O inimigo público número um desta semana é o ex-ministro Eduardo Jorge. Agora que parece já não mandar mais nada há quem o chame simplesmente de EJ. Pois EJ diz que autoriza a quebra do seu sigilo, de todas as formas.
Esta história de quebrar sigilo está na moda. Isto me lembra o chiste sobre seios e buzinas. Se o barulho dos seios, apertados qual buzinas, seria ensurdecedor, imagino como seria a quebradeira de sigilos.
A gente está no trànsito, pensando na vida, ou na fila do banco e, de repente, ouve-se um estrondo enorme. Ai começa o disse-que-disse.
- Você ouviu?
- Ouvi. O que foi?
- Você não sabe?
- Não, conta logo.
- Quebraram o sigilo do HGFRTG. Dizem que eram um sigilo e tanto. Pelo barulho deu pra ver. Deve ter muita coisa mesmo. E isto que por enquanto só quebraram o sigilo bancário. Imagina, quando mostrarem com quem ele andou falando.
Ouvido um estrondo, antigamente procurava-se a batida de automóveis. Hoje não, o estrondo é muito maior. Procuram-se pedaços do sigilo. Um depósito aqui, um saque ali, um telefonema lá. Há mesmo quem se gabe de figurar na lista de telefonemas, mais ou menos como quem aparece na TV e passa o mês inteiro perguntando se foi visto.
Para cada tipo de sigilo, um tipo de barulho. Por enquanto, quebram-se somente os sigilos, bancário, fiscal e telefónico. Qual fará maior barulho? Imagino que a quebra do sigilo telefónico poderia gerar aqueles ruídos agudos e muito fortes. Talvez um grande chiado fosse mais apropriado. Confesso que fico em dúvida. A quebra do sigilo bancário poderia ter aquele barulho característico de caixa registradora. Talvez o barulho de moedas caindo. Naturalmente, alto o suficiente para acordar toda a cidade. Por último, há o sigilo fiscal. Como seria este barulho? Talvez algo como o barulho produzido por um balão sendo esvaziado, quase um pum.
Sei lá. De qualquer forma, tudo indica que vem muito barulho pela frente, e algum mau cheiro.
Escrito em 20.07.2000
Publicado na Seção Comentários do Cidade Virtual Brasília em 29.07.2000
