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Cordel-->Tarde de primavera! -- 03/09/2005 - 16:19 (Lourdes da Costa Alves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O sol com sua luz dourada, recobre à praça de uma pequena Cidade da
Região dos Lagos no Estado do Rio de Janeiro..

Pessoas simples e humildes aproveitam o entardecer para desfilarem acompanhadas
ou a procura de seus amores. Diversão é ficar na praça, e trocar
silenciosos olhares, ouvindo da rádio local músicas em ritmos dos
jovens.

Lucia Helena é menina faceira, filha de um grande usineiro falecido,
desfila mostrando o seu corpo escultural e no seu rebolado, atrai os olhares
masculinos provocando delírios e desejos incontidos.

Em vigília, os olhares femininos repreendiam, e o comentário era
sempre o mesmo.

- Bonita! Mas não vale nada!

- Também, filha de quem era, não podia dar boa coisa mesmo!

- Uma vagabunda que está acabando com a fortuna do falecido.

A menina era só desejo! Vivia loucuras, nos braços de muitos amores.


Nada lhe importava, brincava com o êxtase dos homens, por vezes nem
gozava. Sentia-se verdadeiramente uma doidivana. Muitas vezes deixava o homem
esperando na cama pelado. O prazer era levar o amante para os frios quartos,
bancos de carros, mato!

Mas, quando há ela era perguntado: - O que faz aqui? Com todo o dinheiro
que tem?

A resposta era sempre a mesma: - Vivo intensamente! Sacio o meu desejo! Amo!

Hoje era de Pedro, dedicava todo o seu amor, saciava sua sede e o desejo de
ambos, de uma forma tão intensa que jamais Pedro iria lhe abandonar.
Amanhã Pedro, depois também, mas...Pedro não era mais
suficiente! Lá fora José passa garboso com sua esposa, e ela o
deseja. Simplesmente para ser mais um em sua entranha.

Mas não abandonava o Pedro! E quando esse descobria, todo amor e juras de
não abandono, transformava-se em ódio doentio. Isso provocava
desavenças no pequeno lugarejo, onde nas brigas constantes das praças
e bares, ela sempre causava aquelas desavenças. Ria quando alguém
trazia noticias dos Joãos, Josés, Pedros, Franciscos, jamais de um
único homem. O que mais demorou foi Agostinho, que amigo do Rogério
um pobre carvoeiro da quitanda, fazia planos para quando ela não tivesse
com quem transar. Ela seria dele! Pensava! Anotava os nomes dos homens, e sabia
que sua hora estava chegando.

Agostinho não tinha pena do amigo, e ria do pobre Rogério, que
não sabia que Lúcia sempre dizia que transaria com todos menos com
ele.

Rogério era o comentário jocoso da Cidade, ao passar ouvia piadas do
amor que ele sentia por sua amada. – Rogério vá preparar sua
cama, que depois da trepada que está dando Lúcia vai lhe procurar
– Alguém gritava, e o carvoeiro ouvia e chorava das risadas.
Devolvia dizendo que um dia ela seria dele, mas ao responder suas lágrimas
eram visíveis!

No lugarejo, os olhares femininos sempre a condenavam, mas Lucinha, apenas
sorria, e dizia: Cuidem-se dos seus homens mulheres; o próximo será
seu marido ou filho.

Até adolescentes ela queria ser à primeira na vida deles. Não
existia no lugarejo um homem que não tenha conhecido Lucinha no sexo.
Fazia questão de alfinetar as mulheres casadas.

E os casados? Ah! Sempre davam um jeitinho...

Mas...

O tempo foi passando, Lúcia Helena se acabando, definhando pouco a pouco.


Envelhecendo precocemente, já não era dona dos delírios e
desejos masculinos do lugarejo.

Sabia o quanto fora galinha, e fazia contas dos homens que tivera com ela.

Apenas um único homem ainda a desejava intensamente. Rogério! Mas
esse nunca! Pensava.

Lúcia não aceitava e ria do pobre e feio carvoeiro. Sempre ao passar
por ele, dizia é hoje Rogério. Tome um banho e jogue todo o perfume
no corpo. Logo mais estarei com você em minha cama.

O pobre homem dizia para Agostinho que ria, do coitado que afirmava que casaria
com aquela agora senhora, que para saciar seus desejos fazia surubadas com
vários homens ao mesmo tempo.

Rogério chegava sempre com uma rosa na mão, e ao ver às cenas de
sexo, chorava, dizendo um dia vou casar com você e vou perdoar tudo que
faz.

- Casar? Nunca eu preciso Amar!

Rogério oferecia dinheiro. Ela recusava, jamais recebeu dinheiro para
amar...

Os meses foram passando, os anos acompanhando e o dinheiro de Lucia Helena
acabando.

Os homens foram desaparecendo da vida daquela mulher antes desejada.

Acometida de uma doença desconhecida Lúcia Helena, com os
remédios gastou toda herança deixada. Já não se alimentava
como antes, e era odiada pelos vizinhos. Apenas Rogério a visitava, com
seu desejo ainda intenso, mas sabia que não mais a teria.

Sentia por ela um grande amor.

Lucia Helena hoje o desejava, como jamais desejou alguém na vida,
reconhecia que ele era diferente, queria entregar-se, mas não restava mais
forças. Já não levantava da cama, e a pouca comida quem trazia
diariamente era Rogério, hoje dono da Quitanda, que recebeu pelos bons
serviços prestados ao português José Manuel, que com saudade da
santa terrinha, foi embora.

Em uma tarde fria de inverno, Rogério adentra à casa da sua amada com
um buquê de rosas nas mãos. Cumprimenta-a com um beijo na fronte,
entrega-lhe a ramalhete e ouve, da amada: Eu te amo! Sempre te amei! Nasci para
você, mas você era sujo, pobre!

Ao repetir várias vezes o “eu te amo”, um suspiro profundo,
cala sua voz.. Tudo acabou!

Rogério chora um pranto profundo. Agarra-se aquele corpo como se fosse um
troféu valioso. Grita – Ela é minha...Minha! Minha!

Liga para a funerária, que cuida de todos os preparativos para o enterro
de sua amada.

Escolhe o melhor caixão, não economiza em nada, gasta suas parcas
economias, que já vinha sendo gasta com o seu grande amor.

O Prefeito a contra-gosto é obrigado a anunciar pelo carro de som a morte
de Lúcia Helena. Convida todos os moradores para o cortejo fúnebre.
Rogério pede a Rádio para anunciar de hora em hora o velório.
Ele, não larga sua amada, e diz que ela vai ter o melhor enterro da
Cidade. Ninguém chega ao Cemitério, no velório somente ele, o
tempo todo.

Na hora triste de enterrar o corpo, o padre faz a encomenda do corpo daquela
que foi a mais bela e desejada do lugarejo. Nem os coveiros quiseram empurrar o
carro com o caixão até a sepultura. Tristeza! Fecha-se a sepultura.

Rogério ouve uma voz sussurrante: - Viva sua vida, e onde eu estiver vou
lhe aguardar... Você foi o meu verdadeiro amor! Só ele ouvia e
recebia aquele amor vindo de algum lugar...

Um sorriso constante, Rogério leva no rosto ao passar pela praça e
bares. Faz questão de dizer que ela agora é só dele: - Eu disse
para vocês ela seria minha, e rir um riso de um louco amado.Acaba sempre
em lágrimas, todos os dias ao dirigir-se para visitar sua amada na campa,
onde ao depositar uma rosa, diz::

- Onde estiver me aguarde com minha ansiedade de ter você finalmente em
meus braços...



Publicada em 13/03/2004 - em outro site
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