O Meu Cartão de Visita
Paulo Nunes Batista
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Sou Paulo Nunes Batista
Poeta paraibano
Cidadão Anapolino,
Agora virei goiano.
Quem me enfrentar no Improviso
Deserta, perde o juízo
Ou deixa o gênero humano.
Trago em meu nome, POETA
Nato, neto, sonetista,
Soneto, sol, só poesia,
Sons, sonata, sonatista
Meu verso nasce na hora
E há sempre uma nova aurora
Em Paulo Nunes Batista.
Deus já me fez repentista
De nascença, nordestino:
Filho de Chagas Batista
Neto do Mestre Gulino...
Com honra, alegria e fé,
De “Louro de São José”,
Primo certo e repentino.
Enquanto você respira
E Satanás fecha o olho
Eu pego da minha lira
E destramelo o ferrolho
-abro as Portas da Poesia:
Cabra que me desafia
Vá pondo as barbas de molho!
Faço verso no momento,
Quando ao Repente me atrevo.
Os outros falam de boca
Eu – sento a caneta e escrevo.
Minha poesia é “de soco”:
Sou lá da terra de côco,
Da cantoria e do frevo!...
Porque eu, pra fazer Verso,
Não dou trato ao pensamento:
A poesia nasce em mim
Feita e pronta, no momento,
Com gosto de serenata...
Como Deus criou batata,
Água e terra, foto e vento!...
Faço Verso até dormindo,
Tenho sonhos de poeta:
Quando me acordo, a poesia
Já está prontinha, completa
-erudita ou de cordel:
É só jogar no papel
Que ela, por si, pega a reta...
Pois no dia em que amanheço
Enquizilado, com a gota
Minha poesia já nasce
Enfeitiçada e garota
Quem se ateve, em minha frente
A dizer que faz Repente,
Vai sair de capa rota...
Seja Eurícledes Formiga,
Ou Jansen Filho, Ou Ronaldo
Cunha Lima, numa briga
Rimada – não dão um caldo...
Se abrir meu destampatório,
Esgoto seu repertório:
De Verso não sobra um saldo...
Eis meu Cartão de Visita
Sou, no Verso, bacharel.
Faço poesia erudita
E folhetos de cordel.
Meu lugar ninguém me toma:
Sou poeta de diploma...
Mestre de cátedra e anel!...
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