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Cordel-->POMBAL, VOCÊ NÃO TEM JEITO -- 22/10/2005 - 00:36 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

POMBAL, VOCÊ NÂO TEM JEITO
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

No estouro da boiada
Saudade e recordação
Saídas d’uma fazenda
Da porteira do coração
Rebanho de um passado
Até então, bem guardado
No tom mais baixo, o bordão

Poeiras d’ imaginação
Pombal, de novo, é lembrado
Pelo irmão Paulo Abrantes
No livro recém-lançado
Um gosto amargo, um travo
A “Fazenda Gado Bravo”
Do futuro e do passado

Amargo, pela saudade
Agora, aqui, no presente
Pois a saudade da boa
Machuca e dói na gente
Tristeza que só demora
E pra ela ir embora
Só tomando aguardente

Assim a prosa e o verso
No rios da’ imaginação
Fizeram suas manobras
Sinuosas pelo chão
A infância bem vivida
Hoje, lembrança querida
Hoje, saudade sofrida

Sem razão, se me permite,
Conterrâneo, companheiro
Chora de barriga cheia
Você não é o primeiro
A misturar a saudade
Com outra realidade
O engano por inteiro

Seu desejo confessado
De devolver o dinheiro
Ao comprador da Fazenda
Outro engano sorrateiro
O sonho ficou preservado
Na lembrança de um passado
Revelado ao mundo inteiro

Nada comprou seus momentos
Disse- o bem o companheiro
A Fazenda sua, é outra
As flores do seu canteiro
Jerdivan, o camarada
Esclareceu a charada
De certo, têm outro cheiro

De alfazema braba,
Incluindo o marmeleiro
As histórias e lembranças
São suas o tempo inteiro
Misturadas com saudades
Exclusivas, companheiro

Mas entendo sua angústia
São desejos incontidos
Saudades e boas lembranças
De bons tempos bem vividos
A fala de sua aldeia
Que a todos incendeia
Sentimentos envolvidos

Grande obra literária
Com estilo e com pureza
Levanta o contraditório
Pondo as cartas na mesa
Histórias não se repetem
Nos contextos se diferem
O tempo é ilusório

Que o diga Doutor Onaldo
Pelo autor, tão bem lembrado
Na sua “Janela do Tempo”
Não viu, perfeito, o passado
De sua infância vivida
Em Pombal, terra querida
Do articulista afamado

De retorno ao seu torrão
Debruçado na janela
Correu os olhos no tempo
Nas tintas da aquarela
Nada fazia sentido
Nada foi reproduzido
A tarde não era aquela

Aqui, acolá, parecido
Casas, esquinas, calçadas
Cenários de suas lembranças
Ausências de coisas passadas
Só o silêncio imitava
Ninguém ali transitava
Na rua de suas estradas

Ventos, árvores e chuvas
Relâmpagos, deuses, trovão
Barulhos em dia de feira
Inútil tarde de verão
A noite havia chegado
Sem o brinquedo lembrado
Antigo jogo de botão

Assim é o jogo da vida
Cada qual com sua sina
Sua fala, e sua prosa,
Criatividade e rima
Que a todos é transmitida
Com visão bem parecida
Lembrança que não termina

O que vale é o registro
Pessoal, intransferível
Vide aqui, na grande obra
Deste ser humano incrível
O nosso Paulo Abrantes
Dono de belos instantes
De valor indescritível

Sua prosa é afiada
Tem graça, é envolvente
Fala de plantas, de sons,
Fala de amor e de gente
De palhaços e vaqueiros
De fuxicos de barbeiros
Sua prosa é abrangente

O seu relato é completo
Do estouro da boiada
Ao circo do Búffalo Bill
Ao segredo de Esmeralda
Um terreno sem plantio
A solidão por um fio
A colheita adiada

A bodega de Severino
O Tadeu embriagado
A cachaça pela goela
O cavalo ensinado
Na fazenda, a cantoria
Até o raiar do dia
Noite de céu estrelado

Tal como escreveu Jerdivan
No seu livro intitulado
Outro registro famoso
De Pombal, outro passado
Pedro Abrantes reconhece
E nosso amigo enaltece
Nosso Pombal estrelado

