Olha que pavor iluminado,
Como eles gritam seu fado
Entre a cegueira abismal...
Aceno-lhes, mais se alevantam,
Aclamam-me, berram, cantam,
Fazem-me seu deus total...
Se eu fosse tal e qual
Dia a dia seu igual,
Lado a lado solidário,
Diziam de mão figada
Que eu, não valendo nada,
Era um pobre e triste otário...
Olha, imagina o calvário,
O martírio, o cenário
De há dois mil anos atrás...
Uma multidão assim
Pediu para Cristo o fim
E libertou Barrabás...
Na mesma, como outrora,
Ei-los de novo e agora
Na santa paz do porvir...
Serenam pelo Natal,
Abundam-se no Carnaval
E a Páscoa vem a seguir...
Como há-de persistir
Esta forma de existir
Por muitos anos além...
A passar de Cristo em Cristo
Passamos a vida nisto:
Bom Natal... E mau também !...