz de supor, sequer, a possibilidade de um dia me ver perante o Mestre.
Sei que milênios passarão até que possa suportar a idéia de ter tão compassivo olhar sobre mim, pobre ser das catacumbas do Umbral, recentemente saída para freqüentar estas aulas. O que me deixa a tremer de medo é a perspectiva de voltar à carne e fracassar, havendo de passar outra temporada na escuridão, para sanar grosseiros débitos que costumam incrustar-se na alma dos infelizes.
Os do grupo julgam que exagero nesse sentimento, pois estou adquirindo importantes noções sobre que pautar o procedimento daqui por diante. Concordo com isso, mas estou pensando no momento de estar na companhia dos encarnados, quando o sacrifício parece bem mais terrível e as tentações, insuperáveis.
Penso no irmãozinho que, porventura, topar com este escrito e que não sabe direito o que fazer para livrar-se da dor e da indecisão. Dizer que, um dia, irá encontrar-se com Jesus, cara a cara, talvez possa ser útil, mas é preciso apontar-lhe cada minúscula providência a tomar para realizar tal façanha.
Por isso, prefiro dizer: amem-se uns aos outros; não façam mal a ninguém; respeitem o direito do próximo; tolerem a malquerença e perdoem os malfeitos. Não hesitem em prejudicar-se para ver os irmãos em condições de progredir. Sacrifiquem-se pelos companheiros e façam de tudo para melhorar as condições de todos.
Pelos ensinos que estamos recebendo, até meus conselhos podem ser considerados genéricos demais, pois a mentalidade humana é muito complexa e não aceita palavras tão simples. Mas é bom começar desde já a perlustrar o caminho aberto por Jesus, pois dia virá em que não haverá outro recurso, senão empreender a caminhada, pois a solidão será excelente conselheira.
Fiquemos nas mãos do Senhor, que saberá proporcionar-nos as bênçãos de que estamos necessitados!
Amália.







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O CRISTO





Esse ser que nos trouxe a salvação está sentado ao lado direito de Deus. Esta posição de destaque pode parecer lugar-comum, pois é o que se prega na religião cristã, onde se dá a Jesus a categoria de filho de Deus, segunda pessoa da Trindade.
Nós do etéreo não temos a mesma visão. Sabemos que Jesus tem condições de ocupar importante trono, uma vez que lhe cabe reger vastidão imensa do espaço sideral, onde inumeráveis seres despertam para a verdade.
Deus, para nós, é ser excelso, cujos atributos não conseguimos configurar com precisão, pois a nossa pequenez nos impede de formular juízo de valor muito extenso.
Quando dizemos que Jesus é ser espiritual de categoria superior, nós podemos estabelecer essa concepção, por injunção das comparações que somos capazes de realizar, quais sejam as de que existem seres imperfeitos, seres melhores e seres excelentes. Ampliando a excelência, conseguimos conceber espírito de superiores qualidades, adquiridas no aperfeiçoamento contínuo a que se submeteu, a partir da aplicação aos estudos e a partir do incentivo que ministrou para a melhoria das condições existenciais dos semelhantes.
Mas Deus não temos com que comparar. Digamos, para resumir, que se trata de ser perfeito, criador universal, em harmonia consigo mesmo, o que significa que tem todas as qualidades imagináveis no ponto máximo. Eis, lamentavelmente, o pouco que podemos dizer do Criador. Parece-nos que está distante, quando pensamos na vastidão dos desertos espaciais, no entanto, sentimo-lo dentro do coração, como se ali se tivesse deixado ficar em pequena parcela de luz.
A linguagem humana não traduz direito os nossos sentimentos e impressões, pois não se fala de Deus tão-só com a razão. É preciso obter todas as sensações de felicidade no grau mais elevado e isto fica, definitivamente, encerrado dentro da sensibilidade, em raros instantes de inspiração. Passar para o leitor encarnado tal sensação é impossível para nós, frágeis seres, meros copistas das explicações que recebemos nas aulas.
De qualquer forma, fique o registro de nossas imperfeições e de nossa ânsia, como amostragem segura de certo grau de desenvolvimento por que todos terão de passar, caso ainda estejam muito atrasados no âmbito dos conhecimentos evangélicos.
Unindo o que disseram Epaminondas e Amália, pretendi deixar com os amigos presentes e com os prováveis leitores encarnados a desconfiança de que algo devem fazer para melhorar o desempenho, a fim de se encaminharem para a luz.
Graças a Deus!
Ronaldo.




PENSAMENTO



A turma toda voltou impressionada da aula que ouviu a respeito dos espíritos superiores, de Jesus e de Deus.
Pediram-nos que meditássemos muito sobre o assunto, pois a tarefa socorrista necessita, obrigatoriamente, de almas purificadas pelo desejo de servir aos semelhantes.
Essa visão, portanto, das esferas superiores, distorcida pela pouca faculdade de discernimento dos componentes do grupo, é que deverá preparar-nos convenientemente para receber as tarefas.
Sabemos que é ótimo observar as estrelas, mas também que necessitamos estar de olho nas pedras do caminho, pois é por onde peregrinamos para podermos, um dia, merecer avançar na escala da espiritualidade.
Se sonhar com a grandiosidade da perfeição é acender luzes para indicarem a estrada a percorrer, é preciso que mantenhamos aceso o nosso lampião, para o que temos de buscar o azeite através do trabalho em prol do irmão necessitado.

Saibamos observar as estrelas, mas mantenhamos rígido controle dos passos. A grandiosidade de Deus não se oblitera diante da fragilidade das criaturas.







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OBSERVAÇÕES





Os desenvolvimentos desta data se fizeram à luz da palestra proferida por Maciel especialmente para este grupo de alunos.
É preciso estimar as palavras dos companheiros como significativas de apanhado generoso de amigo da Escolinha. Em terra de cego...
Este é o aviso principal, para não se supor que tenhamos merecido a honra da visita de algum ser de excelsas qualidades. É preciso ingerir, primeiro, o leite materno, para adquirir estatura e desenvolvimento, para que se possam oferecer alimentos mais rígidos. Deixem-se crescer os dentes; enquanto isso, que se comam as papinhas.
Se a figura não ficou clara, paciência! É que não temos capacidade suficiente para redigir algo superior. Graças a Deus que ainda estamos podendo desenvolver alguns tópicos, o que nos parecia impossível há pouco tempo atrás, muitos de nós até completamente analfabetos!
Eu mesmo tenho melhorado muito e não caibo em mim de contente, por me ver concebendo este pequeno texto.
Espero que todos tenham compaixão pela minha ignorância e saibam reconhecer o esforço que estou fazendo.
Muito obrigado!
Deus abençoe a todos vocês!
Ernesto.