O livro também faz menção
Às nossas autoridades
Que nos deixam orgulhosos
Com suas capacidades
Expoentes da nossa Pombal
Carregam consigo o ideal
Mais forte das liberdades

Parabéns, Pedro Abrantes, meu irmão. Eu também tenho o meu passado. Os meus pés ali fincados. Também parecidos. Nunca iguais. Como os de meu pai. Anízio Medeiros. Filho mais velho de Manuel Honório. Irmão do caçula Deca, meu tio. E de Domingos Medeiros, que tem uma rua em sua homenagem. E, que, como vovô, tocou na banda de música. Dois mestres. Manuel Honório, mestre de marcenaria. Papai, mestre de alfaiataria. Sua irmã Cotinha, (já falecida), casada com Frederico Roque, mãe de Werton Roque, médico, que tem uma clínica (AMIU), em João Pessoa. Hélio Furtado, falecido, primo de Celso furtado, foi casado com minha tia, por parte de mãe, Raimunda (Mundica) Pereira. Também falecida. Enfim, para dizer das semelhanças e das lembranças que o livro provoca. A propósito, vale relembrar alguns textos ligados à Pombal, provocados por amigos como o Dantas, que me trouxe os primeiros retalhos de saudades da nossa terra, e que, por isso, sou-lhe eternamente gratol.
.
“A Carta Prometida
(por Domingos Oliveira Medeiros)

Querida Pombal,

Aqui estou, em pensamento, atendendo ao seu honroso convite, nesta data tão importante, em que você comemora mais um aniversário. Evidentemente, não vou perguntar, por questões óbvias, quanto anos você está completando. Não se faz uma pergunta deste tipo à nenhuma senhora.

(...)

Nesta oportunidade, gostaria de lhe pedir desculpas e, até mesmo, perdão. Perdão, por ter passado tanto tempo longe de você. Mas você sabe as razões que me fizeram sair da cidade. Fisicamente, é bem verdade, por alguns anos.

O que você não sabe é que, em momento algum, deixei de pensar em você. De falar de você para os meus novos amigos. Teu nome está em todos os lugares por onde andei. E todos sabem do amor que lhe dedico. E do orgulho que tenho de ser seu filho. E quanto estou vaidoso por ter tido tantos irmãos de valor.

Irmãos que, com o seu talento e perspicácia, engrandecem a nossa cidade. Com o seu humor fino e irreverente. Com a solidariedade gratuita. Com a persistência de quem tem fé. Com a musicalidade e harmonia, em todos os sentidos. E com a tolerância, na medida exata, em relação às dores da vida.

Seus poetas, suas rimas, seus encantos, suas histórias, crenças e valores, andam por todas as minhas esquinas. Esquinas onde converso e mato as saudades da terra natal e de meus irmãos conterrâneos.

Aprendi, é bom que se diga, a gostar mais de você, e a lembrar mais de você, por causa de meu falecido pai. Que era seu eterno amante. Que a adorava. E você sabe disso. Amante à moda antiga. No dizer da canção de Roberto Carlos. Do tempo em que você ainda era pouco mais do que uma bela menina.

Quero lhe dizer que sou muito grato; primeiramente, a Deus; e, em seguida, ao amigo e irmão José Dantas, que encontrei, por acaso, no mundo virtual dos computadores.

Foi desta forma que pude reatar o elo perdido entre os irmãos que aí ficaram, depois de minha partida; e receber este convite para revê-la.

Através do Dantas, cheguei até os versos maravilhosos do poeta Daudeth Bandeira; e do próprio Dantas. E de tantos outros poetas, repentistas e cantadores, que ele tem levado até Pombal para exibir a sua arte.

Aliás, foi também por causa do Dantas, que fiquei sabendo de toda a história do seu (e nosso) lugar, quando li a sua versão a seu respeito.

E foi, também, a partir de suas histórias, que fiquei sabendo do “assassinato” que praticara, ainda criança, quando, pela primeira vez, (sem contar com as que sufocara de arrocho) matou uma rolinha do tipo “cascavel”. E até hoje, ao que eu saiba, ainda não respondeu a nenhum processo sobre este crime, hoje considerado hediondo e inafiançável.

