Usina de Letras
Usina de Letras
241 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62073 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50480)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Discursos-->As Pesquisas e as Eleições -- 19/05/2002 - 10:52 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As Pesquisas e as eleições

Em outubro deste ano, se não me engano, elas estarão de volta. As eleições para presidente e vice-presidente da República, deputados, senadores, e outros representantes. E há candidatos persistentes, como sempre. Espera-se, portanto, a renovação parcial dos membros do Congresso Nacional. Mas as pesquisas já estão nas ruas faz tempo. Parece até o Carnaval da Bahia. Começa bem antes e termina bem depois do Carnaval. Junto com o Bloco do Bacalhau. O Bloco do Batata, dos garçons de Pernambuco, que sai na quarta-feira de cinzas.

As pesquisas invadiram as ruas, os bares, os lares, os jornais, os noticiários as revistas e todos os lugares. Mas, até agora, não sei qual a sua verdadeira utilidade. Acredito que nenhuma. Pelo menos do ponto de vista político. Talvez, do ponto de vista econômico. Empresas do ramo, nesta época, ganham muito dinheiro. A Eleição é uma espécie de Dia das Mães para as empresas de pesquisa de opinião. E uma espécie de véspera de Natal para as gráficas e o comércio de camisetas e brindes em geral. O clima é idêntico. Fantasioso. Misterioso. Emotivo. E tem até quem acredite em Papai Noel, que, nesta época, são representados pelos marqueteiros de plantão. Que procuram passar a imagem de que a paz, a felicidade e a prosperidade é uma questão de tempo. Melhor dizendo, de voto. Basta votar no seu produto. Que tem mais garantias e oferece maiores vantagens e os menores juros da praça.

Passando para o mundo real, algumas dessas empresas dizem que trabalham com a opinião pública. Tenho cá minhas dúvidas. Não com a minha opinião, pelo menos. Nem com a de meus amigos e familiares. Para ser sincero, não conheço ninguém que tenha sido consultado por estas empresas. Exceção ao IBGE, e assim mesmo em relação ao censo. Já respondi um ou dois questionários. Poucos, é verdade. Mas nenhum sobre a famosa pergunta: “se as eleições fossem hoje”. E olha que já vivencie um bocado de eleições.

Mas, notícia ruim costuma correr depressa. Foi assim que descobri que existem empresas que fazem pesquisas eleitorais. Trabalham com a opinião pública. E acabei sabendo de empresas que “trabalham” a opinião pública. E até empresas que confundem a opinião pública. Mas todas têm em comum a falta de informações. Informações de qualidade. Que ajudem, efetivamente, ao eleitor decidir-se por este ou aquele candidato com um mínimo de conhecimento acerca de sua “personalidade” política. E que possa valer-se dessas informações para utilizar critérios mais racionais e menos emocionais, no processo individual de escolha d candidatos. Candidatos, é bom lembrar, que irão nos representar durante mais de cinco anos; e até oito, no caso de senadores e governantes eventualmente reeleitos. Isso se não houver algum golpe no caminho.

A minha opinião é a de que estas pesquisas não poderiam ser realizadas muito longe do dia das eleições acontecerem. Penso que deveriam ser estabelecidos alguns critérios (ou parâmetros) que pudessem agregar maior qualidade ao pleito. De modo a que os eleitores pudessem formar juízos de valor em relação às propostas, programas e posições dos candidatos frente às grandes questões nacionais.

Criar cenários irreais, há vários meses das eleições, afigura-se-me de todo inócuo. Principalmente, quando não sabemos nem quem serão os candidatos. Já perdemos muito tempo, por exemplo, lendo probabilidades relacionadas com a ex-governadora Roseana Sarney. E deu no que deu. Muita gente deve ter perdido muito tempo sonhando e fazendo contas em cima de pesquisas sobre a candidata. Outro exemplo recente. O vice indicado pelo PMDB para a chapa do José Serra, o Deputado Henrique Alves. Também deu que no deu. Em nada. Fora as especulações que sempre acompanham as notícias. E que, na verdade, não passam, mesmo, de especulação.

E os cenários que as empresas apresentam também são de fazer inveja a qualquer conto infantil. Fantasioso. Ilusório. Até do ponto de vista probabilístico não merece crédito. Ora colocam Lula com Garotinho, sem o Enéas. Ora retiram o Enéas, e colocam o Lula com o Serra; E tem semanas que parece que a eleição já está decidida. Vai dar Lula na cabeça. Há três eleições que ouço esta mesma história. Com o próprio Lula. E não tem dado nada na cabeça. A não ser muita dor de cabeça. E pouco dinheiro no bolso. Da população, é claro.

Partir da premissa de que se a eleição fosse hoje, no meu modo de entender, não faz o menor sentido. Primeiro, porque a eleição nunca acontece no tempo a que eles se referem. O hoje deles é sempre muito antes das eleições. É, na verdade, um passado distante delas. Se a eleição fosse hoje, seria feriado nacional , e pronto. Nada mais do que isso. E os bares seriam alertados para a aplicabilidade da lei seca. E os cabos eleitorais, apesar das advertências da Justiça eleitoral, estariam se preparando para fazer as famosas “bocas de urna”.

Enquanto não se proíbe, ou não se criem normas mais inteligentes, pelo menos que se apresentem resultados mais coloridos, mais criativos. Um bom exemplo seria incluir, além do voto em branco, o voto amarelo, para os candidatos que merecem um pouco de atenção. E o voto vermelho, para aqueles com passado duvidoso. Além do voto verde, para aqueles principiantes, que suscitassem alguma esperança. E inserir, finalmente, o voto rejeição. Aquele candidato em que o eleitor não votaria de “jeito maneira”.

E aos questionamentos formulados poderiam ser criadas oportunidades de respostas mais amplas. No caso da pergunta clássica - em quem você votaria se a eleição fosse hoje?- as respostas poderiam incluir, além do “ não sabe’, o “não sei nem quero saber” e o “tenho raiva de quem sabe”. A simulação de cenários deveria ser extinta.

Finalmente, a pesquisa deveria consultar a opinião dos candidatos sobre questões específicas. Por exemplo: como pretendem resolver as grandes questões nacionais, lidar com a dívida externa, diminuir o recurso pernicioso de contrair novos empréstimos, como retomar o desenvolvimento econômico, como aumentar o nível de empregos, como melhorar a distribuição de rendas, como aumentar a oferta de energia, partindo do pressuposto de que a retomada do desenvolvimento pressupõe maior consumo de energia, e deixar de acreditar que a chuva é a única solução para o problema de energia. E outros tantos temas que incomodam à população, como, por exemplo, a violência, o tráfico de drogas e o crime organizado.

E, com todas estas mudanças, como seria apurado o resultado da eleição? Com estes votos vermelhos, verdes, amarelos e “de jeito maneira”? Bem, isso não interessa muito. A escolha do presidente é apenas mais um detalhe. Só serve para dar legalidade ao pleito e manter o regime democrático. Regime, aliás, considerado o menos ruim, no tempo do comunismo. E que, depois que derrubaram os muros e as cortinas de ferro, e privatizaram a Companhia Vale do Rio Doce, sobrou para nós o “menos ruim”. Ruim com ele, pior sem ele. Mesmo porque, qualquer candidato eleito, na verdade, não irá resolver, sozinho, os problemas nacionais. O povo e a sociedade organizada é que tem que ter maior participação no processo político. Do contrário, teremos sempre tudo ao contrário. Domingos Oliveira Medeiros 19-05-2002.







Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui