(Para a avó Zaine e tias Emília , Saide e Olga)*
O VENTO NA MANGUEIRA,
É VENTO DE CHUVA.
O CALOR, O MORMACO,
O TEMPO EMBACADO,
SEM DÚVIDA, NENHUMA:
É TEMPO DE CHUVA.
A MOCA QUE PASSA,
MEXENDO O CABELO.
O HOMEM QUE VEM,
PELO MEIO DA RUA,
EMBRULHO NO COLO,
COM PASSOS CANSADOS
NOS PÉS JÁ PESADOS:
ESPERAM A CHUVA.
O BALANCAR DO COQUEIRO,
DE UM LADO PRO OUTRO
FAZENDO MIL CURVA,
SEM DÚVIDA NENHUMA,
ESPERA UMA CHUVA.
EU SOLITÁRIO,
DEBRUCADO À JANELA,
VENDO GENTE QUE PASSA,
MASTIGANDO MEU PÃO:
ESPERO UMA CHUVA.
Ubá, MG, 1983.
* Sempre que me encontrava em casa delas, em dia
de chuva, colocavam-nos a correr a fechar as janelas e a recolher a roupa do varal. |
