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Textos_Religiosos-->Santa Sé e questão judaica: beatificação de Pio XII -- 17/11/2006 - 09:18 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Santa Sé e questão judaica: ressurge debate sobre beatificação de Pio XII

Entrevista ao professor Alessandro Duce, que escreveu sobre o tema

www.zenit.org

ROMA, quinta-feira, 16 de novembro de 2006 (ZENIT.org).- A publicação e apresentação do livro em italiano «A Santa Sé e a questão judaica (1933-1945)», da editora italiana Studium, fez ressurgir o debate sobre o processo de beatificação do Papa Pio XII.

O livro, escrito pelo professor Alessandro Duce, professor extraordinário de História das Relações Internacionais nas Faculdades de Ciências Políticas e de Jurisprudência da Universidade de Parma, pretende oferecer uma reconstrução detalhada da obra diplomática e humanitária desenvolvida pela Santa Sé frente às perseguições sofridas pelas populações judaicas nos anos mais dramáticos da história do século XX, a partir da subida ao poder na Alemanha de Adolf Hitler até o final da Segunda Guerra Mundial.

O livro do professor Duce se distingue pela amplitude das fontes diplomáticas vaticanas e internacionais usadas e consultadas. Graças aos arquivos vaticanos relativos à atividade da Santa Sé nos anos trinta, e às pouco conhecidas fontes diplomáticas italianas, o autor foi capaz de reconstruir momentos cruciais das relações entre a Alemanha e o Vaticano, desvelando inéditas situações de fundo.

Conhecem-se, por exemplo, as inumeráveis iniciativas relativas à questão judaica, empreendidas pela diplomacia vaticana e pelos pontífices nos diversos países europeus. Em particular, destacam-se os esforços vaticanos para facilitar a emigração dos judeus europeus ao continente americano e a ação da Santa Sé para opor-se à emanação de legislações antijudaicas na Europa centro-oriental.

A apresentação do volume, que aconteceu em Roma em 25 de outubro, despertou a atenção também sobre polêmicas relativas à causa de beatificação de Pio XII. Numerosos meios de comunicação deram a notícia de que o cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, teria declarado que a causa de Pio XII estaria «parada».

Questionado por Zenit, o apresentador da causa de beatificação de Pio XII, o Pe. Peter Gumpel, revela que o cardeal Saraiva Martins lhe pediu para declarar que ele «não fez nunca uma declaração na qual sustentava que a causa de Pio XII está parada».

O Pe. Gumpel criticou também o artigo do «Corriere della Sera», de 26 de outubro, no qual «se informa de maneira parcial sobre o livro de Duce, apresentando-o como crítico com respeito ao Papa Pio XII, quando, ao contrário, é evidente que há centenas de páginas com muitas provas documentais que demonstram como e quanto os pontífices Pio XI, e sobretudo Pio XII, fizeram a favor dos judeus».

Para ter uma idéia mais ampla e articulada da questão, Zenit entrevistou o professor Alessandro Duce.

--Foram necessários cinco anos de investigação nos Arquivos para escrever este livro. Quais são as razões que o impulsionaram a aprofundar nas relações entre a Santa Sé e a questão judaica?

--Duce: De um exame dos numerosos escritos existentes e dos arquivos disponíveis, cheguei a uma convicção: não havia um trabalho sistemático e integral que examinasse a atuação da Santa sé e de suas estruturas diplomáticas em todo o arco temporal (1933-1945) e geográfico no qual se manifestou a violência nazista e antijudaica. Tentei preencher este vazio; não me corresponde dizer se consegui.

--Quais são as conclusões de sua pesquisa? Como foram as relações dos papas Pio XI e Pio XII com os judeus? Como se comportaram frente às leis raciais e às perseguições do povo judeu?

--Duce: Durante os anos da perseguição, as relações entre os vértices das comunidades judaicas e o Vaticano se tornaram cada vez mais freqüentes e intensas. Os dois pontífices do período não podem ser acusados de indiferença, de instigação, de cumplicidade com os perseguidores.

--Em um artigo publicado em 26 de outubro por «Corriere dela Sera», afirma-se que seu livro sustenta a tese de um Papa Pio XII «dubitativo, isolado» inclusive imóvel, «incapaz de tutelar nem os crentes nem os religiosos da perseguição e do martírio». É este o resultado de suas pesquisas?

--Duce: A observação do jornalista é precisa e pertinente em substância; mas necessita de interpretação, ou seja, de uma leitura específica, situada no contexto dos acontecimentos. A impossibilidade de Pio XII de tutelar da violência nacional socialista aos próprios crentes e ao clero deve fazer refletir. Pode-se pretender de quem não tem a força de tutelar «o próprio rebanho» que salve o dos «vizinhos»? O contexto do período é o de uma dupla perseguição: anticatólica (em geral anti-religiosa) e antijudaica. Creio que é inútil precisar que a segunda é muito mais violenta e cruel que a primeira.

--Por ocasião da apresentação de seu livro em Roma, elevaram-se algumas vozes para deter o processo de beatificação de Pio XII. Qual é sua opinião ao respeito?

--Duce: Minha pesquisa não tinha o objetivo de influir sobre o processo de beatificação de Pio XII. Devo confessar que eu mesmo não conheço os termos precisos deste procedimento, nem em que ponto está hoje. Destaquei centenas de documentos (muitos até agora ignorados); não excluo que alguns deles possam ser úteis ao trabalho da comissão encarregada da beatificação. Para mim, já é muito desgastante o trabalho «histórico»; não tenho nenhuma intenção de encarregar-me também da comissão.

--Ao final de seu livro, há um capítulo titulado «A cruzada da caridade». Pode explicar-nos de que se trata?

--Duce: A «cruzada da caridade» é uma expressão eficaz e feliz usada em várias ocasiões por autorizados representantes vaticanos. Ela pretende destacar a atividade desenvolvida pela Santa Sé durante o conflito a favor de todos os que sofriam (busca de desaparecidos, informações, ajuda aos detidos, apoio às imigrações, assistência econômica às famílias, prisioneiros, deportados, etc.). É evidente um esforço enorme e duradouro sustentado pelas estruturas vaticanas e pelas nunciaturas que, contudo, não estavam constituídas com estes objetivos. A Igreja de Roma quis proporcionar assistência em todas as direções, sem distinção de religião, nacionalidade ou estirpe. Naquela multidão de doentes estão também os judeus.



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