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Cronicas-->FELIZ PARA SEMPRE e.... -- 09/02/2003 - 23:16 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
FELIZ PARA SEMPRE e....

Um dia o menino Jesus resolveu descer um minutinho do céu para brincar na terra. S. Pedro veio atrás, mas não quis brincar. Vinha passando um velhinho bem alegre carregando um feixe de lenha. E este velho largou seu trabalho e jogou uma partida com o menino Jesus.
- Pode fazer três pedidos, disse Jesus satisfeito.
O velho nem titubeou:
- Quero ver a Morte de frente, quando chegar minha vez, pediu.
S. Pedro ficou nervoso:
- Pede o Céu! Pede o Céu!
Mas o velhinho continuou seus pedidos, sem lhe dar atenção:
- Se alguém se encostar na minha cama, que fique grudado e não consiga se desgrudar sem a minha ordem!
- Pede o Céu! Pede o Céu, seu idiota!, gemia S. Pedro.
- E a mesma coisa se alguém se assentar na minha cadeira, terminou o velho, indignando S. Pedro.
Mas o menino Jesus achou os pedidos engraçados e disse:
- Assim será.
Passou um tempo, o velho estava deitado, quando viu a Morte entrando no seu quarto.
O velho tentou convencê-la que ainda não era a sua hora, mas a Morte ficou firme:
- Vim te buscar.
Conversa vai, conversa vem, a Morte finalmente deixou o velho rezar um único Padre Nosso. Aí, ele foi rezando tão, tão, tão devagar, que a Morte, cansada de esperar, se encostou na beirada da cama. Pois bem, ficou grudada.
E o velho continuou vivendo alegremente a sua vidinha. Só que tinha que escutar as reclamações do coveiro, do padre sem encomenda de missa, do carpinteiro sem caixões para fazer e ainda por cima as lamúrias da Morte grudada na sua cama.
- Deixa eu ir! Dou mais cinco anos de vida para você! Mais dez!, ela suplicava.
Até que, um dia, o velhinho resolveu negociar.
- Mais 20 anos e também o seguinte: quando alguém estiver doente e for morrer, você aparece do lado esquerdo da cama do enfermo. Caso contrário, do lado direito.
A Morte achou o pedido esquisito, mas, mais que depressa, concordou e foi embora.
Acontece que a Morte tinha ficado muito tempo presa e com isto tinha acumulado um monte de gente morre-não-morre. E o velho tratou de espalhar que agora ele era médico, doutor. Ia ver os doentes e não errava uma. Se a Morte aparecia do lado esquerdo dizia que não tinha jeito. Mas se aparecia do lado direito mandava abrir as janelas, servir uma boa canja, um copo de água a cada três horas, e o doente sarava.
Com isso ganhava presentes, galinhas, porcos, cachaça. E ia passando do bem e do melhor.
Quando os vinte anos acabaram, a Morte, com medo da esperteza do velho, chamou o Diabo:
- Busca o velho para mim e aproveita e carrega este danado direto para o inferno, pediu. Mas cuidado com sua cama, que é enfeitiçada.
O Diabo foi atrás do doutor. Encontrou o velhinho em casa, tomando uma cachaça. Diabo não recusa cachaça.
- Toma comigo... só uma saideira..., o velho ofereceu ao Diabo. Senta aqui na beirada da cama, convidou o velho.
- Sou bobo não! disse o Diabo e sentou na cadeira.
Pois bem, na hora que o Diabo quis levantar, estava grudado!
- Fica sentado aí, que sentado não cansa, disse o velho.
E como ele tinha uma antipatia pelo Diabo, cada vez que sobrava um pouco de água fervendo jogava no dito cujo:
- Sente na pele o que você faz no inferno!
Um dia o Capeta não aguentou mais e esconjurou a Morte que aparecesse e desse um jeito na situação. A morte não teve saída senão aparecer. Mas a esta altura, já havia passado um tempão, o velho estava muito, muito velho e já não achava má a idéia de ir descansar no Céu. E quanto ao Diabo... Bem, a polícia, o advogado, o juiz e muitas outras pessoas reclamavam o dia inteiro que andavam sem trabalho.
- Deixo você levantar, disse o velho para o Diabo, se você me prometer que nunca mais vai querer me ver.
- Isso você nem precisa pedir! gritou o Capeta, e saiu correndo sem olhar para trás.
E o velho foi, finalmente, para a porta do Céu. Mas esbarrou em S. Pedro.
- Acho que estou lhe reconhecendo..., lembrou o velho.
- Eu também, disse S. Pedro, e aqui você não entra. Você podia ter pedido o Céu, não podia?
- Pois então vê se o Diabo me aceita, riu o velhinho.
E como o Diabo não queria ver o homem nem pintado de dourado, S. Pedro não teve jeito senão deixar o velho entrar. E até hoje o velho está lá, no Céu, feliz como sempre.

Kathy Amorim
Psicóloga e Psicoterapeuta
Professora do Departamento de Psicologia da UFES
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