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Cordel-->Cidade de menino e ancião -- 03/11/2005 - 19:40 (Airam Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CIDADE DE MENINO E ANCIÃO
Por Airam Ribeiro
Itanhém Ba 30/10/05


Ano de setenta e dois
Em dezembro aqui cheguei
Foram tantos os amigos
Que na contagem coloquei;
Mas por essa procissão
De emigrantes pro mundão
Quase que só eu fiquei.

E danei a fazer versos
Quando tô com saudade
A remoer o meu peito
Tirando a felicidade,
Com medo de não mais ver
Meus amigos que aqui fui ter
E que convivi de verdade.

Um poeta solitário
Que sente no coração
A tristeza lhe dominar
Quando vê uma construção,
Enfeitando a cidade
Enquanto que a felicidade
Está longe de seu chão.

Cansei de nos meus versos
Falar de tanta maldade
De tanta gente perversa
Dentro da comunidade,
Que polui a toda hora!
É a fumaça, é a sonora...
Tirando a tranqüilidade.

Agora a minha cidade
Está com outra visão!
Em cada rua a gente vê
Refinada construção,
Este empreendimento
É a doença do momento
É mais casa na solidão!

Casas ocas, pois seus donos
Estão do outro lado de lá
Perdendo a sua mocidade
Com pensamento de voltar;
Alguns perdem os pais aqui
Depois ficam eles por ali
Morrendo de se lastimar.

Outros trocam sua vidinha
Por belos sonhos dourados
Na busca do ouro verde
Esquece que o outro lado,
Tem uma outra realidade
O que lá não tem na verdade
Começa no consulado.

A prepotência, o monstro...!
Eles têm de enfrentar
Na realidade passa uma vida
Clandestina no lugar;
Vivem de orelha em pé
Sem documento sem fé
Com vontade de voltar.

E para conseguir o direito
De ficar pra lá e pra cá
Gasta tudo que ganhou
Pra conseguir o grin card,
Dão, mais depois toma!
E é bem alta a soma
Que eles têm que pagar.

Na realidade o dólar
Tem seu preço por lá
São perigos nas esquinas
São frios de congelar,
São furacões, tornados...
Que oferece o outro lado
Para quem quiser ficar.

Não bastando estas ações
De ventos e temporais
Por medo do terrorismo
Nestes dias atuais,
Eles matam estrangeiros
Que são fatos corriqueiros
E que já se tornaram banais.

E meus amigos a mercê
Destes perigos constantes
Enfrentam pra não largar
Seu precioso instante;
Arrisca este seu futuro
Pra não viver no escuro
O que é mais importante.

Assim a cidade cresce
Com o dólar que vem de lá
Cidade de casas ocas
Sem ninguém para morar;
E cada empreendimento,
Tem valor neste momento
Não para os anos que virá!

Sem emprego na cidade
Fazer o que aqui então?
Os jovens estão saindo
Praquela rica nação;
Aqui vejo que só vai ficar
Posso até imaginar
Alguns meninos e anciãos.

E os velhos da América
Um dia aqui vão regressar
E contará suas histórias
Aos netos que vão chegar;
Não falará dos guaranis
Mas dos apaches dali
Da cultura que trouxe de lá.

Falará da Disneywords
E não de Beto Carreiro,
Cantará Frank Sinatra
Não os nossos catireiros!
Vai falar em sotaque inglês
E não o do nosso português.
Serão os papos primeiros!

Falará de Hollywood
Nem lembrará de Gramado!
Vai falar I love you
Para o seu neto amado;
Deixará de falar meus netinho
Para falar my beybezinho
Recordando seu passado.

Então cresce o beybezinho
Com aquele sotaque inglês,
E despede-se do vovô.
Vou contar pra vocês,
Vai largar esta cidade
Pra curtir sua mocidade.
Aí começa tudo outra vez!

Os governantes que não gostam
De a cultura preservar,
Terá no futuro próximo
Velhos para se aliar;
Assim a vida futura
Não lembrará da cultura
Que teve neste lugar.

www.airamribeiro.com.br
www.usinadeletras.com.br













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