Eu quero uma casa,
Que seja minha,
Comporte minhas raízes,
Meus galhos,
Meu tronco grosso e enrugado.
Quando muito profunda
E complicada for a raíz,
Minha casa se alargue e se dilate
E se faça ainda maior
Para suportar minhas raízes.
Se meus galhos forem tortos
Desiguais, invasivos,
Minha casa abra janelas,
Ou quem sabe as feche,
Para nao ver meus galhos tortos.
E quando meu tronco
Todo enrugado,
Grosso, marcado pelas décadas,
Estiver feio,
Minha casa se ponha na penumbra,
Se faça discreta,
Desvie o olhar,
Para que eu nao me sinta velha.
Eu quero uma casa
Que possa me acolher,
Inteira, livre e independente,
Exatamente como sempre fui
Exatamente como sou.
|