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Infantil-->Mestiça selvagem - Lenda dos Irmãos Grimm -- 03/09/2002 - 22:45 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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Mestiça selvagem

texto



Era uma vez um rei que tinha uma esposa com cabelos dourados e que era tão bonita que não se encontrava outra igual na terra. Aconteceu que ela ficou doente e como ela sentia que morreria em breve, chamou o rei e disse-lhe:

— Se, após a minha morte, você quiser casar de novo, então não tome como esposa uma mulher que seja tão bonita quanto eu, e nem tenha cabelos louros como eu. Você deve me prometer isso.

Depois que o rei lhe prometeu isso, ela fechou os olhos e morreu. Durante muito tempo o rei ficou inconsolado e não pensou naquilo, em casar-se novamente. Finalmente, falaram seus conselheiros:

— Não há outra solução, o rei deve casar-se novamente, a fim de que tenhamos uma rainha. Então, foram enviados emissários a todos os rincões para procurar uma noiva que tivesse a mesma beleza da rainha falecida. Mas não havia nenhuma em todo o mundo e, também, se a tivessem encontrado, não haveria nenhuma que tivesse aqueles cabelos louros. Então voltaram os emissários sem ter conseguido nada. Mas, o rei tinha um filha que era tão bonita quanto sua falecida mãe, e tinha também aqueles cabelos louros. Quando ela cresceu, o rei observou-a e notou que ela semelhava em tudo a sua falecida esposa, e sentiu por ela um repentino e forte amor. Então, falou para seus conselheiros:

— Quero me casar com minha filha, pois ela é o retrato fiel da minha falecida muher e, além do mais, eu não consigo achar nenhuma noiva igual a ela.

Quando os conselheiros ouviram isso, ficaram espavoridos e disseram:

— Deus proibiu que o pai se casasse com a filha, do pecado nada de bom pode nascer, e o reino poderá ser levado à ruína.

A filha espantou-se mais ainda quando tomou conhecimento da decisão do pai, mas esperou que ele fosse dissuadido de sua pretensão. Então, ela disse para ele:

— Hum, eu satisfaço Vosso desejo. Primeiro: devo ter três vestidos, um tão dourado comoo Sol, outro tão prateado como a Lua e o terceiro tão reluzente como as estrelas. Além disso, exijo um casaco de couro com milhares de pérolas agregadas. E cada animal do Vosso Reino deve dar um pedaço de pele para confecção deste mantô.

Porém, ela pensou: "Conseguir isso é totalmente impossível e, com isso, eu dissuado meu pai dessa idéia maluca". Mas, o rei não desistiu e as mais habilidosas jovens senhoras do seu reino tiveram que tecer os três vestidos: um tão dourado como o Sol, um tão prateado como a Lua e um tão brilhante como as estrelas. E seus caçadores tiveram que tirar um pedaço de pele de cada animal do reino, a fim de que fosse feito o mantô. Finalmente, quando tudo estava pronto, o rei mandou trazer o mantô de peles, estendeu-o a sua frente e disse:

— O casamento deve ser amanhã".

Quando a filha do rei viu que não restava mais nenhuma esperança de modificar o coração do seu pai, tomou a rápida decisão de fugir. À noite, quando todos dormiram, levantou-se e pegou suas três diferentes jóias: um anel de ouro, uma roda dourada de fiar e um colar de ouro; os três vestidos de Sol, Lua e estrelas ela colocou em uma casquinha-de-noz, vestiu o precioso casaco de couros variados e pintou o rosto e as mãos com fuligem preta. Então, recomendou-se a Deus e partiu, e caminhou por toda a noite até que chegou a uma floresta. E, como estava muito cansada, assentou-se na copa de uma árvore e dormiu.

O Sol se pôs e ela dormiu profundamente e dormiu mais ainda, até que o dia ficou bem claro. Então, ocorreu que o rei, a quem pertencia aquela floresta, caçava por ali. Quando seus cães chegaram à árvore, eles a farejaram, correram em torno dela e ladraram. Disse o rei para os caçadores:

— Vejam bem que tipo de animal se esconde ali.

Os caçadores obedeceram e, quando voltaram, disseram:

— Na copa da árvore está um maravilhoso animal, como nunca vimos: em sua pele estão milhares de pérolas; mas, ele está deitado e dorme.

