Carta de um suicida.
As vezes penso o que eu pediria a deus se o visse!
Ou o que eu lhe perguntaria?
Pediria para ele salvar as crianças,
E perguntaria se eu realmente existo.
Hoje desisti de viver,
Por isso escrevo diretamente para você.
Já cansei de ouvir a voz chata da tv,
Das noticias ruins
Das portas abertas que nunca se fecham.
Não sei por que de viver cansei,
Não sei quantos murros na parede já dei.
Quantos comprimidos para dormir eu já tomei,
E no outro dia eu acordei.
Acho que já basta de sofrer por amor,
De se afogar na pia da cozinha,
De ficar olhando a lua vazia,
Afundando na dor.
Já experimentei todas as cordas,
Acorda mundo, me enforca,
Mas todas arrebentam,
E nunca me enforcam.
Meu deus para, cala a boca da criança,
Eu não agüento choro de bebê,
Vou mata-lo!
Não eu não sei nem morrer.
Gostaria de me enterrar vivo.
Mas os vermes se recusariam a me devorar.
Triste destino não poder nem se suicidar.
Deus por favor tire as formigas de perto de mim,
Elas riem da minha cara.
Ouça meu apelo, me tire daqui!
A bela senhora sem face chamada morte,
Que me esquece dessa sorte,
Venha me buscar não me deixe.
Gostaria de andar no teto da casa antes,
Quem sabe eu consiga coisa tão relevante.
Acho que eu seria capaz de beber a água do oceano,
Com um canudinho.
Deus matem as virgens,
E os homens impuros,
Não se esqueça dos padres, prostitutas, e os pixadores de muro.
Deixe me só, com minha solidão.
Com minha faca sem lâmina sem ponta.
Acho que vou abrir a porta de casa
Com meu abridor de latas.
E tentar viver,
Talvez esse seja o jeito mais fácil de morrer.
Morrer?
Nem sei se eu quero morrer.
Ai deus! Você fala muito.
Cala a boca por favor.
Acho que eu já tomei comprimidos demais.
Era tudo brincadeira eu juro.
Tchau mãe, Tchau pai. Vou me encontrar com o jerry.
Ah. Vocês não lembram que é jerry.
Meu peixinho que morreu lembra.
Eu amo vocês.
Eu estou com sono.
Eu estou com medo.
Eu acho que a morte recebeu minha carta.
Até a proxima tentem ser mais felizes que eu.
Ai! Oh deus to te vendo.
Raulzito outubro de 2001
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