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CONFUSÃO MENTAL: DÁDIVA DIVINA





Aos poucos, minha inteligência vai clareando e posso perceber quanto de erro houve em minhas interpretações da vida e da existência.
Quando criança, brincava com os jogos que ganhava e montava cidades, praças de guerra, elaborando aventuras fantásticas de salvamento de heróis e heroínas em perigo. Era ótimo para desenvolver a imaginação. Mas depois cresci e a vida ensinou-me que não deveria apenas sonhar.
Estranhamente, quando aqui cheguei, notei que tudo parecia um grande sonho, que eu não existira na carne e que estava nascendo no etéreo, com lembranças esquisitas de fatos que envolviam criaturas absolutamente distantes, como saídas das quiméricas aventuras da infância.
Ainda bem que isto aconteceu comigo, pois, assim que fui tomando pé da situação, as memórias como que se foram concretizando, forçando-me a acreditar que muitos males causei. Como as lembranças surgiram aos poucos, pude ir contornando as situações, providenciando paulatinamente os resgates necessários.
Por último, despertou-me a consciência para a pessoa real que fui e, agora, me sinto diante de um ser completamente estranho, pois vou compreendendo os mecanismos intelectuais e sentimentais que provocaram as reações típicas da personalidade.
O que mais me impressionou no processo foi o fato de que tudo foram manobras dos socorristas, dentre os quais encontrei vários familiares e até pessoas conhecidas que eram tidas por mim como adversários ou, simplesmente, indiferentes.
Não sei categorizar todas elas mediante a história de minha existência, desconhecendo que papéis exerceram nos encarnes anteriores. Mas sinto-me fortemente preso a cada uma, como se fora possível estabelecerem-se garras de amor e de solidariedade com tantas criaturas concomitantemente.
Espero em Deus que o mistério continue a desfazer-se setor a setor, para que me sejam propiciadas condições de enfrentar os dramas sem traumatismos psíquicos, que me impediriam de assumir integralmente todas as responsabilidades.
Peço perdão aos amigos se me estendi para além do permitido.
Fiquem nas graças de Deus!
Olderico.







99

PROVIDÊNCIAS DE AMOR





Olderico veio trazer sua experiência, desvendando um dos aspectos mais belos do socorrismo espiritual, qual seja, o cuidado que os irmãos têm em minimizar os efeitos deletérios de possíveis choques psíquicos da revelação ex-abrupto dos problemas, quando os espíritos se colocam em condições de receber o impacto da verdade das imperfeições.
Comigo aconteceu de forma bastante diferente, pois me recusei a aceitar qualquer interferência, cego que estava para perpetrar as vinganças que havia planejado.
Aí fiquei a vagar no Umbral por mais de quinze anos. De sofrimento em sofrimento, de repente, encontrei-me com meus desafetos, criaturas que assumiam, para meu olhar distorcido, aspectos repelentes, os quais não fizeram questão de me aborrecer, pondo-me a par de tudo de ruim que praticara contra eles e contra outras criaturas mais puras, que jamais encontrara em minhas andanças. Não contentes com a revelação dos atos, acusaram-me de inúmeros defeitos e viciações mentais, demonstrando-me com clareza o verdadeiro monstro que era.
Foi época de profunda desgraça, pois fiquei impotente nas mãos dos obsessores, que me fizeram pagar fisicamente todos os males que havia patrocinado.
Abobalhei-me diante das pessoas, pois compreendera, finalmente, o quanto de culpa se encerrava na consciência. Em lugar de buscar trabalhar eficazmente pela recuperação de todos, entreguei-me a lamentações improdutivas, chegando a lançar invectivas com as quais asseverava que a divina justiça não existia.
Enfim, para não cansar os ouvintes, tive atrozes momentos de sofrimento íntimo, impedindo-me de reconhecer até os amigos que buscavam amenizar as dores e fazer-me entender que deveria reagir positivamente diante da tragédia.
Foi época muito difícil, que procuro compreender, para deixar de sofrer-lhe as conseqüências. Agora, estou bem mais calmo, pois tenho o amparo deste grupo de amigos, que sabem dos meus dramas e que buscam dar-me condições de superação.
Eu também peço perdão por ocupar tanto tempo este posto.
Fiquem com o Senhor!
Osvaldo.







100

A RESPEITO DE IDENTIFICAÇÃO





Os amigos que trazem as comunicações não se entusiasmam em deixar o registro de seus nomes. Por isso, o mediador sente dificuldade em caracterizar os alunos que lhe perpassam pela mente.
Há aqueles que dão os verdadeiros nomes, mas a maioria prefere adotar algum apelido na hora, indiferentes para as repercussões que possa haver no mundo dos encarnados. Interessa-lhes dar cabo das tarefas, deixando os aspectos pessoais de lado, mesmo quando a exemplificação dos casos é extraída de suas próprias vidas.
Fique, portanto, o irmãozinho à vontade para deixar em branco o pé da página, colocando a data, se isto lhe parecer importante.
Vamos, agora, deixá-lo na companhia do instrutor Hermínio.
Carlos.




PENSAMENTO



Falo pelo grupo, que deliberou possibilitar-me trazer o fruto de suas lucubrações. É importante ressaltar que cada trechozinho, cada pequenina frase ou minúscula palavra estão sendo acompanhados tecnicamente, para que se possa perceber como as vibrações vão transformando-se em comunicação de caráter mediúnico.
O processo todo é extremamente complexo, quando há interesse em se descobrir os mecanismos na intimidade. Mas a densidade corpórea do médium facilita enormemente o trabalho, de forma que podemos até considerá-lo integrante ativo do grupo, não no sentido de servir de cobaia, simplesmente, mas como modelo a ser imitado e padronizado.
Se todos os médiuns tivessem consciência de sua importância, o espiritismo poderia ganhar em autenticidade e fidedignidade, podendo promover mais extensa revolução.
Caro amigo, veja se você também se predispõe ao serviço.

Toda obra de mérito inicia-se pela boa vontade do realizador.







