O que fazer, se de mim estás distante,
Como hei de, um dia, alcançar-te,
De viver o desencontro que me parte
O coração, qual uma lança, perfurante,
Que me fere, pois tem da dor a arte
E não me dá sossego um só momento,
Fazendo-te ocupar meu pensamento,
Sem que, no entanto, eu possa achar-te?
É dos maiores mistérios desta vida
A razão que faz com que aconteça
A alguém... ocupar o coração
De quem, apesar de tal paixão,
Enfim, há de fazer com que adormeça
Este sonho a que o peito deu guarida.
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