Disse o rei:

— Vejam então se ele ainda está vivo, então amarrem-no à carruagem e tragam-no.

Quando os caçadores agarraram a moça, ela acordou cheia de pavor e lhes implorou:

— Sou uma pobre criança, abandonada pelo pai e pela mãe, tenham compaixão de mim e levem-me com vocês.

Então, eles exclamaram:

— Mestiça selvagem, você está boa para a cozinha, venha conosco, para onde você pode apenas ajuntar cinzas.

Assim, colocaram-na na carruagem e levaram-na para o castelo real. Então, mostraram-lhe um pequeno estábulo sob a escada, onde não batia luz, e disseram: — Pequena fera, aqui você pode morar e dormir. Então, ela foi mandada para a cozinha, para onde trazia lenha e água, acendia o fogo, arrancava penas de aves, lavava os legumes, limpava as cinzas e fazia todos os piores serviços. Ali viveu a "mestiça selvagem" por muito tempo, em completa miséria. Oh, você, bela filha do rei, o que será ainda de você?

Aconteceu que, uma vez, houve uma festa no castelo. Então, disse ela para o cozinheiro:

— Posso ir lá e ver um pouco? Eu ficarei lá fora, antes da porta. Respondeu o cozinheiro:

— Sim, vá somente lá, mas você deve voltar para cá dentro de meia hora, e ajuntar as cinzas.

Então, tomou seu lampião e foi ao seu estábulo, vestiu sua saia de pérolas e lavou-se tirando a fuligem do rosto e das mãos, até que sua inteira beleza voltou naquele dia. Então, abriu a casquinha-de-noz e apanhou seu vestido, o que parecia com o dourado do Sol. E, tal como aconteceu, foi para a festa, e todos lhe cediam passagem, pois ninguém a conhecia, e muito menos podiam saber que ela era uma princesa. O rei, no entanto, veio ao seu encontro, tomou-a pelas mãos e dançou com ela, e pensou com seu coração:

— Tão bela meus olhos ainda nunca viram.

Quando a dança terminou, ela inclinou-se, e quando o rei olhou para trás, ela desapareceu, e ninguém sabia para onde. Os guardas que estavam em frente ao castelo foram chamados e perguntados, mas ninguém a havia notado. Porém, ela havia corrido para seu estábulo, tirou rapidamente seu vestido, pintou com fuligem preta suas mãos e seu rosto e guardou o mantô de pérolas, tornando-se novamente a "mestiça selvagem". Quando ela voltou, então, para a cozinha e recomeçou seu trabalho, querendo ajuntar as cinzas, disse-lhe o cozinheiro:

— Deixe isso como está até amanhã e cozinhe para mim a sopa para o rei. Eu também quero dar uma olhada, pelo menos uma vez, lá em cima. Mas, não me deixe cair nenhum fio de cabelo, do contrário você não receberá no futuro nada para comer.

Então, o cozinheiro se foi e a mestiça selvagem cozinhou a sopa para o rei, e cozinhou uma sopa de pães, tão bem quanto pôde e, como ela ficou pronta, apanhou seu anel dourado no estábulo e colocou-o na travessa em que estava a sopa. Quando a dança terminou, o rei mandou que trouxessem a so-

pa e tomou-a, e apreciou-a tanto que pensou até que nunca mais teria uma sopa melhor do que aquela para comer. Quando ele chegou ao fundo do prato, ele notou que havia um anel e não podia apanhá-lo, pois ele havia caído. Então, mandou que o cozinheiro viesse até ele. O cozinheiro espantou-se, quando ouviu a ordem, e falou para a mestiça selvagem:

— Na certa, você deixou cair um fio de cabelo na sopa; se isto aconteceu, você vai apanhar.

Quando ele chegou até ao rei, este lhe perguntou sobre quem havia feito aquela sopa. O cozinheiro respondeu:

— Fui eu quem a cozinhou.

Mas o rei disse:

— Isso não é verdade, pois ela estava com outro gosto e muito melhor cozida que antes.

Respondeu ele:

— Eu devo confessar que não fui eu quem a cozinhou, mas sim a pequena fera.

Disse o rei:

— Vá e mande-a vir aqui.