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O CAMINHO DA PAZ





Não queremos prejudicar os amigos que nos servem de instrumento, por isso, julgamos conveniente proporcionar-lhes bastante conforto físico e tranqüilidade espiritual, sem atemorizá-los quanto à força que aplicamos na imantação, nem no que respeita ao teor dos textos, sempre condizente com a sabedoria de que estão dotados.
Pensaram os amigos se algum professor de matemática se preocupasse em vir trazer a demonstração de teoremas, sem que o mediador fosse capaz de atinar com o que lhe estivesse perpassando pela pena?!
Assim também procedemos quando entregamos aos mortais mensagens originadas dos irmãos sofredores que vêm trazer experiências de dor.
Quase sempre, portanto, o que resta das mensagens é algo muito parecido com o campo de ação intelecto-sensitivo do médium, o que dá a impressão de contínuo animismo. Tudo isto ocorre porque respeitamos muito o padrão vibratório dos amigos, para não submetê-los a subjugações incorretas que, além de prejudiciais, se tornam improdutivas, podendo até fazer desfalecer a vontade do trabalhador.
Este exercício, evidentemente, é só mera repetição de muitos anteriores que têm chegado à mente de nosso escrevente. Apesar de tê-lo enfadado, ainda continuaremos dando oportunidade a este tipo de comunicações, pois é o de que estamos necessitados. Daqui estarmos profundamente gratos ao irmãozinho.
Que bom seria se cada ser humano fosse capaz de se deixar envolver magneticamente pelas forças espirituais positivas! Aí o trabalho se subdividiria, não havendo muita necessidade de grandes aprendizados. Eliminar-se-ia, inclusive a necessidade da aquisição das coletâneas de mensagens que o atrevimento dos editores consegue pôr nas mãos dos felizes alfabetizados do evangelho.
Que glória seria para a espiritualidade ver vencido esse temor que as pessoas sentem de verem refutados os seus argumentos, na tentativa ensandecida de se manterem alheias às diretrizes cristãs.
Hoje, a nossa abertura se deu em função de lídima recomendação, principalmente do ponto de vista das entidades do etéreo. Quem sabe, um dia, não mais precisemos disto!
Graças a Deus!
Otacílio.







102

NO MESMO CAMINHO





Otacílio predispôs-se a encaminhar os amigos à reflexão da necessidade de incorporação ao dia-a-dia de suas vidas do projeto de integração entre os planos, dando-se abertura à confabulação entre os amigos dos dois campos. Deu ao desenvolvimento o título de O caminho da paz, querendo que se infira das palavras que a harmonia nesse setor do conhecimento trará significativo avanço na percepção da verdade, qual seja, de que tudo está nas mãos de Deus, onde reina a mais absoluta paz.
Esqueceu-se, evidentemente, de conduzir os raciocínios de modo seguro, o que obriga os amigos leitores a malabarismo interpretativo.
Estávamos atento à manifestação e ousamos vir complementá-la, com alguns dizeres relativos à necessidade que cada ser encarnado tem de conhecer os objetivos do encarne para a existência como um todo. Neste ponto, esbarramos com a dificuldade apontada pelo irmão, qual seja, a de que a maioria dos encarnados é de analfabetos, quer no sentido próprio de não saberem ler, como ainda no figurado, de não quererem aceitar as premissas espirituais como as verdadeiras.
Relativamente ao caminho da materialidade, existem inúmeros argumentos a sedimentar posições em favor de postura alheada ao raciocínio espírita, principalmente quando se vê a sociedade pressionar tão fortemente a maioria da população, para que não venham a morrer de fome, fazendo com que se escravizem em tarefas absolutamente abrangentes.
Cada seção da vida organizada na sociedade, para que alguns possam usufruir conforto e tranqüilidade, necessita empregar imenso contingente de ilotas. Essa desproporção gera injustiças e isto desfavorece a paz. Por isso é que o princípio justitia et pax deve preservar-se, conforme nos orienta o confrade Vinícius, o saudoso Pedro de Camargo, em seus artigos maravilhosos.
Vamos encerrando nossa participação, homenageando as figuras probas dos homens que desejaram ver engrandecido o ideal do Espiritismo, através de obras elucidativas. Oremos por todos os que um dia sonharam com a educação, como a real mola propulsora para o advento do reino de Deus entre os homens.
Graças a Deus!
Pelágio.




PENSAMENTO



Fortes têm sido as razões que conduzem os amigos do grupo a este lugarzinho de tormentos e de delícias. Se, hoje, a preocupação foi a de orientar para a paz entre os homens, estamos certos de que, mais cedo ou mais tarde, virão aqueles que desejarão que o amor prevaleça, que o trabalho redima, que a caridade viceje e assim por diante.
É que as virtudes evangélicas estão na ordem do dia das aulas dos doutrinadores.

É falando do bem que os socorristas tornarão os homens melhores.







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O VALOR DE UMA LÁGRIMA DE DOR





O dia estava bem quente, quando Lucinha saiu de casa a espairecer. Na verdade, conduzia-se por séria intuição de que algo havia à sua espera pelas esquinas da vida.
Não demorou, encontrou o marido de braços com outra. Um rubor subiu-lhe ao rosto, mas ficou pasma, petrificada, sem reação.
Quando despertou do estado de letargia, sentiu escorrerem-lhe pela face grossas lágrimas de dor. Ruíra-lhe o castelo de sonhos. Três meses de casada e ali estava o jovem esposo aos carinhos com pessoa bastante conhecida.
Não iria suportar o desgosto, por certo.
Em casa, arrumou a trouxa, como se diz, e desistiu da luta, volvendo, sem explicações, à casa dos pais. A vida daria muitas oportunidades de reconciliação, mas Lucinha não aceitou, jamais, a presença do marido. Providenciou a separação em caráter definitivo e nunca mais volveu a pôr os olhos sobre ele.
Mas a vida cobra a felicidade que oferece, apesar de perdida. Foi assim que se viu, certa feita, diante de igual problema, pois a novo companheiro teve a desdita de proceder da mesma forma, com a única diferença de que foi perdoada e muito amada na dor da desilusão.
Não é preciso dizer quem é essa Lucinha. Sou eu. Não me arrependi em vida de ter abandonado o esposo. Sei agora que muito estava necessitado de ajuda, pois minha incompreensão fora profunda. Era extremamente jovem para saber que o mundo gira e volta ao mesmo lugar, bem como para entender as razões possíveis para o carinhoso gesto em relação à antiga namorada.
Neste instante, Roberto está comigo e já estabelecemos planos para futuro congraçamento na face da Terra.
Diz-me ele que jamais ficou sabendo como foi que conheci seu relacionamento com Joana, a boa irmã aqui também presente. Quando lhe contei, em nosso reencontro no etéreo, as lágrimas que me brotaram, foi aí que pôde perdoar-me a atitude tão drástica.
Pouco importa neste momento se houve ou não relacionamento íntimo entre os dois, mas a verdade é que o agrado que presenciei fora por demais inocente, perto do amor que os unira um dia e que se resguardava no coração.
O abandono foi medida extremada e jamais pensei que ficaria tão magoada. Como as coisas se ajustam com o tempo!
O que me trouxe a este depoimento simples, foi a necessidade de passar as notações de perdão e de amor. Que as lágrimas de dor de nossos amigos possam servir para revelar o quanto de amor se encerra em seus corações!
Perdoem-me o atrevimento! Fiquem nas mãos de Deus!







