Vinde versos, namorai,
As rimas querem amar
E depois quiçá casar
Com o verso que for pai
Do versinho que após sai
Segundo regras e leis
Dos poemas menestreis
Prá madrinha Poesia
Bentá-lo ao primeiro dia
Benquisto dois-mil-e-seis !
Entre os ávidos cinzeis
Que esculpirão à porfia
A tristeza e a alegria
Também os sábios pinceis
O pintarão entre os reis
Da tribuna temporal
Mas ninguém sabe afinal
Se em verbo português
Será mau ou bom talvez
No cumprimento anual.
Praza que seja frugal,
Moderado na ambição,
Mais humano, mais irmão,
Arauto sentimental
E sobretudo leal
A quem vive na esperança
Que tarde ou cedo alcança
A justiça do suor
Que abrasa a vida de amor
No seio da preseverança.
Entra pois, linda criança
Neste usinal vergel
Do Povo que em Cordel
A versejar não se cansa
Em permanente aliança
Com o excelso condão
Do verbo flor do pão
À nossa mesa dilecta...
E se acaso fores poeta
Arrebita até mais não !...