Quando a mestiça selvagem chegou, ele perguntou-lhe:

— Quem é você?

—Eu sou uma pobre moça, que não tem mais pai nem mãe.

prosseguiu:

— Para que você está em meu castelo?

Respondeu-lhe a mestiça:

— Não presto para nada, a não ser para vestir as botas pela cabeça.

Ele perguntou mais:

— Onde você obteve o anel que estava na sopa?

Respondeu ela:

— Do anel nada sei.

Assim, o rei nada pôde ficar sabendo e teve que mandá-la de volta. Depois de algum tempo, houve nova festa e, mais uma vez, a mestiça selvagem pediu ao cozinheiro permissão para dar uma olhadela. Ele respondeu:

— Sim, mas volte dentro de meia hora e cozinhe a sopa de pães para o rei, como aquela que ele comeu tão prazerosamente.

Então, ela correu ao seu estábulo, lavou-se rapidamente e tirou da casquinha-de-noz o vestido, o que era tão prateado como a Lua, e vestiu-o. Assim, ela foi para lá, como uma princesa: e o rei dirigiu-se ao seu encontro e alegrou-se por vê-la de novo, e como a dança começou, então dançaram juntos. Mas, quando a dança terminou, ela desapareceu de novo tão depressa que o rei não pôde notar para onde ela teria ido. Ela saltitou, entretanto, para seu estábulo, e tornou-se novamente a pequena fera, e foi para a cozinha para fazer a sopa de pães. Quando o cozinheiro estava lá em cima, ela apanhou a roda



de fiar dourada e colocou-a na travessa, de modo que a sopa ficasse por cima ao ser servida. Em seguida, o rei foi servido e comeu dela, e gostou tanto quanto da primeira vez, e mandou chamar o cozinheiro, que também desta vez teve que declarar que a mestiça selvagem havia feito a sopa. A mestiça selvagem veio novamente ao rei, porém, ela respondeu que não sabia de nada, a não ser vestir as botas pela cabeça e que nada sabia a respeito da roda de fiar dourada. Quando o rei pela terceira vez celebrou nova festa, nada foi diferente da primeira. Entretanto, o cozinheiro disse:

— Você, pequena fera, é uma feiticeira, e sempre põe algo na sopa para que fique tão boa e o rei sempre a aprecia mais do que a que eu cozo. Assim que ela pediu, ele deixou que ela fosse lá com tempo determinado. Então, ela trajou-se com o vestido brilhante como as estrelas e dirigiu-se ao salão. O rei dançou novamente com a jovem moça e achou que nunca mais veria alguém tão bonita. E enquanto ele dançava colocou-lhe, sem que ela percebesse, um anel de ouro no dedo, e ordenou que a dança demorasse o mais que fosse possível. Como a dança terminou, ele quis segurar sua mão, mas ela esquivou-se e

escapou tão veloz entre as pessoas que desapareceu logo dos olhos dele. Ela correu tanto quanto pôde para seu estábulo,

abaixo da escada, porque ela havia ficado lá, no salão do rei, muito tempo, mais de meia hora, e por isso não pôde se desfazer do belo vestido; mas, jogou por cima dele o mantô de peles e, na pressa, não se maquiou completamente de fuligem preta, ficando um dedo branco. A mestiça selvagem correu para a cozinha, cozinhou a sopa de pães para o rei e, quando o cozinheiro saiu, colocou o colar de ouro na sopa. O rei quando percebeu o colar no fundo da travessa, mandou

chamar a mestiça selvagem. Foi quando ele pôde notar o dedo ainda branco e o anel que ele havia colocado em seu dedo. Então, agarrou-a firme pela mão e como ela queria se desvencilhar e fugir dali, folgou um pouco o seu mantô e o vestido estrelado, então, reluziu. O rei agarrou o mantô e retirou-o dela. Então, ressurgiram os cabelos loiros e ela estampou-se em completa magnificência com toda pompa, não podendo mais se esconder. E quando ela retirou a fuligem e as cinzas do seu rosto, ficou tão mais bonita que qualquer outra que tivesse sido vista na terra. Então, disse o rei:

— Você é a minha querida noiva e jamais nos separaremos um do outro.

Logo após, comemorou-se o casamento e eles viveram felizes até a morte.













































































































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