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POR MEDO





Eu não teria a coragem da irmãzinha de revelar caso tão íntimo. Também tive problemas com meu marido, mais sérios até, mas mantive firme o relacionamento, talvez por causa dos filhos.
De qualquer forma, soube perdoá-lo em suas estrepolias, mas não o fiz por boa vontade, senão para manter a ascendência moral que suas fraquezas me propiciaram.
Durante a vida, submeti-o à tortura do remorso, pois, constantemente, lembrava-lhe as atitudes de desonestidade conjugal. Se o perdoei, foi, deveras, da boca para fora.
Quando aqui cheguei, procurei-o por toda a parte, pois me havia precedido de dez anos. Aconteceu, porém, que não fui capaz de localizá-lo, ficando perdida na erraticidade, por mais de vinte e cinco anos, remoendo a idéia de tê-lo de volta sob meu jugo.
Por medo de perdê-lo é que me pus a ruminar as idéias que me perpassavam pela cabeça. Mas fui muito teimosa e jamais pude admitir estar errada. Um belo dia, senti quentes lágrimas escorrerem-me pelas faces, mas não atinei com a razão do choro. Na verdade, as lágrimas não eram minhas, mas de alguém que me perdoara e me pedia desculpas pelos malfeitos que me proporcionou.
Esse sentimento que via perto de mim e que não percebia de quem poderia ser só me foi revelado no dia em que atinei com o ódio que me camuflara as atitudes de desculpas e de perdão. Aí desfaleci e, quando acordei, estava sendo atendida em hospital do etéreo.
Se me fosse permitido preencher mais folhas, iria ter o que contar a respeito da assistência que recebi, principalmente no sentido de me levar a compreender os defeitos de minha constituição espiritual.
Foi grande o sofrimento que se abateu sobre mim.
No início, pensei que não fosse possível passar para o papel o que me ia no fundo da alma. Ainda bem que os amigos do grupo me estimularam e me conduziram pelos estranhos caminhos dos pensamentos.
Vejo que não há tanta tragédia, pois penso ter superado boa parte dos maus instintos sentimentais.
Não posso esquecer-me de dizer que também eu tenho a companhia do querido esposo, cujas lágrimas foram fundamentais para meu despertar.
Graças a Deus, por sua misericórdia!
Laura.




PENSAMENTO



O ato do perdão é sempre muito complexo. Jamais a pessoa deve pensar que basta dizer "eu não ligo, ou "isto não me afetou, ou ainda "penso que daqui por diante não haverá de se repetir o fato", para achar que o desafeto está devidamente perdoado.
Jamais!
É preciso reconhecer todos os movimentos da alma, saber qual foi a extensão dos cuidados íntimos, quanto de frustração se conteve na descoberta da atitude ofensiva e medir o amor disponível para o reforço dos sentimentos de caráter positivo. Depois disso, em prece de profunda harmonia com a Divindade, solicitar forças para manter o tônus espiritual elevado, de forma a não propiciar à alma qualquer recaída no domínio das imperfeições, pois não basta achar que perdoou, quando resquícios de sofrimento persistem incomodando.

O perdão que não se fundamenta no amor esvanece na brisa das péssimas recordações.

Fiquem com Deus!







105

DITADOS MAL FEITOS





Lamentavelmente, o grupo que ora se apresenta para a aprendizagem não traz bagagem significativa de conhecimentos. Somos extensa equipe de espíritos em débito que se preparam para o retorno à carne, mas com algum discernimento das virtudes, não tanto por carregá-las consigo, mas por ouvir muito falar delas.
Sendo assim, não podemos produzir qualquer obra de vulto, só pequenas mensagens como treinamento. Aqui e ali, despejamos sobre o papel algumas noções aprendidas nas aulas, de modo que, às vezes, somos portadores de algum conhecimento de caráter superior. Como, entretanto, fica ao nosso encargo desenvolver as idéias, é muito provável que transformemos os temas, dando-lhes as esmaecidas cores de nossa capacidade.
Dos males, o menor: é preferível que pequemos por evidenciar ignorância a projetarmos, nas comunicações, excessivas falhas, para acobertar as deficiências. Seria duplo erro: o da falta do conhecimento e o da arrogância em não admiti-lo.
Para estes pequenos desenvolvimentos, estamos treinando com afinco, pois o que nos interessa mais não é o teor da mensagem, mas o aprendizado de como transmiti-la mediunicamente, de forma a possibilitar ao médium seguro apanhado das manifestações. E nisto temos sido felizes, haja vista a grande quantidade de pequenos textos.
É bem verdade que não há intenção alguma de difundir estas comunicações entre os encarnados mediante publicações, mas nem por isso iremos deixar de esmerar-nos o mais que nos é possível. Se não fora o bom senso crítico que estamos adquirindo através do estudo dos textos dos irmãos maiores, por certo estaríamos até acreditando que algum mérito pudesse encerrar-se em nossos escritos.
Perdoem-nos os amigos que, por acaso, mantiverem contacto conosco por meio da leitura, mui especialmente o escrevente, que se submete com boa vontade, embora apreensivo, a este tratamento de choque. Resta orgulhar-nos de termos podido freqüentar tão ilustre pena, apesar de não estarmos aptos a produzir a altura.
Fiquemos todos na paz de Deus!
Virgílio (traduzindo os sentimentos do grupo).







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CONVALIDANDO O TEMA





Costuma o bom amigo médium tomar o cuidado de aguardar futuras leituras para surpreender os méritos dos textos. Sabemos que tem o hábito de não precipitar julgamentos, pois já se deixou iludir por falsas impressões, no momento mesmo em que traduzia as vibrações do etéreo em linguagem corrente.
Quase sempre, sua intuição suspeita de que o resultado final do discurso possa demonstrar equilíbrio e harmonia, de molde que o texto não só expresse com clareza as idéias que se haviam preparado, como registre estilo elegante, condizente com o edificante teor moral que deve embasar os escritos mediúnicos.
Esta dissertação está a parecer-lhe diferente das anteriores, pois consegue perceber que o irmão que se comunica está a esmerar-se, no sentido de comprovar pelo fato aquilo que vem afirmando, ou seja, que esta mensagem oferece elementos de indiscutível valor, tendo em vista a média dos ditados que lhe estão sendo passados.
Fique, bom amigo, atento para as emoções e não se deixe envolver por ideais de grandiosidade. Atender a estes míseros filhos das trevas é tarefa tão sublime quanto ouvir os maviosos cantos da ternura dos seres angelicais. Às vezes, até será preferível atender aos mais imperfeitos, pois podem constituir-se em causa eficiente de progresso, dada a caridosa aplicação de sua disponibilidade intelectual, a par da referência específica a problemas que bem podem representar o modelo daqueles que o afligem.
Quando for reler este minúsculo excerto, poderá até parecer-lhe pretensioso e deslocado do ramerrão da turma. É que o exemplo vívido que estamos deixando registrado serve para demonstrar cabalmente que, quase sempre, a verborragia esconde pobreza de espírito ou acanhamento de visão. Não se deixe iludir pelas aparências aparatosas dos vocábulos buscados e rebuscados. Se a arte de escrever existe como excelência de caráter social entre os encarnados, para nós do etéreo significa, muitas vezes, mais um defeito a ser extirpado da consciência carcomida pelos males: a vaidade.
Não estamos querendo trazer qualquer lição que já não tenha passado pelos olhos de cada um dos prováveis leitores, por mais humildes e modestos sejam. O que deve ficar indelevelmente apontado é a extraordinária alegria que se apossa de nós por verificarmos que fomos capazes de deixar para trás mais uma pequenina fase dos exercícios.
Graças, Senhor, vos damos, por possibilitar-nos entrever o caminho da salvação!
O grupo, aproveitando-se das facilidades de um dos componentes em extrair do acervo do escrevente certa terminologia que não estamos aptos a aplicar, por iniciativa própria.




