Ruídos de ventos sobre as ondas
desse imenso mar de esperanças insatisfeitas
que quebram arestas, arestas da memória suplicantes.
Almas solidificadas no meio do oceano,
vestidas de algas murchas, sem desejos.
Enorme arrecifes que corroem os cascos
dos frágeis dos navios.;
ostras esquecidas no fundo do mar,
hipocampos brincando as espumas.
Aparece o afogado e canta a vida
que entregou às ondas,
encrespando as águas com sentimento de dor.
Mar imenso, infinito, de almas perdidas,
de loucos sonhos, terríveis e surrealistas,
vagas de anseios que o vento levou.
Praias de areia brancas, escassas como as almas puras,
mar de dores profundas, não mais sentidas,
grito de angústia, que o navio apitando
envia ao mundo.
Canoas frágeis, quebrando contra as rochas,
escarpas íngremes, insensíveis ao som.
Abismo enorme... qual ferida aberta
pela mão do pescador.
Mulheres, maravilhosamente lindas e nuas,
galopando em cavalos marinhos e,
no dorso de tubarões que correm em busca
das pérolas perdidas nas cavernas submersas.
Mar da orca imensa como a fome,
mar sem estrelas, mar sem sol, mar sem lua,
luzes da vida que a gente não se vêem,
embora existam em seu minúsculos cristais.
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