Querida amiga Marina
O cordel me reanima
Cada vez mais me ensina
Outro estilo no papel;
Quando li o Patativa
Fiquei com a mente festiva
E fiz essa dissertiva
Pensando no menestrel
Falando da invenção
Lembrei do meu sertão
Meu pai trazendo na mão
Um alicate que achou;
Eu com o dente doendo
De dor me contorcendo
Não estava entendendo
Quando ele me chamou.
Com o banco no terreiro
De mansinho sorrateiro
O moleque Airam Ribeiro
Já foi desconfiado;
Papai então me agarrou
No seu colo me apertou
E com o alicate atracou
Aquele dente furado.
Quanta dor eu suportei
Em seu colo esperneei
Quanto tempo nem sei
Até inventar a anestesia;
A invenção minha gente
Faz tudo ficar dormente
Dor nenhuma você sente
Como a daquele dia.
O sujeito que inventou
Deus a ele abençoou
Nessa tarefa que abraçou
De amenizar sofrimento;
Se não fosse a anestesia
Não sei nem o que seria
Eu fiquei numa alegria
Ao saber deste invento.
Todas têm o seu valor
Eu sou um admirador
Desse tal computador
Que admiro a cada dia;
Vejo o tempo inteiro
Custa ele um bom dinheiro
Mas a que vem em primeiro
É a invenção da anestesia.
Na mesa de operação
É a primeira que vem na mão
Que aquele cidadão
Nem parece que é cortado;
Depois que tudo termina
O mestre da medicina
Agradece ao lá em cima
Por aquele resultado.
Perguntei para Maria
Que veio da enfermaria
O que é melhor que a nestesia
Respondeu-me a menina;
Tem outra boa invenção
Que quando a dor é de montão
Da logo pro cidadão
Ela chama-se morfina.
Três remédios que admiro
Dor nenhuma eu prefiro
Mas se vier eu confiro
Para a dor sair um dia;
Uma é a tal morfina
Do analgésico é a prima
Os dois juntos se combina
Com a terceira anestesia.
Verás que tenho razão
Se algum dia por questão
Na mesa de operação
Faltar a anestesia;
De dor não vai agüentar
Olha lá se não cagar
De mim vai se lembrar
E o que passei naquele dia.
Quando tiveres uma dor
Se te cortar seje onde for
Você peça pro doutor
Não esquecer da anestesia;
Se não tiver se agarra
Eu conheço essa barra
Arranquei dente na marra.
Como sofri naquele dia!
Esse fato aconteceu
E nem tanto assim doeu
Mas como é que eu
Tenho essa dor na lembrança?
Vá ver que era dente de leite
Eu aqui com tanto enfeite
Querendo que o leitor aceite
Essa história de criança.