PENSAMENTO



"Quando o trabalhador está pronto, o trabalho aparece."
Este verdadeiro axioma do mediunismo pode ser aplicado também para as entidades da espiritualidade, com uma única ressalva: é preciso que o trabalhador se prepare convenientemente e, para isso, há que adquirir as noções básicas da transformação das vibrações em impulsos psíquicos para modificar as ondas cerebrais do mediador, bem como sedimentar o aspecto moral com a absorção das virtudes evangélicas, pelo menos de maneira rústica, intelectualizadamente.
É este o ponto em que se encontra esta equipe, neste momento das apresentações. Por isso é que adotamos por lema a tríade Paciência, Perseverança e Amor.

Se o trabalho aparecer, para alegria nossa, saberemos que estamos preparados.

O grupo, sob o comando mais efetivo do orientador Hermínio.







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UM APELO JUSTO





Quando me encontrava encarnada, ouvi, certa feita, sentido apelo ao Senhor, para que se dignasse conceder paz de espírito a uma certa colega, afligida por mal incurável. Depois de muitos anos de paciente espera por melhora, sem que levantasse qualquer suspeita de que estaria sofrendo injustiça, cansou-se das dores e sofrimentos e pediu a Deus que a protegesse dos maus pensamentos e dos maus pendores, para que pudesse evitar de emitir vibrações que possibilitassem aos seres inferiores aproximarem-se para o acréscimo da perturbação espiritual. Muito rezou para a refacção da saúde e para a manutenção da fé; principalmente, endereçou preces sentidas pelo restabelecimento perispiritual, para que não ficassem seqüelas que viriam a atormentá-la após o decesso. Mais orou pelos infelizes que desejavam importuná-la, logrando, com misericórdia e constância, agrupar extenso rol de benfeitores espirituais, que passaram a vibrar fortemente pelo atendimento das sinceras rogativas.
Eu mesma tive a oportunidade de presenciar efeitos maravilhosos sobre os seres em resguardo, uma vez que efetuávamos sessões mediúnicas de amparo fraternal, cabendo-me a importante tarefa do relato do que visualmente era capaz de observar. A mediunidade da amiga era psicofônica, de sorte que sabíamos exatamente o que se passava no campo do etéreo.
Em mais de trinta anos de sessões, atendemos a milhares de irmãos em falência moral, de sorte que os méritos que capitalizamos foram utilíssimos quando nos transferimos para o espaço espiritual.
Hoje, a amiga sabe perfeitamente que todos os sofrimentos por que passou foram provocados por sucessivas peregrinações pela carne frustradas por arraigado egoísmo. Finalmente, com o apoio de seres especialíssimos, conseguiu vencer os titubeios e pôde ascender em paz para local condizente com o seu desenvolvimento moral.
Esta pequena participação ocorreu-me, quando percebi que há necessidade para os humanos de compreenderem a dor e o resultado da atitude serena e equilibrada no enfrentamento das desditas.
Graças a Deus, para mim bastou a confraternização judiciosa com minha amiga e conselheira, pois seu exemplo vívido me favoreceu o entendimento de meu próprio carma. Sendo assim, espero que esta palavra possa servir de alavanca para soerguer moralmente algum amigo imerso em profundos sofrimentos, quando não simplesmente perplexo diante da necessidade dele.
Grata estou ao escrevente por vir trazer seu apoio, para que pudéssemos desenvolver a parte das tarefas que nos coube.
Fiquemos todos nas mãos de Deus!
Gracinha.







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APOIO DE AMIGA





Eis que Gracinha veio contar a sua versão da história, afirmando que comigo aprendeu a conhecer o lado crístico a ser desenvolvido para o enfrentamento positivo das eventualidades cármicas.
Na verdade, foi ela quem me trouxe carinhoso e dedicado apoio, pelos trinta anos seguidos que convivemos nas graças do Senhor.
Presa ao leito, só conseguia sair carregada para freqüentar as sessões no centro espírita do bairro. Finalmente, os amigos tiveram cuidados especiais para comigo e passamos a realizar as reuniões em meu lar, tudo porque a amiga conseguiu convencer os colegas de que seria proveitoso para o futuro espiritual de todos.
São muitos os que estão conosco, exercendo atividades diversas em setores do socorrismo ativo. Isto quer significar, necessariamente, que eu mesma não passo de obscuro membro da troupe e não alguém com dotes espirituais superiores, conforme a amabilidade da irmãzinha desejou que fosse.
Mas o importante que pretendo destacar é a força da solidariedade e da amizade, quando fundamentadas no amor mútuo, na compreensão e na vontade de servir.
Graças a Deus, a irmãzinha soube compreender os anseios de luz que demonstrei e muito me auxiliou, principalmente dando-me amparo moral e espiritual, através das leituras freqüentes que levava a efeito, o que, indefectivelmente, se fazia acompanhar dos competentes comentários e debates, para a exata compreensão das idéias e raciocínios.
Minha querida amiga jamais olhou para o relógio, jamais deixou de comparecer a um só encontro marcado, interessando-se sobremodo em fazer-me o mais feliz possível. Foi por isso que as crises por que passei se viram transformadas em serenos apelos ao Senhor, até que, finalmente, fui totalmente atendida.
Grato fico à querida irmã pelos encômios que destinou à minha pobre figura. Ao irmão que apanhou o ditado, meu sentido agradecimento. Que todos os exemplos do honesto produzir espiritual e mediúnico possam frutificar, por obra e graça de Deus!
Felicidades!
Ernestina.




PENSAMENTO



Quando um irmão se oferece ao serviço com muito boa vontade, é justo que retribuamos, favorecendo-lhe os desejos íntimos, desde que honestos e condizentes com os valores evangélicos.
Sagrados são os momentos em que passamos junto a esta mesa de trabalhos e, por isso, não é preciso lembrar os compromissos que se adquirem durante tão chegado relacionamento.
Sendo assim, ficamos até inibidos quando o encarnado se propõe a sacrifícios diversos, mesmo quando signifiquem tão-só simples participação em eventos esportivos ou sociais.
É preciso que sejamos lúcidos suficientemente para perceber quando devemos transformar a aula em mero discurso ou em profunda discussão, dispensando, nesse caso, o concurso do encarnado.
Como já obtivemos do amigo os elementos com que iremos desenvolver o próximo tópico, podemos liberá-lo, para que faça o que melhor lhe aprouver. Subsiste tão-só a necessidade da oração de encerramento.