Com o Jerdivan Nóbrega de Araújo, dei um passeio pelo cotidiano da cidade, sob o céu estrelado de Pombal. Na verdade, um estudo sociológico a respeito dos lugares e sua dinâmica com as pessoas da localidade. Mesma relação que ele trava no seu romance, que pode ser o roteiro de um belo filme passado na tela do Cine Lux de Pombal. Dois excelentes trabalhos deste grande amigo e conterrâneo.

A propósito do Cine Lux, que encerrou suas atividades em 1989, vale a pena deter-se, por algum tempo, no trabalho de Werneck Abrantes, com suas fotos e fatos históricos, sobre nossos antepassados. Uma reflexão sobre a memória do nosso passado arquitetônico.

A bem da verdade, uma crítica e um alerta para a preservação de nosso rico patrimônio histórico que, em parte, é bom que se diga, foi atendido, de pronto, com a edição de dois decretos, ambos de 2002, estabelecendo limites de áreas de preservação e ato preparatório para o tombamento de alguns bens imóveis, como a Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso, Sobrado de Avelino de Assis, Coluna da Hora e praça Getúlio Vargas, Coreto e Praça José Ferreira Queiroga, Sede da Sociedade Artística Operária Beneficente, Escola Estadual 08 de Julho e Escola Estadual João da Mata.

Quero lhe dizer também, minha querida Pombal, do prazer que tive em conhecer a escritora e poetisa Maria do Bom Sucesso de Lacerda Fernandes, incansável na luta pela preservação das crenças e valores de nossa cidade, motivando, organizando e atuando em todas as atividades culturais, principalmente as literárias, em benefício da cultura de nosso povo. Seu livro, “Homenagem e Resgate”, dá uma dimensão desta sua face solidária e criativa , frutos de sua inteligência e do seu talento.

Pedindo desculpas aos demais companheiros, que não foram aqui citados - por absoluta questão de lembrança -, meus agradecimentos ao rio Piancó, que, no dizer do eminente professor Arlindo Ugolino, poeta e, sobretudo, conhecedor profundo das pessoas, fatos e paisagens do nosso sertão, nos trouxe à baila, em prosa e em versos, a afirmação de que o rio Piancó foi “a grande e silenciosa testemunha do nascimento desta terra e do seu desenvolvimento. Ao longo de tantos anos que remontam a 1700, o rio Piancó, exercendo o papel de fiel escudeiro , monta guarda a esta indômita cidade, ora manso e tranqüilo, deslizando calmamente em seu leito de pedras redondas, ora espumante e bravio, lambendo as ervas e capins das barreiras, ameaçando os moradores da Rua de Baixo e de outras artérias da cidade, nos dias de suas grandes enchentes, assombrando a gente que lhe quer tanto bem”.

E, em seguida, conclui o grande poeta e pensador: “Feliz és tu, cidade de Pombal, que, tendo, por cinturão verde, as margens do rio Piancó, podes, na condição de moça bonita como foi Maringá, botar nas tuas faces lindíssimas, o ruge dos crepúsculos sertanejos e os lábios, o carmim da flor do mandacaru, tendo por espelho, as águas cristalinas do teu grande namorado: o rio Piancó.”

Querida Pombal, era o que tinha para lhe dizer, neste momento de grande alegria. Falar de nós todos. Falar de passados e de presentes. Falar mais de alegrias. De nossa música e de nossos repentes. Em memória dos que se foram, como Leandro; mas que, nem por isso, estão ausentes.

Termino aqui estas “mal traçadas linhas” (como se dizia no passado) esperando, para muito breve, fazer-lhe uma visita, no sentido inverso do rio Piancó, rumo ao seu nascedouro, onde a minha vida também começou a brotar, em pequenos pingos d’águas, correndo e crescendo sobre seu leito acolhedor, rumo ao mar; descobrindo novas terras, novos horizontes, sem, no entanto, nunca ter deixado de amar aquela que é nossa mãe primeira: onde estão fincadas as minhas raízes, as minhas crenças e os meus valores. (...)”.

















































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