Na roça, vivo distânte
Dessas côiza da cidade
Do qui fáiz o guvernante
Pra tê mais mudernidade;
Mêu cumpade me falô
Qui o Referêndo chegô
Pra dizarmá a Nação;
Ontonce, fui cum famia
Pra vê se os ome quiria
Parpite de pé-no-chão.
Pra defendê minha roça
Num largo minha garrucha
Vivo feliz numa choça
Adonde a chuva fáiz ducha;
Mêu parpite fôi o NÃO
Pru móde qui o ladrão
Num dêxa nóis suçegado;
Eu bem sêi qui o dotô
Trancado num bangalô
Num vai ficá istressado.
Meu cumpade fôi além
Cum muintas ôtras lissão
E o Referêndo, tombém
Gastô trezentos milhão;
Um diêrão arretado
Qui se fôsse bem cuidado
Dava um impurrãozinho;
Pra iscurraçá a fome
Pruquê o póbe só come
Se morrê um bacurinho.
Dava pra inchê o pote
E até fazê um cazebre
Cumprá um galo e capote
Ô bom remédio pá febre;
Mandá pra nóis as semente
Qui fáiz a vida da gente
Suprantar a estiage;
Mais mió qui eleição
Qui o povão só diz o NÃO
Pra respondê a bobage.
Mas se os dotô qué ansim
Vâmu fazê tôdo ano
Pra móde marcá o SIM
Nóis entra cuma sicrano;
Num Referêndo compreto
Qui vai logo bém diréto
No miôlo da questão;
Pra sabê se nóis apróva
Uma baita duma sóva
Pra tudo qui é ladrão.