Não há nada mais belo que o amigo que propicia ao amigo condições de desenvolvimento.







109

O CLARIVIDENTE





Gostaria de dar forma de conto a este escrito, entretanto, devendo restringir-me a determinado volume de influxo vibratório, vou reduzir a simples croniqueta.
José era o nome do meu amigo. Tinha ele o fantástico dom da visão dupla, de forma que vivia constantemente entre os dois planos existenciais. Um dia, estando imerso no campo dos sonhos, cataléptico para os encarnados, pôde divisar extensa cidade do etéreo, por cujas ruas se deixou conduzir por amigo da espiritualidade.
Quando regressou ao lar, veio absolutamente deslumbrado com tudo que lhe foi dado observar. Tendo excelente memória, foi capaz de descrever à minúcia os sítios por onde passou, em espesso volume de mais de duzentas páginas.
Sua obra, no entanto, pecava pelos amplos painéis em que descortinava a paisagem conhecida, de sorte que não propunha qualquer história que pudesse prender a atenção aos leitores, levando-os a passear pelas praças e avenidas da notável civilização.
A custo, logrou editora que se ofereceu para a publicação, desde que o pobre homem arcasse com o ônus das despesas, restando para a empresa a obrigação de distribuir os exemplares.
Na verdade, precisou o amigo desfazer-se de todos os bens, adquiridos em mais de quarenta anos de esforço contínuo, em seu labutar de mestre-escola. Mas trouxe a obra à luz.
Grande decepção: o público não se interessou pelas lúcidas descrições, desprezando a vivência do médium, considerando tudo aborrecido demais, quando não deixava claramente entrever as suspeitas de mistificação.
José, hoje, percorre as praças onde vicejam centros espíritas, fazendo palestras e dando demonstrações de sua capacidade de dupla vista, com o fito de recuperar o dinheiro aplicado na publicação. Aos poucos, vai conseguindo passar as cópias que armazenou, restando-lhe só dois milhares de exemplares, para retornar ao ponto de partida.
Oremos, irmãos, para que mais corações compassivos se condoam do sofrimento que se lhe cristalizou no íntimo.
No espaço espiritual, o orientador sofre, por sua vez, por verificar as inúmeras falhas de interpretação que o protegido concebeu ao idealizar que aquele seria o objetivo a que se havia destinado na vida.
Deus escreve certo sobre linhas tortas. É assim que, muitas vezes, os mentores, buscando interpretar à risca os sábios dizeres, imaginam propiciar orientação aos discípulos.
Não precipitemos, pois, as conclusões. Se somos apaniguados por alguma qualificação especial, utilizemo-la para propiciar benefícios aos semelhantes, atentos para que a medalha não possa estar sendo examinada pelo outro lado.
Fiquemos todos nas mãos de Deus!
José.







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SÁBIAS DECISÕES





O tema do dia é a aplicação na vida real dos conhecimentos do plano imaterial que se podem adquirir, por via mediúnica.
Fizemos questão de ressaltar o termo vida com o epíteto de real, embora corrêssemos o risco de não sermos devidamente compreendidos. É que, para os encarnados, a realidade mais simples e direta é aquela em que predominam as sensações sediadas no corpo denso. É claro que a existência espiritual tem contextura igualmente real, mas isto ocorre em relação aos espíritos livres da densidade da matéria.
Assim, quando os médiuns são capazes de contatar, através de vários meios, os elementos do plano espiritual, é bom que considerem tal conhecimento como falto de base, segundo os princípios de que estão investidas a inteligência e as percepções.
Se o bom amigo estiver recebendo informações teóricas a respeito dos processos de relacionamento entre os seres do etéreo, ou se tiver o dom de ser transportado para locais que lhe são designados como pontos existentes no plano espiritual, saiba que tais deferências lhe são próprias e intransferíveis. Caso bastante diferente se dá quando o médium destina o tempo e as energias para propiciar aos amigos instrutores a possibilidade de redação de textos elucidativos, como estes, pois a forma verbal está adequada à mentalidade do encarnado, que poderá vigiar para que as mensagens contenham informações seguras e coerentes com a codificação doutrinária elaborada por Kardec e exemplificada por inúmeras entidades que, desde então, se debruçam sobre o papel, para firmar as notações de que a vida espiritual é o verdadeiro destino a que todos os mortais se dirigem.
Evidentemente, este comunicado é simples e imperfeita demonstração exemplificativa com que o aluninho da Escolinha se desobriga da tarefa meramente escolar. No entanto, que sirva de lição para quanto leitor incauto se abalar a compulsar os alfarrábios arquivados pelo mediador, já que, temos a certeza, não irá ele resvalar pelas mesmas íngremes escarpas por onde descaiu o amigo José da manifestação anterior.
Estamos plenamente satisfeitos por termos podido trazer este comentário, uma vez que realizamos in totum as determinações dos instrutores.
Fiquem, irmãos, na paz do Senhor!




PENSAMENTO



Sempre que os homens deliberam deixar as informações do etéreo de resguardo, na desconfiança de que possam conter elementos de tentação, dada a facilidade de seus poderes de contato com a espiritualidade, agem sabiamente.
Malgrado as informações possam estar ricas de preciosos indícios do que ocorre no plano superior, mesmo que a contextura frásica se construa de maneira lúcida e literária, a demonstrar o vigor espiritual do informante, apesar de haver absoluta coerência interna e inúmeros pontos em comum com os textos conhecidos e aprovados pelas autoridades espíritas terrenas ou não, ainda assim é preferível voltar-se para o apanhado simples dos ditados ou para o trabalho de doutrinação e de desobsessão a ver-se em palpos de aranha para ter de explicar, em longas conferências, o como, o porquê, o onde e demais circunstâncias que envolveram o ato mediúnico que deu origem à publicação.
Caso o amigo considere que os textos sejam úteis para o auxílio aos necessitados de cultura espiritual, jamais se esqueça de que há inúmeras edições dos Evangelhos, o repositório máximo da sabedoria, que todos deveriam compreender e aplicar. Por outro lado, a codificação kardequiana aí está, em edições populares e baratas.

Para que os médiuns cumpram as obrigações, para além das aptidões de mediadores entre os planos, basta oferecerem-se ao socorrismo fraterno das pessoas menos abonadas.







