Esse céu nublado, essa temperatura amena,
No ar, sente-se um quê de inteira calma,
Nas folhas das plantas inda há gotas d’orvalho,
Os madrugadores encaminham-se ao trabalho,
Tenho a sensação de se me alegrar a alma,
Uma suave brisa outonal sopra, serena,
Amanhece...
Esse espetáculo que a natureza oferece,
Como um prelúdio ao correr de mais um dia,
Tem um toque sutil de doce encantamento,
Convida-nos a usufruir cada momento,
Qual fora executada uma linda sinfonia,
Numa divina orquestração que me enternece
E então,
Enlevado, sinto mais leve o meu coração,
Atento ao som de um pássaro que canta,
Ao singular perfume de uma e outra flor,
Vejo em tudo isso a presença do amor,
A encher-me o peito de uma pureza tanta,
Que fico a imaginar ouvisse uma canção,
Composta
Tendo por base esta sublime melodia,
Que emana desse divinal amanhecer,
Executada por centenas d’harpas maviosas,
Em notas leves, perfeitas, maravilhosas,
Às quais este poeta atreve-se a acrescer
A título de letra, uma singela poesia
De amor...
O amor tão belo quanto aquela flor
Na qual, há pouco, fixei minha atenção,
Lembrando teu semblante, minha musa,
Quando me amas, feliz, meio confusa,
Face ao ardor sem fim dessa paixão,
Que, intensa, dá-nos o mor sabor
Da vida.
|