É alta madrugada,
o barulho de casco de um animal,
tilintando o cincerro, na noite silente,
tirou-me o sono.
Ponho-me a trabalhar com a mente.
Num desejo sem contas,
de querer para o céu olhar
cheio de estrelas fulgurantes.
Umas bem próximas, outras distantes,
no azul celeste,
translúcido pela luz do luar.
Porém, as estrelas perdem o seu fulgor,
porque surge um astro mais belo e luminoso
– o meu amor !...
Tento dormir e quando consigo acordo,
um ar fresco, pela fresta da janela,
vejo que é uma manhã risonha e bela,
com pouca névoa na serra...
Sinto desejo de voltar à minha terra...
Correr ao riacho para me banhar,
em braçadas fortes, na corrente,
ver no oriente o sol se levantar.
Porém, surgindo mais belo que sol
Nasce com sua deslumbrante cor,
- o meu amor !...
O dia decorrendo... a tarde chegando,
novamente minha terra,
passo as horas recordando.
E o rio paraíba, o meu querido rio,
de natureza sem par!...
para lá meu pensamento guio,
na esperança do meu espírito repousar.
Como antigamente, sinto-me apoiado
às raízes desta grossa jaqueira
com imensa copa, sombreando a fonte.
Então, com olhar pesquisador
percorro o pinheiral defronte
e a extensa margem, em trepadeira.
E quando os raios de sol,
entremeados pela folhagem densa,
colocam reflexos de âmbar,
às pedrinhas submersas
que se tornam brilhantes
em mistura com a areia.
Então mergulho,
julgando ter visto uma sereia...
Quem me seguiria?
Onde estaria coisa mais bela?
- o meu amor! –
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