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Contos-->Vida louca -- 13/08/2003 - 16:45 ( Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu nome é Angelique e não sou nova o bastante para ser chamada de jovem e nem vivi o suficiente para ser considerada velha (pelo menos é assim que me considero), moro sozinha no terceiro andar de um edifício numa rua próxima ao centro da cidade e achei que alguém gostaria de saber um pouco de minha história, ela não tem nada de especial e por isso mesmo é que a acho interessante.
Outro dia li num jornal uma pesquisa feita por um instituto inglês chamado “Love hurts” que 34% das mulheres solteiras na idade adulta sonham um dia em se casar de qualquer forma, 61% admitem que pensam e querem se casar, mas ainda não encontraram a pessoa certa e não tem certeza se encontrão e só 5% não pensam em casamento de maneira alguma.
Não preciso nem dizer a que categoria faço parte, né? Pois é já estive entre as 34% que sonham com um casamento de sonhos, mas os pesadelos de relacionamentos fracassados me fizeram migrar e a me juntar aos 61% das mulheres que até pensam em casamento mas ainda não encontraram ninguém que valesse a pena e o que fez mais uma vez mudar de idéia foi ver todas as minhas amigas na mesma situação reclamando pelos cantos que “faltam homens” e eu sempre achei que somos nós meninas que ficamos exigentes demais por conta dos primeiros erros cometidos, confiamos demais nossos sentimentos aos outros e condicionamos a felicidade ao amor de um homem, não poderia dar certo mesmo, afinal os homens tem interesses e anseios muito diferentes dos nossos e esperam por coisas diferentes numa relação (eles são de marte lembra-se? Nós de Vênus).
Por fim hoje faço parte dos 5 % de mulheres que não pensam mais em casamentos e prezam muito por sua liberdade e não se fala mais nisso.
Da minha janela consigo ver o cara do prédio ao lado, é um gordinho que parece ser super simpático, tá sempre de bom humor, percebo isso pelas musicas que ele coloca e fica lá dançando sozinho no meio da sala com a toalha enrolada na cintura, desconfio que ele também me vê, antes isso me incomodava e fechava as cortinas para ele não me ver, mas agora nem ligo, deixo-as bem abertas e ele deve se divertir me vendo andar só de calcinha pela casa, não tenho medo, ele não tem cara de ser um pilantra, safado e tarado, não sei por qual razão simpatizo com os caras gordinhos.
A vizinha de cima adora andar de saltos pela casa e isso me incomoda muito, a filha da puta não tem horário e perturba meu sono toda noite, dá vontade de subir lá e quebrar a perna dela para ela nunca mais andar, outro dia o porteiro do meu prédio (sou amiga de todos eles porque sabem da vida de todo mundo) me chamou para ver uma cena que estava sendo captada por uma das câmeras, era a tal vizinha galinha do andar de cima dando uns “fights” com um cara no estacionamento, o cara estava mandando ver nela em cima do capô do carro, que vaca vadia! E o porteiro dizia que esse já era o terceiro cara diferente que ela trazia naquela semana, além de filha da puta a safada era é puta mesmo.
Uma vez fui ligar para uma amiga e acabei discando um dos números errados e caiu na casa de um certo cara que eu não conhecia, eu disse que era engano e quando já ia desligar o cara disse para eu não desligar não e que eu tinha a voz bonita, eu que não tenho muita paciência para essas bobeiras de cantada acabei não resistindo e resolvi entrar na brincadeira, afinal não tinha nada a perder falando com um estranho.
Só sei que com o passar do tempo acabamos nos tornando amigos e nos ligávamos sempre, quando vi já éramos muito íntimos um do outro e já estava pintando aquele climinha de romance.
Ele queria me encontrar então, mas eu nem estava afim de decepção, cortei o contato, primeiro parei de atender ao telefone e depois mandei a companhia mudar meu numero, sei lá não tenho paciência com romances, já perdi a vontade de gostar de alguém, acho uma total perda de tempo, tenho mais o que fazer.
Pratiquei um único esporte na vida, nado sincronizado, aquele que parece um balé só que é na água e todas as garotas fazem gestos iguais e seguem uma rotina como na ginástica artística, um esporte belo porem exige muita dedicação e acabei sem ter tempo de fazer mais nada senão trabalhar num escritório cheio de gente louca e desajustada.
Meu prazer na vida é caminhar pela rua sem destino, me sinto como um fantasma, uma pessoa sem identidade misturada com pessoas desconhecidas, curto esse lance de você ser anônimo e não conhecer ninguém a sua volta, vou andando sempre na mesma direção e de repente me dá na veneta de voltar pra trás ou seguir outro caminho, devo ser meio maluca embora ninguém saiba disso, como pão com vinagre, azeite e sal minha comida preferida, adoro ouvir Cindy Lauper, minha cor predileta é o vermelho, se você abrir meu armário só vai achar peças dessa cor, até minhas calcinhas e sutiãs, uso sempre o mesmo brinco de argolas grandes e calças branca ou marrom.
Meu nome é Angelique, mas gostaria que fosse Cherri lade como o da moça que está estampada na caixa do sabonete, como vocês podem ver a minha vida é simples e de tão normal que é parece uma vida louca.




Nota: Os palavrões que permeiam o texto são influencias de Rubem Fonseca que estou lendo e não recursos de linguagem sujos e mal educados.
A linguagem coloquial quando escrita parece ter algo agressivo e bruto, mas é uma forma válida de comunicação.


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