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SÓ MAIS UM POUCO





Estamos entusiasmados com a deliberação do amigo em nos colocar ao dispor todo o tempo de que necessitamos, embora se deixe envolver por certa expectativa de poder ser liberado.
Esta atitude surtiu efeito inesperado: a escrita ganhou não só em velocidade mas também ficou mais encorpada e desenvolta.
Devemos dar ao amigo os parabéns, pois há certa necessidade de se trabalhar sob pressão, para dar azo a que as comunicações se realizem do modo mais próximo das intuições dos irmãozinhos da turma.
Fique à vontade para abandonar o posto, pois conseguimos amealhar muitos elementos com que desenvolver as palestras do dia. Vá em paz para as suas tarefas!
Hermínio.







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UTILIZANDO A FORÇA





Aos quarenta e cinco anos de idade, deixei o convívio dos mortais para ingressar no mundo dos mortos. Aqui chegando, fui recebido por milhares de bons amigos, que me receberam com muita alegria. Modestamente, atribuí a recepção aos fluidos que emiti durante toda a vida e me dispus a auxiliá-los na tarefa socorrista.
Entretanto, enganei-me redondamente quanto à natureza da alegria que pude distinguir nas fisionomias satisfeitas. O pessoal estava regozijando-se por ter conseguido alhear-me dos compromissos que me levaram ao encarne. Só depois de ter sido malhado como pobre Judas de Sábado de Aleluia é que pude aquietar-me num canto, para refazer as imagens criadas no cérebro e que me haviam iludido.
Pude perceber, então, que, na verdade, o meu jeito de realizar as coisas só poderia indicar pessoa absolutamente orgulhosa, egoísta e vaidosa. Onde se viu sequer imaginar que havia milhares de bons amigos a aguardar por mim, quando, na Terra, havia desancado por sobre quanto coitado se atreveu a transpor o meu caminho?!
Para sair da situação em que me encontrava, precisei utilizar a força, mas não no sentido físico, pois não haveria nada que pudesse fazer contra tantos que me assediavam. A força que empreguei foi a da mente, pois resolvi resumir todos os conhecimentos que pude rememorar e que falavam do bem e do amor, para convencer a cada um, não de que se enganava, tomando-me como ser inferior, mas de que se enganava, pensando que a minha queda lhe favoreceria a ascensão.
Aos poucos, procurando não ser malicioso ou hipócrita, fui convencendo a turma a não me atacar, predispondo a todos a me ouvirem. Foi assim que, à custa de muita lágrima derramada nas trevas, pude ir enviando, um a um, para o regaço dos irmãos protetores.
Este texto é muito resumido e não dá para relatar todas as tropelias intelectuais e morais que me atenazaram o sentimento confrangido. A verdade é que passei bem mais de cinco lustros atendendo à demanda dos que me elegiam para o encaminhamento às fímbrias da luminosidade.
Está claro que houve alguns inimigos que jamais parariam de me atormentar, não fora eu mesmo estar sob a doce dominação de alguns seres superiores, que só esperavam a deixa para conduzirem-me com os outros para o refazimento perispirítico.
Há alguns dias atrás, cerca de seis meses, ascendi, por minha vez, a este plano abençoado, na companhia de diversos perseguidores transformados em aliados, para inscrição nesta Escolinha.
É com imensa felicidade que estou participando desta tarde mediúnica, a comprovar que, quando existe força de vontade, fé, esperança e caridade, tudo podem conquistar os espíritos, mesmo que muito endividados.
Graças a Deus!
Norberto.







113

NÃO FOI BEM ASSIM





Norberto é o mestre suave da escuridão. Espírito sofredor, quando percebeu que os mecanismos que elevam se fundamentam nas obras da benemerência, sem contar com muita sabedoria, assim mesmo se pôs a peregrinar no Umbral, clamando aos desesperados que mantivessem atitude calma de confiança no Senhor.
Não estou gabaritado para estabelecer a medida de seu desenvolvimento espiritual, nem obtive alvará para perscrutar-lhe o íntimo, para saber até que ponto havia sofrimento a tecer-lhe de angústias a consciência. A verdade é que, aos poucos, foi formulando lídimo discurso para libertação do pessoal, tanto que convenceu a muitos, como eu, que deveriam aceitar o destino, por força de termos transgredido as normas do Senhor.
No entanto, devo dizer, a bem da verdade, que não havia eloqüência medida ou estudada, mas natural tendência à fleugma e à paciência. Nunca se havendo rebelado, pôde deixar os adversários sem reação, pois também não se submetia calado, mas, corajoso, enfrentava, com argumentos válidos, as pancadas que recebia.
Para desgosto meu, fui dos que mais o puseram aflito diante da necessidade da compreensão do bem de existir por amor de Deus e do próximo. Comigo, no entanto, agiu ponderadamente, aconselhando-me muito a arrefecer o ânimo, pois, se ele ficava cada vez pior, não era de melhoria a minha evolução.
Sou do grupo que chegou com Norberto há algum tempo atrás e devo dizer que, embora não tenham sido milhares, uma boa centena de bons amigos foi resgatá-lo e a nós das trevas.
Cumpro o dever de revelar a verdade integral, pois a humildade do colega não lhe permitiria falar com tanta ênfase das boas qualidades. Estou até um pouco constrangido, pois está envergonhado e não sabe o que dizer para fazer-me calar. Pois que use a força dos argumentos em seu favor, já que o objetivo que me traz até aqui é bem claro: quero que os amigos possam identificá-lo com nitidez, sabendo que se trata de alguém em quem se pode confiar irrestritamente.
Como é bom poder contar com amizades tão valiosas! Espero em Deus que todas as criaturas possam alegrar-se, possam enriquecer-se com seres amigos de tão boa estrutura moral.
Em tempo, devo acrescentar que haverá necessidade de muito orarmos a Deus, para fugirmos à tentação do orgulho e da empáfia.
Fiquemos, irmãos, nas mãos do Senhor!
Honorato.




PENSAMENTO



Como que repetimos o tema da última tarde, com a diferença de que a amizade revelada hoje se conquistou no etéreo e a anterior, no campo da carne.
Insistimos nesse ponto, para deixar translucidamente transparente a possibilidade de se criarem vínculos de bom relacionamento entre os encarnados e entre os espíritos livres. É por isso que não nos avexamos de demonstrar bastante fragilidade em nossas paupérrimas mensagens: é que confiamos em que possam fixar-se amizades profundas também entre encarnados e desencarnados, bastando que haja compreensão da necessidade de crescimento moral, para que possamos todos evoluir. Para tanto, há que existir carinhoso afeto adquirido pela confiança provinda dos atos de assistência e de sacrifício.
Vamos deixar este ponto para a meditação dos amigos

Quando há confiança mútua entre os seres, a verdade se estabelece como paradigma das virtudes.







