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Cordel-->CHEIRO DE TERRA MOLHADA -- 14/10/2005 - 11:22 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

CHEIRO DE TERRA MOLHADA
(Por Domingos Oliveira Medeiros)


Na Região Centro-Oeste
De agosto até setembro
A seca se faz presente
Termina lá pra dezembro
Quando começa a chover
E o verde a renascer
No começo de novembro

Quando cantam as cigarras
O sol quente vai embora
Um pingo d’água aparece
A chuva não se demora
Umidade se levanta
Melhora a dor na garganta
Todo mundo comemora

A paisagem se transforma
Ipês roxos, aquarelas
No colorido das flores
Realçam as amarelas
Nossas almas se levantam
Nossas vidas se encantam
Debruçadas nas janelas

Ou andando pelas ruas
De braços co’a natureza
É tempo de esperança
Da cor do verde certeza
Da bandeira do Brasil
No imenso céu de anil
Não há clima pra tristeza

Assim sãos os menestréis
Que possuem a alquimia
De tudo poder transformar
Mudar o clima do dia
Do povo desenganado
Por ter sempre acreditado
Na aposta que fazia

Uma coisa é ser poeta
Outra coisa é fantasia
Divulgar pela imprensa
Tanta falsa melhoria
É mentir com veemência
Afirmar com insistÊncia
Anda bem a economia

Por conta d’ uma pesquisa
Num tempo determinado
Não há metodologia
Que garanta o resultado
Diante de tantos fatos
De denúncias e relatos
Muito pouco investigado

A conclusão é serena:
A mentira repetida
Por muitas e muitas vezes
Acaba sendo entendida
Por verdade verdadeira
Da população inteira
Que fica sendo iludida

Com a notícia do jornal
Dessa falsa melhoria
Na onda do otimismo
Da meteorologia
Que faz sua previsão
Com ventos de opinião
Colhidos no dia-a-dia

Após rajadas de vento
De intensa comunicação
O céu mudou pra azul
O inverno virou verão
O efeito propaganda
Molhou toda a varanda
A manchete sensação

O milagre econômico
Enfim, choveu no molhado
E o nosso presidente
Volta a ser considerado
O estadista do ano
Sou brasileiro, me ufano
Mas estou preocupado

Com a onda de otimismo
Que apareceu de repente
Deu em todos os jornais
O Brasil andou pra frente
Muita popularidade
Inverteu-se a verdade
Nada mudou, presidente

A não ser o investimento
Em propagada enganosa
Que derrubou a descrença
Na sua rima e na prosa
Nem mudará pelo jeito
Pois continua o defeito
Seu óculos cor-de-rosa

Procure um oculista
Talvez seja catarata
Ou , quem sabe, vista grossa
Ou excesso de cascata
Crescimento sustentado
Pela mídia agasalhado
Tudo isso é bravata

O frio não foi embora
O inverno continua
O povo desempregado
Anda solto pela rua
A violência persiste
A pobreza mais insiste
Não há mudança de lua

As promessas foram feitas
Nem sequer foram cumpridas
Nossa dívida é maior
Não há portas de saídas
Metáfora não é poesia
Acaba no outro dia
Voltam todas as feridas

Queria que fosse verdade
O sonho desse momento
Mas não tenho guarda-chuvas
Ando solto pelo vento
Posso pedir emprestado
A qualquer aposentado
A receita do crescimento

Pergunte ao trabalhador
Que teve o salário aumentado
Em cerca de vinte reais
Se ele foi pesquisado
Consulte o magistério
Defunto no cemitério
E militar reformado

Oficial graduado
E servente de pedreiro
De galocha ou de botina
Só não vale marqueteiro
Dono de banca de bicho
Quem tem preso o rabicho
Investidor estrangeiro

Garanto, dessa maneira,
Mudar esse sol quadrado
Todo clima de bom tempo
Virou dia bem gelado
Com o jornal na cabeça
Que a chuva desapareça
Clama, o povo molhado

11 de agosto de 2004, validade prorrogada em 14 de outubro de 2005.



















































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