114

AUTOMATISMOS MEDIÚNICOS





Se o bom amigo tiver disponibilidade emocional para conseguir apanhar ditado que diz respeito à sua imaginação, poderemos estender-nos um pouco a respeito do porquê não vamos utilizar o computador, para transferir as mensagens que estamos há tempos encaminhando aos humanos.
Pode ser que haja espíritos interessados em demonstrações generosas do poder de imantação, pois escrever diretamente sobre as teclas, apesar do auxílio vibratório e energético de médium competente para efeitos físicos, será tido como verdadeiro milagre. Entretanto, quanto aos alunos da Escolinha, estão orientados para o socorrismo de caráter íntimo, de sorte que lhes é de todo imprescindível aprender a manejar o instrumento humano, para que a influenciação se dê, o mais possível, no âmbito da consciência.
Por outro lado, que vantagem adviria da rapidez da comunicação, quando se sabe que nada do que os espíritos superiores possam transmitir transcenderá as normas evangélicas? A não ser para o efeito cênico assinalado acima, nada haverá de vantagens na realização dessa espécie de mecanização mediúnica.
Não vamos, pois, sonhar com facilitações de caráter corpóreo, muito mais do que de realização espiritual.
Imaginemos que as obras existentes de diversos autores tivessem sido transmitidas através desse sistema. Que poderio maior teriam os dizeres? Será que a escolha vocabular poderia ser mais perfeita? Não haveria problemas na tradução imediata, quanto ao tipo de linguagem defasada em relação ao momento psicossociolingüístico? Por exemplo, haveria a possibilidade do registro do último vocábulo da interrogação anterior, caso o transmissor tivesse convivido entre os mortais há duzentos anos?
Perder-se-iam, portanto, quase completamente, as pesquisas conscienciais do médium, pela necessidade de estar inteiramente alheio ao trabalho, já que a velocidade iria atingir, com certeza, o limite da própria máquina eletrônica.
Fiquemos atentos para as razões apontadas, para não cair em tentação diante do teclado, na expectativa de que haja algum espírito preparado para a utilização do mecanismo.
Não sejamos dispersivos, mas trabalhemos com denodo para o preparo dos socorristas, que precisam urgentemente empreender serviços em prol da gente necessitada.
Vamos agradecer ao Senhor esta possibilidade de escrita psicográfica simples, uma vez que já é muito diante do nada que normalmente sói acontecer.
Fiquemos todos nas mãos de Deus!
Hermínio.







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SEGUNDA PARTE





Um novo amigo deseja complementar o tema, afirmando que, do ponto de vista do encarnado, também é preferível deixar-se conduzir conscientemente pela vibração do etéreo. É que, em estado sonambúlico, nenhum mérito pode ser imputado ao servidor, a não ser o da boa vontade e da aquiescência, nem sempre com o espírito puro da solidariedade, mas com os olhos voltados ávidos para possíveis vantagens posteriores, quer no campo da matéria, onde poderá passar por ser de transcendentais qualidades e de poderosíssimos amigos, como ainda no plano espiritual, através da expectativa de vir a ser apaniguado por recursos especiais, para guindar-se a esferas superiores.
O médium desperto para a escrita, estando apto a acompanhar a redação, se vê, muitas vezes, inteiramente envolvido pelo serviço, transformando a atividade em algo muito semelhante ao desempenho de um ofício. Não se trata tão-só do cumprimento de tarefa cármica — o que já seria de superior merecimento —, mas de tarefa conjunta empreendida em colaboração com o grupo, constituindo-se ele em parcela mui significativa e importante, para que se possa levar a bom termo a atividade.
Quando se trata de textos, como estes, de informação e esclarecimento, a presença do mediador é importante até porque acaba aprendendo e assinalando as razões levantadas pelos comunicadores, em função de determinados temas de interesse para seu desenvolvimento intelectual.
Há, entretanto, campo muito mais fértil em regalias morais, qual seja o atendimento direto a irmãos em lamentável estado de penúria moral, quando a participação do encarnado se torna fundamental para a consecução dos trabalhos da equipe socorrista. Aí, além de aspectos meramente intelectuais ou cognitivos, existem aqueles que envolvem os sentimentos, havendo doação inequívoca e amorosa, a contar pontos preciosos para a evolução espiritual.
Estamos, portanto, imensamente felizes de que o mediador se tenha atrevido a imaginar as felicidades que teríamos ao empregarmos as forças diretamente sobre o aparelho captador das mensagens, se bem que altamente influenciado pela equipe.
Fique, agora, nas mãos de Deus, caríssimo irmão, e perdoe-nos esta velocidade quase incontrolável, como se estivéssemos a desencadear todos os eflúvios de uma única vez.
Hermógenes.




PENSAMENTO



Houve um grupo (Equipe dos Amigos da Verdade — A utilização da datilografia. In: Falando de Evolução) que se preocupou em demonstrar que a presença do médium devidamente imantado junto ao teclado do computador não diferençava grandemente do trabalho que realiza manuscritamente. Havia percalços a serem considerados, quanto à localização do aparelho, muito exposto ao vaivém das pessoas da casa.
Se considerarmos que o aparelho possa ser colocado exatamente sobre a mesa em que se apóia o braço do escrevente, então, não haveria diferenciação alguma, desde que a única mudança de postura do mediador fosse dedilhar as teclas em lugar de empunhar a caneta.
Daqui não vermos a necessidade de que haja qualquer preocupação, no sentido de utilizar-se deste ou daquele recurso.

O que faz o médium evoluir é o amor que emprega no serviço.







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MANIFESTAÇÃO DE ALEGRIA





Para encerrar, devemos dizer que o pessoal está extremamente eufórico com a desenvoltura que conquistou.
No início, as mensagens eram apanhadas a custo pelo bom amigo escrevente. Agora, se não tomarmos cuidado, consignamos até frases segmentadas, fracionadas, incompletas, dada a presteza com que os vários elementos conseguem identificar a vibração certa, para transmitir os pensamentos, conforme os sentimentos que os estimulam.
Vamos deixar o amigo repousar, augurando-lhe muita felicidade com a próxima turma que se apresta para assumir o posto. Estamos avisando-o, para que não suponha que irá estar sempre atendendo a pessoas tão pouco evoluídas.
Graças a Deus, a nossa simpatia é mútua, pois recebemos-lhe a mensagem de amor e compreensão, à vista da postura adotada pelo grupo.
Sabemos que nossos méritos são muito pequenos, são ínfimos, sem expressão, mas nem por isso somos tão obtusos que não compreendamos quando estamos sendo tão bem recebidos, sem espírito arredio.
No começo, até que o irmão desconfiou de si mesmo, temendo titubear. Aos poucos, a confiança na turma foi firmando-se e, hoje, acredita em que algo de bom esteja podendo oferecer, para colaborar com o crescimento do pessoal.
Aceite, irmão, os nossos agradecimentos.
Um dos alunos, exprimindo o sentimento coletivo.

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